Assombrada por importações indústria reduz projeções e pede aumento de imposto

São Paulo – A capa da revista AutoData de julho expressa o assunto da vez na indústria automotiva, a revisão para baixo das projeções de produção e exportações dos fabricantes de veículos, mesmo em cenário de crescimento do mercado doméstico acima das expectativas, o que motivou a Anfavea a pleitear aumento do imposto de importação.

O tema surgiu pela primeira vez no Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2024, realizado na última semana de junho, quando o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, embalado pelo que já acontece nos Estados Unidos e na Europa, revelou que a entidade encaminhou ao governo pedido de aumento da alíquota de importação sobre veículos híbridos e elétricos para 35% como forma de proteger a indústria nacional do crescimento de quase 500% das importações de carros eletrificados chineses. A reação contrária dos importadores foi imediata e também está nas páginas de AutoData.

A polêmica acontece justamente em um momento de aparente prosperidade da indústria que, motivada pelo Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, anunciou mais de R$ 100 bilhões em investimentos. Mas segundo Lima Leite o atual nível de importações pode ameaçar a esperada fase de prosperidade da indústria. Para justificar seus motivos de comemoração com a recente aprovação do Mover no Congresso Nacional e de preocupação com a crescente presença de veículos eletrificados importados da China, o presidente da Anfavea é o entrevistado do mês no From The Top – que também pode ser assistido no YouTube.

A edição deste mês traz o balanço do programa criado pelo Rota 2030 que já injetou R$ 1,5 bilhão para financiar quase quinhentos projetos de pesquisa em instituições científicas do País. Elas desenvolvem para a indústria automotiva novos sistemas e materiais, baterias, carros eletrificados, biocombustíveis e softwares. Uma nova fase do programa vai começar com o Mover.

As páginas desta edição também contam a história de 55 anos da Librelato, terceira maior fabricante de carretas do País que atravessa processo de crescimento acelerado, com aquisições e plano para dobrar o faturamento para R$ 6 bilhões até 2028.

Outra história de sucesso é o plano de crescimento internacional da Volkswagen Caminhões e Ônibus, que já tem quatro unidades de montagem fora do Brasil e pode dobrar este número com o objetivo de produzir no Exterior ou exportar mais 30% de sua produção total.

AutoData de julho também traz: os testes do e-Volksbus que usa baterias com nióbio, mais baratas, leves e rápidas de carregar, a atualização dos investimentos com o novo ciclo de R$ 2 bilhões da Scania no Brasil, o aporte de R$ 1,2 bilhão da GM em Gravataí, RS, e os R$ 3 bilhões que a Volkswagen colocará em São José dos Pinhais, PR, enquanto na Argentina a Ford investiu mais US$ 80 milhões para localizar a produção dos dois motores diesel da nova Ranger produzida lá.

E mais dois lançamentos eletrificados: o sedã híbrido plug-in BYD King e o utilitário elétrico Iveco eDaily.

A revista AutoData de julho está disponível para ler on-line (aqui) ou baixar o arquivo eletrônico PDF (aqui). Boa leitura e até agosto!

Renault começa a exportar Kardian para a Colômbia

São Paulo – A Renault começou a exportar seu SUV compacto Kardian para a Colômbia. O modelo, fabricado no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, PR, desde março, foi lançado no México no mês passado e o próximo passo será exportá-lo para a Argentina. Até o fim do ano o plano é levar o Kardian a onze países da América Latina.

O SUV compacto, que estreou a plataforma RGMP, Renault Group Modular Platform, foi produzido primeiramente no Brasil com a nova identidade visual de marca.

O Kardian inaugurou o Renault International Game Plan 2027, plano estratégico para os mercados internacionais, anunciado em outubro de 2023 pelo CEO global da marca, Fabrice Cambolive. Até 2027 serão lançados outros sete novos modelos.

Hyundai renova certificação para destinação de resíduos

São Paulo – A Hyundai renovou certificação obtida pelo Instituto Lixo Zero Brasil em 2023, após ampliar seu índice de conformidade na destinação de resíduos de 93% para 94,2%. Com operação em Piracicaba, SP, foi a primeira fabricante de automóveis a ser atestada pela entidade e, hoje, integra grupo seleto de apenas três empresas do setor industrial com unidade no Estado a obter classificação acima de 94%.

