Braskem registra mais procura por plástico verde, puxada pelo Mover

São Paulo – Após a aprovação do Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, Leonardo Augusto de Magalhães Gaban, responsável pela área comercial do segmento automotivo da Braskem, passou a ser muito mais procurado por fabricantes de veículos. A petroquímica há mais de dez anos trabalha com a produção do polietileno verde, nome de guerra do plástico verde, componente que deverá ter demanda crescente pelo setor embora já seja muito usado em embalagens e em bens de consumo.

Segundo Gaban o Mover exige mais aplicação de materiais verdes e reciclados na produção dos veículos, o que fez com que montadoras procurassem a Braskem: “Depois que o Mover foi aprovado quase toda semana temos reunião com alguma montadora para conversar sobre o uso do plástico verde. Elas querem conhecer o nosso portfólio, debater as aplicações”.

O material é uma boa alternativa para colaborar com a emissão do CO2 no processo produtivo do veículo, substituindo o plástico convencional, produzido a partir do petróleo. A grande diferença é a matéria-prima, uma vez que o plástico verde é extraído a partir do álcool da cana-de-açúcar, que em todo o seu ciclo de produção tem uma pegada de carbono negativa, capturando mais CO2 da atmosfera do que emite.

Yuri Tomina, responsável pela área de soluções sustentáveis de bens de consumo e embalagens da Braskem, disse que a cada tonelada de plástico verde produzido são capturadas 2,3 toneladas de CO2 da atmosfera, considerando todo o ciclo da cana-de-açúcar até ser transformado em álcool, enquanto que a produção de 1 tonelada de plástico tradicional emite, em média, 3 toneladas de CO2:

“Esta é a grande vantagem do plástico verde na comparação com o tradicional, e que pode ajudar muito nas metas de redução de emissões das montadoras. O material sustentável tem as mesmas características do que aquele que usa matéria-prima fóssil e, por isso, pode ser adotado pelos fornecedores na produção de qualquer tipo de componente que é feito a partir do plástico convencional”.

Yuri Tomina, responsável pela área de soluções sustentáveis de bens de consumo e embalagens

A Braskem produz o plástico verde na sua fábrica em Triunfo, RS, desde 2010. Tem capacidade anual de 260 mil toneladas, e grande parte é exportada para Ásia, Europa e Estados Unidos, mas nos próximos anos a expectativa é de que boa parte deste volume seja consumido aqui mesmo.

Desta forma a empresa estuda um novo investimento com um parceiro na Tailândia para produzir mais 200 mil toneladas por ano e atender outras demandas globais, decisão que deverá ser aprovada, ou não, até o ano que vem. Caso a opção seja investir nesta fábrica a produção deverá começar em 2027 ou 2028.

Com relação ao preço do plástico verde na comparação com o tradicional Magalhães disse que é difícil chegar a um porcentual de variação porque as matérias-primas são distintas, mas lembrou que o plástico tradicional tem seu preço baseado em indicadores globais, principalmente o petróleo. Já o preço do plástico verde está muito ligado ao preço do álcool e, em épocas de entressafra da cana-de-açúcar, pode subir um pouco mais.

Alguns exemplos de componentes que hoje são feitos de plástico comum e podem ser substituídos pelo verde são protetores de caçamba para picapes, dutos de ar-condicionado, reservatórios de água e de outros fluídos.

Avanço dos reciclados

A Braskem espera que ocorra uma demanda maior por resinas plásticas produzidas a partir de materiais reciclados, também puxada pelo Mover. Neste segmento a empresa já atua há alguns anos e é a responsável por toda a economia circular, coletando os resíduos que podem ser reciclados e usados como matéria-prima e cuidando de todos os elos da cadeia produtiva, desde a origem até a reciclagem.

A expectativa é de que as montadoras aumentem a procura por componentes produzidos a partir de resinas plásticas recicladas nos próximos anos para reduzir a pegada de carbono gerada na produção dos veículos.

Etanol de milho também está no radar

Nos Estados Unidos a Braskem produz o polipropileno, outra família de resinas plásticas muito usada para fabricar painéis automotivos, e estuda substituir o petróleo usado como matéria-prima por álcool extraído a partir do milho pois o país é o maior produtor deste tipo de carburante no mundo.

Tomina disse que o projeto está na fase de discussão interna e de prospecção de clientes, sendo que a tecnologia usada por lá será igual à adotada no Brasil para extrair o plástico verde da cana-de-açúcar.

Knorr-Bremse inicia produção de freio eletrônico para carretas no Brasil

Itupeva, SP – A partir de janeiro de 2025 todas carretas rodoviárias produzidas no Brasil deverão obrigatoriamente incorporar o EBS, sistema eletrônico de frenagem e estabilidade que representa um salto tecnológico na segurança de caminhões e seus implementos, pois evita acidentes com tombamento do cavalo mecânico e da carga rebocada. Seguindo a oportunidade aberta pela legislação a subsidiária brasileira da Knorr-Bremse tornou-se o primeiro fornecedor a produzir o seu iTEBS X no País.

Após investimentos de R$ 12 milhões na engenharia, para adaptar o equipamento às necessidades brasileiras, e mais R$ 6 milhões em novos maquinários para montar a célula de produção na fábrica de Itupeva, SP, a Knorr-Bremse deu o pontapé inicial na linha do iTEBS X este mês. A matriz, na Alemanha, iniciou há cinco anos o desenvolvimento da nova geração do sistema e começou a produzir para a Europa no ano passado. O Brasil é a primeira unidade do grupo a produzir o equipamento fora do mercado europeu – Estados Unidos e Ásia só iniciam a produção local em 2025.

Segundo Antônio Silva, gerente de vendas de sistemas para implementos rodoviários da Knorr-Bremse South America, todos os grandes fabricantes de carretas no País já começaram a colocar suas encomendas: “Poderemos atender a toda a produção deles. Projetamos capacidade de fornecer até 90 mil módulos por ano. Aumentaremos gradativamente o ritmo conforme a demanda mas já planejamos a primeira expansão da linha para junho do ano que vem. Temos planos ambiciosos: primeiro atenderemos clientes no Brasil e depois começaremos a exportar daqui para toda a América do Sul”.

O ritmo inicial de produção do iTEBS X será de 180 unidades por dia, equivalente a cerca de 2,5 mil por mês e 35 mil por ano, em dois turnos de trabalho: “Precisamos começar a produzir agora para atender as encomendas que já estão a chegando dos fabricantes de implementos, que daqui a menos de três meses precisam começar a produzir as carretas com o equipamento”, justificou o diretor técnico Humberto Torrecillas, que coordenou o projeto de nacionalização. “Já estamos trabalhando nesta nacionalização há dois anos, quando tomamos a decisão de fazer o investimento”.

Torrecillas: projeto de dois anos com desenvolvimento global e adaptação local.

Além dos fabricantes OEM, Silva afirmou que já recebeu consultas de grandes embarcadores e transportadores interessados em fazer retrofit em suas carretas, trocando o sistema de freios antigo pelo novo iTEBS X. Ele estimou que este negócio adicional poderá representar de 10% a 15% das vendas do novo módulo: “É vantajoso para o transportador porque aumenta muito a segurança do veículo e reduz o custo do seguro. Hoje o roubo de carga não é mais o maior prejuízo, mas sim os acidentes graves com tombamentos”.

Apesar de o equipamento acrescentar custos às carretas Silva avalia que, ao contrário do que aconteceu com os caminhões em 2023 com a adoção de motorização Euro 6, “não está acontecendo pré-compra de semirreboques e isto não deverá causar grande queda na venda de implementos em 2025, até porque o aumento de preço não é tão elevado”.

Produção enxuta

Apenas três pessoas a cada turno operam as três estações de montagem e duas de testes da célula de produção do iTEBS X em Itupeva: o processo todo é conduzido e monitorado por um programa de computador desenvolvido na própria unidade, que não deixa o operador executar nenhuma ação errada, e 100% dos módulos produzidos passam por teste de funcionamento antes de serem despachados aos clientes.

“Planejamos a célula para aumentar rapidamente a produção: quando for necessário poderemos aumentar o fluxo e adotar mais um turno de trabalho”, afirmou Torrecillas. “Por isto já instalamos duas estações de testes, que é o ponto mais crítico do processo, porque produzimos aqui exatamente com a mesma qualidade da Europa.”

O iTEBS X iniciou sua história no Brasil com índice de nacionalização de 45% e 55% de componentes importados – incluindo o mais importante deles, a central de processamento eletrônico, o cérebro do sistema. “Nossa intenção é aumentar a localização para 60% até junho de 2025, porque isto reduzirá bastante o custo de imposto de importação”, indicou Antônio Silva

Adaptação ao Brasil

Torrecillas disse que a nacionalização do iTEBS X seguiu o protocolo da centenária Knorr-Bremse, que fornece a fabricantes OEM e mercado de reposição sistemas de freios para veículos pesados e trens e colunas de direção para caminhões, com presença em trinta países: “Temos escala global de desenvolvimento na matriz com montagem local e todas as adaptações necessárias para cada mercado. Nosso projeto industrial foi feito em conjunto com fábricas na Alemanha, Hungria e Índia”.

O engenheiro diz que para o Brasil, onde mais de 85% dos caminhões e carretas usam suspensão mecânica, foi necessário desenvolver um algoritmo diferente do iTEBS da Europa: “Para funcionar o sistema precisa calcular o peso total do veículos, o que é fácil de saber quando se usa suspensão pneumática, que equipa 95% dos veículos pesados que rodam nas estradas europeias. Aqui precisamos fazer o módulo estimar o peso de acordo com a pressão dos freios”.

A partir do iTEBS Plus, projetado na Alemanha para funcionar com suspensões pneumáticas, a subsidiária brasileira da Knorr-Bremse desenvolveu dois sistemas: um com mais funções e caro e outro mais simples, com funções básicas, mais barato, lembrou o gerente de vendas Silva: “O cliente escolhe de acordo com a necessidade dele pois a diferença de preços é pequena”.

Salto tecnológico

O módulo iTEBS X da Knorr-Bremse: segurança ativa dos caminhões estendida às carretas.

A obrigatoriedade de uso do sistema eletrônico de frenagem e estabilidade também nas carretas – para caminhões já é obrigatório desde o começo deste ano – representa um salto tecnológico de segurança para o transporte rodoviário de cargas.

Diferentemente do ABS – obrigatório para caminhões e carretas desde 2014 – que somente evita o travamento das rodas quando se pisa no freio, o EBS atua independentemente da vontade do motorista: quando o sistema entende que o veículo entrou em uma curva e a aceleração lateral da composição vai para o lado oposto o módulo começa automaticamente a acionar os freios em diferentes rodas para corrigir o rumo e evitar o tombamento – o funcionamento é parecido com o do ESC ou ESP, controle eletrônico de estabilidade hoje já obrigatório em todos os automóveis e comerciais leves vendidos no País.

O iTEBS X da Knorr-Bremse integra à carreta várias funções de segurança ativa: os principais são controle de estabilidade RSP/RSS, anti-bloqueio das rodas ABS e monitoramento de pressão dos pneus TPMS.

Silva aponta mais uma vantagem: o módulo iTEBS X gera milhares de dados sobre a condução do veículo que podem alimentar os sistemas de telemetria, para monitorar e orientar o comportamento dos motoristas. “Se os dados apontam, por exemplo, que o sistema de controle de estabilidade precisou atuar muitas vezes em vários trechos da viagem para evitar acidentes, é uma informação que pode gerar uma ação para corrigir alguma imprudência que o motorista tenha cometido.”

O iTEBS também se integra aos ADAS, sistemas avançados de assistência ao motorista, atuando em conjunto para corrigir a direção ou evitar acidentes.

A fábrica

A Knorr-Bremse está no Brasil desde 1977, manteve fábrica em São Paulo, no bairro de Santo Amaro, até 2013, quando transferiu a sede sul-americana e todas as operações industriais para Itupeva, em um terreno de 150 mil m2 no qual instalou planta e escritórios que ocupam 30 mil m2. “Hoje temos sistemas de produção que são referência mundial para o grupo”, afirmou Torrecillas.

A planta tem 120 fornecedores locais e quase o dobro disto de internacionais. Trabalham oitocentos empregados diretos na unidade, que abriga 65 células de usinagem e montagem para produzir catorze famílias de produtos, com 30% da produção destinada ao mercado de reposição e 70% para fabricantes OEM, no Brasil e toda a América do Sul.

Pulse e Fastback serão os primeiros híbridos flex da Fiat

São Paulo – Serão dois os primeiros híbridos flex lançados pela Stellantis, desenvolvidos e produzidos no Brasil: os Fiat Fastback e Pulse estreiam a tecnologia a partir de novembro, segundo informou a empresa em comunicado.

O motor T200, o 1.0 turbo produzido em Betim, MG, será adotado nestes dois primeiros modelos, também montados na fábrica mineira, possivelmente com a tecnologia MHEV, a híbrida leve. 

Segundo Alexandre Aquino, vice-presidente da Fiat para a América do Sul, a marca lidera uma nova era de transformações: “Escolhemos iniciar em um importante segmento com nossos SUVs mais desejados, o Pulse e o Fastback, que serão responsáveis por impulsionar essa revolução”.

Tupy e MWM premiam dez fornecedores que se destacaram em 2023

São Paulo – A Tupy e a MWM reconheceram dez fornecedores que se destacaram em 2023, em um universo de mais de 5 mil empresas da cadeia de suprimentos. Este foi o primeiro ano em que as duas companhias realizaram evento em conjunto para fazer as homenagens do Supplier Awards.

Os fornecedores foram avaliados com critérios baseados em qualidade, sustentabilidade, desempenho de entrega e flexibilidade, capacidade tecnológica, desempenho no desenvolvimento de novos produtos, postura comercial e contribuição em reduções de custo.

Confira abaixo as categorias e os fornecedores premiados no evento:

Excelência em qualidade:
Braspo
Si Group
WEG

Excelência em desenvolvimento e redução de custos
Milbra

Excelência em inovação
MGK
South Brasil

Excelência em sustentabilidade
GR Serviços
Sodexo

Excelência em desenvolvimento
Riosulense

Excelência em atendimento
AFK

Vendas de pneus acumulam queda de 6% até setembro

São Paulo – As vendas de pneus nacionais recuaram 5,8% de janeiro a setembro comparadas com as dos primeiros nove meses de 2023, informou a Anip em comunicado na sexta-feira, 25. O volume caiu de 40,5 milhões para 38,2 milhões de unidades. Em setembro a queda foi de 7,5% com relação a agosto e de 2,7% comparada com o mesmo mês do ano passado, somando 4,3 milhões de pneus.

Os pneus de veículos de passeio registraram recuo de 8,9% de janeiro a setembro, enquanto pneus para veículos de carga subiram 4,3%. Pneus para motocicletas registraram crescimento de 2,9%.

No ano a venda para montadoras caiu 7,4%, para 9,6 milhões de unidades, e para a reposição cedeu 5,3%, somando 28,5 milhões de pneus.

As importações registraram crescimento de 23% no acumulado do ano, somando 42,7 milhões de pneus. As exportações caíram 6,6%, para 8,4 milhões de unidades.

Mercedes-Benz Sprinter ganha mais itens de série na linha 2025

São Paulo – A Mercedes-Benz lançou a linha 2025 da Sprinter com mais equipamentos de série. O assistente ativo de frenagem foi aprimorado e entra em ação para evitar uma colisão em um veículo parado à frente em velocidades de até 80 km/h e, no caso de um cruzamento, de até 60 km/h, incluindo outras situações em que o sistema também auxilia o motorista para evitar um acidente.

O quadro de instrumentos é digital, incluindo o tacógrafo, e agora possui tela colorida de 5,5 polegadas. O volante multifuncional que inclui a função de piloto automático também passou a ser item de série, assim como o sensor de chuva que regula automaticamente a velocidade dos limpadores de acordo com o volume de água que cai no para-brisa.

O kit multimídia com sistema MBUX, que permite controlar funções do veículo por comandos de voz, também é item de série da Sprinter a partir da linha 2025, com tela sensível ao toque de 10,2 polegadas.

Cantu e GP Pneus assinam acordo de fusão

São Paulo – A Cantu formalizou acordo de fusão com a GP Pneus, em transação que totaliza R$ 1 bilhão 80 milhões. Somados os faturamentos das empresas superam R$ 5 bilhões e a participação conjunta no setor de reposição de pneus alcança 12%.

A Cantu, que hoje opera seis centros de distribuição e 56 filiais no Brasil, passará a contar com 117 lojas da GP Pneus para atender o varejo e quarenta filiais de atendimento ao atacado. Ao portfólio, que conta com as marcas próprias fabricadas fora do País Speedmax, Itaro e Gripmaster, a GP Pneus agregará a distribuição para o atacado dos pneus da marca argentina Fate e pontos de vendas no varejo das tradicionais marcas Pirelli, Bridgestone e Continental, além de dois centros de distribuição.

Desta forma, segundo a Cantu, quando concluída a integração as colocará no primeiro lugar do mercado latino-americano. A operação ainda aguarda a conclusão dos trâmites regulatórios e societários, incluindo a aprovação pelo Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Enquanto isto as empresas seguem operando de forma independente.

Randoncorp premia os melhores projetos de seus fornecedores

São Paulo – A Randoncorp, em encontro com seus fornecedores, premiou os vencedores do Supplier Awards Randoncorp 2024, que incentiva o desenvolvimento de projetos nas categorias competitividade, inovação e tecnologia, e ESG. Foram inscritos 85 projetos nesta edição.

Na categoria competitividade a empresa vencedora foi a Arvedi Metalfer do Brasil, instalada em Salto, SP, com novo projeto de bucha externa, componente usado na suspensão, que teve sua matéria-prima alterada, assim como o processo da fabricação, resultando em custos mais competitivos.

A PPG Industrial do Brasil ganhou na categoria inovação e tecnologia, com uma nova formulação de tintas que trouxe ganhos em produtividade e no menor tempo de processamento e redução do consumo de gás, nas estufas de cura da tinta, com o uso de um porcentual de matéria-prima reciclada.

Na categoria ESG a vencedora foi a ArcelorMittal com o projeto XCarb Steel Certificates, focado na redução de emissões de gases poluentes em siderúrgicas, substituindo a injeção de carvão pulverizado por alternativas mais limpas, como gás natural e carvão vegetal.

Scout Motors, nova marca da Volkswagen, ignora rede concessionária nos Estados Unidos

São Paulo – Concessionários Volkswagen dos Estados Unidos que aguardavam a chegada da Scout Motors, focada em SUVs e picapes elétricas, ficaram frustrados: segundo reportagem da Automotive News nenhum revendedor receberá a picape Terra ou o SUV Traveler, já anunciados a partir de 2027 na faixa dos US$ 60 mil. A marca, criada pela International Harvester nos anos 1960 e adquirida da Navistar pelo Grupo VW em 2020, pretende estabelecer um modelo de venda direta ao consumidor.

Em declaração obtida pelo portal a Scout Motors se autodenomina “uma empresa estadunidense independente” e disse estar começando tudo do zero, incluindo a experiência com o cliente. Planeja “espaços de varejo dedicados” e estabelecerá relacionamentos individuais com os clientes por meio de aplicativo, que cuidará de todo o processo de venda, entrega e serviços. Haverá rede nacional de parceiros para o processo pós-venda.

Os veículos podem até já ser reservados no site da Scout Motors, ainda que sua produção na Carolina do Norte sequer tenha começado.

A rede Volkswagen dos Estados Unidos promete reagir, considerando inclusive ações na justiça. Eles desejam vender os modelos da Scout e dizem não terem sido informados do planejamento da nova marca, que foi criada como uma empresa independente da VW no país. 

O próprio presidente da VW na América do Norte, Pablo Di Si, não comenta a respeito da Scout: diz ser uma entidade separada, com outro CEO – Scott Keough, justamente o antecessor de Di Si no cargo.

Rio investe e amplia portfólio para crescer dois dígitos

São Paulo – Com a premissa de até 2025 fornecer peças para todos os motores a combustão fabricados no Brasil a Rio-Riosulense, do alto de seus 78 anos, mantém rotina de investimentos anuais para melhorar sua produtividade, renovar maquinário, injetar tecnologia em seus processos, expandir volumes, ampliar portfólio para, então, crescer dois dígitos.

“É quase que proibido expandir o faturamento em menos de dois dígitos aqui na Rio”, falou de forma descontraída, mas com fundo de seriedade, seu CEO, Ornelio Kleber, em entrevista a Agência AutoData, ao sustentar que este objetivo vem sendo alcançado desde 2021. Este ano a lição de casa está sendo concluída com sucesso: mesmo com ano tido como desafiador pela empresa, devido a incertezas por parte das montadoras, que contribuem significativamente com a receita, a empresa injetou R$ 20 milhões até o momento e vai encerrar o ano com R$ 30 milhões investidos.

O aporte se dá essencialmente para a aquisição de máquinas mais modernas e para a construção de novos galpões para abrigar estoques dentro do terreno de 1 milhão de m² em Rio do Sul, SC, que tem apenas 20% do total ocupado.

“A meta é investir, de forma contínua, em torno de 10% do nosso faturamento. Este ano ficará um pouco abaixo, nem sempre o que está aprovado a gente executa, pois também temos de ter o cuidado de manter o caixa saudável”, disse Kleber. “A maior parte dos aportes é feita com capital próprio, o que nos permite ter mais os pés no chão, com a certeza do que estamos fazendo.”

Nos próximos três anos a Rio investirá R$ 8 milhões apenas em pesquisa e desenvolvimento, sendo R$ 1 milhão já no ano que vem. De olho também em uma eventual nova janela do Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, a empresa planeja pleitear incentivos para reforçar a inovação em sua linha de produção e, em paralelo, está em conversas com a Finep.

“Até pouco tempo atrás se falava muito em eletrificação, mas notamos que no Brasil a maior demanda virá dos híbridos, com umas seis ou sete configurações diferentes, e nós já estamos começando a buscar parceiros de desenvolvimentos para estarmos preparados para esta nova geração de motores também, além de nos mantermos presentes nos motores a combustão.”

Embora a projeção de alta na produção do setor automotivo seja de 4,9%, de acordo com a Anfavea, a expectativa da companhia é alcançar incremento de 15% a 20% sobre o faturamento de R$ 420 milhões, aproximando-se dos R$ 500 milhões até dezembro. Segundo Kleber o desempenho já está muito próximo do planejado.

“Esperamos expandir além porque temos novos projetos com clientes, então não dependemos só de pedidos correntes para alavancar as vendas. Estamos ingressando em novos negócios, por exemplo, desenvolvendo novas famílias produtos para a reposição e apostando fichas no segmento agrícola.”

O CEO da Rio, Ornélio Kleber, planeja dobrar a participação do setor de agronegócio no faturamento da empresa de Rio do Sul, SC. Foto: Divulgação.

Esta diversificação se faz importante para manter o ritmo de crescimento de dois dígitos para a companhia. E também porque os projetos com montadoras possuem tempo maior de maturação, de doze a dezoito meses: parcerias firmadas no ano passado, então, refletirão no faturamento a partir de 2025 – o lado bom é que já eleva a régua para o ano que vem.

No aftermarket um dos focos da Rio é ampliar linha de componentes para motores de três cilindros turbo, já presente no portfólio, e em novos segmentos identificados após a realização de pesquisas de mercado para entender o panorama e desenvolver itens demandados.

Metade dos investimentos de 2024 foi para desenvolver peças para o setor agrícola

No caso das máquinas agrícolas a perspectiva é que o segmento dobre sua participação de 7% para 14% no faturamento da empresa até 2026. Somente este ano 50% do que foi desenvolvido pela Rio em termos de novos itens para montadoras foi para este segmento. Ou seja: metade do investimento de R$ 30 milhões está indo para o desenvolvimento de peças para o setor agrícola.

“Acreditamos muito no crescimento deste setor. Começamos com uma montadora, o que desperta a atenção de outra. Porque quando se fornece para montadora é preciso ter qualidade. E isso nós temos. Temos usinagem, fundição, laboratórios de ponta, excelente equipe de engenharia, e quando um comprador vem até nós ele puxa outros. É algo que acontece mais no boca a boca. Isso porque não estamos em São Paulo: se estivéssemos, teria acontecido antes.”

Na esteira das máquinas agrícolas a empresa tem notado também procura por produtos da linha amarela, uma vez que maioria dessas fabricantes também fornece para construção civil e mineração.

Parte do investimento injetado na fábrica este ano foi para a aquisição de novos e mais modernos maquinários. Foto: Divulgação.

Aos 78 anos Rio ainda tem muito fôlego – e espaço para crescer

A Rio possui capacidade instalada para processar 3 mil toneladas de metal por mês e, deste total, de 70% a 80% estão ocupados.  Para o ano que vem a projeção é ficar de 80% a 85%. Além de peças para motor a Rio fabrica componentes estruturais, o que inclui desde peças de suspensão, freios, chassi, longarina de pequeno tamanho até peças em ferro fundido, aço e ligas especiais.

Gerente técnico da Rio, Clebson Ferreira, contou que como o sistema é modular o maquinário pode fazer qualquer tipo de componente, seja para uma moto até para um caminhão: o que importa é estar dentro das dimensões dos limites do processo. Então não necessariamente os novos equipamentos, por exemplo, trabalharão as três linhas de produção para um segmento.

“E se houver uma necessidade extra estas três facilmente poderão chegar a mais. Se preciso ter capacidade de fusão eu troco um forno, por exemplo, aumento o cadinho dele, e já ganho de 20% a 30% de capacidade de produção de metal líquido. Aqui conseguimos fundir qualquer geometria, qualquer volume, qualquer liga. O grande diferencial da Rio é a flexibilidade.”

O portfólio da companhia reúne 8 mil códigos de peças, ou seja, desenhos de itens que já foram produzidos em algum momento. Não necessariamente todo mês acontece este giro, mas se o cliente requerer está disponível, assegurou Ferreira: “Em tonelada consigo por no estoque 2,2 toneladas de peças produzidas por mês”.

Ao estimar que um motor dure trinta anos lembrou que a empresa se preocupa em fabricar componentes para carros que nem são mais fabricados, como Opala e Fusca.

Não à toa em torno de 65% do faturamento da Rio vêm da reposição, que atende todo tipo de veículo com foco nos leves e motos. Outros 30% são gerados pelo segmento original, dedicado a caminhões, ônibus e máquinas agrícolas. O restante cabe ao ferroviário, mineração e até elevadores.

Presente em mais de 25 países a fatia das exportações deverá representar, este ano, 7,9% das receitas. E o plano é elevar o porcentual de participação a 10% no ano que vem. Quase 90% do volume é dirigido ao mercado de reposição e, o restante, a montadoras. Importantes clientes são Argentina, Paraguai e Uruguai, Peru, Chile, Bolívia, Estados Unidos, Alemanha e Oriente Médio.