Stellantis promove mudanças em sua diretoria da América do Sul

São Paulo – Fernando Scatena assume o cargo de CFO da Stellantis para a América do Sul. Formado em contabilidade pela Universidad Nacional de Córdoba o executivo sucede a Carlos Kitagawa, nomeado controller global da companhia. Na Stellantis desde 2007 Scatena ocupou diversos cargos na Argentina e região. O último foi chefe de finanças das áreas comercial e marketing para a América do Sul.

Não foi a única mudança: Felipe Daemon, que era vice-presidente da Peugeot para a região, agora assume a mesma função na Citroën. No grupo desde 2013 o economista formado pelo Ibmec ocupou diversos cargos de gerência de marketing e produto na empresa. 

Felipe Daemon

Em seu lugar assume Fabiana Figueiredo, que passou pelas marcas Fiat, Jeep e Ram como gerente de planejamento estratégico, branding, experiência do cliente e relações públicas. Ela é pós-graduada em comunicação pela Universidade de Syracuse e pelo College de Charleston.

Fabiana Figueiredo

Vanessa Castanho, que ocupava a vice-presidência da Citroën para a América do Sul, assumirá nova função na Stellantis, que, em comunicado, informou que será anunciada em breve.

Setor automotivo é protagonista da neoindustrialização

São Paulo – Em contraposição à desindustrialização, termo tão usado nos últimos anos para qualificar a condição do Brasil na qual a indústria de transformação vem perdendo terreno no PIB diante de outras atividades econômicas, especialmente o agronegócio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a adotar, neste seu terceiro mandato, um antídoto que chama de neoindustrialização. A palavra significa mais do que reindustrialização: além de recuperar o tempo perdido e as muitas fábricas fechadas nos últimos anos embute a intenção de posicionar a indústria brasileira nos degraus mais altos da competição global, com foco na adoção de tecnologias de última geração e produção de insumos estratégicos para o País.

O primeiro passo, celebrado por boa parte das entidades representativas de setores industriais nacionais, foi a recriação do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que no governo anterior operou como uma secretaria do Ministério da Economia. Empresários e executivos reclamaram que, naquele período, além do nítido desprestígio a indústria perdeu interlocução no governo.

Lula nomeou Geraldo Alckmin, seu vice-presidente, para ocupar o cargo de titular do MDIC – ainda que após ouvir alguns nãos, como o do presidente da Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Josué Gomes, filho de José Alencar, que fora vice-presidente de Lula nos seus primeiros dois mandatos.

O ex-governador do Estado de São Paulo tem costurado boa interlocução com os industriais e, segundo relatos de executivos e empresas, compreende e trabalha a favor dos interesses do setor no governo.

Prova dessa colaboração foi a criação do programa NIB, Nova Indústria Brasil, um conjunto de políticas e ações para as quais foram destinados nada menos do que R$ 300 bilhões do BNDES e outras fontes para financiar a neoindustrialização, no período 2024-2026. A política foi elaborada dentro do CNDI, Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, formado por representantes do governo, da iniciativa privada e de entidades de classe.

Missões automotivas

O NIB está estruturado em seis missões, definidas pelo CNDI como Norte da política industrial. Das seis ao menos cinco conversam com a indústria automotiva de alguma forma, direta ou indiretamente. Até mesmo o pilar que trata do desenvolvimento da indústria da saúde, embora não tenha o setor automotivo como ponto interessado, acaba beneficiando a cadeia pois serão necessárias ambulâncias para ampliar o acesso da população aos serviços de saúde.

“Setor automotivo não é só carro de passeio, envolve as montadoras e os fornecedores, caminhão e ônibus”, observa Igor Calvet, diretor executivo da Anfavea, entidade que reúne os fabricantes de veículos instalados no País. “E o NIB, ainda que indiretamente, gera impacto na indústria em eixos que não são especificamente destinados a ela, como a agricultura sustentável, na qual entra toda a cadeia das máquinas autopropulsadas.”

