SUVs distorcem mercado brasileiro com carros mais caros

É tão impressionante quanto fora de qualquer curva de tendência a subida no mercado brasileiro dos considerados veículos utilitários esportivos, os SUVs, na sigla em inglês – ou coisas que se pareçam com eles.

Segundo dados de emplacamentos de veículos consolidados pela Fenabrave, que representa as revendas autorizadas, há duas décadas, em 2003, eles representavam somente 3% das vendas totais de automóveis e comerciais leves. Dez anos depois, em 2013 – ano de recorde histórico com 3,6 milhões de modelos leves vendidos –, o porcentual aumentou para ainda comportados 8%, acelerou significativamente para 29,4% em 2019 e escalou de vez na pandemia, em 2020, quando a categoria superou os hatches e passou a ser a mais vendida do País.

Apenas quatro anos depois os SUVs deram mais um salto largo, dominando 37% das vendas acumuladas nos primeiros quatro meses de 2024, somando 255 mil unidades em um mercado total de 691,4 mil.

À primeira vista pode parecer que o gosto dos brasileiros mudou radicalmente e hoje todos só pensam em ter um SUV na garagem. Mas a preferência dos consumidores não responde por crescimento tão expressivo. O gosto que conta mais é o dos fabricantes pelo lucro.

País ficou caro antes de ficar rico

Nesta escalada, mais do que um modelo que encara melhor os buracos do caminho e da posição de dirigir elevada que agrada muitos consumidores, existe também o plano de negócios das empresas de voltar todos os esforços para lançar e vender produtos de maior rentabilidade. Por este motivo o mercado foi inundado com SUVs – incluindo modelos que nem poderiam ser chamados por esta classificação.

Ao mesmo tempo foram substancialmente diminuídas as ofertas de carros de entrada, em equação desbalanceada que distorce o mercado, pois coloca os preços em patamares muito acima da renda média dos brasileiros, o que obviamente reduz o tamanho potencial do mercado.

Para se ter ideia: somando todos os modelos de carros disponíveis hoje no Brasil o preço médio de tabela é de R$ 147,5 mil, segundo levantamento da Jato. Este valor transforma o País em um mercado que ficou caro bem antes de ficar rico.

O que puxa os valores para níveis tão altos é, principalmente, o número elevado de SUVs à venda pois os hatches ofertados atualmente, em número bem menor de opções, variam de R$ 71 mil a R$ 93 mil, considerando os dez veículos mais baratos do mercado, que juntos têm tíquete médio de R$ 82,4 mil – ou incríveis R$ 65,1 mil abaixo da média geral do mercado.

Distorção construída

Esta distorção a favor dos SUVs vem sendo construída ao longo dos últimos dez anos, com tentativas e erros que mostraram aos fabricantes que, no País, há gente abastada em número suficiente para sustentar um mercado que não é grande mas pode ser lucrativo no volume atual de 2,3 milhões a 2,5 milhões de carros vendidos por ano.

Voltando vinte anos no tempo o Brasil não tinha nenhum SUV na lista dos dez carros mais vendidos, que contava com sete hatches compactos, dois sedãs pequenos e um médio. O utilitário esportivo mais comprado à época foi uma invenção da Ford para mercados de baixa renda, o EcoSport, um produto mais parecido com um carro do que os SUVs grandalhões derivados de picapes, como Toyota SW4 ou Chevrolet Blazer, que deram origem ao segmento ainda nos anos 1990 – quando profeticamente foram apelidados, nos Estados Unidos, de Stupid Useless Vehicles.

Até o lançamento do EcoSport no Brasil as únicas alternativas aos SUVs grandes derivados de picapes eram as versões aventureiras de hatches e peruas, com suspensão elevada e estilo off-road, a começar pela pioneira perua Fiat Weekend Adventure, hoje totalmente substituídos por SUVs compactos ou os crossovers.