Uma das iniciativas recém-anunciadas é a produção de tapetes automotivos pela Borkar a partir de retalhos de PVC descartados na fabricação dos bancos dos carros. A Hyundai estima potencial de envio de cinco toneladas de retalhos mensalmente, volume que deverá ser reforçado com resíduos de selantes do processo de pintura, anteriormente descartado e incinerado.

Outra ação posta em prática pela montadora é a reciclagem da borra de tinta residual da linha de pintura. A cada mês serão endereçados à Global Química mais de quinhentas toneladas de borra de tinta à base de água ou solvente para fabricar tinta de segunda linha que poderá ser aplicada em manutenção predial e projetos socioambientais.

A certificação do Instituto Lixo Zero é concedida apenas às empresas que alcancem índice de 90% ou mais de resíduos que deixam de seguir para aterros e que ganham uma nova função.

Pelo segundo ano consecutivo também a Hyundai foi certificada pelo Instituto Socioambiental Chico Mendes por suas ações baseadas na implantação de critérios sustentáveis nos processos produtivos. Neste caso é exigido porcentual mínimo de conformidade de 80%, e a montadora obteve 96%.

Governo zera imposto de importação para sete produtos sem similar local

São Paulo – A partir da segunda-feira, 22, sete produtos de uso automotivo sem fabricação nacional equivalente estarão isentos do imposto sobre a importação, de acordo com resolução Gecex número 622 publicada no Diário Oficial da União em 15 de julho e assinada pelo presidente do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior, o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin.

A lista é integrada por pás carregadeiras compactas, rolos compactadores de solo, escavadeiras hidráulicas ambulantes, colheitadeiras de tapetes de grama, colheitadeiras de tomates autopropulsadas sobre rodas, trituradores de resíduos florestais, máquinas rotativas de estabilização e recuperação ou mistura de solos e reciclagem ou recuperação de pavimentos asfálticos.

O diretor executivo de tecnologia da Abimaq, João Alfredo Delgado, afirmou que estes produtos integrarão o regime de ex-tarifário até dezembro de 2025. E que a maioria dos pleitos para a inclusão nessa lista é feita pelos próprios fabricantes de máquinas e equipamentos:

“Normalmente são itens bastante específicos e que têm baixa procura no País, o que justifica não produzi-los localmente, pois não há escala. Ou seja: eles entram apenas para complementar o portfólio das empresas. Porque se há grande demanda elas localizam.”

Delgado lembrou que este mecanismo previsto no âmbito do ACE, Acordo de Complementação Econômica, 14, do Mercosul, é atualizado periodicamente e de tempos em tempos a lista cresce. Antes de serem isentados da alíquota de importação, porém, é realizada consulta pública.

Confira pormenores das máquinas e equipamentos com uso em obras urbanas e no campo livres de imposto descritos na resolução Gecex número 622.

Primeira quinzena de julho registra 104 mil vendas

São Paulo – Com onze dias úteis a primeira quinzena de julho registrou 104 mil 215 veículos comercializados, contra 117,3 mil no mesmo período do ano passado, queda de 11,2%, segundo dados preliminares obtidos com exclusividade pela Agência AutoData. A primeira quinzena de julho de 2023, recorde-se, teve as vendas impulsionadas pelos descontos oferecidos pelo governo federal por meio da MP 1 175.

A média diária de julho foi de 9,5 mil veículos comercializados por dia, contra 10,7 mil vendas/dia registradas na primeira quinzena do ano passado, queda de 11,2%.

Segundo fonte ouvida pela Agência AutoData o movimento nas concessionárias, em julho, segue em ritmo parecido com os meses anteriores, sem ser afetado pelas férias escolares, mas o que impulsionou os resultados até aqui foram as vendas diretas, que deverão ganhar novo fôlego nos últimos dias do mês. A fonte também afirmou que as marcas chinesas seguem registrando bom volume de vendas, assim como nos meses passados.

Receita da RAV Componentes avança 3% no primeiro semestre

São Paulo – Embora no início do ano os planos da RAV Componentes, fabricante de peças para implementos rodoviários, principalmente graneleiros e de carga seca, fossem de crescer de 20% a 30% com relação a 2023, quando o faturamento já havia expandido 37%, o resultado do primeiro semestre apontou para alta de 3,08%.

O que justifica o desempenho aquém do projetado é o reflexo da tragédia sem precedentes das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. Sediada em São Marcos, na Serra Gaúcha, a empresa foi afetada pelos problemas de logística de distribuição de matérias-primas e produtos acabados.

Outro fator é a estiagem no Centro-Oeste. A colheita de soja em Mato Grosso, o maior produtor de grãos do País, registrou queda de 21,7%, segundo o IMEA, Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária, o que refletiu na demanda.

O reflexo negativo só não foi maior graças à estratégia de diversificar os negócios – e este ano a companhia mudou seu nome, anteriormente RAV Correntes. Ela começou sua história em 2017 com a produção de correntes de elo soldado mas, com o passar do tempo, foi incorporada a fabricação de peças como pinos, dobradiças, grampos fixadores, engates fêmea e ganchos.

Novo Centro de Distribuição da Paccar Parts já está em operação na Colômbia

São Paulo – A Paccar Parts inaugurou um Centro de Distribuição de peças em Bogotá, Colômbia. O local possui 7,7 mil m², com 22 mil posições de armazenagem de produtos, e foi aberto para melhor atender aos clientes colombianos: o país dispõe de 23 mil veículos Paccar rodando diariamente. 

O novo Centro de Distribuição será responsável por abastecer os revendedores em mais de vinte pontos de vendas, reduzindo o tempo de entrega de uma peça de 45 dias para um dia e meio, melhorando a eficiência e a logística. O seu estoque será composto por peças DAF, Kenworth e Multimarcas TRP.

Mercado de veículos leves do Peru recua 13% no primeiro semestre

São Paulo – O mercado de veículos, no Peru, somou 75,5 mil vendas de leves no primeiro semestre, volume 13% menor do que o registrado em igual período do ano passado, de acordo com dados divulgados pela AAP, Associação Automotiva do Peru.

Segundo a entidade a retração foi puxada pelas incertezas dos consumidores com relação à situação do mercado, assim como pela instabilidade política e econômica no país, por dificuldade de acesso ao crédito dentre outros fatores que estão fazendo com que a população adie suas compras.

Em junho as vendas somaram 10,8 mil unidades, sendo o pior resultado mensal dos últimos trinta e cinco meses. Na comparação com igual mês do ano passado houve queda de 20,9% e com relação a maio a retração foi de 10,7%.

O mercado de caminhões vive momento diferente do de veículos leves e registrou alta de 4,4% na comparação com os primeiros seis meses do ano passado, com 7,5 mil unidades vendidas. A expansão foi puxada pela construção civil, que tem recebido mais investimentos do governo para obras de infraestrutura, e também pelo setor de mineração.

Em junho as vendas de caminhões somaram 1,1 mil unidades, recuo de 4,5% em relação a junho do ano passado. Na comparação com maio a retração foi ainda maior, de 26,6%.

Os ônibus registraram o maior crescimento no primeiro semestre, com 1,3 mil vendas e alta de 25,5% na comparação com os seis primeiros meses de 2023. Em junho foram vendidos 254 unidades, incremento de 33% sobre junho do ano passado e de 11,9% com relação a maio.

Diego Fernandes é o novo COO da GWM no Brasil

São Paulo – A GWM anunciou Diego Fernandes como seu novo COO, chefe de operações no Brasil. O executivo acumulará as responsabilidades de Oswaldo Ramos, que saiu da montadora nos últimos meses, e terá — além das áreas de vendas, marketing, pós-vendas e desenvolvimento de rede — outras atribuições em logística, experiência do consumidor e da marca, segundo comunicado divulgado pela companhia na terça-feira, 16.

Fernandes assumiu o cargo na segunda-feira, 15, e se reportará diretamente ao presidente internacional da GWM, Parker Shi. O executivo construiu grande parte da sua carreira na Honda Automóveis, onde trabalhou durante 27 anos. Seu último cargo foi o de diretor comercial, diretor de marca corporativa e integrante do board no Brasil, funções que eram acumuladas. 

O novo COO é formado em marketing, com pós-graduação em administração de empresas e marketing e MBA em gestão estratégica e econômica de negócios.

Proporção de eletropostos no Brasil é pior do que na Letônia

São Paulo – Houve, notavelmente, a ampliação da quantidade de eletropostos ativos no território brasileiro em um intervalo de três anos: em março de 2021 existiam apenas 500 pontos de recarga das baterias e, no terceiro mês de 2024, foram contabilizados 7 mil 758 unidades, ou seja, quinze vezes mais. Como os dados mais recentes disponíveis pela ABVE datam de março, o volume de veículos eletrificados plug-in em circulação utilizado é o do mesmo período, ou seja, 111 mil 397 em vez dos 141 mil 131 até junho. Chega-se, portanto, à média de 14,3 carros por eletroposto.

Apesar do avanço na infraestrutura para a eletromobilidade e do fato de a proporção de veículos por eletroposto estar próxima ao que a União Europeia recomenda, de acordo com a ABVE, uma relação de dez veículos por carregador, análise do consultor automotivo Milad Kalume Neto apresentada durante o Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2024 mostra que o segmento ainda tem bastante a evoluir em comparação ao velho continente.

Kalume Neto trouxe comparativo do número de postos públicos e semipúblicos no Brasil com o do país europeu com o pior resultado, a Letônia, ao dividir a oferta pela extensão territorial. A diferença dos dois, neste caso, é de 14,4 vezes. Se os cálculos forem feitos com relação a um país como a Espanha, por exemplo, a assimetria é ainda maior e chega a 66 vezes.

“A Letônia é pequena mas, proporcionalmente, possui 14,4 vezes mais carregadores do que o Brasil. Ou seja: para alcançarmos o pior país europeu precisamos ter 14,4 vezes mais eletropostos do que temos hoje.”

Kalume Neto apontou que ainda que fossem excluídas as regiões da Amazônia e do Pantanal, a fim de reduzir a área considerada, uma vez que o Brasil possui dimensões continentais, a diferença cairia para 5,7 vezes, no caso do primeiro comparativo, e para 26 vezes no segundo. Ou seja: ainda estaria bem atrás destes países quanto à estrutura de recarga sem custo.

“É possível analisar estes dados com o copo cheio ou com o copo vazio. Se eu for pessimista entenderei que faltam carregadores. Se eu for otimista vou analisar a situação como grande oportunidade de investimento no País, tanto para capitalização como para quantidade. É o meio para levar a infraestrutura para todos os lugares.”

Para especialista são necessárias ações conjuntas entre governo e investidores

Especialista em eletromobilidade Paulo Raia, ex-diretor executivo da Zletric, avaliou que este processo faz parte da mudança de mentalidade da população, da mesma forma que três décadas atrás era preciso esperar para acessar a internet, algo que hoje é instantâneo.

“Enxergo cenário promissor para a jornada do usuário brasileiro, que enquanto entende como isto funciona vê empresas e condomínios investindo para expandir a oferta de recarga privada”, afirmou Raia “Isto não diminui a necessidade de ações conjuntas da sociedade civil com governos e investidores, assim como da redução da burocracia, mas temos visto um desenvolvimento tecnológico progressivo.”

Ele lembrou que, cinco anos atrás, a preocupação era a de formar mão de obra para aprender a lidar com a manutenção do carro elétrico. E, hoje, é a de disseminar a cultura do uso. Sobre o fato de haver maior concentração da oferta no Sul e Sudeste Raia vê como algo natural pois estas regiões possuem maior concentração demográfica, maior poder de compra e, claro, maior demanda pelo serviço.

“Vivemos 110 anos acostumados com o veículo a combustão e com o proprietário abastecendo no posto, uma vez por semana. Mas, conforme ele percebe o benefício não só ao meio ambiente como em termos de tecnologia, pois o carro elétrico é mais inteligente, e também por ser silencioso e ter mais torque, e se acostuma com isso, tem-se caminho sem volta. A pergunta, então, não é mais se, mas quando e como.”