Calvet se refere à Missão 1 do NIB, “cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais”: nela a óbvia participação da indústria automotiva é no fornecimento de máquinas e equipamentos, mas é possível entrar empresas de toda a cadeia, inclusive fabricantes de caminhões, que podem colaborar com a redução das emissões de CO2 ao oferecer os motores Euro 6 mais modernos e alternativas de biocombustíveis, como biometano, HVO e outros.

A Missão 3 do programa, que trata das cidades inteligentes e mobilidade sustentável, a indústria automotiva tem a óbvia participação com o fornecimento de veículos de transporte público, dentre outras possibilidades.

A Missão 4 é importante para financiar a atualização dos processos industriais do setor e posicionar as empresas na transição tecnológica, com incentivo à adoção de tecnologias da Indústria 4.0 em seus parques fabris.

Na Missão 5, que trata da descarbonização, o setor automotivo é pilar fundamental para reduzir a emissão de CO2.

E na Missão 6, “tecnologias de interesse para a soberania e defesa”, as fabricantes de veículos e peças apoiam com sua tecnologia de veículos e sistemas de propulsão.

Vetor de outras indústrias

Em paralelo com o Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, a política industrial brasileira reforçada pelo NIB tende a potencializar a indústria automotiva nacional. Nos cálculos de Calvet a tendência é elevar a participação do parque automotivo no PIB Industrial, hoje na casa dos 20%: “A conjuntura é favorável, a tendência é de o mercado voltar a crescer, por diversas razões como queda da taxa de juros, o marco das garantias, o reaquecimento da economia. Só que como o setor representa uma condição de valor agregado maior, crescerá mais do que os outros setores”.

É inegável que Lula, por meio do ministro Alckmin, deu atenção especial à indústria automotiva nesta primeira metade de seu terceiro mandato. A começar com o programa de descontos promovido no meio do ano passado, que ajudou a tirar da estagnação as vendas de veículos – foram destinados nada menos do que R$ 700 milhões para patrocinar descontos para o consumidor na compra um automóvel ou comercial leve zero-quilômetro, e outro R$ 1 bilhão foi reservado a caminhões e ônibus, mas nem todo o dinheiro foi usado.

A explicação para esta preocupação do presidente, afora ele ter trabalhado na indústria em seus tempos de metalúrgico, é o potencial da produção de veículos funcionar como alavanca para a própria economia.

“A indústria automotiva tem uma importância grande na geração de empregos de qualidade”, afirma Samy Moscovitch, analista de produtividade e inovação da ABDI, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. “Se expandirmos o olhar para o complexo da mobilidade da logística a geração de empregos é muito maior, sem contar postos de gasolina, oficinas mecânicas etc.”

“O setor automotivo é um setor vetor”, endossa Calvet, da Anfavea. “Ele puxa outros setores, como o de vidro, que puxa o de areia, puxa o de eletroeletrônicos, o de autopeças. Existe toda uma cadeia que está por trás da montadora.”

Investimento puxa investimento

Os cerca de R$ 130 bilhões em investimentos em curso anunciados pelas fabricantes de veículos no Brasil, em um horizonte que se estende até 2030, segundo a contabilidade do MDIC, tendem a funcionar como ponto de partida para que mais aportes sejam feitos por outras empresas, de outros setores.

Cláudio Sahad, presidente do Sindipeças, que representa as empresas fabricantes de autopeças, garante que o setor fornecedor está preparando investimentos. Na última projeção, feita em fevereiro, a expectativa era de R$ 6 bilhões este ano, 2% a mais do que em 2023: “Quando há previsibilidade de demanda as nossas empresas também elevam seus investimentos. É muito provável que o volume de investimentos previstos para 2024, em uma estimativa feita antes dos anúncios das montadoras, cresça bem mais”.

Até o fechamento desta reportagem o Sindipeças ainda não tinha atualizado suas projeções oficiais, obviamente alteradas após os seguidos anúncios de investimentos por parte de seus clientes, as fabricantes de veículos.