Uma década depois o sucesso do EcoSport animou alguns mais a seguir o mesmo caminho, com importações de SUVs menores e o início da onda de lançamentos de produtos nacionais, iniciada pelo Renault Duster lançado aqui em 2010. Ainda assim somente a partir de 2016, com o Honda HR-V, um SUV passou a habitar a lista dos dez veículos mais vendidos do País, e mesmo assim na décima posição.

No fim da década passada, em 2019, os fabricantes instalados no Brasil já produziam – ou montavam com partes importadas – nada menos do que vinte modelos de SUVs, sendo que boa parte deles mais se parecem com hatches levantados, como o Nissan Kicks ou o Peugeot 2008, que poucas marcas reconhecem, mais corretamente, como sendo crossovers – maneira estilizada de classificar veículos que misturam alguns estilos.

Apesar da multiplicação de opções no fim de 2019 somente um SUV, o Jeep Renegade, estava na tabela dos dez mais vendidos, mas continuava na décima posição. Já nos anos seguintes esta lista passou a ter de dois – caso deste ano – a até quatro SUVs.

Impulso na pandemia

O ápice da inundação de SUVs no Brasil aconteceu durante e logo após a pandemia. Primeiro os fabricantes precisavam preservar o caixa e assim privilegiaram a produção e a venda de produtos mais caros, justamente os SUVs, que pela primeira vez subiram ao topo do mercado como segmento mais vendido.

Nos dois anos que se seguiram à pandemia, em 2021 e 2022, a falta de chips eletrônicos no mercado global paralisou linhas de produção e ajudou a impulsionar ainda mais os SUVs. Foi uma escolha fácil para os fabricantes: na falta de componentes suficientes para todos os modelos os que chegavam foram direcionados para os carros mais caros e rentáveis – de novo, os SUVs.

Como numa corrida ao ouro, os lançamentos foram acelerados e atualmente já passa de 23 o número de modelos considerados SUVs produzidos ou montados no Brasil – incluindo sete daqueles crossovers como os mais recentes Volkswagen Nivus, Fiat Pulse e Renault Kardian. E ainda há dois quase-nacionais que vêm da Argentina: o médio Volkswagen Taos e o de grande porte Toyota SW4 – este, ao lado do Chevrolet Trailblazer, é um dos dois únicos derivados de picapes remanescentes no mercado. Além disso há outro tanto de opções importadas, muitos elétricos e híbridos.

SUVs seguem dominando

Mesmo após o restabelecimento do fornecimento de chips, em 2023 e 2024, os SUVs seguem dominando a maior porção das vendas de veículos no País, até por falta de número maior opções.

Os hatches compactos – em tese os mais baratos disponíveis – hoje ocupam metade da lista dos dez veículos mais vendidos, que também tem dois SUVs. Mas enquanto as vendas dos hatches compactos em abril cresceram 39,8% na comparação com o mesmo mês de 2023 e a participação no total de emplacamentos alcançou 28%, os SUVs avançaram um pouco mais, 40,7%, e mantiveram proporção de 36,4% do mercado em abril.

Não por acaso os fabricantes só pensam em lançar SUVs ou coisas parecidas, abarrotando as concessionárias com eles e fazendo com que siga em curso o fenômeno de vender volumes menores por mais dinheiro. E deverá seguir assim até os abastados consumidores da Terra Brasilis enjoarem de pagar muito por veículos que não oferecem muito mais.

Venda de importados da Abeifa cresce 234% puxada por veículos eletrificados

São Paulo – As vendas de veículos importados das associadas da Abeifa cresceram no acumulado do ano até abril 234,1%, somando 30,1 mil unidades. Em balanço divulgado na segunda-feira, 6, a entidade destacou o bom desempenho dos modelos eletrificados no quadrimestre, com 27 mil vendas, expansão de 90% na comparação com janeiro a abril de 2023.

Do total vendido pelas marcas importadoras representadas pela Abeifa 22 mil unidades foram de modelos da BYD, com participação de 73,1%. A segunda marca que mais vendeu no quadrimestre foi a Volvo, com 2 mil, seguida pela Kia com 1,8 mil.

