IQA busca identificar necessidades de certificação dentro da eletrificação

São Paulo – Reeleito diretor presidente do IQA, Instituto da Qualidade Automotiva, Claudio Moyses relatou que a eletrificação é tema que a entidade acompanha de perto pois, embora muito dessa tecnologia ainda seja importado, e o governo brasileiro, junto às montadoras, ainda debata questões de padronização, sua presença no mercado brasileiro apresentou crescimento importante no último ano e meio.

Nos últimos dois anos o instituto vem trabalhando com o Inmetro na questão da infraestrutura da qualidade, sobre possíveis formas de provê-la, seja com laboratórios, normas ou regras. Existe, na sede do IQA, um canal automotivo da ABNT, Associação Brasileira de Normas e Técnicas, o ABNT/CB – 005, em que profissionais do setor ficam alocados para dar todo o suporte necessário.

“O treinamento é muito importante para lidar com a eletrificação. Como vou atender na rede veículos eletrificados? Estou preparado? Qual o risco para os profissionais que farão a manutenção? É fundamental garantir a segurança dos envolvidos.”

Para Alexandre Xavier, superintendente do IQA, baterias serão um dos principais pontos da eletrificação que exigirão cuidado com a certificação

O exemplo mais direto são as baterias. Seja sob o ponto de vista de segurança ou da destinação da sua reciclagem, ressaltou Alexandre Xavier, superintendente do IQA:

“Com certeza regulamentações e certificações serão necessárias para aspectos de segurança do consumidor, proteção contra impactos ambientais e mesmo dentro da lógica de concorrência leal de mercado”.

Além disso, é importante garantir que todos os concorrentes que atuarão no mercado brasileiro tenham a qualidade mínima em alinhamento com referências internacionais: “Isto é importante também para que tenhamos competitividade das empresas brasileiras dentro e fora do nosso território”.

Moyses afirmou que as montadoras puxarão os investimentos e, a exemplo da Stellantis, que vai optar pela localização, haverá componentes que a cadeia local terá a possibilidade de desenvolver:

“Será um processo de transição, pouco a pouco, sempre olhando para esta trilha tecnológica. No começo deverá haver muita coisa relacionada a etanol e veículos híbridos mas, depois, virão as células de combustível. As oportunidades aparecerão. Por isto os fornecedores terão que se preparar, principalmente capacitando profissionais e abrindo-se ao novo. Para isto o IQA está trabalhando. Independentemente da tecnologia”.

Em novo mandato no IQA, Claudio Moyses foca em inovação e ESG

São Paulo – Em seu novo mandato à frente do IQA, Instituto da Qualidade Automotiva, o engenheiro mecânico Claudio Moyses, que também é gerente sênior de qualidade da Stellantis, está focado em assuntos que farão cada vez mais parte do dia a dia das fabricantes de veículos e de toda a cadeia de suprimentos, rede de concessionários e oficinas mecânicas. Tratam-se de temas que vêm pautando o futuro – e o presente, quando se fala de empresas de maior porte – do setor e que serão partes fundamentais da qualidade automotiva nos próximos anos, como descarbonização, sustentabilidade e transformação digital.

Tudo isto, segundo Moyses, sustentado pela educação, pois tão importante quanto se se preocupar com estes temas e se qualificar para provê-los é capacitar os profissionais que estarão imersos nessa nova realidade:

“Mesmo com o IQA sendo uma entidade sem fins lucrativos temos também de ser sustentáveis e desenvolver novos negócios. Precisamos sempre melhorar nossa competitividade e levá-la a toda a cadeia, incluídos concessionários e mecânicos, na forma de soluções frente às necessidades detectadas”.

Os desafios, portanto, vão além de ampliar a quantidade de fornecedores certificados em processos necessários para atender a uma montadora ou para exportar seus produtos. Passam também pela acreditação para oferecer qualificações que, muitas vezes, só existem no Exterior, e desenvolver, com atores locais, treinamentos em linha com esses temas.