Avanço tecnológico

Uma das grandes preocupações do governo é com a atualização tecnológica da indústria. Grandes empresas já avançaram para a Indústria 4.0 e digitalizaram sua produção, mas os pequenos empresários, sem saúde financeira, continuam estagnados nessa área.

A intenção do governo é que 90% das empresas industriais brasileiras sejam digitalizadas para que a participação da produção nacional em novas tecnologias seja triplicada. Hoje o índice de digitalização, segundo o próprio governo, é de 23,5%.

Para fomentar a inovação e digitalização da indústria foram reservados R$ 66 bilhões em financiamentos do Programa Mais Inovação com recursos do BNDES e da Finep, com custo de taxa TR, além de linhas não reembolsáveis definidas pelo CNDI.

Sahad, do Sindipeças, diz que linhas de financiamento não têm sido gargalo para o setor, mas comemora a chegada de mais recursos. E destaca o Mover e seus projetos prioritários, que também atuam neste sentido: “Eles possibilitaram a muitas pequenas e médias empresas investir em inovação e desenvolvimento tecnológico”.

Do lado das montadoras, segundo Calvet, da Anfavea, boa parte dos R$ 130 bilhões do ciclo atual de investimentos tem este objetivo: “Todos os investimentos miram, principalmente, produtos e processos. Melhoria de processo produtivo, seja automação do chão de fábrica, melhoria da produtividade e novas plataformas para novos produtos”.

Segundo o diretor executivo da Anfavea os investimentos de anos atrás, após o Inovar-Auto, visavam à ampliação da capacidade produtiva que vislumbrava uma demanda que ainda não veio.

“Então temos capacidade ociosa. Portanto, tirando as empresas que estão entrando agora, não deverá haver investimento em ampliação de fábricas.”

O objetivo agora é reduzir a diferença de tecnologias e produtividade que eventualmente existe com outras regiões do mundo e posicionar as fábricas brasileiras no nível global, tornando possível a competição por mais investimentos em um futuro novo ciclo.

De volta ao jogo

Afora NIB e Mover Calvet cita outras políticas do governo que ajudam a alavancar a produção automotiva, estas de forma mais concreta: “Temos as obras do PAC, que puxam a demanda por máquinas propulsadas e caminhões. O Caminho da Escola, que gera efeito direto na indústria de ônibus”.

“O setor automotivo está de volta”, sentenciou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, em evento que marcou o lançamento das primeiras regulamentações do Mover, em Brasília, DF, na presença do presidente Lula. De fato há muito tempo não há uma perspectiva tão otimista quando se olha para o horizonte. O que não pode acontecer, novamente parafraseando Lima Leite, que usualmente cita Roberto Campos, é o País “perder a oportunidade de perder uma oportunidade”.

Clarios anuncia novos executivos em duas áreas

São Paulo – A Clarios anunciou mudanças em seu quadro de executivos. Diogo Oliveira assumiu o cargo de gerente de tecnologia da informação, tornando-se responsável pela área e reportando-se a Manuel Ramirez, diretor de TI para a Região Latam. Antes de chegar à Clarios Oliveira trabalhou de 2009 a 2024 na GE, General Electric, responsável por liderar transformações digitais em diversas áreas industriais.

Outra mudança ocorreu na linha moto da Clarios, com a chegada de Fábio Peluso, atual gerente de vendas do segmento de baterias estacionárias, como gestor comercial da linha moto. Peluso possui grande experiência dentro da Clarios, na qual iniciou sua carreira em 2007 como engenheiro de produto.

Queda nas exportações em abril interrompe recuperação do setor

São Paulo – As exportações de veículos interromperam processo de recuperação em abril, uma vez que desde o início do ano os embarques vinham crescendo sobre os meses anteriores. Foram 27 mil unidades no mês passado, queda de 16,4% com relação a março, que havia atingido o melhor resultado em sete meses com 32,7 mil unidades. Na comparação anual o recuo é de 19,6%, uma vez que doze meses atrás foram embarcados 34 mil.

Os dados foram divulgados pela Anfavea na quarta-feira, 8. A situação, de acordo com o presidente da entidade, Marcio de Lima Leite, foi potencializada pelo prolongamento das operações padrão que vêm sendo realizadas pelo Ibama e pelo MAPA, Ministério da Agricultura e Pecuária.

No acumulado do ano foram exportadas 109,5 mil unidades, 26% abaixo do período de janeiro a abril de 2023, 148,1 mil. O patamar está abaixo também dos primeiros quadrimestres de 2022, com 153 mil unidades, e de 2021, com 129,6 mil veículos.

Em valor foram faturados US$ 3,1 bilhões de janeiro a abril, 15,6% abaixo do acumulado de 2023, mas acima de 2022 e 2021, respectivamente US$ 2,9 bilhões e US$ 2,3 bilhões. Somente em abril as vendas externas renderam às montadoras US$ 740 milhões, queda de 19% sobre março, US$ 912 milhões e recuo de 18,4% com relação ao mesmo mês no ano passado, US$ 907 milhões.

Anfavea espera aprovação do PL do Mover nos próximos dias

São Paulo – Está na pauta da Câmara dos Deputados da quarta-feira, 8, a apreciação do projeto de lei 914/2024, que institui o Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação. O texto do relator Átila Lira, idêntico àquele apresentado pelo governo em março e em dezembro do ano passado, mas por meio de medida provisória, deverá ser votado ainda esta semana.

Quando apresentou o projeto ao Congresso o governo solicitou que o PL tramitasse em regime de urgência, o que desobrigaria a apreciação do texto por comissões do Senado e da Câmara e o encaminharia direto ao plenário. Por causa das chuvas no Rio Grande do Sul as duas casas, Câmara e Senado, retiraram o regime de urgência de todos os projetos para que pudessem acelerar a votação de medidas que visam a ajudar a população afetada.

No entanto na terça-feira, 7, o PL do Mover foi novamente colocado em regime de urgência, após votação. E um jabuti, como são chamados temas incluídos em PLs que não tratam do ponto central, foi incluído pelo relator: a taxação de compras online com preços inferiores a US$ 50.

Segundo Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, há a expectativa de que o texto seja votado e aprovado ainda na quarta-feira, 8: “Estamos confiantes”.

De toda forma o Mover segue em operação, pois ainda está em vigor a MP 1 205, que criou o programa e que só caducará no fim deste mês.

Indústria de ônibus cresce puxada por Caminho da Escola e eleições municipais

São Paulo – A produção de chassis de ônibus somou 2,8 mil unidades em abril, aumento de 72,5% sobre igual mês do ano passado e expansão de 6,9% na comparação com março. No ano foram produzidos 9,3 mil chassis, avanço de 64,8% sobre o primeiro quadrimestre de 2024, de acordo com dados divulgados pela Anfavea na quarta-feira, 8.

Segundo Eduardo Freitas, vice-presidente da entidade, dois fatores estão puxando o crescimento da produção: o primeiro são as eleições municipais deste ano que, tradicionalmente, geram antecipação de compra dos municípios para renovar parte de sua frota. O segundo é o programa Caminho da Escola, que está ajudando a acelerar a produção, com as entregas começando no fim do primeiro trimestre.

O emplacamento de ônibus somou de 1,7 mil unidades no mês passado, volume 23,2% maior do que o vendido em igual mês do ano passado e 7,6% maior do que o registrado em março. No acumulado do ano as vendas ainda apresentam queda de 23,5%, com 5,8 mil unidades:

“Esta é uma situação bem particular na comparação com 2023, pois no ano passado todas as entregas do Caminho da Escola ocorreram até março e, este ano, a partir de março”.

A expectativa do vice-presidente é de que a retração no acumulado do ano seja revertida nos próximos meses, fechando o ano com crescimento. 

