São Paulo – A Be8, empresa produtora de biodiesel do Grupo ECB, lançou na segunda-feira, 2, o BeVant, que chama de “novo biocombustível para motores diesel”. Segundo a empresa estão sendo investidos R$ 80 milhões em pesquisa, desenvolvimento e na ampliação da usina de Passo Fundo, RS, para produzir o BeVant, que deve começar a ser distribuído regularmente no País dentro de um ano.
Apesar de ser produzido a partir das mesmas matérias-primas – óleos vegetais, principalmente de soja, gordura animal e óleo de cozinha usado – que dão origem ao biodiesel e ao HVO, óleo hidrogenado que tem as mesmas características do diesel, a Be8 afirma que o BeVant não é um nem outro, pois tem processo produtivo diferente e características superiores às do biodiesel tradicional e que, por isto, tem preço 10% superior, e se assemelha ao HVO, mas custa 50% menos.
Segundo explicação enviada pela Be8 “o BeVant é um novo biocombustível que parte das mesmas especificações do biodiesel [metil éster produzido pelo processo de esterificação, a mistura de metanol com óleos vegetais ou gordura animal] e passa por um processo de bidestilação, além da aplicação de outras inovações patenteadas que o caracteriza como um metil éster bidestilado, que garante mais qualidade e maior desempenho do que o biodiesel tradicional”.
Ainda segundo a Be8 o novo biocombustível pode ser utilizado em qualquer motor diesel de veículos pesados, geradores ou máquinas agrícolas, seja 100% puro ou misturado ao diesel mineral, o que antecipa benefícios do HVO – considerado de melhor qualidade do que o biodiesel – em condições comerciais mais competitivas. A empresa realizou testes de campo em caminhões equipados com motores Euro 5, mas informa que o BeVant também atende as exigências Euro 6.
Desenvolvimento e produção
Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8 e fundador do Grupo ECB, revela que parte do desenvolvimento do BeVant foi feito pela empresa no Brasil e no Exterior: “Esta grande inovação é fruto da experiência que conquistamos em mais de dezoito anos de atuação e dos nossos investimentos na Europa [onde a empresa comprou uma fábrica de biodiesel em Domdidier, Suíça], dos conhecimentos adquiridos nos Estados Unidos e na fase de estudos do projeto de biocombustíveis avançados”.
Antes de lançar oficialmente o BeVant a Be8 teve a patente do novo biocombustível deferida pelo INPI, Instituto Nacional da Propriedade Industrial, “para processo de produção de novo produto”.
Inicialmente a produção do BeVant será feita na unidade de Passo Fundo, com capacidade de 150 milhões de litros/ano. Se houver demanda esta capacidade pode ser ampliada rapidamente em outra usina da empresa, em Marialva, PR, disse Battistella: “Também não descartamos estabelecer licenças de produção para que o BeVant possa atender toda a demanda que surgir”.
De acordo com a Be8 o novo biocombustível não se destina a cumprir meta de mistura obrigatória de biodiesel ao diesel fóssil, de 12%, conforme estipulado desde abril deste ano. A empresa considera que o BeVant é diferente e portanto terá melhor uso puro ou com misturas superiores, podendo ser consumido por geradores de energia, máquinas pesadas para processos nas áreas de construção civil, agronegócio e terraplenagem, setores de transportes coletivo e de cargas nos modais rodoviário, marítimo e ferroviário: “O foco são empresas que desejam antecipar o cumprimento das suas metas de descarbonização”.
Redução de emissões
Battistella sublinhou que o BeVant é uma alternativa viável para descarbonizar as emissões de motores diesel sem a necessidade de grandes investimentos: “Estamos falando de uma solução imediata com alto impacto para a despoluição dos grandes centros urbanos no curto prazo, pois não depende de investimento em infraestrutura ou troca de motor comparado com outras rotas tecnológicas como hidrogênio, biometano e veículo elétrico”.
Na fase de testes em motores Euro 5 em banco de provas, segundo a Be8, o BeVant, por ter maior teor de éster, reduz até 50% as emissões de CO, monóxido de carbono, até 85% a emissão de materiais particulados e em até 90% a fumaça preta. Também foi medido teor de enxofre inferior a 2 ppm, partes por milhão, e a quantidade de monoglicerídio ficou abaixo de 0,25%, o índice de contaminantes é inferior a 2 ppm e tem 35% menos água.
Tais especificações são superiores aos requisitos mínimos da ANP, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, que deverá autorizar misturas do BeVant no diesel superiores a 12% para a realização de testes em parceria com fabricantes de motores e frotistas, conforme espera a Be8.
“Não descartamos oferecer o produto para exportação, mas nosso foco preferencial é o mercado nacional que precisa de uma solução 100% renovável.”