Jac fornece E-J7 para patrulhamento urbano de São José dos Campos

São Paulo – A cidade de São José dos Campos, SP, recebeu 38 veículos E-J7 sedã da Jac Motors dentro de sua meta de ser pioneira na oferta de frota 100% elétrica para o patrulhamento urbano. A maior parte das unidades, trinta delas, será usada pela Guarda Civil Municipal e, as demais, pela Polícia Militar, por meio do Programa Atividade Delegada.

A empresa informou que os veículos estão sendo alugados pela Prefeitura, que estimou redução de custos de R$ 850 mil por ano ao eliminar modelos tradicionais a combustão. É projetada, ainda, diminuição da emissão de 1,2 mil toneladas anuais de CO2 na atmosfera.

Provido de sistema de regeneração de carga em dois níveis de atuação o JAC E-J7 gasta, em média, 12,5 kWh a cada 100 quilômetros, o que significa, em uma recarga completa, cerca de R$ 30 em eletricidade. Para percorrer 400 quilômetros serão desembolsados R$ 120, portanto. Modelo equivalente movido a gasolina que fizesse 10 km/l, consumiria R$ 220 para rodar os mesmos 400 quilômetros, segundo a fabricante.

Produção e venda de motocicletas seguem trajetória de alta

São Paulo – As fabricantes de motocicletas do PIM, Polo Industrial de Manaus, produziram 122,7 mil unidades no mês passado, segundo divulgou a Abraciclo na sexta-feira, 11. O volume superou em 17,1% o resultado de julho do ano passado e foi o maior para o mês desde 2017. Comparado com junho o avanço foi de 28,8%.

No acumulado do ano foram fabricadas 887 mil motocicletas, crescimento de 14,3% sobre os primeiros sete meses do ano passado. A entidade manteve sua projeção de produzir 1 milhão 560 mil motocicletas no ano, uma alta de 10% sobre 2022.

No mercado doméstico foram comercializadas 123,1 mil unidades, alta de 14,5% sobre o mesmo mês do ano passado. Comparado com junho, porém, houve queda de 12,3%.

No ano foram emplacadas 903,2 mil motocicletas, volume 21,4% superior ao de igual período do ano passado. A projeção é vender 1 milhão 511 mil motocicletas, avanço de 10,9% sobre 2022.

As exportações seguem sendo o ponto fraco: em julho somaram 3,2 mil unidades, 36% abaixo de julho de 2022 e 11,2% menor do que junho. Os Estados Unidos foram o principal destino, com 31,2% do volume.

De janeiro a julho as exportações somaram 23,7 mil unidades, queda de 21,2% na comparação com os primeiros sete meses do ano passado.

Queremos mesmo o fim dos combustíveis fósseis?

Em meio a uma ofensiva da eletrificação da mobilidade nos maiores mercados globais, e mais recentemente também aqui no Brasil por causa do aquecimento global, que, dentre outros fatores, está literalmente fritando os oceanos e o Hemisfério Norte neste verão, pode-se afirmar que os combustíveis fósseis ainda são protagonistas e não estão no centro da agenda de descarbonização do planeta.

Sinal contundente veio esta semana com a falta de comprometimento da Cúpula da Amazônia em Belém, PA, quando a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica [OTCA], composta por oito países [Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela], não incluiu na carta chamada Declaração de Belém qualquer menção ao fim da utilização de combustíveis fósseis como forma de reduzir os gases de efeito estufa na atmosfera, especialmente o CO2.

Nem mesmo a forte atuação de movimentos sociais, ONGs e indígenas nas ruas de Belém pedindo para que neste encontro histórico fossem apresentadas ações contundentes para acabar com a supremacia dos combustíveis fósseis foi suficiente para que o documento final incluísse o tema como uma das cem prioridades para o futuro do ecossistema amazônico.

