São Paulo – Ao que tudo indica o anúncio que oficializará a segunda fase do Rota 2030, agora Mobilidade Verde e Inovação, está a poucos dias de ser efetuado. Uallace Moreira, secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, afirmou no Congresso SAE 2023, realizado na terça-feira, 10, e na quarta-feira, 11, no Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo, que o anúncio poderá ser feito até o fim de outubro.
“Queremos anunciar nas próximas semanas. Estamos aguardando apenas alguns ajustes finais.”
Desde agosto é esperado o projeto da nova política setorial automotiva do Brasil, e um dos impasses surgidos foi a dificuldade de que não há como garantir que todos os consumidores usem apenas o biocombustível no tanque. Embora o secretário estivesse reticente quanto a cravar uma data ele assegurou que a ideia é que seja, ainda, em outubro, “talvez até o fim do mês”. Ele justificou a incerteza devido ao fato de o programa estar passando por ajustes com o Ministério da Fazenda e com a Casa Civil, por exemplo:
“Ouvimos vários setores e diversos players do ecossistema, e agora estamos realizando alinhamentos finais com outros ministérios, dentro do programa de transformação ecológica. A partir desses ajustes os ministros baterão o martelo”.
Nas palavras de Moreira trata-se apenas de questão burocrática, pois é preciso fazer, mesmo, a avaliação técnica: como definir o porcentual do novo cálculo de eficiência energética do poço à roda, por exemplo, pois, hoje, apenas a emissão do próprio veículo é mensurada.
“Porque não é um programa de ministério mas de governo é preciso dialogar e dirimir dúvidas. Mas está tudo bem encaminhado.”
Disse, também, que em breve o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, deverá fazer o anúncio junto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O foco do Mobilidade Verde e Inovação é calcado nos princípios de descarbonização e da tecnologia, passando pelo financiamento à pesquisa e à inovação, à eficiência energética, aos equipamentos de segurança e à reciclagem.
Segundo Moreira a transição energética é a maior oportunidade de reindustrializar o Brasil, circunstância em que a cadeia produtiva poderá ser adensada e o País poderá deixar para trás, de uma vez por todas, o título de exportador de commodities e assumir o papel de produtor de combustíveis do futuro.
Ele ponderou, no entanto, que a inovação tecnológica só abre leque de oportunidades quando existe investimento. Embora reconheça que o Brasil não possui o volume de recursos de que dispõem países da Europa, Estados Unidos e China, destacou que o papel do BNDES como financiador da transição energética é fundamental.
O secretário avaliou que os R$ 20 bilhões oferecidos inicialmente a juros de 4% ao ano mais TR não são suficientes, mas emendou que por isto é importante sempre ouvir cada vez mais atores a fim de errar menos, além de estimular todas as formas de descarbonização rumo à neoindustrialização.