Na diretoria executiva do IQA desde 2018, em 2020 Moyses assumiu interinamente a presidência e, em 2021, foi eleito. Agora ele realizará trabalho de continuidade ao ter sido reeleito para nova gestão que se estende até 2025.

Quanto à sustentabilidade o dirigente contou que o instituto detectou a importância de apoiar essa questão há mais ou menos dois anos, frente à maior disseminação da agenda ESG, e optou por se aprofundar no assunto, o que gerou nova área dentro do IQA, o IQADS. “Alinhados com os ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável], da ONU [Organização das Nações Unidas], trabalhamos desde o diagnóstico, a materialidade, os relatórios, toda a parte de sensibilização e conscientização, treinamentos e projetos especiais, até o compartilhamento de boas práticas.”

O dirigente contou que durante o período de discussão sobre como auxiliar à propagação da sustentabilidade as primeiras reações do mercado foram a de que esse não seria um assunto para qualidade:

“Todos gravam muito somente a questão ambiental. Mas o que aprendemos é que a parte mais importante é a governança, onde está incluído o sistema de qualidade. A própria ISO vem discutindo revisão das normas de certificação, já incluiu gestão de riscos e, agora, está olhando para a sustentabilidade”.

O IQA está desenvolvendo plataforma online que pode gerar diretamente estes relatórios, com o objetivo de evitar casos de greenwashing e socialwashing. O lançamento está previsto para o fim de agosto e, por enquanto, não foram divulgados pormenores da iniciativa.

Moyses contou que já operaram com duas empresas acerca desse tema. Para uma delas a interface do IQA foi acionada para a escola de manufatura de um fornecedor que queria trabalhar diretamente com comunidade próxima à empresa, a fim de buscar jovens em fase escolar interessados no ramo e assim formar novos colaboradores. O outro caso é com montadora que solicitou apoio do IQA para desdobrar a questão do desenvolvimento sustentável na cadeia de fornecedores:

“Estamos desenvolvendo plataforma, temos um projeto de dois anos com a fabricante. É o famoso escopo 3 da ESG.”

Instituto está focado em desenvolver novos negócios a fim de tornar-se mais competitivo

Temas tecnológicos ganharam área específica dentro do instituto

Com relação à transformação tecnológica a entidade também possui um braço específico para isso, o IQMX, que significa inovação, qualidade, mobilidade e experiência, e que busca diversas referências internacionais.

“O grande desafio da tecnologia é a questão da mudança cultural e das pessoas, ponto este que o IQA tem trabalhado de forma bastante focada. Além de olhar para metodologias, olha para pessoas também. Estamos desenvolvendo projeto com a academia em que traremos todos os treinamentos para esta área de solução digital para que possamos ter metodologias ágeis, desenvolvimento de cultura e visão de mentoria para os profissionais da qualidade.”

O dirigente ressaltou que o objetivo é buscar adaptar as ofertas do IQA para toda a cadeia, a fim de agregar valor, pois não adianta desenvolver um projeto custoso que talvez as montadoras acompanhem, mas não os fornecedores nem os concessionários.

Moyses propôs a transferência de tecnologia para empresas do setor a fim de que se tornem mais competitivas, uma vez que esse caminho é mais viável do que desenvolver algo do zero no País.

Quanto à questão de conectividade contou que o IQA está trabalhando com a Anatel a fim de desenvolver certificação para os carros conectados, com o objetivo de trazer maior segurança à questão dos dados. Ainda nesta questão o instituto oferece certificação local sobre segurança cibernética, chamada Tisax, desenvolvida com a alemã Dekra.

Veículos comerciais usados têm valorização recorde

São Paulo – A nona edição do Selo Maior Valor de Revenda – Veículos Comerciais, pesquisa anual realizada pela Agência AutoInforme que monitora a variação de preços de caminhões e utilitários com três anos de uso, apontou valorizações recordes no período. Do total de 99 veículos avaliados 95 registraram índices positivos, a grande maioria com valorização acima de 10% e, não raro, de mais de 30%. Apenas quatro tiveram depreciação.

Os dois grandes campeões de valorização deste ano foram o caminhão leve Mercedes-Benz Accelo 1016, que em três anos teve aumento médio de preço de impressionantes 50,8% na comparação com o valor de aquisição do mesmo modelo 0 KM em junho de 2020, e a camioneta de carga Kia Bongo K2500, na categoria de utilitários, que teve ganho de 48,3% em seu valor de revenda no mesmo período monitorado.

Mercedes-Benz Accelo 1016: caminhão leve é o veículo comercial mais valorizado do mercado após três anos de uso, com valorização de quase 51% na comparação com o preço do mesmo modelo zero-quilômetro em junho de 2020.

Na categoria de utilitários, de carga e passageiros, os doze modelos usados mais valorizados do mercado, em quatro segmentos, tiveram variação positiva de preços de 14,9%, caso do Citroën Jumpy Furgão, aos 48,3% do Kia Bongo. E dentre os 21 caminhões mais valorizados da pesquisa, em sete segmentos, a menor variação foi de 17%, caso do pesado Scania R450 6×2, e chegou aos quase 51% do Mercedes-Benz Accelo 1016.

Kia Bongo: o utilitário mais valorizado do Selo Maior Valor de Revenda 2023, com apreciação de 48,3% após três anos de uso.

Segundo Joel Leite, diretor da AutoInforme e organizador da pesquisa, o principal fator que motivou valorizações tão elevadas, muito acima da inflação do período e de quaisquer das aplicações financeiras mais bem remuneradas do mercado, foi o aumento expressivo de preços dos veículos comerciais 0 KM.

No caso dos que têm motorização diesel – quase todos – os veículos ficaram de 20% a 30% mais caros devido à adoção de motores Euro 6, necessários para cumprir os limites de emissões da atual fase do Proconve, o programa brasileiro de controle de gases poluentes veiculares, em vigor desde 2022 para veículos leves e este ano para os pesados.

Para formar o índice de valorização/desvalorização desta edição do Selo Maior Valor de Revenda – Veículos Comerciais foram considerados os preços médios dos modelos 0 KM praticados em julho de 2020 e seus correspondentes após três anos de uso, em junho de 2023, geralmente o prazo médio de substituição para fins de renovação de frota.

Veja abaixo os caminhões e utilitários mais valorizados do mercado:

Ram inicia as vendas da Rampage em sua rede

São Paulo – Na noite de quinta-feira, 17, as 115 concessionárias Ram espalhadas pelo Brasil iniciaram as vendas da Rampage, o primeiro modelo da marca projetado e produzido fora dos Estados Unidos. Durante a pré-venda, segundo Éverton Kurdejak, seu vice-presidente de operações para o Brasil, mais de 7 mil unidades foram encomendadas –  e começam a ser entregues a seus compradores agora.

Disse o executivo que a versão R/T, topo de linha, registrou demanda acima do esperado: “Até o fim do mês negociaremos as 3,5 mil unidades da R/T projetadas para todo o ano. Estamos tentando ampliar a produção em Goiana, PE, mas temos algumas dificuldades com alguns fornecedores por causa de alguns componentes específicos.”

Segundo ele a expectativa é a de que sejam vendidas 20 mil Rampage em todo este ano: “Só hoje, no dia da chegada da Rampage às concessionárias, esperamos que mais 1,5 mil sejam vendidas”.

Kurdejak conversou com a reportagem da Agência AutoData na terceira Ram House, a concessionária-conceito da marca, na avenida Europa, em São Paulo. Parte do Grupo Europamotors, integra a Ram ao corredor conhecido por reunir diversas concessionárias de luxo em São Paulo. Outras duas unidades deverão ser abertas até o fim do ano.

“Estamos adiantando os nossos planos. Trinta casas que estavam previstas para serem abertas em 2025 serão antecipadas para o ano que vem.”

Ainda sem contabilizar volumes da Rampage a empresa registrou, até a noite da quinta-feira, 17, mais de 5,8 mil licenciamentos, o que supera em 16% todo o volume comercializado em 2022.

Grupo Electrolux adota caminhão elétrico equipado com placas fotovoltaicas

São Paulo – O Grupo Electrolux começou a realizar as entregas dos seus produtos eletrodomésticos com um caminhão elétrico que pode ser abastecido com energia solar. O veículo foi desenvolvido pela Hitech Electric e será usado pela transportadora Ecolog, com projeção de realizar 450 entregas por mês, reduzindo a emissão de CO2 em mais de 18,7 toneladas por ano, se comparado com um caminhão a combustão. 

O caminhão da Hitech Electric possui bateria da WEG de 15,7 kWh ou 31,4 kWh, dependendo da quantidade de packs. O tempo de recarga na tomada de 110 v é de cinco horas e se o veículo ficar exposto ao sol de dez a doze horas consegue recarregar 20% da sua bateria graças a uma placa fotovoltaica de 400W de potência no teto.

BYD lança a marca Fangchengbao

São Paulo – A BYD apresentou sua nova marca global, a Fangchengbao, e o SUV híbrido BAO 5, o primeiro modelo. Os veículos da marca serão produzidos sobre a inédita plataforma híbrida DMO, Dual Mode Off-Road. O BAO 5 será exposto no Salão de Chengdu, na China, este mês, junto com os conceitos BAO 8 e BAO 3.

A intenção da BYD é ter uma marca exclusiva e, para isto, além da nova plataforma, desenvolveu rede própria de fornecimento e usará todo seu conhecimento para produzir veículos personalizados.

Rede de serviços Point S chega à cidade de São Paulo

São Paulo – A rede de centros automotivos Point S, com presença em 52 países, que começou a operar no Brasil em 2022, em Recife, PE, e em Vitória, ES, inaugurou sua primeira loja na cidade de São Paulo. A unidade já está operando desde a segunda-feira, 14, e faz parte de projeto de expansão, que pretende dispor de duzentas lojas no País até 2025, com investimento de R$ 175 milhões.

O portfólio da Point S oferece uma série de serviços aos clientes, assim como pneus e diversas peças.

Novos consumidores valorizam sustentabilidade e origem de materiais

São Paulo – As novas gerações de consumidores têm demonstrado maior preocupação com sustentabilidade quando o assunto é a compra de um carro 0 KM. Os chamados millenials, nascidos de 1981 a 1995, ou seja, que têm de 28 a 42 anos, dão mais valor a veículos que sejam mais amigos do meio ambiente. Para 87% deles essa é uma prioridade, enquanto que para a geração X, ou seja, pessoas nascidas de 1965 a 1980, que têm de 43 a 58 anos, o porcentual cai para 78%. Para os baby boomers, que nasceram de 1945 a 1964, e portanto têm de 59 a 78 anos, vai a 76%.

É o que aponta pesquisa sobre o ecossistema automotivo realizada pela Zebra Technologies em âmbito global, em que foram entrevistadas 1,3 mil pessoas, tomadoras de decisão, gerentes de frota e consumidores. O estudo foi divulgado em primeira mão para a Agência AutoData.

Ao considerar apenas as respostas de participantes da América Latina o estudo mostra que na região esta preocupação é prioritária. Oito de cada dez respondentes que moram no Brasil, na Argentina e no México assinalaram que sustentabilidade e respeito ao meio-ambiente são prioridades-chave em suas decisões de compra, assim como no leasing de veículos. Junto a gerentes de frota o porcentual é ainda maior e chega a 87%.

Embora 72% das montadoras reconheçam que os consumidores esperam opções de veículos não só mais sustentáveis como também personalizadas, seis de cada dez das instaladas na região admitem que é difícil acompanhar as crescentes demandas por customização. Para 79% dos consumidores, no entanto, as opções individualizadas influenciam a decisão de compra do veículo, porcentual que sobe a 87% quando o grupo é de gerentes de frota.

Quanto à compra ou à locação de um veículo, 81% dos consumidores e 86% dos gestores de frota indicam que desejam saber a origem de seus materiais e peças. Na América Latina os números chegam a 89% dos consumidores e a 85% dos gestores de frota. Da mesma forma 80% dos consumidores latino-americanos também expressam preocupação com o uso de dados coletados em seus veículos.

Em geral sete em cada dez gerentes da indústria automotiva concordam que a transformação digital é prioridade estratégica para sua organização. Nos próximos cinco anos, na região, planejam expandir o uso da tecnologia sendo 48% focados em manufatura aditiva e impressão 3D e 37% em soluções de planejamento da cadeia de suprimentos. Globalmente estes porcentuais são de 45% e 46%, respectivamente.

Como resultado desta demanda 75% das montadoras reconhecem que uma das prioridades é estabelecer parcerias estratégicas com empresas de tecnologia para sua próxima geração de produção.

Transparência é palavra de ordem daqui para frente

Segundo Rodrigo Serafim, gerente de parceiros da Zebra Technologies no Brasil, os consumidores exigem cada vez mais transparência. Eles querem saber quais são os produtos utilizados na composição do carro, se esses materiais têm origem sustentável, e entender como o carro foi produzido do início ao fim.

“Esta é uma indagação muito mais evidente entre os millennials, em que oito a cada dez se preocupam com essa causa. Para geração X e baby boomers o número cai para sete em dez.”

Com relação à preocupação de saber se a fonte dos materiais é sustentável 84% dos millenials a têm, e 78% na geração X e 77% dos baby boomers também a compartilham. Quanto a entender como esse veículo é produzido quase 90% dos millenials possuem essa curiosidade, porcentuais que caem para 76% na geração X e 72% nos baby boomers.

Serafim ressaltou que o consumidor deseja personalizar o carro, compactuando com o que pensa, e da mesma maneira precisam estar alinhados também o material usado, a tecnologia embarcada, o que traz o computador de bordo, quais sensores possui, e não somente o automóvel em si.

“A sustentabilidade está muito inserida e discutida na sociedade, o que a tem colocado no centro das decisões corporativas. Frente a isto as empresas produtoras estão empenhadas em trazer cada vez mais este tipo de informação, estão entendendo que existe uma tendência do consumidor de priorizá-la. Também preocupam-se com a adequação ambiental, se o veículo emite menos poluentes, qual a forma de propulsão.”

A cada dez tomadores de decisão das montadoras oito possuem como prioridade a sustentabilidade de emissões, processos e pessoas, ou seja, os três pilares do ESG.

Maior adesão a veículos híbridos está no horizonte de cinco anos

São Paulo – Na hora de comprar um carro novo, o maior interesse do consumidor em aspectos que demonstrem sustentabilidade na origem dos materiais usados e nos processos produtivos reflete também na preocupação com a forma de propulsão dos veículos, visando a preservação do meio ambiente e o avanço à descarbonização.

Segundo pesquisa sobre o ecossistema automotivo realizada pela Zebra Technologies em âmbito global, em que foram entrevistadas 1,3 mil pessoas, dentre tomadores de decisão, gerentes de frota e consumidores do setor, divulgada com exclusividade à Agência AutoData, o interesse em veículos eletrificados até 2027 é significativo, e demonstra-se mais expressivo entre os millenials, nascidos entre 1981 e 1995 e que têm entre 28 e 42 anos.

Quando perguntados sobre a intenção de adquirir carros híbridos plug-in em um intervalo de cinco anos, enquanto essa é uma opção para 45% dos millenials, o porcentual cai à metade para os baby boomers, nascidos entre 1945 e 1964 e que têm de 59 a 78 anos, com 21%. Dentre integrantes da Geração X, que nasceram entre 1965 e 1980 e, portanto, têm de 43 a 58 anos, 35% cogitam a alternativa.

Quanto aos outros tipos de híbridos, que recarregam a partir da frenagem dos veículos, eles são considerados para 58% dos millenials, para 50% dos baby boomers e 49% da geração X. Em relação aos puramente elétricos, integrantes da geração X foram os que mais demonstraram interesse, 29% do total, enquanto que entre os millenials, 27%, e os baby boomers, 22%.

De acordo com Rodrigo Serafim, gerente de parceiros da Zebra Technologies no Brasil, a preocupação do consumidor, de forma global, envolve a infraestrutura de postos de carregamento, segurança de dados e do próprio veículo.

Existe o desejo de fazer upgrades que o carro tradicional ou o modelo tradicional de venda não permitem. Assim como a preocupação em sair de casa e conseguir chegar ao destino por ter como fazer a recarga do veículo.”

Em relação à intenção de adquirir veículo com motor à combustão interna no horizonte de cinco anos, essa é a alternativa que conta com maiores porcentuais, em todos os recortes geracionais. Trata-se de opção para 53% dos millenials, 50% dos da geração X e 40% dos baby boomers.

Dentro do recorte da América Latina 61% dos consumidores de diversas faixas etárias indicam que sua preferência futura é por um veículo híbrido – o que está em linha com as apostas da região, principalmente do Brasil, em oferecer opções fabricadas localmente com esse tipo de propulsão, como forma de transição à eletrificação.

Ao mesmo tempo, 71% dos responsáveis pela indústria automotiva afirmam estar sob grande pressão para produzir veículos movidos a bateria e, 76%, sentem-se pressionados a oferecer mais produtos ecológicos, sustentáveis e seguros para o meio ambiente.

Desafios na cadeia de suprimentos passam pela tecnologia

Um dos maiores desafios para promover essa transição, além do custo elevado dos produtos, é a adaptação da cadeia de suprimentos local. São demandados componentes mais avançados tecnologicamente, o que hoje é concentrado em poucos fornecedores.

Serafim destacou que para evitar a saia justa provocada pela mais recente crise do setor, de semicondutores, atualmente as empresas estão comprando o mesmo produto de cinco ou seis fornecedores. “Há uma complexidade muito maior, porque é preciso que todos eles sejam muito qualificados, que adotem métodos de fabricação que a empresa entenda que são aceitos dentro do que preserva com relação à comunicação para o mercado.”

O investimento em tecnologia, que permite às companhias fazer mais com menos, é cara, muitas vezes, mas, ao menos, hoje é factível, avaliou o executivo: “É algo escalável. Algumas montadoras têm subsidiado seus sistemistas. Porque todo o setor está preocupado”.

Estão incluídos tecnologia de digitalização de processos, como rastreabilidade de produtos sem fio, por rádio frequência a partir de etiquetagem eletrônica, por exemplo, a fim de evitar retrabalho, o que também pode ser feito por meio de câmeras distribuídas na fábrica em pontos estratégicos que podem identificar produto fora do padrão, e robôs autônomos para auxiliar a mão de obra que já existe.

“Nas empresas menores geralmente é o dono que vai atrás de tudo. Não tem setor de TI. Mas existe a preocupação de, por exemplo, como implantar a rastreabilidade do processo, saber onde estão as peças, que horas chegarão. Não dá para a montadora ficar uma hora parada porque não recebeu determinado material.”

Serafim apontou que essas são preocupações compartilhadas por todos, e que vão ditar o ritmo das transformações na América Latina e no Brasil. Pois, segundo ele, esse cenário não é mais uma tendência, mas uma realidade.

“Nós atendemos montadoras no Brasil e no mundo e uma grande preocupação delas é a rastreabilidade desde o momento que eles recebem os materiais para fabricarem seus produtos e consigam fornecer o tempo real de fabricação.”

O executivo assinalou que isso inclui até mesmo o momento do pós-venda do veículo. Que quando o cliente chega na concessionária para fazer manutenção preventiva é preciso que o estabelecimento já tenha acesso às informações do carro, como qual a quilometragem, quais os últimos itens verificados e ajustados e os que precisam de revisão naquele momento. “Isso tudo demanda muita tecnologia nos processos. E trará impacto grande no ecossistema automotivo.”