Foram exportados 448 ônibus em abril, alta de 34,1% sobre abril do ano passado e incremento de 10,9% com relação a março. No quadrimestre o segmento acumulou expansão de 15,8%, 1,3 mil unidades.

Produção de caminhões avança 61% em abril

São Paulo – A produção de caminhões registrou 11,7 mil unidades em abril, aumento de 60,7% sobre igual mês do ano passado e avanço de 3,8% com relação a março. Os dados foram divulgados pela Anfavea na quarta-feira, 8. Seu vice-presidente, Eduardo Freitas, avaliou o resultado como “a volta da normalidade para a indústria de pesados”. 

No acumulado do quadrimestre foram produzidos 41 mil caminhões, volume 29,1% maior do que o registrado em idêntico período do ano passado. A produção ainda está um pouco abaixo do nível registrado nos primeiros quatro meses de 2022 e 2021, lembrou o executivo.

Para os próximos meses existe um ponto de atenção que é o impacto das fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul sobre a produção de caminhões e sua cadeia de fornecimento. Segundo Freitas parte dos fornecedores está na região e, por isto, será necessário avaliar qual a dimensão dos impactos nos próximos meses, “mas, sim, existe risco para a produção”.

As vendas de caminhões somaram 10,8 mil unidades em abril, o melhor resultado mensal desde dezembro de 2022 e o melhor abril desde 2014. Na comparação com igual mês do ano passado houve aumento de 37,5% e expansão de 8,8% com relação a março: “Observamos que a média diária também foi muito boa, com cerca de quinhentas unidades vendidas por dia. A demanda está voltando à normalidade”.

No acumulado do ano o setor reverteu a queda registrada até março e cresceu 2,2% no quadrimestre, com 37,2 mil caminhões emplacados. Diante desse resultado o vice-presidente disse que a entidade segue olhando para o segmento com otimismo moderado e mantém sua expectativa de crescimento para o ano.

As exportações somaram 1,2 mil unidades em abril, expansão de 18,7% na comparação com abril do ano passado e retração de 13,2% com relação a março. No acumulado do ano foram embarcados 4,5 mil caminhões, volume 17,5% menor do que o exportado no primeiro quadrimestre de 2023.

Produção de veículos em abril é a melhor para o mês desde 2019

São Paulo – Em abril saíram das linhas de produção das montadoras 222,1 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. O volume foi o melhor para o mês desde 2019, quando foram produzidos 232 mil, e é também o maior dos últimos oito meses – em agosto de 2023 foram fabricados 227 mil unidades.

De acordo com dados da Anfavea divulgados na quarta-feira, 8, em comparação a abril do ano passado, quando foram produzidos 178,9 mil veículos, a expansão é de 24,2%. Frente a março, em que a fabricação alcançou 196 mil unidades, o avanço é de 13,5%.  

“Vimos crescimento bastante importante da nossa produção, exatamente como aconteceu com o mercado interno, ou seja, em resposta a esse aquecimento”, assinalou o presidente Márcio de Lima Leite. “Em abril foram emplacados 221 mil veículos.”

No quadrimestre a produção soma 760,1 mil veículos e supera em 6,3% o volume de janeiro a abril de 2023, de 715 mil unidades. Apesar da reação o patamar ainda está abaixo do acumulado de 2021 no mesmo período, 788,7 mil veículos.

Segundo Lima Leite o aumento da produção poderia ter sido maior não fosse o aumento das importações, principalmente da China: “Somente em abril 10,3 mil veículos emplacados tinham origem chinesa, o que representa mais de 5% do total.”

Apesar dos bons resultados obtidos até abril, e em detrimento dos pontos de atenção, Lima Leite afirmou que ainda é cedo para fazer qualquer revisão com relação à projeção feita para a indústria em 2024, de produzir 2 milhões 470 mil veículos, incremento de 4,7% ante o ano anterior.

Problemas logísticos decorrentes das chuvas no RS acendem alerta na indústria

São Paulo – Afora todas as questões humanitárias e sociais as chuvas que atingiram cidades do Rio Grande do Sul na semana passada poderão causar impacto sobre os negócios da indústria automotiva brasileira. Fábricas localizadas na região da Capital, Porto Alegre, estão paralisadas e algumas estradas seguem bloqueadas, ocasionando problemas de logística. O risco é que fornecedores gaúchos não consigam entregar peças e componentes e a produção de veículos possa ser paralisada.

Cláudio Sahad, presidente do Sindipeças, diz que a entidade mapeou a situação de três importantes regiões do Estado, que foi, ano passado, responsável por 12% do faturamento do setor. A mais crítica, segundo o levantamento, é a de Porto Alegre: 

“Na área próxima à Capital as fábricas foram atingidas pela água e existem paralisações na produção. Ali está a situação mais séria”, afirmou o executivo, que participou da coletiva à imprensa da Anfavea na quarta-feira, 8.

Em Gravataí, onde opera a General Motors, as chuvas geraram poucos danos e as unidades fabris da maior parte dos fornecedores seguem produzindo – a GM, entretanto, suspendeu a produção dos Chevrolet Onix e Onix Plus até a sexta-feira, 10. Em Caxias do Sul, outro importante polo produtor, o impacto foi mínimo e a produção segue quase em sua normalidade.

“A questão maior são os problemas logísticos, porque algumas estradas estão fechadas. Mas existem rotas alternativas que podem ser usadas pelas empresas e acredito que estas dificuldades podem ser superadas rapidamente. Em uma semana a dez dias tudo deverá voltar à uma quase normalidade.”

Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, não descarta paradas em fábricas: “Temos três operações de associadas suspensas no Estado. De toda forma, mesmo que não parem, teremos que demandar mais esforço para superar toda essa situação logística”.

Sahad acrescentou: “Não acredito que haverá falta generalizada de peças mas poderá haver paradas pontuais, que seriam resolvidas de forma rápida”.

Na Região Sul, segundo a Anfavea, estão instaladas doze fábricas automotivas de sete associadas e outras 540 de fornecedores, além de 680 concessionárias. O Estado do Rio Grande do Sul representa 5% das vendas de veículos e 12% do faturamento do setor de autopeças.

Oferta de crédito aumentou 35% e ajudou crescimento das vendas

São Paulo – De janeiro a abril a oferta de crédito ao setor automotivo cresceu 35,7%, de acordo com Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, durante entrevista coletiva de divulgação de resultados do abril e do primeiro quadrimestre, na quarta-feira, 8. Com juros mais baixos, em torno de 25% ao ano, menor índice desde outubro de 2021, os financiamentos tornaram a ter relevância no mercado de veículos e foram peça importante no crescimento de 16,3% nas vendas do período, para 735,4 mil unidades.

“Os cortes da Selic, embora agora tendam a ser menores, indicam mais redução nos juros, aliado à aprovação do marco das garantias pelo Congresso, que facilitam a retomada do bem no caso de inadimplência. Mais crédito e menos juros deixam o mercado mais aquecido.”

Em abril foram licenciados 220,8 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, volume 37,4% superior ao de igual mês do ano passado e 17,6% acima de março.

“A média diária superou as 10 mil unidades, a melhor para o mês em cinco anos. Foi 17,4% superior à de abril do ano passado. Foi um crescimento relevante”.

Embora a situação das chuvas no Rio Grande do Sul, que representa 5% dos emplacamentos do mercado nacional, indique desaquecimento no Estado e possível impacto na produção de veículos, Lima Leite acredita em manutenção do crescimento até o fim do ano.

Os estoques encerraram abril com 242,6 mil carros nos pátios de montadoras e concessionárias, suficientes para 33 dias de vendas. Ficou acima de março: 222,3 mil unidades e trinta dias de vendas. Mas nada que preocupe:

“Segundo apuramos com as associadas este crescimento tem relação com lançamentos que estão programados para os próximos meses, que geraram mais estoques nos pátios das montadoras”.