MWM substitui motores a diesel por a biometano na Cocal

São Paulo – A MWM substituiu motores a diesel de caminhões e motobombas da Cocal, empresa do setor sucroenergético do Oeste Paulista, por outros 100% a gás, com potências de 220 cv a 330 cv, abastecidos exclusivamente com biometano. O planejamento da operação, que começou em 2022, resultou na mudança de vinte equipamentos.

O biometano utilizado é produzido a partir dos resíduos da cana, vinhaça e torta de filtro, transformados na unidade de biogás da Cocal em Narandiba, SP. Este gás renovável é distribuído para os clientes por meio de carretas ou gasoduto e, simultaneamente, integra a frota da empresa, contribuindo para a redução do consumo de diesel durante a safra.

Para Cristian Malevic, diretor de descarbonização da MWM, além da redução do impacto ambiental há outros benefícios, como a simplificação da manutenção e reposição de peças, com 85% dos componentes idênticos aos utilizados nos motores a diesel: “A similaridade no consumo, torque e potência com relação aos motores a diesel garantem desempenho e eficiência”.

O principal desafio do uso de equipamentos a biometano no campo, de acordo com o diretor agrícola da Cocal, Jurandir de Oliveira, é a autonomia e logística de abastecimento, “e por isto estamos ao lado da MWM para buscar soluções que tornem cada vez mais viável a operação em larga escala. Na última safra, encerrada em março, a Cocal atingiu o consumo total de 685 mil m³ de biometano na própria frota, equivalente a 1,9 mil toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidas”.

Axalta foi eleita fornecedora do ano da HPE

São Paulo – A Axalta foi reconhecida pela HPE, fabricante de modelos Mitsubishi e Suzuki no Brasil, como o Fornecedor do Ano no Prêmio Excelência HPE 2023, realizado em São Paulo na terça-feira, 28. O evento, que premiou quatro fornecedores em cinco categorias, reuniu representantes de mais de duzentas empresas.

O CEO Mauro Correia destacou, em seu discurso, a importância da cadeia de fornecimento local: “Reconhecer a excelência do trabalho dos nossos fornecedores, que são nossos parceiros, é muito importante porque sem eles o sucesso das nossas marcas no País não existiria”.

Segundo ele a Mitsubishi possui 65% de fidelização dos clientes na hora de trocar de veículo, índice considerado alto e que, de acordo com o CEO, só é possível pela qualidade dos produtos comercializados, na qual os fornecedores possuem alta participação.

A cadeia de fornecimento da HPE possui 218 empresas que fornecem materiais produtivos e mais 1,8 mil empresas de materiais não produtivos e contratos de serviços. Algumas dessas empresas estão no Rio Grande do Sul, Estado fortemente afetado pelas chuvas em maio. Segundo o diretor da fábrica de Catalão, GO, Edenílson Ducatti, a montadora ainda não conseguiu mapear todos os danos na cadeia, mas a produção não está ameaçada por causa dos estoques de peças. Importação, medida tomada por alguns de seus concorrentes, por enquanto não está nos planos:

“Ao contrário: manteremos todos os contratos que temos com os fornecedores e trabalharemos junto com eles para a reorganização da operação de cada um, fortalecendo ainda mais o nosso relacionamento”.

Veja a lista dos premiados pela HPE:

Melhor fornecedor do ano – Axalta
Excelência em custos – Axalta
Excelência em qualidade – Triospuma
Excelência em logística – Maxion Wheels
Excelência em pós-vendas – Bovenau

HPE planeja mais do que dobrar o volume de produção em Catalão nos próximos anos

São Paulo – Com o investimento de R$ 4 bilhões programados até 2032 a HPE Automotores, fabricantes de modelos Mitsubishi e Suzuki, almeja alcançar a produção de 50 mil veículos por ano na fábrica de Catalão, GO, mais do que o dobro do volume registrado no ano passado, menos de 20 mil unidades. Segundo seu CEO Mauro Correia a ideia é crescer a produção ano a ano.

“Nosso planejamento é produzir 21,6 mil veículos em 2024. A fábrica tem capacidade para 120 mil unidades, por isso temos o desafio de crescer os volumes em um curto espaço de tempo, para bem manter a nossa operação local.” 

O volume projetado para 2024 representa aumento de 9,6% com relação a 2023. Para chegar às 50 mil unidades a HPE trabalha em alguns pontos chaves, como a expansão da sua rede de concessionárias, apostando na entrada de novos grupos experientes para puxar o crescimento.

Os fornecedores também são considerados peça fundamental no plano. Segundo Correia as compras de peças e componentes crescerão em 2024 para R$ 1,1 bilhão, alta de 10% sobre o R$ 1 bilhão investido no ano passado. Também está em curso um forte trabalho de nacionalização de componentes para ajudar na produção de novos veículos nos próximos anos.

Edenílson Ducatti, diretor da fábrica goiana, disse que existe busca por itens como pneus, vidros, bancos, rodas e sistemas de exaustão, por exemplo. A intenção é que os fornecedores ajudem a HPE a investir no processo de nacionalização com a compra e o desenvolvimento da parte ferramental.

Esse trabalho deverá ganhar força nos próximos meses uma vez que a HPE mostrará até o fim do ano o primeiro veículo nacional do investimento de R$ 4 bilhões e precisa expandir a base de conteúdo local. Alguns fornecedores já foram nomeados, mas segundo o vice-presidente da HPE, Reinaldo Muratori, o novo modelo ainda tem porcentual de peças locais muito abaixo do que a empresa gostaria.

O diretor da fábrica revelou que itens como bloco do motor, pistão, sistema de freios e sistema de alimentação de combustível são bem mais difíceis de serem localizados: “A matriz exige uma lista de requisitos técnicos muito grande e por isto é complicado encontrar um fornecedor que atenda todas as necessidades com um custo viável para tornar o item nacional”.

A HPE já tentou localizar a produção destes itens no passado e não conseguiu e, atualmente, prefere importar e focar na procura de parceiros de outras peças e componentes.

Até a metade de 2025 a HPE lançará o seu segundo modelo previsto no plano de investimento, que será um híbrido plug-in, mas importado. Em julho haverá uma reunião com a matriz para definir os próximos modelos que serão produzidos localmente e ajudarão a incrementar o volume de produção em Catalão. 

A companhia também negocia para nacionalizar produtos da Suzuki, que considera uma marca com potencial para o mercado brasileiro e atualmente conta com apenas um modelo em seu portfólio, o SUV Jimny, importado do Japão. 

Além dos novos veículos nacionais e importados que virão para o Brasil o investimento também contempla o desenvolvimento de motores híbridos flex, aumento da capacidade produtiva, compra de novos equipamentos e capacitação e expansão da mão de obra.

DHL adota uso de energia limpa em seus armazéns próprios

São Paulo – Para ajudar a cumprir a premissa de zerar a emissão de CO2 de suas operações logísticas até 2050 a DHL Supply Chain aderiu ao mercado livre de energia a fim de utilizar eletricidade proveniente de fontes renováveis e certificadas, como hidráulica, eólica e solar, nos centros de distribuição da companhia. E, aos poucos está expandindo a solução a seus doze armazéns próprios. Com isto obtém outro benefício indireto, que é recarregar os veículos elétricos com energia limpa – atualmente 22% da frota, ou 87 veículos, são movidos a bateria.

Conforme Danilo Marcuci, diretor da DHL Supply Chain Américas, contou a Agência AutoData este formato também dá acesso a plataforma inteligente digitalizada para o gerenciamento do consumo de energia, permite a realização de concorrências em busca do melhor preço e possibilita a estabilidade dos contratos e de suas condições durante o período de vigência.

Quanto ao reflexo exercido nas contas da DHL, embora não tenha mostrado números, Marcuci afirmou que a diminuição na emissão de poluentes proporcionada pela adoção ao mercado livre contribuirá em 32% sobre a meta de redução da operação brasileira da empresa para este ano.

“A DHL iniciou estes processos, tanto técnico, quanto comercial e jurídico, em outubro de 2020. E ali cumpriu todas as etapas administrativas, que são longas, para fazer esta movimentação: respeitou janela de migração imposta pelas concessionárias e com isso a nossa operação de Araçariguama foi a primeira a migrar para o mercado livre de energia, em outubro de 2021.”

Nove armazéns do grupo são abastecidos com eletricidade limpa: Araçariguama, Itapevi, Jandira, dois em Louveira e dois em Osasco – estes no Estado de São Paulo -, Extrema, MG e Aparecida de Goiânia, GO. E outros três novos negócios migrarão a esta condição ao longo de 2024, sendo dois em Extrema e um em Campinas, SP.

Centro de distribuição da DHL Supply Chain em Jandira é um dos nove que já migraram para o mercado livre de energia. Foto: Divulgação.

“Todas as unidades da DHL elegíveis ao mercado de energia já migraram para o sistema. E todo novo negócio já vai sempre nascer com essa modalidade. Desde que elegíveis aos requerimentos serão considerados para migração em processo que pode demorar de seis a doze meses.”

Ao todo a DHL opera aproximadamente cinquenta centros de distribuição, sendo doze próprios e o restante nas áreas de clientes.

Marcuci destacou que a energia limpa é mais barata do que a do mercado cativo. É possível, por exemplo, escolher o fornecedor, quanto vai consumir e o compromisso assumido é de médio a longo prazo. A economia, segundo ele, pode variar de 10% a 30%.

Medida equivale à retirada de circulação de 26 mil carros a combustão

Quanto à redução das emissões de CO2 em cinco anos a empresa de logística terá deixado de lançar na atmosfera 3 mil toneladas por causa da iniciativa: “O projeto tem a expectativa de evitar emissões equivalentes ao plantio de 390 mil árvores. É como se retirássemos de circulação 26 mil carros a combustão”.

Em paralelo à expansão da adoção do mercado livre de energia a DHL está desenvolvendo estudo de fazenda solar e tem em andamento projeto de instalação de painéis solares sobre telhados que gerará quase toda a eletricidade consumida nos centros de distribuição – hoje um deles já usufrui do modelo e a previsão é a de que um segundo o adote até o fim do ano. 

Quanto aos veículos utilizados a companhia tem optado por realizar entregas com ciclistas em centros urbanos e planeja ampliar sua frota de elétricos inclusive dentro dos armazéns, em que é crescente o uso de equipamentos 100% a bateria como paleteiras e transpaleteiras.

Solução nasceu na filial brasileira e foi premiada globalmente

A iniciativa de optar pelo mercado livre de energia pela DHL Supply Chain que nasceu no Brasil foi premiada globalmente, com reconhecimento interno do Concurso Go Green 2023, que envolveu os mais de duzentos países em que a companhia está presente.

Desenvolvida localmente a solução também é aplicada em outros países, a exemplo de Chile e Colômbia, onde existem modelos parecidos: “O grupo tem verificado esta viabilidade e a compara a outras soluções. Aqui se tornou algo muito prático e viável. Então outros países que têm essa possibilidade também já começaram a fazer seus estudos”.

Enchentes e greves tendem a esfriar vendas de veículos

Estava tudo indo bem melhor do que era esperado no mercado nacional de veículos leves, com a volta dos financiamentos e volumes mensais de vendas como não se viam desde 2019. Mas os dilúvios que transformaram o Rio Grande do Sul em uma grande lagoa cercada de lamaçais têm impactos locais e nacionais que podem esfriar a recuperação em andamento.

Para começar o megaproblema do Sul já paralisa por quase um mês a produção da General Motors na fábrica de Gravataí, RS, que não foi alagada mas está parada por falta de peças e de funcionários – e mesmo que pudesse produzir seria difícil escoar os carros. Com isto, somente de lá, deixaram ser colocados à venda algo como 16 mil unidades do Onix e do Onix Plus, caso fosse mantido o ritmo de emplacamentos de abril.

Mas o problema ultrapassa as fronteiras gaúchas: como 90% das indústrias do Estado foram afetadas pelas chuvas, segundo a Fiergs, número relevante de fornecedores de autopeças também parou, por falta de insumos, funcionários e de transporte para escoar a produção. Isto afeta diretamente fabricantes de veículos em outros estados.

A Volkswagen, por exemplo, com falta de peças do Sul precisou dar férias coletivas nas últimas duas semanas de maio aos empregados do chão das fábricas paulistas de São Bernardo do Campo, Taubaté e São Carlos. Com isto pode ter deixado de produzir perto de 10 mil unidades Polo – carro mais vendido do País este ano –, Nivus, Virtus e Saveiro.

Para contornar o problema a Volkswagen fechou importações temporárias de peças e pretende retomar a produção em junho, mas não se sabe até que ponto conseguirá recuperar as vendas perdidas por falta de produtos a entregar a partir de junho.

Outros fabricantes de veículos, incluindo Stellantis com as marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën também estão sendo afetados. Sabe-se que foi paralisada a linha de produção do Fiat Cronos em Córdoba, Argentina, com impacto relativamente baixo sobre o total de vendas da empresa, que ainda poderá sofrer paralisações em outras unidades produtivas se a falta de peças persistir.

Nem sempre as importações são possíveis para substituir temporariamente peças que faltam aqui, principalmente porque existem componentes feitos e homologados para veículos específicos, tornando difícil encontrar o mesmo item, com as mesmas especificações técnicas, em outra fábrica no Exterior. Exemplo disto são as juntas homocinéticas produzidas por fábricas da GKN no Rio Grande do Sul, que são fornecidas para nada menos do que 80% dos carros produzidos no Brasil.

Sem vendas no Rio Grande do Sul

Em meio à tragédia que se abateu sobre o Estado é difícil imaginar algum gaúcho comprando um carro, novo ou usado, em maio e talvez por alguns meses adiante. Como o Rio Grande do Sul responde atualmente por 5% das vendas nacionais de veículos novos supõe-se que mais de 10 mil automóveis e comerciais leves zero-quilômetro deixaram de ser vendidos este mês somente naquele mercado, levando-se em conta o ritmo de emplacamentos de abril.

Algumas estimativas preliminares apontam que 5% a 10% da frota do Estado, de 140 mil a 280 mil carros, tenham sido alagados e inutilizados pelas enchentes. Não se sabe quantos destes veículos estão cobertos por seguro mas os que estão poderão, em alguns meses à frente, sustentar novas vendas. Contudo será difícil que todas as perdas sejam repostas até porque haverá outras prioridades de gastos e perda severa de renda no Estado, o que puxa as vendas de veículos para baixo por período ainda difícil de estimar, talvez de mais de um ano à frente.

Greves

Adicionalmente ao tsunami chuvoso que varreu o Rio Grande do Sul o clima das relações trabalhistas também não favoreceu a produção de veículos no País em maio, incluindo greve de quase um mês inteiro – que seguia em curso nos últimos dias de maio – na fábrica da Renault em São José dos Pinhais, PR, que nesta situação deixou de produzir perto de 10 mil unidades do Kwid, Duster, Kardian e Stepway. Em algum momento estes carros farão falta nas concessionárias da marca.

Para piorar a situação entra em cena uma espécie de greve ao contrário: a operação padrão de funcionários do Ibama e Ministério da Agricultura, que descontentes com a proposta de aumento salarial do governo federal decidiram fiscalizar com mais minúcias todas as operações de importações nos portos brasileiros, o que vem atrasando a liberação de veículos e cargas de componentes importados.

Segundo apurou a Agência AutoData junto à Anfavea, a associação dos fabricantes, na semana passada havia 1,2 mil contêineres de peças e equipamentos parados em portos aguardando liberação por auditores dos órgãos de controle que fiscalizam se os itens importados respeitam exigências sanitárias e ambientais do Brasil.

Por ironia pode ser que parte destes componentes tenham sido importada para suprir a falta de componentes de fornecedores gaúchos.

Pelo mesmo motivo, até 22 de maio, 17,1 mil carros importados aguardavam autorização para entrar no País, o que também puxa para baixo o número de emplacamentos deste mês e dos seguintes. Somando o que deixou de ser vendido no Rio Grande do Sul com o que deixou de ser produzido em outros estados por falta de peças gaúchas e importadas, de 50 mil a 60 mil carros podem ter sido subtraídos do mercado apenas em maio.

Graças a estoques nem todo este impacto será sentido no mês, mas deve ser diluídos por alguns meses à frente. Não se sabe quanto tempo demorará para que produzam e vendam o que deixou de ser feito, o que pode atrasar ou até mesmo reduzir o ritmo da recuperação do mercado este ano – lembrando que nenhuma das crises mencionadas foi resolvida e que os problemas podem se acumular ainda mais em junho e julho.

Metalúrgicos da Renault rejeitam proposta pela terceira vez e greve segue

São Paulo – Os cerca de 4,1 mil trabalhadores da Renault e da Horse em São José dos Pinhais, PR, ingressaram no vigésimo-segundo dia de greve ao rejeitar pela terceira vez proposta da montadora e da fabricante de motores em assembleia no portão da fábrica do Complexo Industrial Ayrton Senna.

Considerando os dezesseis dias úteis desse período, e com base nos cálculos do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, de que são fabricados oitocentos carros e novecentos motores por dia, já deixaram de ser produzidos 12,8 mil veículos e 14,4 mil motores. Isso significa que Renault perdeu cerca de um mês de vendas, uma vez que em abril foram emplacadas 11,9 mil unidades, conforme a Fenabrave.

Segundo o sindicato os funcionários rejeitaram a mesma proposta oferecida pela montadora pela terceira vez consecutiva, composta por PLR, participação nos lucros e resultados de R$ 25 mil para volume de produção de 201 mil carros no ano, reajuste salarial pelo INPC e contratação imediata de cinquenta profissionais. A entidade pleiteia acréscimo de trezentos operários, aumento real de 3,02%, conforme o PIB de dois anos atrás, e benefício de R$ 30 mil.

Diante da situação a montadora posicionou-se dizendo que a proposta foi rejeitada mas que “em razão da greve ilegal a Renault do Brasil negociará somente com a retomada da produção”.

A principal reivindicação, conforme a entidade, é o reforço na mão de obra para suprir ritmo intenso da linha de produção que tem sobrecarregado os funcionários e colocando sua saúde e segurança em risco.

“Evidência deste fato é o índice de engajamento do trabalhador na linha de produção que está em 95%, ou seja, dentro do processo de trabalho, o trabalhador tem apenas 5% de tempo para dar uma respirada ou ir ao banheiro. Cobramos que a empresa baixe esse índice para 85% ou menos.”

De acordo com o presidente do sindicato, Sérgio Butka, “a Renault tem insistido em empurrar proposta que já foi rejeitada três vezes pelos trabalhadores e, simplesmente, se negado a negociar demais alternativas numa postura lamentável de falta de diálogo. O resultado dessa falta de maturidade da empresa são trabalhadores de braços cruzados pela preservação da sua saúde”.

Mover é aprovado na Câmara e segue para o Senado

São Paulo – O texto do projeto de lei 914/2024, que criou o Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, foi aprovado na noite de terça-feira, 28, no plenário da Câmara dos Deputados. Agora a matéria foi encaminhada ao Senado Federal, onde espera-se sua apreciação e aprovação na quarta-feira, 29, a tempo de manter o programa em vigor.

Isto porque a Medida Provisória original, que instituiu o programa em dezembro, caducará na sexta-feira, 31. O governo optou por criar um PL com texto idêntico à MP para acelerar a sua tramitação no Congresso e instituir, enfim, o programa que trata da descarbonização e incentivos à pesquisa e desenvolvimento no setor automotivo.

O aprovado na Câmara, porém, foi um substitutivo do relator, deputado Átila Lira, que incluiu a taxação de produtos importados de até US$ 50, o que ocasionou a demora na aprovação. O tema, polêmico, não tinha acordo entre os deputados e o governo, e a votação foi sucessivamente postergada. A taxação de 20% para essas compras, solução encontrada pelos deputados, foi aprovada.

Temendo um buraco jurídico, com a MP fora de vigência e o PL não aprovado, a Anfavea se movimentou e representantes de montadoras estiveram em Brasília, DF, nos últimos dias conversando com deputados e com o relator, para que uma solução fosse encontrada. A Anfavea chegou a divulgar nota em seu LinkedIn pedindo manutenção do texto da MP, porque, segundo apurou a reportagem da Agência AutoData, sugestões diversas para inclusão de emendas no texto foram feitas. No fim prevaleceu o texto original da MP e do PL enviado pelo governo.

Segundo a Agência Câmara duas emendas propostas por parlamentares foram aprovadas junto com o PL do Mover: uma trata da exigência de conteúdo local para exploração de petróleo e gás e a outra de incentivo para a produção de bicicletas elétricas.

Desempenho de BYD e GWM estimulou Neta a vir para o Brasil

São Paulo – Criada com o objetivo de desenvolver tecnologia para o setor automotivo, em 2014, a Hozon decidiu, quatro anos mais tarde, lançar sua marca de veículos, batizada de Neta Auto. Sediada em Xangai, China, a startup escolheu este nome porque representa personagem lendário de um menino pequeno que nunca desiste, apesar das adversidades que podem aparecer em seu caminho.

“Quando me disseram o que Neta representa em português eu pensei: ainda bem que é um nome bonitinho”, disse, bem humorado, em mandarim, Wilson Sun, presidente assistente da Neta Auto e vice-presidente executivo do departamento de overseas, na terça-feira, 28, durante a apresentação da marca no mercado brasileiro e a promessa de produzir localmente.   

A escolha do Brasil para tornar-se fabricante de seus carros e também base exportadora para a América do Sul se deu, de acordo com Henrique Sampaio, diretor de marketing e produto, porque o País possui volume de mercado considerável, o maior da região. Além disso a infraestrutura para instalar operação de fábrica é melhor, assim como as vias disponíveis para escoar os produtos.

“A BYD foi a primeira marca chinesa que fez os olhos das fabricantes na China se abrirem. Porque ela chegou com tecnologia que muitos acreditavam que não daria certo no Brasil. E em poucos meses conseguiu participação de mercado respeitável. Com a GWM foi a mesma coisa. E a Chery já havia se instalado, primeiro, abrindo as portas para os veículos chineses. Elas provaram o potencial do mercado.”

Esportivo Neta GT desembarcará no Brasil até o fim do ano. Foto: Soraia Abreu Pedrozo

No ano passado a Neta comercializou na China 127,5 mil veículos, o que a posicionou como a quinta startup, como são consideradas as empresas com menos de dez anos de existência local que mais emplacou elétricos. Em 2022 foram 152 mil unidades, o que a levou à liderança dessas empresas.

No ranking geral dos elétricos, incluídas montadoras – em que a BYD figurou em primeiro lugar, nos dois comparativos, com 301,3 mil e 184,7 mil veículos, respectivamente – a Neta Auto ocupou a décima-quarta posição em 2023 e a nona em 2022. A diferença se deu, segundo Silveira, pelo ingresso de empresas no mercado chinês, onde hoje há 136 marcas de carros.

A companhia possui três fábricas na China que empregam 9 mil funcionários, sendo 3 mil na área de P&D. Como a linha é bastante automatizada poucas pessoas trabalham no chão de fábrica. Desde sua fundação, em 2018, foram vendidos 400 mil veículos, sendo 30 mil em 29 países.

A principal operação da Neta Auto fora da China está na Tailândia, onde há uma fábrica e foram comercializados no ano passado 13 mil veículos, tendo ocupado o segundo lugar nas vendas de elétricos. No primeiro semestre teve início a produção na Indonésia e, além do Brasil, há estudos em andamento também para México e Malásia.

“Nossa meta para este ano é atingir mais de quinhentos pontos de venda em cinquenta países. E o mercado brasileiro é muito importante para nós. O preço de energia no Brasil é favorável à produção de veículos elétricos aqui.”

De acordo com o executivo futuramente será introduzida a reciclagem de baterias.

A empresa já investiu o equivalente a R$ 15 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, incluídas duas plataformas tecnológicas sobre as quais foram criados os sete modelos da marca: Neta V, Neta Aya, Neta U, Neta X, Neta GT, Neta S e Neta L. A autonomia dos veículos a bateria é de 400 quilômetros a 500 quilômetros e no caso dos híbridos eles podem chegar a 1,2 mil.

Disponível nas versões híbrida e elétrica o modelo Neta L, lançado há 35 dias, já vendeu 30 mil unidades, de acordo com Sun. Segundo Sampaio ele chegará ao Brasil na próxima leva de veículos, depois desta inicial programada para o segundo semestre, que priorizará três elétricos, um deles o esportivo Neta GT.

Chinesa Neta Auto planeja ter fábrica no Brasil até 2026

São Paulo – A Neta Auto, com sede na China, anunciou na terça-feira, 28, sua estreia no Brasil com a importação de três modelos elétricos ao longo do segundo semestre, após o estabelecimento de um centro de distribuição de peças a fim de dar suporte ao pós-vendas. A localização exata não foi divulgada, mas será na Região Sudeste, possivelmente no Estado de São Paulo.

Os planos são mais ousados, porém: o presidente assistente e vice-presidente executivo do departamento de overseas, Wilson Sun, contou que a empresa está pesquisando espaços tanto de fábricas já existentes como terrenos para erguer operação do zero. O objetivo é iniciar produção local em 2025 ou 2026.

Segundo Henrique Sampaio, diretor de marketing e produto da Neta Auto, a empresa possui predileção por fábrica já montada, para agilizar o processo. Sobre a unidade da Toyota em Indaiatuba, SP, que será fechada em meados de 2026 ao transferir a produção do Corolla para Sorocaba, SP, disse ser uma das opções:

“É preciso considerar que existem fábricas que podem receber operações em CKD ou SKD, pois se trata de operação de veículos desmontados que serão montados aqui. Não necessariamente requer estrutura como as das montadoras estabelecidas no País, que fazem desde a estamparia até o produto final”.

Sampaio lembrou, no leque de possibilidades da Neta, pode-se montar linha de produção até em uma fábrica de ônibus ou em uma encarroçadora: “É possível que seja feita parceria no mesmo espaço físico que outra marca, como acontece com Caoa Chery e Hyundai”.

O presidente Wilson Sun disse não poder revelar os números do investimento, que segundo ele serão divulgados quando for batido o martelo sobre a fábrica: “Acredite: será uma boa quantia. Até porque com o estabelecimento da produção local nós nacionalizaremos muitas peças”.

Ele assinalou que existem metas iniciais de vendas mas que “o volume não é mais importante do que a divulgação para conhecimento e aceitação do usuário em um primeiro momento”.

Sun contou que, em um primeiro momento, o principal objetivo é apresentar modelos e estabelecer redes de pós-vendas e serviços: “Temos plano de longo prazo no Brasil. Queremos algo sustentável”.

Quarenta concessionárias no Brasil

A Neta já está conversando com grupos concessionários e o projeto é até o fim do ano ter definidos de trinta a quarenta pontos nas maiores cidades brasileiras, sendo vinte deles em operação. Segundo Sun a empresa é muito exigente na escolha de revendedores e que exigência é que seja tudo padronizado: tamanho, oferta de serviços e até o design da loja.

A montadora Neta Auto pertence à Hozon, empresa criada em 2014 para criar tecnologia para o setor automotivo. Possui hoje sete modelos na China, cinco 100% elétricos e dois híbridos, sendo que um deles também está disponível na versão elétrica.

Dentre os veículos que virão ao Brasil até o fim do ano está o Neta GT, apresentado à imprensa, mas sem pormenores divulgados, o que será feito em momento posterior. Embora seu preço ainda seja desconhecido de acordo com Sampaio ocupará a faixa de preço das principais empresas chinesas que comercializam elétricos no País: “O valor surpreenderá”, afirmou, ao acenar que poderá girar em torno de R$ 250 mil – valor do BYD Song Plus.

Honda e IBM tornam-se parceiras no desenvolvimento de tecnologias de computação

São Paulo – A Honda e a IBM assinaram um MOU, memorando de entendimento, com foco em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de computação. Os futuros desenvolvimentos serão usados para atender a demandas relacionadas à capacidade de processamento, consumo de energia e complexidade no desenho para a criação de veículos definidos por software, conhecidos como SDVs.

Alguns pormenores do MOU foram revelados, como o foco no desenvolvimento de semicondutores e chips, com a intenção de evoluir o desempenho de processamento. A expectativa das duas empresas é de que o uso de tecnologias de IA, Inteligência Artificial, acelere de forma relevante a partir de 2030, criando novas oportunidades para o desenvolvimento dos SDVs.