Produção argentina de veículos corre risco de parar na semana que vem

São Paulo – Em meio ao momento delicado de crise pelo qual atravessa a Argentina, um dos maiores parceiros comerciais automotivos do Brasil, segue a forte restrição à entrada de produtos importados devido à escassez de dólares. Tratam-se, no entanto, de itens essenciais para a fabricação local, caso de partes e peças de veículos, e de modelos que não são produzidos em território argentino, focado em picapes.

Segundo Dante Sica, ex-ministro da produção argentina, especialista na indústria automotiva e diretor da consultoria Abceb, afirmou durante o 5º Congresso Latino-americano de Negócios do Setor Automotivo, realizado por AutoData, como não há dólares suficientes para seguir importando os terminais que recebem mercadorias estrangeiras estão dificultando a entrada de produtos e insumos, o que afetará as indústrias:

“Há peças somente para cobrir esta semana e não há autorização para o ingresso de mais partes. O que pode desencadear problemas de produção na semana que vem”.

Sica pontuou que a forte restrição da oferta é agravada frente ao fato de que as montadoras precisam decidir se utilizam os poucos dólares que possuem para importar partes e peças de que necessitam para produzir ou para importar veículos para completar a oferta de portfólio.

A Argentina vive cenário de inflação nas alturas, na casa de 120% ao ano, de escassez de dólares e forte restrição às importações, com limitação da concessão de liberação da entrada de produtos de outros países e extensão do imposto PAIS, Para uma Argentina mais Solidária, com alíquota de 7,5%, aos veículos e autopeças de fora, inclusive do Brasil.

E embora essas restrições, em teoria, privilegiem a produção local, o especialista ponderou que há uma distorção do ponto de vista produtivo, em portfólio composto majoritariamente por veículos comerciais, principalmente picapes, ao mesmo tempo em que há poucos veículos à disposição.

Pagos em dólares veículos são vistos como refúgio de valor

Sica contextualizou que, além da pouca oferta, a demanda por veículos é elevada justamente no momento de crise porque na Argentina os bens duráveis, em especial os veículos, são vistos como um refúgio de valor.

“Os veículos não são demandados somente para serem utilizados como meios de transporte e de consumo para as indústrias, para o setor de logística, e para os consumidores pessoa física, num processo de renovação da frota. Em um momento de tanto desequilíbrio o carro, vendido em dólares, em vez de perder valor conforme o tempo passa mantém seu valor em dólares, e aí está o refúgio.”

Tanto que o potencial do mercado automotivo argentino seria muito maior não fosse a menor disponibilidade de veículos. O consultor assinalou que haveria potencial de chegar a 600 mil unidades, em vez das 450 mil projetadas. E esse “mercado anormal”, como classificou, é movimentado por vendas a vista, em que de 60% a 70% dos negócios são feitos em dinheiro: “Vivemos em uma economia que tem se sustentado sem crédito”.

Quanto à recuperação tanto da economia como da oferta de empréstimos Sica acredita que deva ficar para 2025, assim como a normalização da produção e da demanda a partir da liberação de compra e venda de divisas e retomada de maior volume de importações, inclusive do Brasil.

No momento o país se prepara para eleições presidenciais e, em sua ótica, somente a partir do terceiro ou quarto trimestre de 2024, que será um ano de transição, é que deverá haver melhora dos indicadores econômicos com a redução da inflação e a consolidação das questões fiscais.

Para a Iveco a América Latina é prioridade

São Paulo – Considerado pela matriz em Turim, Itália, promissor pelo potencial de crescimento de volume e de participação dos veículos Iveco o mercado latino-americano é colocado como prioritário dentro da operação da companhia, presente na região há mais de cinquenta anos. Por esta razão investe R$ 1 bilhão no Brasil e na Argentina, onde mantém fábricas, segundo afirmou seu diretor comercial Carlos Tavares, que participou do 5º Congresso Latino-americano de Negócios do Setor Automotivo, organizado por AutoData.

Os olhos da matriz se viraram para a América Latina pelo potencial de mercado e pelo contexto da Europa, região sem grandes expectativas de crescimento de vendas e com forte competição. Ainda que, em muitos países da região latina, existam crises econômicas, políticas e constante instabilidade: “Chegamos à Argentina há 54 anos. Passamos por diversos presidentes, de diferentes visões políticas e econômicas, e continuamos por aqui. Então temos conhecimento do potencial e das peculiaridades da região”.

A partir de Brasil e Argentina, onde produz em Sete Lagoas, MG, e em Córdoba, a Iveco tem como objetivo ampliar seu volume de exportações das atuais cerca de 2 mil unidades para 5 mil em 2026: “De 2019 a 2023 já expandimos em 40% o volume das exportações. Apesar do cenário político e econômico conturbado em boa parte dos mercados mantemos equipe muito bem preparada, que conhece a região e tem conseguido navegar nestas dificuldades”.

O grande salto da Iveco, segundo Tavares, será dado a partir do seu novo caminhão pesado S-Way. Ele admite que o portfólio, especialmente nesta faixa de mercado, estava defasado, motivo que levou a empresa a apostar suas fichas no novo modelo.

“No Brasil o segmento pesado responde por mais de 60% das vendas. Vencendo neste mercado, com um produto de qualidade, temos condições de avançar nos demais países da região.”

Nos últimos anos a Iveco expandiu sua presença na América Latina nomeando distribuidores e abrindo escritórios. O objetivo, segundo Tavares, é seguir ampliando a distribuição para alcançar a meta de 5 mil unidades vendidas, a qual considera conservadora: “Temos potencial para fazer mais”.

Iveco apresenta oportunidades de nacionalização de componentes

São Paulo – Em torno de 40% das peças usadas nos caminhões e ônibus Iveco vendidos na América Latina são importadas, segundo seu diretor comercial Carlos Tavares. Há, portanto, um bom espaço para avançar no processo de nacionalização de peças e componentes, um dos pontos prioritários para a companhia nos próximos anos.

Na segunda-feira, 11, a Iveco e o governo de Minas Gerais anunciaram união de forças para impulsionar a atração de novos fornecedores ao Estado. O governador Romeu Zema esteve em visita oficial à Itália e foi à sede da Iveco, em Turim, na companhia de Márcio Querichelli, presidente da Iveco América do Sul. No dia seguinte, com apoio da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado e da Invest Minas, foram apresentadas oportunidades de investimento a empresas fornecedoras de componentes automotivos da Itália.

A fábrica da Iveco no Brasil fica em Sete Lagoas, em torno de 70 quilômetros distante da Capital. Naturalmente Minas Gerais surge como local potencial para a instalação de novos fornecedores – e a companhia busca de diversos portes e de diferentes peças.

“Desde eletrônicos a componentes de manutenção básica temos oportunidade em diversas áreas de manutenção”, disse Tavares, durante o 5º Congresso Latino-americano de Negócios da Indústria Automotiva, organizado por AutoData. “Por incrível que pareça ainda importamos algumas peças de manutenção básica. Com exceção de peças estruturais metálicas, temos muitas oportunidades, tanto para o pós-venda como para o fornecimento OEM.”

No ano passado, segundo Tavares, a empresa realizou reunião com 120 empresas na qual foram expostas as janelas de opções: “Esta janela é grande. Nossa área de compras está focada nisso”.

O próprio desempenho da Iveco no mercado brasileiro e sul-americano colabora: nos últimos três anos a empresa dobrou sua participação de mercado no Brasil, atualmente em 10,5%. Na Argentina chega a quase um terço das vendas. E, segundo Tavares anunciou no Congresso Latino-americano, a ideia é mais do que dobrar as exportações aos demais países da região até 2026.

Jeep confirma chegada do Grand Cherokee híbrido plug-in

São Paulo – A Jeep anunciou a importação da quinta geração do SUV Grand Cherokee sobre a plataforma eletrificada 4xe. A versão vendida no mercado brasileiro será a híbrida plug-in, de acordo com a empresa.

Apresentado em 1992 o Grand Cherokee chegou ao Brasil dois anos depois. As quatro gerações foram vendidas no mercado local, sempre importadas.

A data de lançamento ainda não foi informada: segundo a Jeep, será “muito em breve”. Mas um teaser foi divulgado na quarta-feira, 13. Veja:

Volkswagen celebra resultados obtidos no The Town

São Paulo – A Volkswagen celebrou os resultados conquistados como patrocinadora oficial do The Town, festival musical realizado em São Paulo que recebeu cerca de 500 mil pessoas em cinco dias no Autódromo de Interlagos. Nas contas da empresa a marca conquistou 7 mil novos seguidores no Instagram e 98 mil no Tik Tok.

Mais de 150 posts foram realizados nos canais da marca no Instagram, no Tik Tok e no X, que renderam mais de 140 milhões de visualizações e 2,5 milhões de interações. Fisicamente mais de 13 mil pessoas passaram por uma das sete ativações da montadora no festival.

Investindo nos festivais para mostrar a marca para diversos públicos a Volkswagen já confirmou que patrocinará a edição 2024 do Rock in Rio, no Rio de Janeiro, RJ. Será a quinta vez que integrará a lista de patrocinadores do festival, que comemora 40 anos na próxima edição.

Ford confirma para outubro lançamento do Mustang Mach-E

São Paulo – A Ford confirmou o lançamento no Brasil do Mustang Mach-E, SUV elétrico, para outubro. O modelo faz parte das dez novidades que a empresa programou para 2023 – sete modelos já foram apresentados. 

O esportivo chegará em versão única, a topo de linha GT Performance. A Ford divulgou o primeiro teaser para o mercado nacional na quarta-feira, 13.

O Mustang Mach-E já é conhecido e vendido nos Estados Unidos e na Europa. 

Goodyear equipa Kia Bongo com pneu Cargo Marathon 2

São Paulo – O novo Kia Bongo K2500 4×4 vem equipado de fábrica com o pneu Goodyear Cargo Marathon 2. Parceira da montadora desde 2015 a fornecedora desenvolveu nova medida para atender ao modelo, 195 R15, que possui índice de carga superior com relação ao tamanho de seu antecessor.

Segundo a Goodyear o pneu que equipa o VUC tem melhor distribuição de pressão, desgaste mais equilibrado e maior vida útil, o que é proporcionado pelo fato de ter ombros maiores e mais largos.

Accelera by Cummins anuncia joint venture para produção de células de bateria

São Paulo – De olho na crescente necessidade por células de bateria para veículos comerciais elétricos e aplicações industriais a unidade de negócios de emissão zero da Cummins, Accelera by Cummins, a Daimler Truck e a Paccar uniram-se em joint venture para localizar a produção nos Estados Unidos. A fábrica de 21 GWh receberá investimento total de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões.  

Em um primeiro momento produzirá baterias de LFP, lítio-ferro-fosfato, utilizada em caminhões elétricos. Segundo a joint venture trata-se de produto com maior vida útil, maior segurança e menor custo frente a outras químicas de bateria, uma vez que não requer o uso de elementos como níquel e cobalto.

Cada uma das participantes deterá 30% do negócio e os outros 10% ficarão a cargo da EVE Energy, que será parceira tecnológica e contribuirá com seu conhecimento em design e fabricação de células de bateria.

Agosto foi o melhor mês de produção de motocicletas no ano

São Paulo – Em agosto foram produzidas 164 mil motocicletas no PIM, Polo Industrial de Manaus, o maior volume mensal registrado em 2023, de acordo com dados divulgados pela Abraciclo, entidade que representa o setor nacional de duas rodas.

O resultado também foi o melhor para agosto desde 2012.

Na comparação com agosto do ano passado houve crescimento de 12,4%, e de 33,4% com relação a julho. No acumulado do ano o volume produzido foi de 1 milhão 51 mil unidades, 14% superior sobre os mesmos meses de 2022:

“Esses números estão dentro da estimativa da Abraciclo e apontam para um crescimento constante e consolidado da indústria de motocicletas”, disse o presidente Marcos Bento. “Porém continuamos atentos ao cenário macroeconômico nacional e internacional.”

Os emplacamentos somaram 142,8 mil unidades em agosto, melhor resultado para o mês desde 2011, que resultou em alta de 20,4% sobre agosto do ano passado e de 16% ante julho. Em oito meses o setor de duas rodas somou 1 milhão 45 mil motocicletas vendidas, incremento de 21,3% com relação ao mesmo período de 2022.

O resultado negativo em agosto foi registrado pelas exportações, que somaram 3,4 mil embarques, recuo de 55,9% na comparação com agosto do ano passado e alta de 8,4% sobre julho. No acumulado do ano foram embarcadas 27,2 mil unidades, queda de 28,3% com relação a 2022. 

Mesmo com crise mercado argentino deverá crescer 8% este ano

São Paulo – A Argentina vive um dos momentos mais delicados de sua economia, às vésperas de eleição presidencial, com inflação batendo nos 120% ao ano, escassez de dólares, restrição às importações e a aplicação do imposto PAIS, Para uma Argentina Inclusiva e Solidária, com alíquota de 7,5%, para veículos e autopeças importados, inclusive do Brasil, o que encarece os preços dos 0 KM. A despeito das dificuldades, porém, o mercado automotivo local deverá crescer 8% este ano com relação a 2022, com 440 mil emplacamentos.

Foi o que apontou o presidente da Acara, Associação de Concessionários da República Argentina, Sebastián Beato, durante participação no 5º Congresso Latino-Americano de Negócios do Setor Automotivo, realizado por AutoData até a sexta-feira, 15.

Outra curiosidade é que, justamente pela maior dificuldade em dispor de dólares e comprar veículos importados, de 2019 a 2023 a participação dos importados na venda de 0 KM caiu pela metade, de 71% para 35% – sendo que 85% dos veículos estrangeiros são brasileiros. No fim do ano passado esta participação era de 43%, somando 173,3 mil unidades, sendo a Toyota a marca com maior número de importados, 59,3 mil ou 34,2%, seguido por Ford, com 15,5 mil ou 9%, e de Chevrolet, com 14,9 mil ou 8,6%.

Nesse mesmo período, de 2019 para cá, os preços aumentaram até 86%, caso dos modelos Fiat, 82% os da Volkswagen e 78% os da Jeep. E o mercado argentino encolheu pela metade, destacou Beato, ao citar que em 2018 foram emplacadas 802,6 mil unidades. Neste cenário o trabalhador de empresas privadas teve de desembolsar nove salários a mais para adquirir um carro novo:

“No começo de 2020, quando teve início a pandemia, eram necessários em torno de dezessete salários médios e, hoje, são precisos 26 salários, o que gira em torno de 310 mil pesos argentinos.”

Na conversão para o real a média salarial é de R$ 4.376,65 que, multiplicada por 26, resulta em R$ 113,8 mil. Entretanto, multiplicado por dezessete, significa R$ 74,4 mil, uma diferença de R$ 39,4 mil.

E a perspectiva para o cenário a seguir, segundo o dirigente da Acara, é que a crise se aprofunde um pouco mais até que haja a eleição do novo presidente – cuja aposta é a de que seja escolhido representante de partido distinto do que está no poder hoje.

“Devemos ter um choque no primeiro trimestre do ano que vem, precisaremos nos preparar para uma recessão. Somente no segundo trimestre é que deverá ter início o período de recuperação da economia. Tanto que nossa projeção é conservadora para o mercado automotivo em 2024, de alta de 4%, totalizando 450 mil unidades.”

Beato ponderou que em uma situação menos otimista é possível que o setor praticamente empate com 2023, com volume um pouco inferior, de 430 mil unidades. Assim como num cenário mais otimista sejam alcançadas 520 mil unidades, incremento de 15%.

Para o presidente da Acara é preciso haver uma redução de impostos a fim de onerar menos os preços dos veículos e permitir que a frota argentina seja renovada: “Quanto mais impostos houver mais longe ficará a compra de um carro 0 KM”.