Vale, Komatsu e Cummins assinam acordo para desenvolver caminhão bicombustível

São Paulo – Vale, Komatsu e Cummins acordaram o desenvolvimento conjunto de caminhões bicombustíveis fora de estrada, movidos à mistura de etanol e diesel, para atenderem à indústria da mineração. Trata-se da primeira vez que veículos deste porte, com capacidade de 230 e 290 toneladas, rodarão com etanol.

O Programa Dual Fuel, como é chamada a colaboração das três empresas, foca na necessidade de se reduzir os lançamentos de carbono nas operações de mineração. De acordo com a Vale ele ajudará a atingir suas metas de diminuir em até 33% as emissões de CO2 nos escopos 1 e 2, até 2030, e de zerá-las até 2050.

Os caminhões adaptados utilizarão até 70% de etanol na mistura e reduzirão em até 70% o CO2 emitido com relação aos movidos a diesel. Nos próximos dois anos estão previstos o desenvolvimento, os testes e o estabelecimento dos motores movidos a etanol e diesel fabricados pela Cummins.

Stellantis abre terceira rodada do seu Programa de Estágio 2024

São Paulo – A Stellantis abriu a terceira rodada do Programa de Estágio 2024, com mais de duzentas vagas para as cidades de Betim, Itaúna e Belo Horizonte, em Minas Gerais, Goiana e Recife, em Pernambuco, Jaboatão e São Paulo, SP, e em Porto Real, RJ. As inscrições estão abertas até o 12 de agosto no site https://www.estagiostellantis2024.com.br/.

O estágio começará em setembro ou em outubro, dependendo da cidade, e os alunos devem ter a previsão de formação de 2025 a 2027 e estar matriculados nos seguintes cursos: administração, comunicação social, ciências contábeis, direito, gestão de projetos, pedagogia, design de produto, economia, engenharia automotiva, engenharia de controle e automação, finanças, jornalismo, publicidade e propaganda, relações internacionais.

Mercedes-Benz vende 36 Sprinter para o Ministério da Cultura

São Paulo – A Mercedes-Benz fechou a venda de 36 unidades da Sprinter para a MovCEU, iniciativa cultural itinerante do Ministério da Cultura dedicada à população de baixa renda. As primeiras, produzidas na Argentina, foram entregues em julho e já serão usadas em atividades culturais como biblioteca móvel, estúdio de produção audiovisual, cinema ao ar livre e palco para apresentações.

O MovCEU promoverá ações culturais com as Sprinter em cidades brasileiras com até 20 mil habitantes, levando a arte e o conhecimento à população com pouco ou nenhum acesso.

A negociação foi conduzida pelo concessionário Mardisa, de Brasília, DF, e os veículos estão sendo customizados em parceria com a Mobile Solutions Serviços Automotivos.

Scania planeja nacionalizar motor elétrico

São Bernardo do Campo, SP – A Scania anunciou recentemente que aportará R$ 60 milhões a fim de preparar suas linhas no ABC Paulista para fabricar chassi de ônibus elétrico a partir de 2025. O aporte integra ciclo de investimento de R$ 2 bilhões até 2028 e há planos de nacionalizar componentes do veículo que, a princípio, serão importados da própria montadora na Suécia, dentre eles o motor elétrico.

Foi o que afirmou o diretor de desenvolvimento de negócios da Scania Operações Comerciais Brasil, Marcelo Gallao:

“Começaremos a nossa jornada de descarbonização pelo ônibus. Esses R$ 2 bilhões são investimentos que passam por tecnologias verdes e incluem componentes para descarbonizar o diesel, o gás e o elétrico”.

Segundo Gallao além da modernização da fábrica é prevista a nacionalização do motor elétrico que poderá ser usado em ônibus e, também, em caminhões: “Como o sistema de produção é modular e os componentes do caminhão e do ônibus são comuns, tudo o que integra o ônibus pode ser utilizado no caminhão.”

Chamado de EMC 1-2, electrical machine central ou motor elétrico central, sendo o número um referente a quantidade de motores e, dois, ao número de marchas na caixa de câmbio, o componente pode ser aplicado, por exemplo em caminhões de distribuição de até 230 KW. De acordo com o executivo até mesmo a bateria do ônibus é intercambiável e poderá integrar um caminhão no futuro.

Pormenores acerca dos planos da Scania para estender a produção local aos caminhões elétricos, porém, ficarão para a Fenatran 2024, realizada na São Paulo Expo de 4 a 8 de novembro. Atualmente apenas dois veículos a bateria da marca foram importados para a PepsiCo.

Segundo Marcelo Gallao existe equipe dedicada a ampliar o porcentual de localização do chassi elétrico da Scania até que ele comece a ser produzido. Foto: Wagner Menezes/Divulgação.

Por ora, dentro do que foi anunciado para o ônibus elétrico made in São Bernardo do Campo e batizado de K230E B4x2LB, que começará a ser vendido durante a Lat.Bus 2024 entre 6 e 8 de agosto, também no São Paulo Expo, sabe-se que serão importados o motor elétrico, bateria e cabos laranja de alta voltagem.

Um dos itens produzidos localmente serão os pneus específicos para veículos elétricos, fabricados pela Goodyear em Americana, SP, que será fornecedora da Scania – o que não impedirá que, até setembro de 2025, quando a montadora iniciará a produção, outras marcas já possuam produtos adequados à forma de propulsão também.

A importância deste componente, disse o diretor de desenvolvimento de negócios, se dá pela durabilidade do produto. Um pneu normal dura 50 mil quilômetros em um ônibus a diesel mas com a tração elétrica o desgaste é maior e, portanto, ele seria suficiente para rodar menos da metade, 20 mil quilômetros.

Nacionalização começa com 20% e objetivo é chegar aos 60%

Gallao estimou que os primeiros ônibus elétricos serão entregues com 20% de localização em termos de valores: “Para classificar o índice de nacionalização o governo brasileiro considera a pior condição, em peso ou valor. Como a bateria é o item de maior valor, conta muito na localização. Em termos de peças mais de 60% do ônibus é local. Mas somente a bateria, por seu valor agregado e peso, eleva o porcentual de componentes importados para 80%”.

Mas o plano é que até setembro do ano que vem a situação mude, uma vez que há profissionais dedicados apenas a ampliar o porcentual de localização “e, é claro, trata-se de uma corrida, e por isto temos equipe de compras focada na nacionalização. É preciso acompanhar se o fornecedor passou nos nossos testes, se foi aprovado em qualidade e segurança e se foi homologado pelo Inmetro”.

A meta, conforme o executivo, é alcançar as regras para ter acesso ao Finame, com 60% de localização do valor ou do peso. Bateria é um item em que a montadora está de olho pois empresas no Brasil já estão ensaiando a produção local: “Hoje a bateria a ser usada no ônibus é sueca e Scania, fabricada pela Northvolt, mas é verde. E é muito difícil achar fornecedor no Brasil com componentes verdes que garantam ESG”.

Por enquanto serão importados para compor o veículo o motor elétrico, bateria e cabos laranja de alta voltagem. Foto: Divulgação.

Ele ponderou que embora de 70% e 80% da matriz energética brasileira seja renovável, geradas por fontes eólica, solar e hidráulica, a montadora contrata somente energia que não tenha origem fóssil para operar a unidade local, o que gera custo adicional. Sobre planos de a Northvolt produzir no País Gallao afirmou que, por enquanto, não: “É preciso ter um volume de vendas maior para justificar fábrica de baterias da Northvolt aqui”.

Na Suécia o processo de produção exclui eletricidade gerado por carvão e concentra-se em fontes limpas, o que resulta em uma liberação de CO2 70% menor: “Nós queremos um produto livre de emissões desde a fabricação. É por isso que demoramos um pouco mais até comercializar”.

Peugeot mostra primeiro versão elétrica do novo 2008

São Paulo – Mais uma vez, assim como aconteceu há cerca de um ano, a Peugeot mostrou primeiro, no mercado brasileiro, a versão 100% elétrica de seu SUV compacto reestilizado, o E-2008. Assim como já aconteceu na Europa o modelo inaugura no País o nova e refinada identidade visual da marca do leão.

As versões com motor a combustão do 2008, com o mesmo design, já estão em produção na fábrica de El Palomar, Argentina, que recebeu investimento de US$ 270 milhões para produzir o modelo sobre a plataforma CMP, a mesma sobre a qual é fabricado lá o hatch 208 lançado em 2020.

Mas a apresentação do E-2008, importado de Vigo, Espanha, aos potenciais clientes brasileiros, com direito a test-drive, começa antes do resto da família, já neste fim de semana na Casacor São Paulo, realizada no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, até o próximo 28 de julho.

Contudo as vendas da nova geração do SUV só serão iniciadas a partir de agosto, juntamente com o E-2008, este já escalado para ser a opção topo de linha. Os preços de toda a gama só serão divulgados no mês que vem, mas como a versão elétrica é a mais cara deverá custar acima dos R$ 200 mil.

A nova geração do 2008, lançada em 2019 na Europa e reestilizada no ano passado, chegou ao Brasil já no fim de 2022 somente na versão elétrica, por R$ 260 mil, mas após muitos descontos motivados pela concorrência chinesa nos últimos meses o preço caiu para menos de R$ 190 mil. Ao longo de 2023 a Peugeot vendeu cerca de quinhentas unidades do modelo a bateria, e este ano o estoque do E-2008 antes da atual reestilização foi zerado com 150 vendas.

Neste período todo a primeira geração do 2008, lançada no mercado brasileiro em 2015 e passando por algumas reestilizações, seguiu sendo produzida em Porto Real, RJ, e até agora é vendida no site da Peugeot em duas versões com o motor 1.6 aspirado de R$ 110 mil e R$ 115 mil, e duas turbo com o 1.6 THP, de R$ 130 mil e R$ 135 mil.

Lançamento mais importante desde o 206

Rafael Filon, gerente de marketing de produto da Peugeot América do Sul, avaliou que “o 2008 será o mais importante lançamento da marca no País desde o 206”, hatch que foi primeiro Peugeot produzido aqui, a partir de 2001.

Para o E-2008 as expectativas são bem mais tímidas: o modelo será vendido e receberá assistência técnica nos E-Centers da rede, instalados em 32 das mais de trezentas concessionárias no País. Ainda que seja um número limitado é uma evolução ante os dois pontos especializados inaugurados em 2021. “Se houver demanda vamos aumentar esta rede mas avaliamos que no momento já atende o nosso público”, afirmou Filon.

Os principais clientes dos carros elétricos da Peugeot, segundo suas pesquisas, são jovens de 35 a 45 anos com famílias formadas, de alta renda, que estão experimentando a eletromobilidade pela primeira vez para uso urbano, e geralmente o modelo a bateria é o segundo carro da família.

Feição renovada e refinada

O 2008 é o primeiro Peugeot no País a ostentar a nova identidade visual global da marca, como o logo retrô do leão fixado na nova grade frontal emoldurada pelas duas lanternas em três filetes verticais de LED que formam a assinatura luminosa do veículo – que os designers da empresa dizem ser “as marcas das garras do leão”, em substituição ao filete único que era chamado de “dente de sabre”.

O novo visual é muito mais um refinamento daquele apresentado em 2019 do que uma grande mudança, cumpre a função de renovar o modelo sem perder características que já eram admiradas em seu belo design.

Por dentro o novo E-2008 manteve o acabamento caprichado, com bancos revestidos em couro Alcântara, aveludado. O quadro de instrumentos digital de 10 polegadas i-Cockpit 3D, posicionado ao nível dos olhos e acima do pequeno volante, ganhou novo design de telas.

No centro do painel está o inédito sistema de infoentretenimento Peugeot i-Connect, com tela sensível ao toque de 10,3 polegadas de alta definição, com respostas semelhantes às de um smartphone. Aliás o telefone agora pode ser espelhado com conexão Bluetooth, sem cabo, pelo sistemas Apple CarPlay ou Android Auto. O recarregador sem-fio no console central, segundo a Peugeot, é três vezes mais potente do que o utilizado na versão anterior do carro. Também estão disponíveis uma tomada USB-A e três USB-C, duas delas para quem vai nos assentos traseiros.

Outra novidade é o sistema Visio Park 360°, que integra câmeras dianteira e traseira que transmitem imagens de alta definição à tela da central, com visão geral do entorno do veículo.

Mais potência e autonomia

A Peugeot também aplicou melhorias em todo o sistema de propulsão elétrica do E-2008. A potência do motor aumentou 15%, de 136 cv para 158 cv, com torque máximo de 260 Nm e velocidade máxima eletronicamente limitada a 150 km/h. A capacidade da bateria também subiu de 50 kWh para 54 kWh, com expansão da autonomia, de 234 para 261 quilômetros segundo padrões brasileiros do PBEV/Inmetro.

Para o recarregamento o novo E-2008 conta com um carregador monofásico de 11 kW, superior ao anterior de 7,4 kW, o que permite uma recarga rápida de 80% em até 30 minutos em estações de 100 kW, em comparação aos 40 minutos da versão anterior.

O seletor de câmbio e-Toggle permite a mudança de condução de forma ágil, com opção de três modos: Eco, Normal e Sport.

O E-2008 traz de série o sistema de segurança Peugeot Driver Assist, que integra alerta de ponto cego, alerta de colisão, frenagem de emergência automática, comutação automática de farol alto, reconhecimento de sinalização de velocidade, detector de fadiga, piloto automático adaptativo ACC, alerta e correção de permanência em faixa. O modelo também vem com freios ABS, distribuição eletrônica de frenagem, cintos de segurança de três pontos para todos os passageiros, sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis, seis airbags, assistência de partida em rampa e freio de mão com acionamento elétrico.

Banco CNH Industrial altera sua estrutura organizacional

São Paulo – O Banco CNH Industrial anunciou mudanças em sua estrutura organizacional, com novos executivos à frente da diretoria comercial e de seguros e na  de commercial lending, e a criação de uma nova área de gestão de produtos financeiros. Fernanda Baltazar (foto acima) é a nova diretora comercial e de seguros, sucedendo a Márcio Contreras, que assumiu o cargo de diretor de marketing comercial da New Holland para a América Latina.

Marcelo Dalcuche assume novo cargo no Banco CNH Industrial

Marcelo Dalcuche é o novo diretor de commercial lending, sendo que seu último cargo no banco foi como diretor de business solutions.

Jucivaldo Feitosa assumiu nova área do Banco CNH Industrial

Na nova área de gestão de produtos o diretor é Jucivaldo Feitosa, que está há mais de dez anos no banco e já foi diretor de outras áreas.

Fiat comemora 125 anos de história

São Paulo – A Fiat foi fundada em 11 de julho de 1899, em Turim, Itália, e agora completa 125 anos de operação. Uma história, segundo sublinha a fabricante, sustentada por pilares como inovação, acessibilidade e design, passando por modelos marcantes como o 4 HP, seu primeiro carro, e outros como S61, S76, Topolino, Nuovo 500, 600, 127, 147, Panda, Uno, Tempra, Tipo, Palio, que ajudaram a companhia a conquistar dezenas de mercados.

Em 1973 a marca chegou ao Brasil, após acordo fechado pela empresa com o governo de Minas Gerais, para a construção da fábrica de Betim, que começou a operar em 9 de julho de 1976, com a produção do Fiat 147, carro que fez história no mercado brasileiro.

Depois disto a Fiat fez história sendo a primeira a produzir no País picapes e furgões leves e também pioneira no no lançamento de um veículo com computador de bordo, que foi o Prêmio, o primeiro modelo com turbo de fábrica, o Uno Turbo, e o Tipo foi o primeiro veículo nacional com airbags.

Entidades e empresas do setor automotivo se movimentam contra o retorno integral do Imposto de Importação

São Paulo – A volta imediata do II, Imposto de Importação, para 35% é a bola da vez na indústria automotiva, uma vez que a Anfavea defende a medida “para proteger a produção local da invasão de produtos chineses no mercado”. Mas o que foi definido pela indústria e pelo governo, no fim de 2023, é que o retorno será escalonado, chegando a 35% somente em julho de 2026.

Para importadores e outras empresas envolvidas no ecossistema automotivo as regras devem ser mantidas como estão, uma vez que qualquer alteração com o jogo em andamento trará uma série de efeitos negativos para o País.

A ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico, a Abeifa, entidade que representa os importadores de veículos, e a BYD, empresa que está investindo no País mas atualmente só importa os modelos eletrificados vendidos por aqui, acreditam que um movimento como esse trará situação de insegurança jurídica muito grande, afastando novas marcas e afetando o consumidor final, que encontrará preços mais altos nas revendas quando quiser adquirir um veículo elétrico ou híbrido vindo da China ou da Europa, por exemplo.

Ricardo Bastos, presidente da ABVE, afirmou que é importante que o governo mantenha as regras como foram definidas anteriormente para não causar ruídos e uma possível retração na demanda por veículos híbridos e elétricos, que estão em franco crescimento no País: “Eu tenho a certeza de que isto não acontecerá. O governo federal concorda que é necessário garantir a previsibilidade para a indústria automotiva e é contra esse retorno imediato, o que nos faz acreditar que o pedido das montadoras instaladas no País não será aceito”.

Pressão contrária

Bastos também disse que uma decisão como esta pode gerar uma série de dificuldades para o Brasil, como insegurança jurídica maior e adiamento de novos investimentos. Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD, segue em linha parecida com o presidente da ABVE, uma vez que é contra a decisão de aumento imediato do II, ainda que não acredite que será afetado por uma possível elevação da alíquota, pois está investindo no País para construir sua fábrica e ter produção local.

Mesmo sem se preocupar tanto com essa retomada do II Baldy disse que esse movimento pode afetar a imagem global do Brasil: “Acredito que mudar as regras no meio do jogo não é uma mensagem legal que será passada para outras empresas que estão pensando em investir e produzir no Brasil, pois eles ficarão inseguros”. 

Marcelo de Godoy, presidente da Abeifa, foi enfático ao se posicionar contra o pedido da Anfavea e disse que não existem conversas das duas entidades sobre o tema, mas ele acredita que deveria acontecer: “Estamos sempre abertos para discutir qualquer mudança no setor automotivo nacional, mas hoje essas conversas quase não acontecem. Ficamos sabendo do pedido da Anfavea pela imprensa e nos posicionamos de forma contrária, articulando nossos movimentos em Brasília para que isso não aconteça”.

O executivo acredita que a posição do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, contra o retorno imediato do II deverá ajudar a manter as regras do jogo como estão, até porque mudar tudo com o jogo em andamento é pior que não ter nenhuma regra previamente definida

Problema não resolvido

Godoy também disse que mudar as regras do Imposto de Importação não resolvem o problema da indústria nacional pois os modelos importados representam em torno de 10% do mercado: “Se a indústria nacional não consegue disputar o espaço com 10% de veículos importados ela precisa rever seu portfólio e o seu modelo de operação”.

O presidente da Abeifa acredita que o aumento da taxa de importação não fará com que a indústria eleve de forma relevante a produção local. Para isto é necessário exportar mais e o que está acontecendo, hoje, é uma queda acentuada dos volumes embarcados para outros países e as razões para isto podem ir além dos custos que o Brasil tem para exportar.

“Isto acontece por causa dos impostos ou porque os consumidores de outros mercados estão preferindo outros veículos do que os produzidos aqui? Será que o que está sendo produzido no País é o que os compradores de outros países querem?”

Vendas de motos têm melhor primeiro semestre em dezesseis anos

São Paulo – As vendas de motocicletas no Brasil registraram o melhor desempenho para o primeiro semestre desde 2008. Foram emplacadas 933,2 mil unidades de janeiro a junho, incremento de 19,6% em comparação ao mesmo período no ano passado, o que significa acréscimo de 153,2 mil motos nas ruas.

Os dados foram divulgados pela Abraciclo na quinta-feira, 11. A venda financiada, responsável por 38% das operações nos primeiros seis meses do ano, ou 354,6 mil unidades, foi a modalidade que mais cresceu no acumulado, 29,9%. A forma escolhida para pagar por 30%, ou 280 mil motos, foi à vista, o que avançou 28,2% com relação a igual período em 2023.

Na avaliação do presidente da Abraciclo, Marcos Bento, apesar da alta do dólar e da redução em velocidade menor que a esperada da Selic, o cenário econômico segue favorável para o segmento de duas rodas: “A motocicleta continua sendo produto procurado para o uso profissional, principalmente por desempenho eficiente para o deslocamento urbano, o que é favorecido pelo consumo de combustível e, consequentemente, provoca o aumento de demanda”.

Bento afirmou que o mercado continua com potencial de crescimento e que há boas condições de financiamento, com bastante oferta e, portanto, concorrência: foram realizados dezenove lançamentos no primeiro semestre.

Não à toa a produção também atingiu resultado recorde com o maior volume desde 2012. Saíram das linhas 868,1 mil unidades de janeiro a junho, aumento de 13,5% ante o mesmo período no ano passado, o que representou adicional de 103,5 mil unidades.

A maior parte das motocicletas, 78,6% ou 682,6 mil, é de entrada, com até 160 cc. Volume que cresceu 13,4% no comparativo anual. O segmento que mais expandiu no semestre, no entanto, foi o de média cilindrada, de 161 e 449, com alta de 16,9% e 159,5 mil unidades.

Projeções de 2024 sem revisão

A despeito dos resultados “extremamente positivos”, conforme Bento, a entidade manterá a projeção de produzir 1 milhão 690 mil motos este ano, com crescimento de 7,3%, assim como a do varejo, que é de vender 1,7 milhão de unidades, incremento de 7,5%. Isto porque há pontos de atenção que podem reduzir o ritmo de crescimento até dezembro.

Um deles é o desempenho das exportações, em queda de 23,4% no primeiro semestre, co o embarque de 15,7 mil motos, ou 4,8 mil a menos do que em igual acumulado de 2023. O encolhimento é reflexo do baixo desempenho de mercados compradores do produto made in Brazil, a exemplo da Argentina, importante cliente, assim como outros países da América do Sul.

“A motocicleta brasileira é de primeiro mundo, com alta qualidade, tanto que é exportada aos Estados Unidos, Canadá e França. E os países da região têm legislações distintas da nossa, o que faz com que se crie a disparidade de nosso produto e o que é consumido localmente, veículos com tecnologia e qualidade inferiores.”

Outros dois pontos ressalvados pelo dirigente são fatores climáticos, como uma nova seca severa que atingiu a região do Amazonas no ano passado, onde está a Zona Franca de Manaus, o que pode afetar a produção principalmente quanto à logística fluvial, prejudicada pela estiagem, e desdobramentos referentes à catástrofe provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

Venda de importados da Abeifa cresce 235% no primeiro semestre

São Paulo – As dez empresas importadoras associadas à Abeifa venderam 44,9 mil unidades de janeiro a junho, alta de 235,3% na comparação com iguais meses do ano passado. Do total vendido no primeiro semestre 41,4 mil veículos são elétricos ou híbridos, representando 52,2% do total das vendas de automóveis eletrificados no Brasil.

Mesmo com bons motivos para celebrar a grande recuperação das vendas sobre 2023 a entrevista coletiva à imprensa realizada pela Abeifa na quinta-feira, 11, foi marcada pelo discurso que defende que o II, Imposto de Importação, reduzido para elétricos e híbridos, seja mantido como está hoje e que cresça conforme foi determinado no passado.

Isto porque a Anfavea, que representa as empresas fabricantes instalados no País, pede a subida imediata para o teto de 35% como forma de proteger a indústria nacional do avanço dos importados.

Marcelo de Godoy, presidente da Abeifa, foi claro na sua posição contra o pleito da Anfavea, uma vez que o pedido vai contra tudo que a entidade sempre defendeu: a previsibilidade para os negócios da indústria automotiva nacional. O executivo lembrou que uma mudança como esta gera insegurança jurídica, afasta novos investidores e prejudica o consumidor final, uma vez que o comprador de um modelo importado terá de pagar mais caro por causa dos aumentos.

“Também existe um ponto importante que a Anfavea precisa olhar que é a retração das exportações. Isto está acontecendo por causa dos impostos ou por que os consumidores de outros mercados estão preferindo outros veículos do que os produzidos no Brasil? Será que o que está sendo produzido no País é o que os compradores de outros países querem?”

De janeiro a junho a marca importadora que mais vendeu no Brasil foi a BYD, com 32,6 mil emplacamentos, liderando o ranking por marca. Em segundo lugar ficou a Volvo com 4,1 mil, seguida pela Porsche, 3 mil.

Junho

Em junho as vendas de modelos importados chegaram a 2,3 mil unidades, volume 247,1% maior do que o comercializado em junho do ano passado e 3,3% maior do que o vendido em maio.