A foz do rio Amazonas é a próxima fronteira da exploração de petróleo no País e o atual governo brasileiro já deu sinais de que tem interesse em que este projeto vá adiante. Inclusive o presidente da Petrobras participou de encontros durante o evento no Pará defendendo abertamente a possibilidade de exploração de petróleo na região.

Outro personagem importante para o futuro da descarbonização que participou de algumas reuniões esta semana na Cúpula da Amazônia foi Sultan Al-Jaber, CEO da Adnoc, a petroleira estatal dos Emirados Árabes Unidos. Doutor Sultan, como gosta de ser chamado, não à toa, será o presidente da próxima Conferência do Clima da ONU, a COP 28, a se realizar em novembro, em Dubai, maior cidade dos Emirados Árabes Unidos.

O jornal britânico The Guardian publicou no início do mês documentos sigilosos relacionados aos preparativos para a COP 28 e as mensagens-chave que deverão ser utilizadas durante o encontro. Não há referências aos combustíveis fósseis, óleo e gás nas narrativas que devem fazer parte dos discursos e documentos da próxima COP.

O Observatório do Clima, organização da sociedade civil brasileira, revelou em seu site este caso às vésperas da Cúpula da Amazônia e da chegada do doutor Sultan no Brasil, acrescentando que os Emirados Árabes Unidos têm um dos maiores planos de expansão de produção de petróleo do mundo – informação também atribuída ao The Guardian.

Ainda nesta semana a Anfavea apresentou balanço de vendas e separou um capítulo especial desses dados para o licenciamento dos veículos com “novas tecnologias de propulsão”. No acumulado do ano foram emplacados 35 mil automóveis e comerciais leves híbridos e 4,7 mil 100% elétricos no Brasil. Uma fração do total: foram vendidos, por enquanto, 1 milhão 224 mil veículos no Brasil este ano.

Mas enquanto a indústria automotiva por meio de seus líderes diz todos os dias que o “futuro será elétrico” outro caso curioso surgiu há duas semanas na Alemanha. O órgão regulador da rede elétrica do país afirmou que pode limitar o fornecimento de energia para abastecer carros elétricos. O governo alemão precisa expandir a rede elétrica e atualizar este sistema que não está preparado para alimentar dispositivos que consumam muita energia. E assim os carros elétricos, em uma situação de emergência energética no país europeu do automóvel, poderão ficar sem combustível.

Com tantos sinais na contramão da descarbonização e da eletrificação da mobilidade será mesmo que queremos o fim dos combustíveis fósseis?

Aos 25 anos Strada ganha versão especial e motor turboflex

São Paulo — Era outubro de 1998 quando a Fiat Strada chegou ao mercado brasileiro. Desenvolvida e fabricada no Polo Automotivo Stellantis de Betim, MG, a picape está prestes a completar 25 anos. Para celebrar a empresa lançou edição especial e limitada a 1 mil 25 unidades.

Chamada de Edizione 25 está disponível na cor cinza strato, com teto em preto, adesivo lateral da série próximo à lanterna traseira, retrovisores com capa em preto brilhante e rodas com pintura escurecida.

O veículo traz os recursos da versão Ultra já conhecida na gama da Toro, que chega como novidade para completar a família Strada. Ela entra no topo da linha do modelo, junto com a Ranch. Com toque esportivo a grade possui friso vermelho e os bancos dianteiros levam a escrita com nome da versão bordada na mesma cor. Abaixo da multimídia vem o número da edição limitada. As soleiras são personalizadas com a descrição da série.

A linha 2024 da Strada ganhou mais potência e torque graças ao motor Turbo 200 Flex, o que a tornou, segundo a Stellantis, a primeira B-picape turbo flex do mundo. O propulsor, que estreou no Pulse, faz parte de família de motores turbo flex desenvolvida pela companhia. Com potência de 130 cv com etanol e de 125 cv com gasolina, e torque de 200 Nm, o motor permite que o modelo vá de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos.

Também há novidades no powertrain da Fiat Strada para a versão Endurance, que passa contar com o motor 1.3 Firefly.

Somente neste ano já foram comercializadas quase 61 mil unidades da picape, que também é exportada para Argentina, Paraguai e Uruguai. Desde que foi reestilizada, em 2020, e ficou mais robusta, 400 mil unidades foram produzidas.

Confira abaixo os preços sugeridos da gama completa da Fiat Strada linha 2024:

  • Fiat Strada Endurance CP 1.3 Flex MT – R$ 100 mil 990
  • Fiat Strada Freedom CP 1.3 Flex MT – R$ 106 mil 990
  • Fiat Strada Freedom CD 1.3 Flex MT – R$ 112 mil 990
  • Fiat Strada Volcano CD 1.3 Flex MT – R$ 114 mil 990
  • Fiat Strada Volcano CD 1.3 Flex CVT – R$ 120 mil 990
  • Fiat Strada Ranch CD 1.0 Turbo 200 Flex CVT – R$ 132 mil 90
  • Fiat Strada Ultra CD 1.0 Turbo 200 Flex CVT – R$ 132 mil 990
  • Fiat Strada Edizione 25 CD 1.0 Turbo 200 Flex CVT – R$ 135 mil 990

USP terá primeira estação de hidrogênio verde do mundo obtido a partir do etanol

São Paulo – A primeira iniciativa mundial de produção de hidrogênio verde a partir do etanol foi lançada na quinta-feira, 10, na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo, em São Paulo. O governo do Estado, a universidade e a iniciativa privada estão juntos no projeto que desenvolverá uma estação experimental de abastecimento que converterá o etanol em hidrogênio renovável. A operação terá início no segundo semestre de 2024.

“Com este projeto será possível produzir hidrogênio verde de baixo custo”, disse Julio Meneghini, diretor científico do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa, RCGI, da Escola Politécnica da USP, onde será construída a estação de abastecimento de hidrogênio.

A iniciativa privada está representada por diversas empresas, como a Marcopolo, que fornecerá um ônibus movido a hidrogênio, a Toyota, que trouxe a última versão do Mirai Full Cell que já é produzido e roda no Japão. O etanol necessário para a produção de hidrogênio será fornecido pela Raízen, além da Shell, que realizou investimento de R$ 50 milhões.

“O objetivo deste projeto inovador é tentar demonstrar que o etanol pode ser vetor para hidrogênio renovável, aproveitando a logística já existente da indústria”, afirmou o presidente da Shell Brasil, Cristiano Pinto da Costa. “Sonhamos em ser líderes globais em hidrogênio verde proveniente do etanol. Podemos chegar a isto. A tecnologia poderá ajudar a descarbonizar setores que consomem energia de combustíveis fósseis.”

No conjunto de equipamentos que serão instalados na estação haverá um reformador a vapor de etanol desenvolvido e fabricado pela empresa brasileira Hytron. É nesse equipamento que ocorrerá a conversão do etanol em hidrogênio por meio de processo químico, o reforma a vapor, que é quando o etanol, submetido a temperaturas e pressões específicas, reage com água dentro de um reator. De acordo com Daniel Lopes, diretor comercial da Hytron, “estamos unindo a tecnologia brasileira pioneira da Hytron para demonstrar que o hidrogênio produzido do etanol possa ter um papel ainda mais relevante e de elevado impacto para a transição energética no País e no mundo”.

O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, presente à cerimônia que anunciou os primeiros passos da iniciativa, comemorou a vanguarda do projeto e questionou a viabilidade da transformação da mobilidade em veículos sem emissão abastecidos exclusivamente por eletricidade:

“Será que o caminho para a indústria automotiva é o [veículo] elétrico puro? Talvez não. Verifiquem o peso das composições elétricas no caso dos ônibus e a exigência de carregamento para os veículos comerciais. Talvez não faça sentido termos estes veículos, além de automóveis 100% elétricos. Por outro lado temos o etanol, o biometano e o hidrogênio verde. São alternativas que já estão prontas para descarbonizar a mobilidade”.

Ricardo Mussa, presidente da Raízen, sugeriu ao governador que este processo poderá ser acelerado, pois existem todas as condições para transportar o etanol até os postos de combustíveis já existentes. Basta comprovar a viabilidade técnica do reformador de etanol para a equação da matriz energética justificar essa rota livre de emissões.

Tarcísio de Freitas respondeu que o Estado de São Paulo tem todas as condições para sair na vanguarda da utilização do hidrogênio verde em sua matriz energética: “Basta a indústria automotiva definir a rota e seus investimentos em veículos que possam rodar com hidrogênio como combustível. Esses propulsores já estão desenvolvidos e sendo utilizados em outros países”.  

Ao longo do funcionamento da estação experimental os pesquisadores validarão os cálculos sobre as emissões e os custos do processo de produção de hidrogênio. Segundo Meneghini, do RCGI, a estimativa no momento é a de que o custo da produção de hidrogênio a partir de etanol seja comparável ao custo do hidrogênio de reforma do gás natural no contexto brasileiro. Já as emissões são comparáveis ao processo que realiza a eletrólise da água alimentada com energia elétrica proveniente de fonte eólica.

O Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras fará simulações computacionais para tornar o equipamento mais eficiente, identificando oportunidades de aperfeiçoamento e aumentando a taxa de conversão do etanol em hidrogênio renovável.

O hidrogênio produzido na estação abastecerá os ônibus Marcopolo, que circularão exclusivamente dentro da Cidade Universitária. Para testar o desempenho do hidrogênio a Toyota cedeu pelo período de um ano o primeiro veículo a hidrogênio do mundo comercializado em larga escala, cujas baterias são carregadas a partir da reação química do hidrogênio com o oxigênio na célula combustível, o Mirai.

Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, valorizou a vocação do Brasil com os biocombustíveis e o comprometimento da sua empresa com a descarbonização: “Fomos os primeiros a produzir no Brasil veículos híbrido-flex. Entendemos o hidrogênio verde como uma fonte de energia limpa e renovável, que tem um papel importante nos esforços para reduzir as emissões de CO2. A parceria neste projeto é o primeiro passo da empresa para testar o uso dessa nova tecnologia no País. Temos interesse e disposição para trabalhar em conjunto com o governo do Estado para tornar viável o transporte sustentável com uso do hidrogênio renovável a partir do etanol”.

Programa do governo também impulsiona venda de usados em julho

São Paulo – Foram transferidos 937,4 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus usados em julho, segundo dados da Fenabrave. O volume supera em 4,5% o balanço de junho e em 3,5% o total comercializado no mesmo mês do ano passado.

Nos primeiros sete meses de 2023 as vendas alcançaram 6,1 milhões de unidades, avanço de 5,1% frente a igual período em 2022.

Para o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, as MPs 1 175 e 1 178, que estabeleceram incentivos para a compra de veículos 0 KM, também impactaram as transações, principalmente, no segmento de leves usados, pois esses são geralmente usados como entrada na aquisição de um novo.

O comércio de automóveis e comerciais leves em julho somou 905,3 mil unidades, alta de 4,7% ante junho e de 3,9% em relação ao mesmo mês de 2022. Modelos com até três anos de uso representaram 10,5% do total comercializado no mês.

No acumulado do ano foram licenciados 5,9 milhões de veículos leves, 5,3% a mais do que de janeiro a julho do ano passado. Sua participação no total chega a 9,5%.

Audi atualiza linha elétrica com Q8 e-tron

São Paulo – Três anos depois de lançar o e-tron no Brasil a Audi importa a primeira atualização dos modelos, já com seu novo padrão de nomenclatura da linha 100% elétrica e a sua nova linguagem visual, com logotipo bidimensional em tonalidade fosca. Chegam às revendas o Q8 e-tron e o Q8 Sportback e-tron, com preços que partem de R$ 670 mil e R$ 700 mil, respectivamente, nas versões de entrada. Há ainda a opção da Performance Black, por R$ 682 mil e R$ 712 mil, além de ser possível por meio do programa de assinatura Audi Signature.

Segundo a Audi a partir de agora os lançamentos das linhas A e Q com número final par receberão motorização 100% elétrica, enquanto os modelos com dígito final ímpar terão motores a combustão ou híbridos.

Com a atualização o e-tron ganhou nova bateria, com mais 20% de capacidade comparada com o modelo anterior. E pode ser carregada de 10% a 80% em 31 minutos.

Receita líquida da Randoncorp soma R$ 2,8 bilhões no segundo trimestre

São Paulo – No segundo trimestre a receita líquida consolidada da Randoncorp alcançou R$ 2,8 bilhões, um panorama de estabilidade com relação a igual período no ano passado. O resultado, entretanto, é visto de forma positiva pela companhia quando se analisa o desempenho da produção de caminhões, que caiu em torno de 40%, e o cenário de crédito escasso e com juros altos.

De abril a junho o EBITDA consolidado avançou 22,8% e atingiu R$ 444,4 milhões. A margem EBITDA cresceu 2,9 pontos porcentuais, para 16%. O faturamento oriundo do mercado externo aumentou 15,8% e somou US$ 130,2 milhões – o equivalente a 23,2% da receita líquida consolidada.

A Randoncorp atribuiu o desempenho à estratégia de internacionalizar e diversificar seu portfólio e dos mercados de atuação das empresas do grupo. Recentemente foram adquiridas as operações da Hércules no segmento de semirreboques, e da Juratek, controlada pela Frasle Mobility, que adicionaram R$ 147,9 milhões de receitas no segundo trimestre. A DB, que compõe área de serviços financeiros e digitais da empresa, agregou R$ 28,1 milhões.

Cummins anuncia receita global de US$ 8,6 bilhões no segundo trimestre

São Paulo – A Cummins faturou US$ 8,6 bilhões em todo o mundo no segundo trimestre, 31% acima do mesmo período do ano passado. O resultado foi conquistado com o desempenho na América do Norte, que avançou 31% neste período, e pelas receitas internacionais, que cresceram 32% por causa da adição da Meritor e da demanda intensa na maioria dos seus mercados globais.

O lucro líquido foi de US$ 720 milhões, o equivalente a US$ 5,05 por ação. O desempenho ficou acima do período abril-junho de 2022, em que a companhia lucrara US$ 702 milhões, ou US$ 4,94 por ação. O valor já inclui custos associados à separação da Atmus, US$ 23 milhões, e também US$ 47 milhões de benefício do ajuste das reservas relacionadas ao período indefinido de suspensão das operações da empresa na Rússia.

O EBITDA, lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, foi de US$ 1,3 bilhão, ou 15,1% da receita. No segundo trimestre do ano passado o valor fora US$ 1,1 bilhão ou 16% das vendas.

A Cummins mantém sua orientação de crescimento da receita para este ano em 15% a 20%, principalmente por causa do desempenho na América do Norte. A expectativa é a de que o EBITDA encerre 2023 na faixa de 15% a 15,7%.

O processo de produção 4.0 da Renault em São José dos Pinhais

São José dos Pinhais, PR – A cada minuto um automóvel Renault é produzido na CVP, Curitiba Veículos de Passeio, unidade do Complexo Ayrton Senna em São José dos Pinhais, PR, que fabrica Captur, Duster, Kwid, Logan, Oroch e Stepway. 52 versões destes modelos saem da fábrica paranaense, inaugurada há 25 anos e que vem, nos últimos meses, recebendo diversas inovações para torná-la cada vez mais competitiva.

As inovações integram o investimento de R$ 3,1 bilhões, aplicados em dois ciclos: o primeiro, de R$ 1,1 bilhão, de 2021 a 2022, e outros R$ 2 bilhões até 2025. O processo, porém, começou bem antes, em 2016, quando todo o complexo, em uma área de 6 mil m², recebeu infraestrutura de wi-fi que permitiu a conectividade em toda a fábrica.

Foi o que a Renault chamou de início da jornada digital na fábrica, que culminará com toda a estrutura otimizada para a Indústria 4.0 e conectada em uma espécie de metaverso, uma réplica da unidade em ambiente virtual. Nele será possível avançar ou recuar no tempo nas simulações produtivas, além de poder identificar em tempo real eventuais problemas, ganhando tempo e reduzindo custos de desenvolvimento e de manutenção.

Hoje, de acordo com a empresa, 8,5 mil equipamentos, dos quais dos principais o índice chega a 100%, já estão conectados. Os fluxos de abastecimento monitorados permanentemente chegaram a 90% e 100% dos dados-chave de supply chain estão hospedados no Metaverso Renault, movimentando mais de um bilhão de dados por dia.

Ainda há trabalho para fazer, conta Vagner Mansan, diretor das fábricas CVP e CVU, a de veículos utilitários, também do Complexo Ayrton Senna, que produz a Master: “Até o fim do ano ampliaremos os processos escaneados, que hoje estão em cerca de 85%, para 99%. O objetivo é ter 100% da fábrica no metaverso”.

Números do Metaverso Renault

  • 700 robôs geridos em todo o complexo industrial
  • 26 mil imagens processadas diariamente por IA
  • 10 mil peças por ano impressas em impressoras 3D
  • 346 AGVs, veículos guiados automatizados

Estações inteligentes

Toda a linha de montagem é formada por estações de trabalho digitais, controladas por tablet. São 243 equipamentos que permitem a cada líder o controle de sua estação na palma da mão, podendo, inclusive, tomar decisões e resolver problemas remotamente.

As estações de trabalho são iniciadas pelos operadores e, a partir daí, o sistema monitora todas as etapas da produção e fornece informações relevantes, como qual veículo está passando pela estação, qual será o próximo e diversidades incomuns ao processo, dentre outras. Os operadores podem pedir ajuda e relatar problemas de qualidade que o líder recebe, imediatamente, a demanda e conta com o histórico para ajudar na tomada de decisão.

Tablets auxiliam líderes nas estações de trabalho. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault.

Antes da adoção dos tablets todos os relatórios do processo eram feitos em papel. Além de desperdiçar recurso financeiro e natural tomava tempo dos líderes no processo burocrático de preencher todos os formulários, sem falar no das equipes da qualidade que precisavam analisar todos esses dados – a companhia calcula que eram pelo menos 120 minutos diários desperdiçados. O processo deu resultado tão positivo que será expandido para outras áreas do Complexo Ayrton Senna, como a logística.

Ainda na linha de montagem soluções com a adoção de inteligência artificial foram aplicadas em locais específicos. Na área de powertrain, por exemplo, são pequenas câmaras que substituem os olhos humanos e tiram fotografias, enviam-nas para as nuvens e o sistema avalia se está tudo conforme. Em dois minutos o sistema identifica e, se necessário, solicita a correção, mantendo o fluxo. Antes o processo demorava muito mais e algumas falhas acabavam passando.

Câmaras registram os pormenores do processo na área de powertrain. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault.

Mais: as fotos ficam armazenadas em nuvem e podem ser acessadas pelo concessionário caso o cliente retorne com algum problema que, porventura, acabou passando batido. Segundo a Renault são processadas mais de 26 mil imagens por dia pela inteligência artificial.

Imagens são processadas por Inteligência Artificial. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault

Realidade virtual para treinamento 

Os operadores das linhas de montagem e de pintura são treinados em ambiente de realidade virtual. Modelos tridimensionais que podem ser manipulados virtualmente, com o uso de óculos de realidade virtual, são utilizados na capacitação dos funcionários, o que torna o processo de treinamento 100% seguro, sem os riscos expostos nas linhas de produção.

Da mesma forma, a tecnologia de gêmeo digital replica no ambiente virtual o universo real da linha de produção, permitindo ao operador visualizar o processo em tempo real e realizar alterações e simular processos de produção futuros.

Treinamentos são feitos com auxílio de óculos de realidade virtual. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault.

Outra tecnologia adotada no Metaverso Renault é a impressão 3D. Treze máquinas produzem peças para diversos fins, desde o auxílio na produção até protótipos de componentes de novos modelos. Um exemplo é uma espécie de capa para proteger uma peça importante dos AVGs, aqueles veículos guiados automaticamente que transitam pela fábrica: em caso de acidente, além do prejuízo de R$ 10 mil, é preciso esperar meses para que a peça nova chegue sob encomenda. Um projeto interno, feito pela equipe de oito pessoas da área, criou a capa de proteção para a peça, que ajuda a evitar acidentes e consequentes quebras.

É só um exemplo: no ano passado foram impressas na área mais de 10 mil peças.

Área de impressão 3D. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault.

Uma das melhores Renault do mundo

O presidente Ricardo Gondo disse que São José dos Pinhais está no Top 5 de fábricas da Renault no mundo. É a única da América Latina reconhecida pelo Fórum Econômico Mundial com o selo Farol da Quarta Revolução Industrial Avançada, que premia as fábricas referência em ações envolvendo a Indústria 4.0.

“Mesmo estando na vanguarda da tecnologia investimos mais para sermos mais competitivos”.

Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil

Dar continuidade a estes investimentos é uma prova de como a Renault encara o mercado brasileiro dentro de seus negócios globais. O Brasil é o seu terceiro principal, em termos de volume, só superado por França e Turquia. Foram vendidos 53 mil veículos no primeiro semestre, crescimento de 5,7% sobre o mesmo período de 2022.

Os AGVs, veículos guiados automatizados. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault.

Com o aporte de R$ 2,1 bilhões anunciado no ano passado foi aprovada, também, a implementação da moderna plataforma CMF-B, capaz de introduzir uma série de novos modelos, a começar por um SUV compacto que deverá chegar ao mercado em meados de novembro. Sobre ela serão produzidos também modelos híbridos flex, dando início ao processo de manufatura da eletrificação da Renault.

Processo este que Gondo diz acreditar ser um pouco diferente daquele corrente na Europa ou em demais mercados maduros: para ele a tecnologia híbrida tem condições de ser protagonista por aqui por mais vinte a 25 anos: “Até 2050 metade das vendas globais ainda será de veículos com motores a combustão”.

Próximos passos

Como adiantou o diretor de fábrica Vagner Mansan a meta é que 100% de todos os processos da fábrica estejam em ambiente virtual – hoje ele calcula que esteja na casa dos 85%: “Mas, dos principais, todos já estão conectados”.

Ele acredita na automação como ferramenta que vem ajudar a gerar emprego, e não o contrário. Mansan jura que nenhum dos 5,3 mil colaboradores está com seu cargo ameaçado pela tecnologia.

“Fui diretor da fábrica da Renault em Córdoba, na Argentina, há alguns anos, e lá estávamos no início do processo. Tivemos fortes discussões com o sindicato mas, após apresentarmos os projetos e apurarmos os primeiros resultados, acabamos com a resistência. Hoje o caminho é oposto: o próprio sindicato vem nos pedir para colocar mais tecnologia no processo produtivo.”

Vagner Mansan, diretor das fábricas CVU e CVP

Segundo ele Córdoba será uma das próximas unidades Renault a receber tecnologias 4.0. Não sem antes concluir o processo de São José dos Pinhais, unidade pela qual nutre grande carinho: Mansan costuma dizer que quando pisou lá pela primeira vez, há 25 anos, era tudo terra e mato. E, um quarto de século depois, tornou-se uma das mais modernas fábricas automotivas do mundo. 

Com o gêmeo digital processo é acompanhado em tempo real. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault.