Venda de pneus cai 3% no primeiro semestre

São Paulo – As vendas de pneus somaram 27,6 milhões de unidades no primeiro semestre, queda de 3,4% na comparação com igual período do ano passado. A retração foi puxada pela menor venda de pneus para reposição, que somou 21,7 milhões de unidades, volume 4,7% menor do que o registrado em 2022. As entregas OEM somaram 6,8 milhões, expansão de 0,8% na mesma base comparativa.

Os dados foram divulgados pela Anip, entidade que representa o setor nacional de pneus, que também avaliou a queda por segmento, com os pneus de carga apresentando queda de 15% com relação ao primeiro semestre de 2022, somando 3,3 milhões de vendas. As vendas de pneus para comerciais leves caíram 4,1% na comparação com o primeiro semestre de 2022, com 4,3 milhões.

O segmento de pneus para veículos de passeio também retraiu 4,1% no primeiro semestre, registrando 14,8 milhões de vendas.

O presidente executivo Klaus Curt Müller disse que “os números do primeiro semestre mostram que o setor ainda enfrenta um cenário de recuperação difícil, principalmente para o segmento de pneus de carga. A economia instável, a alta taxa de juros e a queda do dólar interferem diretamente nos resultados do setor. Aguardamos, com cautela, uma recuperação no segundo semestre”.

Na contramão dos demais segmentos os pneus para motocicletas registraram alta de 12,3% sobre o primeiro semestre de 2022, com 5 milhões de unidades.

Volvo Cars bate recorde de vendas no primeiro semestre

São Paulo – De janeiro a junho a Volvo Cars vendeu 4,3 mil veículos elétricos e híbridos no Brasil, sendo o seu maior volume já registrado num primeiro semestre. Na comparação com 2022 houve crescimento de 72% nas vendas, segundo comunicado distribuído na terça-feira, 25.

O resultado também consolida a Volvo como a segunda marca premium mais vendida do País, com portfólio formado apenas por modelos eletrificados.

Nissan reduz preços da Frontier 2024

São Paulo – A Frontier 2024 chega ao mercado com uma grande novidade: todas as versões ficaram mais baratas na comparação com a linha 2023, segundo comunicado divulgado pela Nissan. Este movimento tem acontecido com diversos modelos de tíquete médio maior, talvez uma saída encontrada para enfrentar um período de demandas menores. 

Os preços da linha 2024 começam em R$ 242,5 mil e vão até R$ 320 mil. Visualmente todas as versões trazem o novo logotipo da Nissan e as versões S, SE e Attack ganharam acendimento automático dos faróis, a XE tem novas rodas e a PRO-4X ganhou protetor de caçamba de série.

Toyota exportou 49 mil veículos no primeiro semestre

São Paulo – A Toyota somou 49,2 mil unidades exportadas no primeiro semestre e ficou no primeiro lugar do ranking, segundo comunicado divulgado na terça-feira, 25. Etios, Corolla Cross e Yaris são produzidos em Sorocaba, SP, e exportados para América Latina e Caribe. O Corolla sedã, fabricado em Indaiatuba, SP, também é exportado para países da região. 

A Toyota, nas palavras de seu presidente no Brasil, Rafael Chang, acredita que o avanço das exportações mostra a competitividade do parque tecnológico e de produção instalado no Brasil: “Ao exportarmos tecnologia de ponta, especialmente no campo da eletrificação, reforçamos nosso compromisso com a inovação e a sustentabilidade. Estamos orgulhosos de que nossa tecnologia híbrida flex, uma inovação nascida no Brasil, está sendo reconhecida e adotada em mercados internacionais”.

Mercedes-Benz Acello completa 20 anos no Brasil

São Paulo – O caminhão Mercedes-Benz Acello completou vinte anos no mercado nacional, somando 89,5 mil unidades emplacadas das configurações leve e média. O Acello 815 foi a versão mais vendida no Brasil, com 33,4 mil emplacamentos neste período, de acordo com comunicado divulgado pela empresa.

Produzido na unidade de São Bernardo do Campo, SP, o Acello é utilizado em operações em perímetro urbano assim como para curtas distâncias em rodovias e áreas rurais.

MWM expande participação no agronegócio

São Paulo – A MWM é a nova fornecedora de motores para a Baldan, fabricante nacional de implementos agrícolas, com operação no mercado brasileiro e exportações para mais de oitenta países. Com o novo contrato a MWM expandiu seus interesses no segmento de agronegócio.

Os motores MWM 4.12TCE de 190 cv de potência serão usados na nova linha de pulverizadores da Baldan, apresentados na última edição da Agrishow.

Banco Volkswagen capta R$ 700 milhões para investir em mobilidade

São Paulo – A Volkswagen Financial Services Brasil captou R$ 700 milhões por meio do Banco Volkswagen, via FIDC, Fundo de Investimento em Direito Creditório. Trata-se da sexta emissão do tipo com o objetivo de apoiar o desenvolvimento do negócio, aliado a projeto de prover soluções de mobilidade.

Para o seu diretor financeiro, Ricardo Paixão, “mesmo que o cenário econômico ainda seja desafiador esta captação mostra que empresas sólidas e com visão de negócios no longo prazo continuam tendo a confiança dos investidores”. O que, segundo ele, possibilita ampliar a oferta de mobilidade no País.

Goodyear torna-se parceira da Mercedes-Benz no movimento A Voz Delas

São Paulo – A Goodyear anunciou que a partir de agora é parceira do movimento A Voz Delas, da Mercedes-Benz, que busca tornar as estradas um ambiente mais seguro e adaptado para caminhoneiras, motoristas de ônibus e acompanhantes de caminhoneiros. Primeira pneumática a filiar-se à ação, iniciada em 2019, a companhia fortalece seu compromisso com o segmento de pesados e se conecta ainda mais com as mulheres e suas histórias.

A Goodyear afirmou que a parceria reforça suas iniciativas de diversidade e inclusão, como grupos de afinidades liderados por seus funcionários de forma voluntária como, por exemplo, o Goodyear Women’s Network, que há três anos fomenta atividades que envolvem, motivam e desenvolvem principalmente as mulheres em todas as áreas da empresa.

Quanto ao movimento A Voz Delas no ano passado, durante a Fenatran, a montadora apresentou o primeiro caminhão feito por e para mulheres no mundo. O protótipo, batizado de Estrela Delas, é totalmente customizado com maior conforto para mulheres que ganham a vida na boleia. A cor do caminhão faz parte do portfólio da montadora, enquanto as customizações são realizadas pelo parceiro Garagem Planeta Caminhão.

Michael Rainer é nomeado CFO do Grupo BMW América Latina

São Paulo – A partir de 1º de outubro Michael Rainer será o novo chefe de finanças do Grupo BMW América Latina. Ele sucederá a Jeremy Stoyle, que assumirá como CFO da Spotlight Automotive, joint venture BMW e Great Wall Motor na China.

Com MBA pela Sheffield Escola de Negócios, do Reino Unido, e pela Universidade de Ciências Aplicadas Fulda, da Alemanha, e mestrado em física pela Universidade de Innsbruck, da Áustria, Rainer ocupou cargos de gestão no grupo em diferentes países, como Itália, Alemanha, Malásia e Tailândia.

De acordo com o Grupo BMW o executivo possui vasta experiência global na liderança de equipes de gerenciamento financeiro, planejamento e controle na sede da companhia e em NSC.

Etanol e híbrido flex precisam superar complexo de vira-latas

Cunhada em 1958 pelo jornalista e dramaturgo Nélson Rodrigues a expressão complexo de vira-latas ilustra a inferioridade que os brasileiros enxergam em si próprios, como cães sem raça definida e sem valor monetário que vagam à cata de comida virando latas de lixo. O tal complexo aparece em várias áreas do cenário nacional, do futebol – que inicialmente inspirou a teoria rodriguiana com a derrota humilhante da Copa de 1950 – aos avanços tecnológicos desenvolvidos aqui.

Uma das vítimas do complexo de vira-latas é o etanol brasileiro, sua evolução no sistema flex bicombustível etanol-gasolina e o avanço para o powertrain híbrido flex, combinado com a propulsão elétrica. São todas criações brasileiras que colocam o País à frente do resto do mundo em velocidade e eficiência para reduzir e descarbonizar as emissões de gases de efeito estufa dos veículos, mas o viralatismo nacional muitas vezes classifica estas soluções como atraso ou fracasso.

Muito ao contrário, não faltam evidências de que o uso de biocombustíveis, puros ou aliados à eletrificação, é a mais eficiente e rápida das soluções conhecidas para descarbonizar as emissões dos meios de transporte, especialmente quando se considera o ciclo de vida completo da produção, distribuição e uso dos combustíveis, dos veículos e, quando é o caso, de suas baterias de propulsão.

Política pública necessária

Já passa da hora de o Brasil reconhecer sua vantagem bioenergética e incentivar suas próprias soluções para descarbonizar emissões dos veículos.

O País precisa estabelecer com urgência políticas públicas não só para reduzir o custo de veículos de baixa emissão, inclusive adotando isenções para modelos a etanol puro, híbridos ou não, mas também é fundamental tornar o preço do etanol competitivo na bomba de abastecimento. Este é o estímulo que falta.

Calcula-se que dos 34,9 milhões de veículos flex em circulação no País somente 30% rodam com etanol hidratado puro, o E100, porque o preço do biocombustível é desvantajoso com relação à gasolina na maior parte do território nacional. Mesmo assim esta porção equivale a 10,5 milhões de carros que neutralizam cerca de 90% das emissões de CO2, reabsorvidas nas próprias plantações de cana.

Graças ao domínio de quarenta anos na produção de etanol combustível em vinte anos da tecnologia flex, mesmo sem incentivos e subutilização do biocombustível, o Brasil já tem maior frota de baixo carbono do mundo, volume que sob o prisma do viralatismo alguns chamam de fracasso, sugerindo que a solução é a importação de elétricos caros e inacessíveis à maioria da população.

Visto pelo prisma de solução que ninguém mais tem disponível à mão no mundo, faria enorme e imediata diferença a redução do preço do etanol para o Brasil quase zerar emissões de carbono da frota de veículos leves, sem precisar de nenhum carro elétrico para isto.

Evidências

Não faltam estudos e pesquisas que apontam a eficiência descarbonizante do biocombustível brasileiro, que se torna ainda mais efetiva quando combinada com eletrificação em modelos híbridos flex.

No início deste ano a Stellantis conduziu ensaios com um Jeep Renegade com motor 1.3 turboflex. Abastecido com etanol, E100, e equipado com um simulador da Bosch, o carro percorreu mais de 240 quilômetros nas pistas de testes da fábrica de Betim, MG, para medir sua emissão de CO2 no conceito poço à roda, considerando a produção, distribuição e uso do combustível.

O resultado foi a emissão de 25,79 kg de CO2 no trajeto percorrido com E100, menos da metade dos 60,64 kg emitidos com uso da gasolina brasileira E27, misturada com 27% de etanol.

O Renegade com E100 também emitiu menos do que os 30,41 kg de CO2 que seriam colocados na atmosfera por um carro 100% elétrico que usa energia gerada pela matriz europeia, que não tem escapamento mas consome eletricidade gerada em usinas térmicas a gás, diesel e carvão.

Por isto um BEV, battery electric car, emite menos, 21,45 kg de CO2 nos 240 quilômetros do ensaio, quando é alimentado pela eletricidade gerada no Brasil, cerca de 80% proveniente de fontes renováveis e neutras em carbono.

Segundo cálculos da Unica, União da Indústria da Cana, considerando o ciclo completo do campo à roda – inclui o plantio e colheita da cana, seu processamento, transporte e distribuição, além do uso nos carros –, um veículo alimentado exclusivamente com E100 brasileiro emite apenas 37 gramas de CO2 por quilômetro, valor menor do que os 54 gCO2/km de um modelo elétrico a bateria com a matriz europeia, e quase igual aos 35 gCO2/km de um BEV alimentado pela energia energia mais limpa gerada no Brasil.

Especialistas apontam que a combinação do biocombustível com a eletrificação é ainda mais eficiente. Um modelo híbrido flex, como o Toyota Corolla já produzido no País desde 2019, apresenta a melhor relação de eficiência: abastecido só com etanol tem emissão de 29 gCO2/km.

Esta vantagem é ainda mais ampliada quando se leva em conta o ciclo de vida do veículo, seu combustível e sua bateria. Um recente artigo científico, já antecipado por esta coluna, elaborado por pesquisadores da Unicamp, identifica o tamanho desta vantagem (veja aqui).

Segundo este estudo um veículo elétrico, recarregado com energia gerada no Brasil, deixa para trás pegada de carbono equivalente a 16,7 toneladas de CO2 emitidos ao longo de 160 mil quilômetros de utilização, sendo que a maior parte desta emissão vem do berço, originada na fabricação do produto, com 6 toneladas de CO2, e de suas baterias, com 5,8 t/CO2.

Já um híbrido fechado, recarregado só pelo motor a combustão – tecnologia que viralatistas chamam de ultrapassada –, abastecido com E100 emite 12,4 t/CO2 em 160 mil quilômetros, e emitiria ainda menos, 9,5 t/CO2 se usasse gás biometano – outro biocombustível em pleno crescimento no Brasil.

Já a Toyota faz outra conta que ilustra a eficiência do biocombustível aliado à eletrificação: uma bateria utilizada em um carro elétrico equivale a 53 baterias de um Corolla híbrido flex, ou a seis de um híbrido plug-in. Portanto, 53 Corolla eletrificados abastecidos com E100 evitam a emissão de 1 mil 590 gramas de CO2 por quilômetro rodado, volume dezessete vezes maior do que os 90 gramas evitados por um único BEV cuja capacidade da bateria equivale à de 53 híbridos.

Meio ou fim do caminho?

A partir destas várias medições e constatações, a despeito do que pensam certos executivos que não fazem a menor ideia do que acontece ao Sul da linha do Equador, já há quem defenda que o veículo híbrido fechado com motor a etanol não é um caminho intermediário para a eletrificação total mas, sim, o fim desta rota, o topo da montanha.

Professor e chefe do laboratório de genômica e bioenergia da Unicamp Gonçalo Pereira é uma destas vozes que tentam transformar o complexo de vira-latas em inteligência competitiva, inclusive lembrando que um cão sem raça definida também é um híbrido: “No quesito inteligência o que pode ser mais esperto do que um vira-lata amarelo?”.

Ao comparar a hibridização dos veículos com a agropecuária, em que espécies híbridas são melhores, mais resistentes e produtivas, o professor Gonçalo faz a seguinte ponderação: “Ouvimos o tempo todo que os híbridos seriam uma alternativa de transição até o BEV, sem perceber que os híbridos são o ponto final, o ponto ideal, o máximo que poderemos alcançar. É exatamente isso que ocorre na agropecuária, por exemplo, em que a produção de alimentos que permite a nossa sobrevivência é feita a partir de híbridos”.

Em que pese o fato de veículos elétricos a bateria, no momento, serem a melhor solução disponível para descarbonizar as emissões de veículos em países da Europa, China e Estados Unidos, existem evidências de que a combinação de eletrificação com biocombustíveis tem enorme potencial de contribuição para conter o aquecimento global – e neste cenário o Brasil tem a vantagem de ser um rodriguiano país híbrido de vira-latas.