Conhecida no meio automotivo pela patente do CTE® (Compósitos Termo Estruturais), que substitui polímeros usados na confecção de peças internas, a Formtap Indústria foi fundada nos anos 30, bem antes da instalação da indústria automobilística brasileira. À época, a companhia usava fibras naturais para confecção de produtos domésticos com sisal e fibras de coco.
No final dos anos 50, redirecionou seu line-up a fim de abastecer as linhas de montagem dos primeiros carros produzidos no Brasil, como o VW Fusca e o Toyota Bandeirante. Desde o seu fundador, Fausto Raphael Trambusti, a Formtap nasceu com a preocupação de utilizar recursos renováveis, caso do sisal e de fibras naturais, em um período que ninguém se atentava para sustentabilidade. “Não faço por mim, mas pelas próximas gerações”, afirmava.
E fez mesmo. Enquanto o parque brasileiro de autopeças ainda ensaia os primeiros passos em ações de ESG, a mentalidade de vanguarda das gerações fundadoras da Formtap plantou sementes que, décadas depois, rendem consequências inovadoras. A empresa continua sendo referência na produção de revestimentos e isoladores termoacústicos de alta qualidade, mas vai além: é a única que não gera resíduos de produção destinados em aterros sanitários.
Quem explica é a gerente de Novos Negócios, Recursos Humanos e Meio Ambiente, Simone Bandeira. “Desenvolvemos uma tecnologia própria e inovadora, que reaproveita integralmente os resíduos de revestimento de tetos, um dos nossos principais produtos, sendo utilizado em novas peças automotivas de melhor desempenho quando comparadas às similares – como peso, resistência e competitividade comercial. Por ano, a Formtap reaproveita 3.000 toneladas anuais desses resíduos e evita que sejam devolvidos à natureza”, explica, orgulhosa.
A executiva explica que os resíduos de carpetes sempre foram reciclados e transformados em novos materiais, como feltros e isoladores acústicos ou bases termoplásticas. Mas que era um grande desafio o reuso das aparas dos revestimentos tetos. “Nossos tetos são um composto com base de poliuretano, fibra de vidro e filmes plásticos, que reagem com produtos químicos e, sob aplicação de pressão e calor, tomam a forma desejada pelo cliente. Era um grande desafio reciclar essas sobras de produção, mas conseguimos”, relata, orgulhosa, ressaltando que os detritos que segue para aterros são oriundos apenas de varrição. “Da linha, nós reaproveitamos tudo”, e, com alto potencial de desempenho – como em porta pacotes, tapete porta malas, peças para revestimentos internos em geral.
A Formtap fornece para as principais montadoras do país, produzindo isoladores acústicos, revestimentos de portas, tetos, revestimentos de porta-malas e caixas de roda, além de carpetes e diversos outros componentes de acabamento interno de veículos.
A empresa desenvolve um outro projeto de reciclagem de uniformes, incluindo de alguns de seus principais clientes, em que os uniformes em desuso são desfibrados e retornam ao processo produtivo como matéria-prima para isoladores acústicos.
O conceito de sustentabilidade é tão arraigado na companhia que, não à toa, a executiva que cuida de Meio Ambiente é também responsável por Recursos Humanos. E isso não é coincidência: “Está no nosso DNA. É natural buscar novos profissionais para os quadros da companhia que se alinhem à essa mentalidade, buscando soluções criativas e sustentáveis para o nosso ambiente de fábrica, para os nossos clientes e para o nosso planeta”, resume.
E isso não é tudo. O trabalho do comitê de ESG envolve reuniões frequentes de diversos colaboradores, compondo ações de endomarketing que se transformam em ações concretas. “A própria solução para reciclar os tetos nasceu embrionariamente de uma dessas conversas”, garante a executiva.