Cada país tem suas peças do lego da descarbonização

São Paulo – Cada país ou região tem suas peças de lego da descarbonização para montar. Alguns serão mais parecidos e outros menos mas é certo que o Brasil, por ser privilegiado em fontes renováveis de energia, tem mais opções. As rotas da mobilidade sustentável sem emissão de CO2 foram debatidas no último painel do trigésimo Simea, Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva. Representantes da Aneel, Abegas, Petrobras, BE8 Energy, Unica e Giz Brasil trouxeram as suas impressões.

Maria Izabel Ramos, gerente de mercados de carbono da Petrobras, disse que cada país possui peças de lego diferentes, com a mesma missão de montar uma casa. Ao final cada um terá uma casa diferente, com algumas mais parecidas e outras menos: “O problema é o mesmo para todos: como promover uma matriz limpa, Mas cada país terá um caminho para chegar até lá”.

O presidente e CEO da Unica, União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, Evandro Gussi, usou a mesma analogia do tradicional brinquedo de origem dinamarquesa. Na sua opinião o Brasil recebeu uma caixa com peças de lego muito boas, pois possui diversas matrizes energéticas limpas. Gussi acredita que no País a discussão não será por uma ou outra rota: “Vamos discutir como fazer isso e aquilo, não optar por uma das soluções. Todos os setores devem trabalhar em conjunto”.

Representante do setor de geração de energia elétrica no País, a Aneel, Agência Nacional de Energia Elétrica, aposta na cooperação entre os setores para o desenvolvimento das novas tecnologias. Pedro Mello Lombardi, gerente de distribuição da agência, acredita que o setor estará pronto para atender a maior demanda por energia com o avanço dos veículos elétricos: “As empresas do nosso setor estão acostumadas com grandes investimentos para expandir sua operação, sempre olhando muitos anos para frente, e conforme as novas tecnologias chegarem conseguiremos oferecer a energia necessária”.

Representando o setor de gás no Brasil, Marcelo Mendonça, diretor de estratégia e mercado da Abegas, Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado, disse que o gás natural e o biometano farão parte da transição energética no Brasil, lembrando que o gás natural já é usado em mais de dois milhões de veículos: “Agora estamos falando desse combustível para os veículos pesados e, quando olhamos para esse segmento, as novas soluções deverão ser compartilhadas, com trabalho em conjunto, para que todas as matrizes energéticas se complementem”.

Como exemplo desse futuro eclético, já temos empresas que estão trabalhando em diversos tipos de combustíveis renováveis para o futuro a curto, médio e longo prazo. É o caso da BE8 Energy, que trabalha como foco em diversos biocombustíveis, de acordo com o seu superintendente de estratégia e novos negócios, Camilo Adas:

“Temo duas plantas de biodiesel e projetos com HVO para pesados e SAF para aviões, que pode ser feito na mesma unidade do HVO. Para resolver uma demanda por etanol no Rio Grande do Sul, que não tem o combustível em muitos postos por causa do alto custo de logística, vamos construir uma planta para produzir etanol de trigo com preço competitivo”.

A BE8 Energy também está envolvida com projetos de hidrogênio, mesmo caso da Giz Brasil, empresa ligada ao governo da Alemanha que trabalha em cooperação com o governo brasileiro, investiu 34 milhões de euros no País para o desenvolvimento do hidrogênio verde. Bernd dos Santos Mayer, coordenador deste projeto no País pela Giz Brasil, disse que os trabalhos estão previstos para acabar até o final do ano:

“Temos cinco equipes no Brasil. Na semana passada inauguramos um laboratório no Rio de Janeiro para produzir hidrogênio verde que será testado em bicicletas usadas em entregas. Semana que vem vamos inaugurar um laboratório de cinco andares em Florianópolis e mês que vem mais um em Itajubá”.