Matrizes cobram regulamentação do Mover, prometida para novembro

São Paulo – Quase um ano após sua publicação o Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, ainda aguarda diversas portarias e decretos para a sua regulamentação. Esta demora começa a incomodar as matrizes das montadoras que aprovaram mais de R$ 130 bilhões em investimentos na indústria automotiva, segundo cálculos da Anfavea, que passaram a cobrar a definição das regras para garantir a prometida previsibilidade da política industrial.

Foi o que afirmou Igor Calvet, diretor executivo da Anfavea, em sua participação no Seminário Brasil Elétrico 2024, organizado pela AutoData Editora. Ele disse que a entidade mantém diálogo com o governo, que promete para novembro uma “bateria de atos publicados” que trarão a tão aguardada previsibilidade.

“Estamos na expectativa da regulamentação, restam ainda definir itens importantes como as metas de eficiência energética, os critérios para as tecnologias de direção assistida, a reciclabilidade, a etiquetagem e o IPI verde, por exemplo. As matrizes estão cobrando porque o Mover é um programa importante, muito bem vindo, atraiu investimentos mas ainda precisa de definições. Até porque o mundo lá fora vem se movendo rapidamente.”

Calvet apresentou no Brasil Elétrico 2024 o estudo que a Anfavea fez em parceria com o BCG, Boston Consulting Group, que aponta caminhos e cenários para a descarbonização do transporte brasileiro. Em um cenário mais otimista, com todos os atores fazendo a sua parte e misturando eletrificação com biocombustíveis, seria possível reduzir a emissão de CO2 do transporte em mais de 280 milhões de toneladas até 2040, mesmo com o crescimento da frota.

“Seria uma redução de 13%. Não podemos, como setor, nos furtar a fazer a nossa parte mas precisamos combinar esforços, com outros setores, com o governo, para descarbonizar o transporte.”

BYD reúne o agronegócio para o lançamento da picape Shark

Goiânia, GO – Desenvolvida para a América Latina, embora ainda importada da China, a picape BYD Shark chega ao mercado brasileiro cinco meses após seu lançamento global, na Cidade do México, em versão única por R$ 379,8 mil. O preço ficou acima das expectativas dos concessionários, justificado por uma especificidade: as picapes estão fora do programa de cotas e de redução de imposto de importação.

“Desde já a ela incide os 35% de imposto [de importação], as picapes não têm cotas”, lembrou Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD. “De toda forma chegamos a um preço competitivo para uma picape média, híbrida plug-in, que tem atributos de picape grande.”

A Shark tem 5m457 de comprimento, 1m917 de largura, 1m925 de altura e 3m260 de entreeixos, 1,2 mil litros de caçamba e capacidade de transportar 790 quilos. Os dois motores elétricos, um dianteiro e um traseiro, alcançam 437 cv combinados com o 1.5 litro turbo a gasolina. A picape alcança de 0 a 100km/h em 5,7 segundos.

Seu foco é o agronegócio, de acordo com Antunes, o que explica o evento de lançamento em Goiânia, Capital de Goiás e um dos pólos do agro brasileiro, com a presença de diversos convidados relacionados ao setor: “Nosso sentimento é que em torno de 70% das vendas será direcionada ao agro. Estamos calculando um volume total de 10 mil a 15 mil unidades por ano”.

Para convencer o produtor rural Antunes acredita na força da marca, que tem atraído consumidores de outros segmentos:

“O consumidor que comprou o Song Plus, lá atrás, acreditou no produto, que hoje já é consolidado. Nós faremos este mesmo trabalho com a Shark: mostraremos seus atributos, atrairemos novos clientes. Na pré-reserva, mesmo sem o cliente saber o preço, negociamos 1 mil unidades”.

Todo o volume será adicional ao negociado pela BYD no Brasil, onde, de janeiro a setembro, superou as 50 mil unidades comercializadas. Antunes, que no início do ano projetou vendas de 120 mil veículos, reduziu recentemente para 100 mil e segue acreditando que chegará próximo ao volume:

“O último trimestre é mais acelerado. Estamos já na casa das 60 mil vendidas e creio que chegaremos bem perto das 100 mil até dezembro. Nosso planejamento foi feito com base neste volume: antecipamos a importação de unidades, formamos o estoque e temos carros a pronta entrega”, completou, revelando que a matriz direcionou R$ 10 bilhões para a antecipação deste estoque para não pegar o aumento da alíquota do imposto de importação, em julho. “É uma prova de que a BYD acredita no mercado brasileiro, que já é o segundo maior dela no mundo, só atrás da China”.

Be8 inicia em breve produção do biodiesel avançado BeVant após testes bem-sucedidos

São Paulo – Transparente quando sai da usina e colorido de verde para expressar suas qualidades ambientais em breve chega ao mercado uma opção rápida e barata de substituição ao diesel fóssil, uma aposta da Be8, empresa produtora de biocombustíveis com sede em Passo Fundo, RS, controlada pelo grupo do empresário Erasmo Carlos Battistella.

Após testes bem-sucedidos a Be8 deve iniciar em breve a produção comercial do BeVant, biodiesel avançado com elevado grau de pureza que pode ser utilizado 100% em qualquer veículo diesel, sem necessidade de modificações, garante Leandro Zat, vice-presidente de operações da empresa especializada em produzir biocombustíveis.

“A grande vantagem do BeVant é que é uma solução pronta e de custo acessível para a frota diesel de qualquer empresa que deseja adotar uma solução de descarbonização”, afirmou o executivo em entrevista à Agência AutoData no estande da Be8 no Congresso SAE Brasil, realizado em 16 e 17 de outubro, em São Paulo.

Segundo a Be8 o BeVant tem características muito próximas do chamado diesel verde, o HVO, óleo vegetal hidrogenado que também substitui o diesel fóssil sem necessidade de modificações no motor. A vantagem é que o biodiesel avançado custa metade do preço do HVO e é cerca de 15% mais caro do que o biodiesel comum – este é atualmente misturado em 14% ao diesel e para ser utilizado 100% puro requer algumas modificações em filtros, catalisadores e calibrações.

Zat afirma que mesmo custando bem menos do que o HVO o BeVant também garante vantagens ambientais das mais relevantes: na comparação com o diesel mineral reduz em até 50% as emissões de CO2 e de CO, monóxido de carbono, até 85% a emissão de materiais particulados e em até 90% a fumaça preta, em veículos de qualquer idade.

Pureza patenteada

Segundo Zat o BeVant supera por larga margem os já mais apertados padrões do mundo adotados recentemente pela ANP para garantir a qualidade do biodiesel produzido no Brasil. O biocombustível avançado da Be8 também é produzido por esterificação, usando como matérias-primas principalmente óleo de soja e metanol, mas depois desta primeira fase o biodiesel produzido passa por bidestilação e recebe aditivos químicos, em processo patenteado que resulta em um substituto do diesel com alto grau de pureza, maior teor de ésteres, de 99%.

A Be8 tem capacidade inicial de produzir até 28 milhões de litros por ano do BeVant em sua usina sede de Passo Fundo, RS, e pode escalar a produção também para sua unidade de Marialva, PR: “Estimamos que poderemos chegar a 150 milhões de litros por ano”.

O BeVant será vendido para uso puro – para mistura com diesel a empresa continua produzindo biodiesel comum. Os primeiros contratos estão sendo firmados para fornecimento direto a empresas que querem descarbonizar as emissões de suas frotas. O produto também deve ser exportado: a Be8 tem escritórios comerciais em Genebra, Suíça, e Dubai, Emirados Árabes Unidos, responsáveis por comercializar a produção de biocombustíveis das usinas de Passo Fundo, Marialva, La Paloma, no Paraguai, e Domdidier, na Suíça.

Testes bem-sucedidos na FPT

Em um programa da Be8 com a Mahle, Umicore, Stellantis e Iveco o BeVant já passou com sucesso por testes de bancada na FPT, a fabricante de motores do Grupo Iveco.

Um motor FPT N67, utilizado regularmente em caminhões semipesados Iveco Tector e colheitadeiras do grupo CNH, sem nenhuma modificação, foi alimentado com BeVant em teste de bancada de 500 horas, para comparar seu funcionamento com o mesmo motor abastecido com diesel S10 B14, com mistura de 14% de biodiesel comum.

Segundo Alexandre de Figueiredo Xavier, chefe de engenharia de powertrain da FPT América do Sul, “não houve diferenças significativas de consumo e emissões na comparação do BeVant com o diesel S10 B14”. De acordo com Xavier após as 500 horas de funcionamento também não foram detectadas contaminações que reduzem a vida útil dos sistemas de tratamento de emissões, incluindo o catalizador de oxidação DOC, o de pós-tratamento com Arla SCR e do filtro de particulados DPF.

Ou seja: no teste realizado a utilização de 100% do BeVant no motor não causou os danos ao sistema de controle de emissões de poluentes que, até o ano passado, eram as principais reclamações dos fabricantes de veículos e transportadores conta o aumento do teor de biodiesel no diesel.

“Parece que estamos no caminho de ter um biocombustível seguro para uso”, resumiu Xavier. Agora o BeVant será testado em operação real em estradas por mais 500 horas, em um caminhão pesado Iveco S-Way com motor FPT de 13 litros.

Marcopolo começa a produzir o elétrico Attivi também em São Mateus

São Paulo – A Marcopolo iniciou a produção do seu ônibus Attivi, do qual é responsável pela montagem do chassi e da carroceria, na fábrica de São Mateus, ES. A unidade recebeu investimento de R$ 50 milhões para produzir o modelo elétrico, com capacidade para transportar até 80 passageiros.

A fábrica foi ampliada, com sua capacidade produtiva saltando de dezesseis para 26 unidades/dia. A força de trabalho foi ampliada em 20%, passando a 2,4 mil trabalhadores. Com a expansão a unidade passou, também, a ser exportadora de veículos: cinquenta ônibus urbanos ali montados serão enviados a Luanda, Angola, na primeira exportação da Marcopolo a partir do Espírito Santo.

Engenharia brasileira ganha mais peso global

São Paulo – Tem sido prática comum nos últimos anos investir no aumento e na capacitação das equipes de engenharia no Brasil em grandes fabricantes multinacionais de veículos e componentes. É o que confirmam os CEOs de algumas dessas empresas que estiveram presentes em painel do Congresso SAE Brasil, este ano realizado nos dias 16 e 17 de outubro sob o tema central Competências para o Futuro da Mobilidade Segura, Inteligente e Sustentável no Brasil.

Tanto no Brasil com investimentos estimulados pelos programas Rota 2030 e Mover, Mobilidade Verde e Inovação, como nas matrizes no Exterior com necessidades diversas de desenvolvimento ligado a digitalização e transformação energética, a aceleração de projetos justifica investir na engenharia brasileira, considerada competente e mais barata.

“O custo de desenvolvimento na Europa é o dobro do que temos aqui e nós trabalhamos mais horas”, apontou Christopher Podgorski, presidente da Scania Latin America. O executivo revelou que a área de engenharia da empresa em São Bernardo do Campo, SP, está sendo ampliada de trezentos para quatrocentos engenheiros, que executam projetos da fabricante de caminhões e ônibus para o mundo inteiro. “Respondemos por um quarto da capacidade global de produção da empresa, exportamos para diversos países e desenvolvemos soluções locais, o que justifica o fortalecimento de nossa engenharia no País.”

Gastón Diaz Perez, presidente da Bosch América Latina, lembrou que a subsidiária brasileira já é responsável global pelo desenvolvimento de componentes e sistemas com uso de biocombustíveis e está negociando com a matriz, na Alemanha, para sediar mais um departamento global. O executivo afirmou que a empresa tem no Brasil mais de 1 mil pessoas que trabalham no desenvolvimento de projetos digitais locais e globais “e no último ano duplicamos a execução de serviços para fora do País”.

A Toyota ainda resiste em entregar mais responsabilidades de engenharia à subsidiária brasileira, mas já permite o desenvolvimento de produtos locais, como relatou o CEO da empresa na América Latina, Rafael Chang: “Temos mais escala no Japão, mas como estamos desenvolvendo agora um veículo totalmente inédito [o SUV compacto híbrido flex que será lançado em 2025], que não existe em outro lugar no mundo, precisamos enviar vinte pessoas à matriz para trabalhar no projeto”.

Competência nacional

Podgorski disse que não só engenheiros mas também profissionais de outras áreas estão sendo cada vez mais requisitados pela empresa no Exterior: “Este ano já exportamos noventa executivos que foram trabalhar em diversas funções no Grupo Traton [holding que controla a Scania, MAN e Volkswagen Caminhões e Ônibus] e, principalmente, para ajudar a montar nossa nova fábrica na China”.

Perez observou que a alta volatilidade e as dificuldades sempre presentes nos negócios nos países latino-americanos moldaram profissionais flexíveis e habilidosos que, hoje, são requisitados em outros lugares: “Nossa habilidade de superar dificuldades constantes nos dá uma experiência única para encontrar saídas para um mundo que está cada vez mais volátil, não sei se para o bem ou para o mal, cada vez mais parecido com a América Latina”.

É a força da engenharia brasileira que transformou a brasileira Randoncorp de uma fabricante de carretas de aço em um conglomerado global de empresas com 35 fábricas e presença em mais de 120 países, como destacou o CEO Sérgio Carvalho: “Éramos uma empresa que dobrava e soldava aço para fazer semirreboques e hoje desenvolvemos dentro de casa tecnologia própria de digitalização, telemetria, componentes inovadores produzidos com nanotecnologia, veículos autônomos para uso confinado e lançamos a primeira carreta com tração elétrica auxiliar de 200 cavalos, com o eixo elétrico e-Sys da Suspensys, do qual entregamos recentemente a primeira unidade nos Estados Unidos”.

Mais talentos digitais

Para os CEOs e demais engenheiros reunidos no Congresso SAE Brasil é fundamental investir na formação de profissionais capacitados a desenvolver a crescente digitalização de sistemas dos veículos, mas eles não são exatamente os mesmos que hoje desenvolvem aplicativos para smartphones.

Perez, da Bosch, observou que “é um exagero dizer que o carro hoje é um celular sobre rodas”, porque é um produto que precisa ser bem mais do que isso: “Imagine que, hoje, um veículo tem de vinte a trinta centrais eletrônicas que controlam diferentes funções, e a tendência é que todas elas sejam substituídas por um ou dois computadores que vão controlar o carro inteiro. O problema é que se em um celular algum aplicativo como o WhatsApp falhar isto só causa um aborrecimento, mas no automóvel os freios não podem simplesmente parar de funcionar sob risco de causar graves riscos”.

Portanto os profissionais envolvidos nesse desenvolvimento precisam de formação avançada específica, pois certos sistemas não têm tolerância a erros.

No caso da Randoncorp o CEO Carvalho apontou que a demanda por digitalização cresceu tanto nos últimos anos que a decisão foi comprar e incorporar ao grupo duas empresas especializadas no desenvolvimento de sistemas: “Com isto hoje temos mais de setecentas pessoas dedicadas a desenvolver sistemas digitais para nossas empresas e para os nossos produtos. Faltam engenheiros de software no mercado e precisamos de pessoal flexível para se adaptar às rápidas mudanças pelas quais passamos. Temos de aprender a fazer em um ano o que fazíamos em dois”.

Perez afirmou que quer transformar a Bosch no Brasil em um centro de competência para exportar conteúdo digital. Para isto decidiu formar os profissionais de que vai precisar na Digital Talent Academy, que atualmente abriga cerca de trezentos jovens de 16 a 19 anos, escolhidos dentre 16 mil currículos enviados, em um curso técnico com módulos de digitalização, automação, desenvolvimento de software, inteligência artificial e análise de dados. Eles recebem desafios da própria empresa e quando terminam o programa perto de 90% são admitidos em diversas áreas da Bosch.

“Se quisermos ser desenvolvedores de sistemas digitais na nova era da indústria temos de investir em pessoas”, afirma Perez, lembrando que o País investiu na formação de engenheiros aeronáuticos antes de fundar a Embraer.

Foto: Ruy Hiza/Divulgação SAE Brasil

O compósito da Frasle Mobility

Materiais compósitos são basicamente a união de dois ou mais diferentes materiais, que se transformam, sob a ação de um determinado processo, em um novo componente com características próprias. São utilizados em aplicações onde o melhor desempenho não pode ser atingido a partir da utilização de uma única classe de materiais, sendo necessária a combinação de diferentes propriedades. Largamente empregados em segmentos como a indústria aeroespacial e material esportivo de alto desempenho, eles ganham um novo capítulo na indústria automobilística brasileira com a inovação desenvolvida pela Frasle Mobility. As peças patenteadas sob a marca Composs têm a missão de substituir componentes estruturais, tipicamente confeccionados em materiais metálicos, por compósitos produzidos a partir de resinas poliméricas, fibras e aditivos.

Estas peças produzidas em material compósito, por combinarem menor densidade, flexibilidade e elevada resistência mecânica, proporcionam uma maior resistência a condições extremas de estresse cíclico e viabilizam a redução de massa dos componentes. Esta última característica traduz-se em maior economia, uma vez que contribui para a redução do consumo de combustível dos veículos. Por estas características, associadas também a reciclabilidade, a aplicação crescente de materiais compósitos está conectada com incremental demanda pela redução da geração de carbono na cadeia de suprimentos da indústria automobilística.

Com isso em vista, a Frasle Mobility, por meio de uma unidade especialista em compósitos estruturais, criou a Composs, com intuito de atender às demandas de mercado. Reconhecida há décadas pela competência na produção de materiais de fricção, como pastilhas e lonas de freio, a companhia começou a desenvolver estudos com apoio do Instituto Hercílio Randon para a geração de tecnologia em materiais compósitos, que pudessem ser oferecidos às montadoras em projetos customizados às suas necessidades.

Produtos Composs: suportes de para-lamas e lanterna para caminhões

Quem explica é o diretor de Engenharia e Vendas OEM da Frasle Mobility, Luciano Matozo. “Nossa proposta era criar uma tecnologia disruptiva mundialmente. E a Composs, orgulhosamente, é o resultado desse trabalho. Ela substitui com largos benefícios o aço, constituindo peças de alto desempenho em diversos aspectos”, explica, destacando que o mesmo componente é, em média, 50% mais leve.

Já empregado por dois players do setor – Iveco e Randon –, mas com projetos em andamento com diversas outras montadoras, os componentes da marca Composs garantem uma ampla liberdade de design, visto que as peças são moldadas de modo a conciliar forma e funcionalidade. “Estamos fornecendo um suporte de lanterna, placa e para-lama integrados em uma mesma peça”, exemplifica Matozo.

E isso não é tudo. Pela natureza do material, que não sofre soldas ou dobras como o aço, o risco de falhas pelo efeito de esforços cíclicos – fadiga – é bem menor. “Os componentes que produzimos em material compósito apresentam vida em fadiga muito maior do que àqueles desenvolvidos em aço para o mesmo fim”, lembra o diretor de Engenharia da Frasle Mobility. E mais: o compósito é sustentável, pois além de ser mais leve e econômico, ele toma o lugar de componentes de aço, que emitem grande volume de carbono na fabricação. Isso sem contar a reciclabilidade, que é extremamente facilitada. “Os suportes de para-lamas da Composs apresentam uma redução de 16% de emissões de gases de efeito estufa em comparação com os mesmos componentes fabricados em aço carbono, considerando apenas as matérias-primas utilizadas”, informa Matozo.

Evolução da força bruta

Ícone global da Volkswagen, com mais de 740 mil unidades produzidas em Pacheco, na Argentina, a Amarok acaba de estrear novo visual, que recebeu aprimoramentos estéticos e novos features de segurança, conectividade e tecnologia. Pronta para enfrentar o acirrado segmento das picapes médias, o modelo manteve o motor V6 turbodiesel mais potente de seu segmento, que desenvolve 258 cv (272 cv com overboost) – a aceleração de zero a 100 km/h é feita em apenas oito segundos.

Com os mesmos preços sugeridos da versão anterior para as três versões – Comfortline, Highline e Extreme –, sempre com tração permanente nas quatro rodas (4Motion) e cabine dupla, a novidade dessa nova geração da Amarok é a ampliação da garantia de fábrica para cinco anos, reforçando seus atributos de excelência e confiabilidade.

De olho no cenário agro, a Nova Amarok V6 tem a missão de corresponder às expectativas de um público exigente. E um de seus principais atributos está na valentia para o trabalho. A picape possui a maior capacidade de carga útil de seu segmento, com 1.104 kg.

A robustez é potencializada no novo design da picape, que traz novos para-choque, grade, capô e rodas. Com a atualização, a Nova Amarok V6 tem dianteira mais proeminente, com visual arrematado pelo novo conjunto óptico, agora com faróis full LED e faixa de luz de LED na grade frontal. Na parte traseira são inéditos o para-choque, as lanternas, o emblema da marca alemã e o posicionamento do nome ‘Amarok’, inscrito na parte central da tampa traseira. A picape cresceu 96 mm em comprimento quando comparado ao modelo anterior.

Outras duas novidades aplicam-se à versão Extreme: os pacotes Hero e Dark. Na primeira delas, disponível apenas para a escolha da cor Cinza Oliver, e sem qualquer custo adicional, a bruta sai de fábrica com santantônio em preto brilhante, assim como as maçanetas das portas e os logotipos traseiros. Estão na lista outros detalhes como capas dos parafusos das rodas e rodas de liga-leve de 20 polegadas escurecidas. Para o pacote Dark, disponível para as cinco cores, exceto Cinza Oliver, a Amarok traz detalhes em preto nos para-choques, emblemas traseiros e maçanetas. A repetição acontece para capas de parafusos e rodas de liga-leve 20 polegadas escurecidas.

A Nova Amarok V6 também está mais tecnológica e segura. Na lista estão a central multimídia com tela de nove polegadas touchscreen com conexão Apple CarPlay e Android Auto e navegação nativa; airbag de cabeça, uma porta USB-A no console, na dianteira, e duas portas USB-C na traseira, além do novo assistente de condução. Trata-se do Safer Tag, um assistente de segurança da Mobileye, empresa de tecnologia que é parceria do Grupo Volkswagen para o desenvolvimento de veículos autônomos níveis 2 e 3 para as marcas Audi, Porsche, Bentley e Lamborghini. Sua função é alertar para eventuais situações de perigo, entre eles as advertências de saída de faixa e de colisão frontal.

Mantendo a generosa lista de equipamentos de série, a Nova Amarok V6 ainda vem dotada de assistente para partida em subida (HSA), controle automático de descida (HDC) e ABS Off-Road, que demarca seu perfil versátil em render a melhor performance de acordo com o tipo de piso. Ela é uma picape apropriada tanto para os consumidores que a utilizam para o trabalho pesado quanto para aqueles com estilo aventureiro e com o desejo de explorar os lugares mais remotos.

O estado da arte na Engenharia

O CTR atende os mais diversos segmentos da mobilidade, com serviços que vão desde a simulação virtual, instrumentação e coleta de dados, passando por testes em laboratórios e pistas até a homologação.

Com estrutura e equipe técnica qualificada, o Centro Tecnológico é habilitado no MOVER, que incentiva a engenharia automotiva brasileira. Os valores pagos para a prestação destes serviços pelo CTR podem ser revertidos em crédito financeiro aos clientes parceiros que também estejam habilitados ao programa governamental.

O MOVER é uma política industrial que incentiva projetos de pesquisa e desenvolvimento com foco em mobilidade e logística, a partir de investimentos para contratação de serviços de terceiros, horas técnicas de funcionários, viagens e materiais de consumo.

Infraestrutura ampliada
Após os investimentos de R$ 16 milhões aplicados no último ano, o CTR (Centro Tecnológico Randon) adicionou novos serviços voltados à segurança automotiva ativa – com destaque para os pacotes de ADAS – e segurança passiva, além de melhorias em durabilidade acelerada para veículos completos em laboratório.

“Foram investimentos que nos possibilitaram a realização de um conjunto maior de ensaios. A nova estrutura trouxe maior agilidade no desenvolvimento e na validação de novos produtos, com redução de prazos e custos para nossos clientes”, destaca o CTIO (Chief Technology Innovation Officer) da Randoncorp e executivo responsável pelo Centro Tecnológico Randon, César Augusto Ferreira.

Na segurança passiva, a novidade é mais um laboratório alinhado com as futuras exigências da legislação brasileira. Ele realiza testes de ancoragem e fixação dos cintos de segurança, isofix, impacto e resistência de encostos e bancos. E em breve, estará preparado para ensaios de avaliação e proteção aos pedestres.

Foram incorporados ao CTR também a oferta de testes de ADAS (Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor), que incluem ensaios de segurança ativa com o uso de dummies (bonecos) e targets (alvos) para testes para frenagem autônoma de emergência, alerta de saída de pista, correção do volante ao sair de pista ou seguir automaticamente, pilotagem automática com radar e detecção de ponto cego.

Já a base sísmica do laboratório estrutural foi ampliada para 140m2, com a aquisição novos atuadores, que possibilitam a realização de ensaios de durabilidade acelerada em veículo completo, contemplando até 12 atuadores em diferentes eixos de aplicação.

Rumo à Mobilidade Verde
O teste durabilidade acelerada em laboratório utilizada pelo CTR permite uma redução no tempo do teste em até 60% em relação a um teste em campo de provas. Os principais ganhos estão na redução das paradas para troca de sistemas mecânicos de chassi, teste rodando 24 horas, com paradas somente para inspeção e controle nos inputs de entrada do sinal e respostas de dano acumulado no produto avaliado. Esta metodologia contribui com o ciclo de descarbonização pois deixa de emitir em média 603 mil kg de CO2 em relação ao teste tradicional em campo.

Para completar o ciclo sustentável, toda a infraestrutura do laboratório recebe energia renovável da usina fotovoltaica instalada dentro das dependências do CTR, que abastece 100% da energia consumida e auxilia os clientes que precisam se creditar de carbono no desenvolvimento de seus protótipos.

A estrutura da usina fotovoltaica é composta de cerca de 2,4 mil painéis solares e tem capacidade de gerar 1,3MWp (1,3 megawatt-pico). “A usina fotovoltaica do CTR pode fornecer a carga necessária para o desenvolvimento de projetos voltados à mobilidade elétrica, possibilitando que todos os veículos desenvolvidos e testados utilizem energia limpa”, destaca o executivo do CTR.

O avanço do Grupo ABG

Com fortes ações para consolidar sua posição como um dos grandes players no mercado, o Grupo ABG avança com seu planejamento estratégico (denominado ABG Way), que tem como foco o crescimento sustentável, através de novos negócios e investimentos. Este plano da ABG visa impulsionar as receitas e atender às crescentes demandas por qualidade e inovação, além de objetivar a diversificação dos negócios.

A área comercial foi reforçada em 2024 para melhorar o atendimento aos clientes e alinhar estrategicamente as diversas unidades de negócios, agora “divisões”, rumo aos objetivos do Grupo. A nova organização comercial corporativa padroniza e baliza todas as operações das unidades do Grupo ABG com as necessidades de cada cliente, por intermédio da criação dos Sales Managers, que são profissionais dedicados por cliente específico, de forma horizontal, ou seja, cuidando de todos os negócios do cliente junto ao Grupo.

A diretoria de compras e supply chain também reforça a sua posição, focando na centralização das operações de compras para novos projetos, suprimentos, comércio exterior e logística, com foco na interface, identificação e qualificação dos fornecedores estratégicos.

No âmbito financeiro, a Neo Rodas realizou sua primeira emissão pública no valor de R$ 50 milhões em notas comerciais, parceria firmada em julho de 2024 com o Itaú BBA. Os recursos estão sendo alocados em investimentos e projetos de redução de custos. A operação ocorreu após se verificar o cumprimento de todos os requisitos de gestão e governança exigidos pelo banco, o que ressalta a sustentabilidade e a seriedade na gestão financeira da ABG.

Já no pilar operacional, o Grupo ABG segue investindo em pessoal qualificado nas engenharias, nos laboratórios e nas fábricas, tanto em ampliação da capacidade produtiva, como em novas tecnologias e na expansão de negócios para novas regiões, visando estar mais próxima dos clientes, sempre mantendo sua gestão em níveis de excelência operacional e de qualidade. Em busca de maior proximidade com seus clientes em termos de conteúdo e relevância tecnológica, o Grupo ABG tem investido em ações como os Tech Days, eventos realizados dentro das montadoras e sistemistas, para apresentar soluções inovadoras para futuros negócios e propor melhorias em projetos em andamento.

Segundo o Vice-Presidente Executivo do Grupo, Ricardo Guerini, “as empresas do Grupo ABG estão sendo nomeadas pelas montadoras instaladas no Brasil e na Argentina em importantes projetos, que irão fortalecer nossa presença no mercado OEM nos próximos anos. Com a entrada de produtos e soluções em todas as suas unidades fabris que agregam novas tecnologias, estão sendo realizados investimentos em expansão da nossa capacidade produtiva, ampliação do parque de equipamentos e contratação de pessoal qualificado.”

Além dos novos negócios, essas ações trazem importantes reconhecimentos para o Grupo ABG. Desde 2016, o Grupo vem recebendo diversos prêmios de clientes, da mídia especializada (prêmio AutoData, com a Neo Rodas) e de instituições ligadas ao setor. Em 2024 as unidades Neo Parts e Neo PWT foram premiadas pelo Instituto Metropolitano de Engenharia e Tecnologia de Minas Gerais (IMET) com o prêmio Top Master Engenharias 2024, em função da qualidade de suas soluções. Além disso, a Neo Rodas foi reconhecida em maio deste ano pela Volkswagen, no prêmio “The One”, que homenageia os melhores fornecedores do ano em várias categorias e, no final de setembro, foi indicada como um dos melhores fornecedores globais da Stellantis, participando do evento de premiação anual 2023/2024 realizado em Turim, na Itália.

Alexandre Abage, presidente e CEO do Grupo ABG, destacou a importância da implantação do ABG Way: “Estamos fazendo uma mudança na cultura organizacional visando atender as necessidades e crescimento dos nossos clientes. Esse plano está em linha com nosso novo Modelo de Gestão que vem sendo implantado em toda a companhia, com foco em potencializar as oportunidades comerciais que tem colocado o Grupo em destaque no cenário nacional e global, nos projetando ao sucesso empresarial no médio e longo prazo.”

O Grupo ABG é finalista do tradicional Prêmio AutoData 2024, na categoria “Fornecedor do Ano” e Abage foi indicado como finalista a “Personalidade do Ano”, ao lado de grandes expoentes do setor automotivo nacional. Este reconhecimento demonstra a relevância que o Grupo ABG e suas unidades de negócio vem assumindo no mercado automobilístico, como um grande parceiro das montadoras e sistemistas da região, inspirando outras empresas e executivos locais a seguirem investindo no segmento.

Basalt, um Citroën à mineira na capa de AutoData

São Paulo — A capa da Revista AutoData de outubro, já disponível para ler on-line, traz o mais recente lançamento da Citroën no País, o Basalt, um SUV-cupê de nome francês e sotaque mineiro, pois foi inteiramente projetado e desenvolvido pela equipe brasileira do Grupo Stellantis sediada em Betim, MG.

Nos planos globais da Stellantis foi entregue à operação no Brasil a responsabilidade global sobre o desenvolvimento de todos os carros compactos sobre a plataforma CMP, e os primeiros projetos são os três modelos da família C-Cubed da Citroën, com lançamentos iniciados com o novo C3, o C3 Aircross e, agora, o Basalt.

Em cobertura especial de seis reportagens AutoData deste mês conta tudo sobre o plano da Stellantis para a Citroën e o desenvolvimento no Brasil, os planos de preços e para o mercado no Basalt, a concepção do SUV-cupê no País, os investimentos na fábrica de Porto Real, RJ, e o avanço da nacionalização do produto e seus fornecedores.

Nas páginas da edição deste mês uma reportagem especial antecipa as principais atrações da maior Fenatran de todos os tempos, que ocorre de 4 a 8 de novembro com mais de seiscentas marcas que ocuparão todos os espaços do São Paulo Expo. O evento promete também ser o maior em visitantes e negócios fechados durante a feira dedicada ao transporte rodoviário do transporte de cargas.

Outra reportagem de fôlego aborda como o hidrogênio de baixo carbono entra em jogo no Brasil, que adotou legislação com potencial para destravar investimentos de R$ 189 bilhões para a produção do gás que é uma alternativa de descarbonização para setores industriais e para alimentar veículos elétricos. O País tem energia limpa e biomassa para se transformar em um dos maiores e mais eficientes produtores do mundo.

Na entrevista From The Top deste mês – da qual você também pode assistir o videocast no canal de AutoData no YouTube (aqui) – tivemos uma inspiradora conversa com Erwin Franieck, engenheiro com mais de quatro décadas de trabalho no desenvolvimento de projetos do setor automotivo que hoje se dedica à SAE4Mobility e ao MiBI, Made in Brazil Integrado, grupos que unem academia, governo, entidades e especialistas com o objetivo de nacionalizar a produção de componentes sofisticados, como semicondutores, e insumos estratégicos.

Estas e muitas outras análises e informações sobre o desenvolvimento do setor automotivo brasileiro você lê gratuitamente, todos os meses, em AutoData. A revista digital de outubro está disponível para ler on-line (aqui) ou baixar o arquivo PDF (aqui). Em novembro voltamos com mais novidades.