São Paulo – As empresas produtoras de caminhões estão se preparando para maior demanda prevista para o segundo semestre. Por isto, embora as vendas tenham acontecido em ritmo inferior às do mesmo período do ano passado no primeiro trimestre, a produção está acelerada para recompor estoques, atender a estimada reação do agronegócio que sofre com questões climáticas e preços das commodities, mas que com a entrada das safras deverá ter dias melhores, e se preparar para a Fenatran deste ano.
Foi o que apontaram Sérgio Pugliese, diretor nacional de vendas de caminhões da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Alcides Cavalcanti, diretor executivo da Volvo Caminhões, Jefferson Ferrarez, vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes-Benz do Brasil, e Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, durante o Fórum AutoData Perspectivas Caminhões, realizado de forma online na quinta-feira, 25.
Os executivos estimam crescimento nas vendas de 10% a 15% em 2024. Um dos mais otimistas, Cavalcanti, reconheceu que o volume de vendas da Volvo estava, até o mês passado, parecido com 2023, mas que em abril o desempenho começou a descolar. Até o momento foram comercializados cerca de 8,3 mil veículos quando um ano atrás o número era de 5,6 mil, ou seja, uma diferença de 48%.
“Acredito que no primeiro semestre equilibraremos os pontos e contabilizaremos a expansão de 10% frente ao mesmo período do ano passado. O agro ainda não começou a comprar por causa das adversidades de clima e preços, mas acredito que o início das safras, principalmente de milho e soja, deve ajudar a impulsionar a demanda e a fecharmos o ano com alta de 15%.”
Cavalcanti ponderou que dos 21 mil caminhões vendidos em 2024 1 mil ainda eram Euro 5. Mas que agora o frotista e o embarcador estão começando a aceitar mais a diferença de preços, a entender que a economia do Euro 6 se comprova e que a maior eficiência, assim como a redução dos custos, ajudam o transportador, embora o frete desigual ainda seja um problema.
Nucci também acredita que a Scania crescerá 15% este ano e, diferentemente de outros anos, mais calcada no mercado interno, uma vez que a Europa dá sinais de desaceleração, assim como a América Latina, com exceção do Brasil, por causa dos indicadores mais otimistas da macroeconomia, que indicam redução de juros. Embora a empresa não trabalhe com estoques ela vem ampliando sua produção para atender a maior procura, em primeiro lugar, de grandes frotistas, seguida dos médios e, então, do varejo.
Clientes de entrega urbana ainda sofrem com acesso ao crédito
A situação difere um pouco das companhias que atuam em todos os segmentos, não somente nos pesados e extrapesados, caso da Volkswagen Caminhões e Ônibus e Mercedes-Benz, principalmente pela questão do crédito, que mesmo com sinais de melhora ainda é pedra no sapato dos clientes que realizam entrega urbana e utilizam caminhões leves e semi-leves. Ambas as empresas apostam em alta de 10% em 2024.
Pugliese disse que não enxerga dificuldade acentuada mas reconheceu que existe, sim, maior dificuldade de acesso a financiamentos com a inadimplência ainda elevada e maior restrição dos bancos. Citou que o apetite das locadoras para atender também a esse público vem crescendo e que, mesmo que as vendas não aumentem tanto quanto as dos extrapesados, avançarão.
Em linha com Cavalcanti o diretor da Volkswagen Caminhões e Ônibus contou que as vendas reagiram em abril, com 11 mil unidades, todas de Euro 6, e que a empresa segue apostando também em setores como construção civil, infraestrutura e serviços, apesar do baixo nível do frete e de “alguma dificuldade de peças por causa de guerras, o que tem trazido problema ao fornecimento de um ou outro componente”, o que, estima, é passageiro: “Quem não for um pouco mais ousado agora poderá sofrer com a falta de produtos no segundo semestre”.
Ferrarez concordou ao ponderar que é preciso acelerar a produção até porque o que está sendo fabricado agora chegará ao cliente em dois ou três meses, e se necessitar de implemento rodoviário poderá requerer mais dois ou três meses.
No ano passado, lembrou, o cenário foi desafiador por causa da aceitação do Euro 6, mas o desempenho, na prática, trouxe melhores resultados do que nos testes e a redução dos juros injetou mais ânimo no mercado: “Historicamente o segundo semestre é mais forte do que o primeiro, e precisamos nos preparar para a Fenatran.”