Em abril as vendas de modelos importados somaram 9 mil unidades, crescimento de 346,3% sobre abril do ano passado e avanço de 8,5% com relação a março. Este volume representou 4,3% do mercado interno.

AutoData amplia interatividade e é pioneira ao chegar ao Whatsapp

São Paulo – AutoData é a primeira editora do Brasil especializada no setor automotivo do ponto de vista da economia, dos negócios e da política. Desde 1992 somos pioneiros com a revista AutoData e ao longo desta trajetória também fomos os primeiros em organizar eventos como seminários temáticos e o tradicionalíssimo Congresso Perspectivas. Agora, aos 32 anos, agilizamos ainda mais o contato das pessoas com as notícias por meio de um canal no Whatsapp.

Além de facilitar o acesso das notícias produzidas ao longo do dia pela Agência AutoData de Notícias [outra iniciativa pioneira nos primórdios da internet no Brasil], o canal AutoData | Indústria Automotiva trará ainda mais conteúdo para aqueles que estão conectados no aplicativo de conversas e que, também, querem utilizar este espaço para encontrar informações exclusivas e em tempo real.  

Faremos promoções dos nossos eventos para os assinantes do canal e, também, enquetes sobre os temas mais relevantes para a indústria nacional. Será, sobretudo, um local de interatividade com nossos leitores a respeito de tudo o que acontece no universo de AutoData.

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Cummins amplia portfólio de motores nacionais de olho no mercado agrícola

Ribeirão Preto, SP – A Cummins Brasil investe para ampliar seu leque de opções de motores fabricados no Brasil, desta vez com aplicação nos segmentos agrícola e de construção. A companhia está apostando no desenvolvimento local de motores eletrônicos e mecânicos a diesel sob plataforma nova, a F, baseada em motores automotivos e semelhante à do Euro 6. Além de grupo gerador com motor eletrônico a etanol que partilha componentes da versão a gás natural.

Uma das apostas é o QSF 4.5, motor eletrônico a diesel com quatro cilindros e faixa de potência de 99 cv a 210 cv apresentado em fevereiro em parceria com a Stara, ao equipar pulverizador da marca. O próximo passo é ingressar no segmento de retroescavadeiras e escavadeiras e, de acordo com Aline Ariceto, supervisora de projetos e gerenciamento de produto da Cummins Brasil, o produto também já está em testes no mercado agrícola, com uma fabricante de máquinas que prefere o anonimato.

“Essa tecnologia substitui a densidade de motor de forma mais eficaz do que existe hoje, com redução de consumo de combustível de 5% a 10%, de acordo com todas as validações e liberações que fizemos. Além disto tem um custo até 10% menor que o seu antecessor.”

Fabricado em Guarulhos, SP, o QSF 4.5 eletrônico possui 65% de conteúdo local: “Já fizemos todo o desenvolvimento de curva de potências para atender ao ciclo de demandas do campo. Embora ainda não esteja 100% certificado possui todos os parâmetros dentro dos limites para atender MAR-1 e já pode ser comercializado”.

Segundo Aline Ariceto, supervisora de projetos e gerenciamento de produto da Cummins Brasil, objetivo é também exportar estes motores e o cárter estrutural para países da América Latina, especialmente Argentina. Foto: Divulgação

Outra aposta é o F4.5 com motor mecânico a diesel, com a mesma cilindrada e com cárter estrutural para ser usado por tratores, segmento no qual a Cummins hoje ainda não está presente, conforme Ariceto, por questões de estrutura de motor: “O mercado de motores para quatro cilindros exige cárter que seja acoplado, ou seja, o chassi do veículo é o próprio motor. Chama-se estrutura monobloco. Ele também tem esta faixa de potência de 99 cv a 210 cv. E é nisto que estamos trabalhando”.

A executiva contou que ainda não foi finalizado o teste de consumo deste modelo, mas que a proposta é substituir a gama de motor 3.8, e também atender alguma faixa de seis cilindros com esta mesma potência. Ele também será produzido em Guarulhos e chegará ao mercado a partir do ano que vem.

O cárter poderá ser aplicado também para o motor eletrônico de quatro cilindros para uso em tratores.

Neste processo de nacionalização a Cummins utiliza plataformas geradas nos Estados Unidos e a equipe de engenharia local se encarrega das customizações para atender ao mercado brasileiro: “Temos todos os laboratórios de teste aqui, onde são realizados os de emissões e desempenho”.

Quanto ao tempo médio de demora para desenvolver um produto, varia de acordo com o projeto, mas o QSF 4.5, por exemplo, ficou pronto no prazo recorde de seis meses.

O plano, segundo Ariceto, é também exportar estes motores e o cárter estrutural, para países da América Latina que trabalhem com legislação Tier 3, em vigor no Brasil. E principalmente para a Argentina, onde não há lei de emissões para o segmento agrícola nem previsão de que venha a ser estabelecida por causa das instabilidades com relação ao governo.

Grupo gerador que deverá chegar ao mercado no início de 2025 pode funcionar tanto com etanol de cana-de-açúcar como de milho. Foto: Divulgação

Grupo gerador a etanol está sendo desenvolvido em Guarulhos

O grupo gerador com motorização eletrônica QSB 7 a etanol é versão que está em desenvolvimento em Guarulhos e cujos testes serão finalizados até o fim de maio, afirmou a supervisora do escritório de projetos e gerenciamento de produto da Cummins Brasil. Este equipamento tem potência semelhante às versões a diesel, de 60Hz, de 170 kWe a 208 kWe.

Pode ser utilizado em usinas de cana-de-açúcar e, embora o preço do litro do combustível custe mais do que o de diesel, a ideia é que o custo total de propriedade compense pois requer manutenção mais simples e menos onerosa: “Um grupo gerador a etanol é inovador quanto à concorrência e desafiador no sentido de se vender a ideia do produto. Como benefícios, além da redução de emissões, ele possui menor nível de ruído por causa do motor”.

Este grupo gerador, que pode rodar com etanol de cana-de-açúcar ou de milho, está sendo testado também nos Estados Unidos: “Trata-se de motor baseado na versão a gás natural, ciclo Otto. Estamos nos equiparando à lei de emissões do Estado de São Paulo e tentando entender quem serão os principais clientes”.

A expectativa é que ele chegue ao mercado no início de 2025.

BMW montará baterias de alta voltagem no México

São Paulo – O Grupo BMW montará baterias de alta voltagem em sua fábrica mexicana de San Luís Potosí, que também produzirá modelos da nova geração Neue Klasse. 800 milhões de euros estão sendo investidos na expansão da unidade, que em 2027 entregará o primeiro modelo da nova geração.

Segundo Milan Nedeljkovic, integrante do Conselho de Administração responsável pela produção, a ideia é produzir localmente as baterias juntamente com os veículo elétricos, seguindo o princípio local for local: “A montagem de baterias em San Luis Potosí fará parte de nossa rede de produção global. Apenas para nossa nova sexta geração de e-drive estamos construindo cinco locais em três continentes”.

San Luis Potosí se junta a Debracen, Hungria, a Shenyang, China, a Spartanburg, Estados Unidos, e a Irlbach-Straßkirchen, Alemanha, como locais de montagem de baterias de alta voltagem de sexta geração BMW. Curtas distâncias, alega a empresa, ajudam a reduzir a pegada de carbono da logística do transporte.

As células usadas nos Neue Klasse serão redondas: segundo a companhia aumenta a densidade de energia das células em 20% e melhora em 30% a velocidade de carregamento, bem como a autonomia em 30%.

Chuvas no Rio Grande do Sul afetam produção de fabricantes automotivas

São Paulo – As fortes chuvas que atingem o Estado do Rio Grande do Sul desde a semana passada, e que deixaram a região em estado de calamidade, afetaram a produção de empresas do setor automotivo. Nenhuma fábrica das empresas consultadas pela Agência AutoData chegou a ser seriamente afetada, com exceção da Marcopolo, na qual a água invadiu um dos setores de produção após rompimento da calha. Bloqueios em estradas impedem a chegada de componentes e trabalhadores foram mantidos em casa para cuidar de seus familiares.

Na General Motors em Gravataí uma paralisação para ajuste de produção já estava agendada de 2 a 6 de maio. A expectativa era a de retomada na terça-feira, 7, mas o retorno foi suspenso, ainda que as instalações não tenham sofrido dano: “Estamos avaliando dia a dia e várias ações estão sendo feitas”, afirmou a empresa em nota, sem fornecer pormenores.

As operações da John Deere em Montenegro, Porto Alegre e Canoas estão suspensas desde a quinta-feira, 2, por causa das chuvas e das enchentes. Em nota oficial a empresa informou que “a paralisação visa à segurança de seus colaboradores e que está atenta e acompanhando a situação, caso sejam necessárias novas providências, e as fábricas ainda não tem data para voltar a produzir”.

A Randoncorp também paralisou a produção nas fábricas no Estado na quinta-feira, 2, com projeção inicial de retomar na segunda-feira, 6. Com exceção da unidade da Frasle Mobility em São Leopoldo todas as outras retornaram ao trabalho. Em nota a companhia informou que “a retomada considerou o contexto atual das cidades envolvidas, respeitando e preservando os profissionais que estão passando por dificuldades em suas moradias ou com familiares”.

Na Marcopolo em Caxias do Sul, após paradas na quinta-feira, 2, e na sexta-feira, 3, a produção foi retomada apenas em parte na segunda-feira, 6. Os funcionários que moram mais próximos e conseguem se deslocar até a fábrica retornaram e os demais seguem em casa porque as estradas estão fechadas. 

A empresa informou que a estrutura das unidades não foi afetada e que apenas prédio de uma das fábricas sofreu com alagamentos após o rompimento das calhas, o que permitiu a entrada de água pelo telhado. A Marcopolo informou que, na hora, não havia nenhum trabalhador no local e que os reparos necessários foram realizados logo na sequência.

A fábrica da AGCO em Canoas foi afetada pelos temporais e a produção está suspensa, sem data para retomar, enquanto as unidades de Santa Rosa e Iribubá, estão operando com equipes reduzidas. As duas unidades em operação, assim como as de Mogi das Cruzes e Jundiaí, no Estado de São Paulo, estão recebendo doações de mantimentos e itens de necessidade básica e sendo distribuídos pela empresa para a população do Rio Grande do Sul

Vendas de implementos rodoviários crescem 3%

São Paulo – As vendas de implementos rodoviários cresceram 2,6% de janeiro a abril segundo balanço divulgado pela Anfir, que representa o setor. Foram licenciados 49,6 mil produtos, dos quais 19,5 mil da linha leve. Em carroceria sobre chassis houve queda de 8,4%, resultando em 30,2 mill reboques e semirreboques, e a linha pesada registrou avanço de 11,3%.

“No princípio do ano a nossa indústria se beneficia da força do agronegócio brasileiro, com encomendas aquecidas para os produtos que atuam na logística de transporte da produção agrícola”, afirmou o presidente José Carlos Spricigo.

Para ele a taxa básica de juros ainda está em nível elevado, apesar dos seguidos cortes recentes, “e isto pode comprometer a evolução do PIB brasileiro”.

FPT Industrial projeta crescimento de 5% a 10% nas vendas de motores

São Paulo – Na esteira da perspectiva de retomada das indústrias de caminhões e ônibus, após o tombo na transição para o Euro 6 em 2023, a FPT espera expandir seu faturamento de 5% a 10% em 2024. A projeção não é tão vigorosa porque nesta equação é preciso incluir a demanda do agronegócio, ainda um pouco reticente devido às mudanças climáticas e aos impactos dos preços das commodities, em baixa, embora a previsão seja de safra recorde.

Recém assumido presidente da FPT Industrial na América Latina, Carlos Tavares tem como principal desafio ampliar o portfólio da marca com as montadoras que já atende e conquistar novos clientes – até porque em torno de 60% do volume de negócios provêm de clientes globais que não integram o Grupo Iveco. Os 40% restantes perfazem Iveco Caminhões, Iveco Bus e IDV.

Segundo Tavares estão sendo costuradas ampliações de fornecimento com fabricantes de pesados, mas o maior volume de novos negócios deverá derivar do segmento agrícola. Vale ressaltar apenas que contratos fechados hoje refletirão daqui a dois ou três anos, quando serão aplicados, uma vez que o tempo de desenvolvimento e maturação não é tão rápido.

A FPT classifica seus clientes em três grandes grupos: rodoviário, agrícola e construção. O rodoviário inclui caminhões e ônibus e responde por 50% das demandas. Para este a perspectiva é crescer de 13% a 15% em 2024. A outra metade dos clientes se distribui em agrícola, com fatia de 60%, construção, 20%, geração de energia, 15%, e marítimo o restante, o que conforme o executivo trata-se de oportunidade pouco explorada na qual pretende avançar.

“O crescimento é um fato, acho que todo mundo na indústria não tem mais dúvida sobre isso, apesar de janeiro ter mostrado o contrário, mas fevereiro, março e abril foram muito positivos. Então, falar de 13%, se possui um portfólio com leves, a 15%, se seu foco está nos pesados, é bastante coerente e possível, não há muita dúvida sobre isso.”

No caso da Iveco, Caminhões, que possui leque que vai dos leves ao extrapesado, sua aposta é um pouco mais conservadora, de avanço de até 13% porque o crédito no Brasil ainda é uma das barreiras para poder continuar crescendo.

“E quem sofre mais é o caminhão leve, que tem como clientes uma grande maioria de empresas como MEI e CPFs. Essas empresas para conseguir crédito sofrem mais do que as que demandam extrapesados, geralmente companhias muito mais estruturadas e com departamento financeiro para isto.”

Linha de produção da fábrica de Sete Lagoas ,MG, onde são produzidos motores das séries S8000, F1 e NEF. Foto: Divulgação.

Para o executivo o agronegócio deverá empatar com o desempenho do ano passado. Ele disse que o governo liberou R$ 8,8 bilhões para ampliar o acesso a empréstimos de MEI e PMEs com garantia do Tesouro Nacional. Só que quando se leem as letras miúdas é que se entende como será na realidade:

“Conversando com especialistas do agronegócio eles nos disseram que as empresas profissionais serão as mais beneficiadas, uma vez que o empréstimo não poderá ser feito para CPF e, assim, o pequeno fazendeiro pessoa física ficará fora deste pacote. Quando se fala de caminhões há restrições de crédito mas existe o valor. Os médios e grandes fazendeiros crescerão e farão renovação ou ampliação da sua frota de máquinas”.

Ainda assim, olhando para o lado positivo, aquele que renovar a frota repassará a máquina agrícola seminova ou usada para o pequeno produtor. E se conseguir uma taxa abaixo de 9%, considerando que as taxas reais hoje estão da ordem de 14%, incluso IOF, ponderou Tavares, haverá vantagem e o ciclo girará.

Quanto à construção civil, a despeito dos altos e baixos deste segmento que tem no governo seu grande alavancador, e este é um ano com eleições municipais, as últimas entregas de obras deverão estimular movimento forte para máquinas.

Plataforma multicombustível do Cursor 13 movida a etanol, diesel e gás natural exposta durante a Agrishow, em Ribeirão Preto. Foto: Divulgação.

Quanto aos novos produtos o novo presidente da FPT destacou o desenvolvimento dos novos motores como o movido a gás e o motor a álcool feito em parceria com a CNH Industrial e em testes em tratores de uma usina sucroalcooleira no Estado de São Paulo poderá ser aplicado para reponteciamento de caminhão a diesel, cuja produção deverá ocorrer no início de 2025.

Até o fim do ano que vem também é esperado que o motor F1C, que leva o conceito de flex fuel a veículos comerciais, esteja pronto. Parceria da empresa com a Mahle Metal Leve e três universidades está desenvolvendo motor movido a gás natural, biometano e etanol. Segundo Tavares o prazo está mantido.

A FPT está habilitada ao Mover em proposta focada em tecnologia para manufatura: “Este programa permitirá investimentos que estavam no nosso radar mas que, devido aos valores, foram postergados. Por exemplo: a otimização de uma linha de montagem, inserção de tecnologias 4.0 e de equipamentos conectados com a internet que dão respostas instantâneas. Em vez de fazer planilhas e anotar números uma ferramenta totalmente conectada faz isso por você”.

Na prática as mudanças deverão ocorrer a partir do ano que vem.

GM demite por telegrama 50 trabalhadores em São José dos Campos

São Paulo – A General Motors comunicou, por telegrama, a demissão de cinquenta funcionários de sua fábrica de São José dos Campos, SP, que estavam em licença remunerada desde o fim do ano passado. É parte de um grupo de 140 trabalhadores que estavam afastados, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, e que, por acordo acertado em outubro com a companhia, tinham estabilidade até a sexta-feira, 3 de maio.

Este acordo da GM com o sindicato foi negociado após a demissão de 1 mil 244 trabalhadores de suas três fábricas paulistas, que resultou em uma greve. Após as negociações a montadora abriu um PDV, programa de demissão voluntária, que contou com 696 adesões na unidade do Vale do Paraíba, e colocou em licença remunerada mais 140 pessoas.

Em nota enviada à Agência AutoData a GM informou que “os desligamentos fazem parte do processo de adequação do quadro de empregados anunciado em outubro de 2023, e firmado em acordo coletivo. O tema foi amplamente discutido, inclusive com a oferta de um plano de demissão voluntária. A medida foi necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro”.

Weller Gonçalves, presidente do sindicato de São José dos Campos, disse que a reestruturação planejada pela GM já foi feita no ano passado, com o PDV: “O sindicato é contra qualquer demissão. Como a maioria aderiu ao PDV aberto em dezembro a GM já aplicou a reestruturação pretendida. Esses postos de trabalho que ela está fechando agora poderiam, sim, ser mantidos. As demissões vão na contramão do anúncio de investimentos feito recentemente pela montadora”.

Atualmente a GM emprega 3,2 mil pessoas na unidade de São José dos Campos, onde produz a S10 e o Trailblazer.

Volkswagen, Nissan e BYD ganham posições e participação de mercado

São Paulo – Com exceção de Chevrolet, queda de 9,3%, e Jeep, recuo de 16%, todas as marcas do Top 10 do mercado brasileiro de veículos leves registraram crescimento no primeiro quadrimestre comparado com o mesmo período do ano passado. E três se destacaram: Volkswagen, Nissan e BYD.

A agora vice-líder Volkswagen aproveitou o mau momento da General Motors e, com seu crescimento 35,8%, para 110,3 mil emplacamentos, ganhou uma posição e em participação de mercado. Está, porém, ainda distante da líder Fiat e seus 143,6 mil veículos vendidos, crescimento de 10,4%

A Nissan superou a Honda na oitava posição e cresceu 36,2%, somando 26,6 mil unidades comercializadas de janeiro a abril. Mas a BYD, agora na décima posição, está chegando perto após o ótimo desempenho no começo do ano, com quase 22 mil veículos licenciados, todos importados.

Toyota, Hyundai, Renault e Jeep, na ordem, seguem o Top 3 do mercado nacional, também com crescimento com relação às vendas do primeiro quadrimestre de 2023. 

Veja o ranking: