Até logo, obrigado, passar bem. E bem vindo.

O ano não foi daqueles saudosos para o setor automotivo: não passou fluído, mas sim como tronco à deriva na enxurrada, empacando em todo eventual obstáculo que encontrasse pela frente. O carnaval tardio, a Copa do Mundo, as eleições em dois turnos e principalmente o fraco desempenho da economia brasileira ao longo de 2014 deram um choque de realidade nos negócios do setor.

Mas não foi propriamente um desastre, mesmo porque em meio às tantas dificuldades muita notícia boa surgiu, como anúncios de investimentos, diversos lançamentos importantes, novas fábricas e início de atividades de outras – caso das inaugurações das unidades da Nissan, da Chery, da BMW e de motores da Ford – ou seja, quatro novas fábricas do setor em apenas um ano, realização que poucos países do mundo podem celebrar.

Relembre com a Agência AutoData os principais acontecimentos de 2014.

JANEIRO

A decisão da Nissan de instalar unidade fabril para produção de motores em Resende, RJ, por exemplo, foi divulgada na primeira segunda-feira do ano pela boca de Carlos Ghosn, CEO da Aliança Renault-Nissan, quando visitava pela primeira vez o complexo industrial fluminense que seria inaugurado dali a alguns meses. Dos R$ 2,6 bilhões que a companhia investiu lá R$ 140 milhões foram destinados para a produção de motores 1.6 flex em planta para 200 mil unidades/ano.

Ao passar a régua no balanço do setor durante 2013 o setor ainda carregava expectativas animadoras. Afinal a indústria automotiva encerrou aquele ano com crescimento de 10% na produção, para 3 milhões 740 veículos, um recorde histórico. Naquele momento nem a queda de 1,5% nas vendas automóveis e comerciais leves deixava suspeitas do que viria pela frente, mesmo porque no pacote de negócios constou a recuperação do segmento de caminhões, com crescimento de 11,1% sobre 2012, para 157 mil unidades. Naquela altura as projeções da Anfavea para o ano eram apenas de curvas ascendentes: 0,7% na produção, 1,1% no mercado e 2,1% na exportação.

Apesar do recuo nas vendas, o País ainda acordou em 2014 como o quarto maior mercado do mundo, atrás de China, Estados Unidos e Japão, além de iniciar uma etapa na evolução dos produtos feitos aqui, com a presença obrigatória de freios ABS e air bag em 100% dos automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus produzidos no Brasil a partir de 1º. de janeiro. A medida aposentou alguns ícones do nosso mercado como a Kombi, o Mille e o Gol G4.

No mundo associativo e corporativo o chinês Roger Peng chegou para substituir Kong Fan Long como presidente da Chery local. A Toyota anunciou Koji Kondo como novo presidente da fabricante no Brasil. Luís Rezende assumiu a presidência da Volvo Cars no País. A Abeiva mudou de nome e estatuto e passou a ser Abeifa, Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores. E poucos dias antes de acabar o mês, uma quarta-feira, 29, o Grupo Fiat anunciou a aprovação pelo conselho de administração da Fiat SpA da criação da FCA, a Fiat Chrysler Automobiles, com sede na Holanda, domícílio fiscal no Reino Unido e ações listadas nas bolsas de Milão, na Itália, e Nova York, Estados Unidos.

FEVEREIRO

O mês começa com o lançamento de uma das maiores apostas da Volkswagen para o mercado nacional, o Up!. O subcompacto foi alvo de muita especulação e muito desenvolvimento para torná-lo mais adequado ao gosto do comprador brasileiro e às condições do País. Ganhou mais porta-malas, janelas traseiras deslizantes em vez das basculantes como é encontrado na Europa e conteúdo. Ainda no terreno dos lançamentos a Jac Motors apresentou o sexto modelo em sua oferta local, o T8, uma van para seis ocupantes mais o motorista.

O segundo mês de 2014 também mostrou como em pouco tempo a indústria automotiva criará um novo mapa produtivo no País. A Fiat divulgou a lista de dezesseis fornecedores que também contarão uma saga pernambucana ao se instalarem com a montadora em Goiana. Ali não demorou muito também para o setor saber a que veio aquela fábrica, de inauguração agendada para primeiro trimestre de 2015: em comunicado Sergio Marchione, CEO da FCA, confirmou o Jeep Renegade como o primeiro veículo a ser produzido por lá.

E o que aparentemente surge isolado, visto no conjunto amplia a percepção do que o Brasil representa para as grandes corporações. A Bridgestone aumentou seu plano de investimentos para a unidade de Santo André, no Grande ABCD, onde serão aplicados US$ 425 milhões. A Honda inaugurou um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, seu primeiro no País, no complexo de sua fábrica de Sumaré graças a investimento de R$ 100 milhões.

Duas notícias exclusivas chegaram aos leitores da Agência AutoData em primeira mão naquele mês: a da eleição de Marcel Visconde, presidente da Stuttgart Sportcar, representante oficial da Porsche no Brasil, como primeiro presidente da Abeifa, e da saída de Flávio Padovan da Jaguar Land Rover local, dando lugar ao britânico Terry Hill.

No mercado o setor comemorou recorde em vendas para o primeiro bimestre, 4,6% além de 2013.

MARÇO

O mês marca alguns eventos históricos, como os 15 anos da criação da Aliança Renault-Nissan e os 20 anos de lançamento da linha de caminhões FH da Volvo. Mas é no plano dos investimentos e das novidades que março fica marcado: para nacionalizar a família de motores ISF a Cummins revela que aplicará US$ 14 milhões na sua fábrica de Guarulhos, SP e a Volkswagen, sem muito alarde, anunciou novo plano de investimento para o Brasil, agora, de R$ 10 bilhões até 2018, ano em que pretende tornar-se líder global de vendas. Também a Pirelli revelou desembolso de R$ 500 milhões em sua unidade de Campinas, SP, responsável pela produção de pneus para veículos de passeio e utilitário esportivos.

A mesma Volkswagen também apresentou naquele mês novidades da linha 2015 para os modelos Gol, Saveiro e Voyage. As mudanças na aparência foram quase imperceptíveis, mas sob o capô estava o novo motor 1,6 litro MSI. A Toyota apresentou a nova geração do Corolla.

Veio da Mahle mais uma demonstração do potencial brasileiro. Como resposta ao aumento do volume de vendas no mercado de reposição verificado no País nos últimos anos e à ampliação do seu portfólio de produtos, a empresa inaugurou centro de distribuição de peças em Limeira, no Interior de São Paulo, que mais do que dobrou a capacidade logística do grupo na América Latina.

A picape Fiat Strada liderou as vendas do mês, feito inédito para um comercial leve na história da indústria automotiva brasileira. E a Kia Motors finalmente recebeu habilitação ao Inovar-Auto.

ABRIL

O quarto mês do ano foi atribulado e com diversos exemplos das expectativas que a indústria automotiva tem pelo País. Mesmo que não tenha revelado investimento a FCA assinou carta de intenções para a construção de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, Inovação e Engenharia Automotiva em Recife, PE, quase na divisa com Olinda, a ocupar prédio histórico atualmente abandonado.

Ainda no Nordeste, desta vez no complexo industrial da Ford, em Camaçari, BA, foi inaugurada a primeira fábrica de motores da região do Brasil. Com capacidade para produzir até 210 mil unidades/ano, consumiu parte dos R$ 400 milhões investidos pela montadora no projeto, quantia que engloba também o desenvolvimento do motor 1.0 3C. Na mesma onda de inaugurações, no dia 15, a Nissan cortou faixa de sua fábrica em Resende, RJ, onde produz motores, March e Versa. Os R$ 2,6 bilhões investidos lá tornaram realidade a sua primeira unidade puro-sangue no País. Mais ao Sul outra fábrica de veículos começaria a ser erguida no País: a Foton Aumark do Brasil iniciou oficialmente as obras de sua unidade em Guaíba, RS.

Os anúncios de investimentos também não cessaram. A Renault oficializou novo aporte de R$ 500 milhões no Complexo Industrial Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, PR, além de mais R$ 240 milhões para construção de centro de distribuição de peças em Quatro Barras, também no Paraná. Nos lançamentos o destaque foi a Honda, com a apresentação do novo Fit.

MAIO

O mês começou com o registro de que o mercado de caminhões, que vinha empacado em virtude da demora da regulamentação do PSI no início do ano, insinuava recuperação com média diária de vendas na casa de 530 unidades por dia útil. No entanto as vendas de automóveis e comerciais leves começavam a preocupar o setor, ainda mais porque às vésperas da Copa do Mundo nada se mostrava no horizonte a indicar que o desempenho melhoraria.

Naquele momento começaram a surgiu as primeiras notícias de férias coletivas e decisões de lay off no parque industrial automotivo para ajustes na produção. Foram casos da Volvo, Mercedes-Benz, Scania, Ford, MAN Latin America e Empresas Randon. O cenário já começava a comprometer expectativas anteriores: Roberto Cortes, presidente da MAN, revelou nova projeção para 2014, de encerrar com pelo menos 10% de queda nas vendas de pesados. Não por acaso àquela altura a Anfavea registrava estoque para 48 dias de vendas.

Em outra frente, para enfrentar as vendas que caiam, as montadoras passaram a intensificar promoções no varejo. O presidente da General Motors do Brasil, Santiago Chamorro, por exemplo, foi à TV anunciar desconto de funcionário para qualquer consumidor que levasse para casa um Chevrolet.

A Nissan lançou o novo March, agora produzido em sua recém-inaugurada fábrica, e a Renault alcançou marca de dois milhões de veículos produzidos no Brasil desde seu início de atividades produtivas por aqui, em 1998.

Dentro do mundo corporativo a Volkswagen do Brasil anunciou novo vice-presidente de vendas e marketing, Ralf Berckhan, no lugar de Jutta Dierks, Oswaldo Jardim se despediu da Geely para assumir a direção de pós-vendas da Nacco Materials Handling Group Brasil, empresa que atua com as marcas Hyster e Yale, e Flávio Padovan foi ser diretor-geral da Subaru, dentro do Grupo Caoa. O Grupo Continental anunciou a saída de Sandro Beneduce do comando das operações para Brasil e Argentina.

JUNHO

O mês do início da Copa do Mundo no País tornou o horizonte mais curto para o setor automotivo: menos dias úteis prejudicaram as vendas do varejo. Foi ali que a Agência AutoData revelou com exclusividade que a Jaguar produzirá o futuro sedã XE na unidade da JLR em construção de Itatiaia, RJ. E ocorreu a inauguração da fábrica de máquinas e equipamentos de construção da chinesa XCMG, em Pouso Alegre, MG, investimento de US$ 200 milhões para produzir em torno de sete mil unidades por ano.

Ainda importante no mês para o setor foi anúncio do governo federal de que, diante do vai-não-vai do mercado de caminhões, e em reunião no dia 18 com empresários, decidira zerar o IPI para caminhões, ônibus e bens de capital de maneira permanente.

O mês também marcou no início das exportações do VW Up! para o mercado argentino. E em plena Copa levantamento do BNDES revelou que o setor automotivo é o segundo do ramo industrial que mais investirá no País de 2014 a 2017: R$ 74 bilhões. A quantia, dentro do segmento industrial, perde apenas para a área de petróleo e gás, com R$ 488 bilhões. O valor contabilizado pelo banco é bem próximo ao calculado pela Anfavea, de R$ 75,8 bilhões de 2012 a 2018.

Junho também trouxe a assinatura, no dia 11, da prorrogação do acordo automotivo bilateral Brasil-Argentina até 30 de junho de 2015. A nova negociação determinou índices mínimos de participação de mercado de veículos dos vizinhos nos dois lados da fronteira. Este índice mínimo, que é medido mensalmente tendo por base os números de licenciamentos nos dois países, será de 11% de veículos argentinos no Brasil e de 44,3% de modelos brasileiros na Argentina.

Dentro das empresas Bernardo Hamacek foi nomeado o novo CEO da Foton Aumark do Brasil.

JULHO

Com o sétimo mês do ano chegou a hora de fazer o balanço do primeiro semestre: o governo se adiantou e prorrogou o IPI reduzido até o fim do ano, mas um vale de lágrimas já se encharcava. Na metade inicial do ano a indústria automotiva produziu 1,8 milhão de unidades, queda de 16,8% com relação ao mesmo período de 2013, coisa de 300 mil unidades a menos. Nas vendas de automóveis e comerciais leves o recuo foi de 7,6%, para 1,6 milhão, de caminhões chegava a retração chegava a 12,7%, para quase 65 mil unidades e as exportação amargava recuo de 35,4%. Diante do resultado, a Anfavea revisou suas projeções e tudo colocado em curva descendente: produção 10% menos, mercado recuando 5,4% e nas exportações menos 29,1%.

Ainda assim, como a indústria não pode parar, a Agrale assinou protocolo de intenções do o governo capixaba para construir nova fábrica de ônibus no município de São Mateus. A GM anunciou investimento de US$ 270 milhões em fábrica de motores no seu complexo de Alvear, em Santa Fé, na Argentina, para produção de motores de alumínio, equipados com turbocompressor e injeção de direta e a chinesa BYD iniciou operações no Brasil para produzir ônibus elétrico em Campinas, SP. A unidade recebeu R$ 200 milhões para montar de 500 a 1 mil unidades por ano. Os primeiros modelos devem começar a sair de linha nos próximos meses.

No mercado a Ford lançou a segunda geração do Troller: depois de sete anos da aquisição da empresa cearense a montadora investiu R$ 215 milhões na fábrica de Horizonte, CE, e desenvolveu um novo veículo, mais robusto que a geração anterior que não mudava desde que nasceu, em 1995. A Renault também lançou a segunda geração de seu carro-chefe no País, o Sandero, com 80% de componentes inéditos, além de oferecer a novidade com preços mais baratos se comparados à geração anterior.

Nos bastidores das corporações, Milton Rego deixou a CNHi para assumir a presidência executiva da Abal, Associações Brasileira de Alumínio. A Peugeot anunciou seu novo diretor-geral, o chileno Miguel Angel Figari, no lugar de Frédéric Drouin. Na Iveco a mudança foi a saída do diretor comercial Alcides Cavalcanti e chegada de Paulo Goddard no lugar.

AGOSTO

O mês começa um pouco mais triste com a notícia da morte de Miguel Barone, no dia 4, um dos principais dirigentes do setor automotivo nacional, de carreira memorável na Ford e na Volkswagen. Mas como a vida não para, a indústria e o governo colocavam nos trilhos medidas para tentar repintar um quadro mal-elaborado. No dia 13, saiu no Diário Oficial da União as primeiras regras da rastreabilidade de autopeças, parte importante do Inovar-Auto. Também veio de Brasília, DF, a decisão do governo de facilitar a retomada do bem no caso de inadimplência, facilitando a cobrança dos bancos por dívidas sem necessidade de entrar na justiça.

Enquanto o embaraço burocrático era destrichado, a AGCO anunciava R$ 18 milhões para uma nova fábrica para equipamentos de armazenagem e produção de proteína animal em Passo Fundo, RS. Mary Barra, CEO da GM, veio do Detroit, Michigan, para conversa com a presidente Dilma Roussef e anunciou investimento de R$ 6,5 bilhões no País para o período de 2014-2018. E no Interior paulista, a Chery, no dia 28, inaugurava sua primeira fábrica de automóveis fora da China, em Jacareí, e a Mercedes-Benz iniciava os trabalhos de terraplanagem no terreno onde será construída sua futura fábrica de automóveis, em Iracemapolis.

Para o mercado a Ford desvendou a nova geração do Ka e também trouxe de volta ao trabalho a linha de caminhões da Série F, depois de 2 anos e meio de férias do mercado. A Volkswagen ainda introduz o novo Fox e a Saveiro com cabine dupla.

A Dunlop anuncia novo presidente para o Brasil, Shizuma Kubota, e a PSA Peugeot Citroën nomeia Eduardo Chaves seu novo diretor do seu Centro de Produção em Porto Real, RJ.

Agosto foi marcado ainda pelos 40 anos do Campo de Provas da Cruz Alta, da GM, em Indaiatuba, SP, e pelo impressionante marco de vinte milhões de motocicletas produzidas pela Honda em Manaus, AM.

SETEMBRO

O mês começa com novidades em linha de produção e lançamentos. Primeiro a Honda apresentou a nova geração do City em Sumaré, SP, e depois, a Fiat surpreendeu com o lançamento do novo Uno, que apesar de compacto, ganhou conteúdo de carro de categoria superior, como Start-Stop e o câmbio automatizado sem alavanca, por botões. Também a Mercedes-Benz começou a trazer importado o GLA, um dos modelos que produzirá em Iracemapolis, além do novo Classe C. A Volkswagen, por sua, vez confirmou que fará da fábrica da Anchieta a casa da Jetta. Sua produção deverá começar nos primeiros meses de 2015.

Setembro também foi marcado, finalmente, pela publicação no Diário Oficial da União do regulamento da rastreabilidade de autopeças e componentes, após dois anos de ida e vindas com a instituição do programa Inovar-Auto.

No universo das empresas, muitas mudanças: Antônio Filosa assumiu a direção de compras da FCA no lugar de Osias Galantine, que foi alçado para a direção de compras do Grupo CNHi. Na General Motors Samuel Russel assumiu novamente a direção de marketing e a Nissan trouxe o francês Arnoud Charpentier para ser seu diretor de marketing no lugar de Carlos Murilo Moreno.

OUTUBRO

Foi um agitado mês, mesmo porque abriu as portas o Salão do Automóvel de São Paulo. Antes, porém, a Mercedes-Benz surpreendeu o setor com o plano de deixar de produzir os caminhões Accelo em Juiz de Fora, MG. A unidade mineira, em pouco tempo, será a produtora de todas as cabines dos caminhões da fabricante, enquanto a fábrica de São Bernardo do Campo, SP, fica responsável pelos produtos completos. Ainda assim, a companhia a anunciou investimento adicional de R$ 730 milhões até 2018. Com isso, o total do aporte chega a R$ a 3,2 bilhões desde 2010.

De Araquari, SC, uma das notícias mais esperadas: a inauguração oficial da fábrica da BMW, um empreendimento que custou € 200 milhões. Por lá a fabricante começou produção com o Série 3, logo em seguida com o X1 e ainda entrarão em produção, em 2015, X3, Série 1 e Mini Countryman.

No salão, dentre os tantos lançamentos, basta dizer que já nos primeiros meses de 2015 entram em produção do Jeep Renagede, em nova fábrica da FCA, em Goiana, o Honda HR-V, outro utilitário esportivo, em Sumaré, SP, e o Peugeot 2008, igualmente SUV em Porto Real, RJ. Mas também estavam lá futuras apostas, como o conceito de picape média da Renault, o Duster Oroch, e decisões firmes, como o anúncio de Jörg Hofmann, presidente da Audi no Brasil, de que irá produzir aqui os motores 1.4 turbo flex que equiparão os Audi A3 Sedan Made in Brazil.

A Volvo ainda apresentava a nova linha de caminhões FH, a mais ampla atualização já feita pela fabricante no Brasil e que passam a ser produzidos em Curitiba, PR, a partir de janeiro de 2015. De lá também veio a notícia de que Roger Alm, presidente da empresa para América Latina, volta para Europa para comandar os negócios no que ela chama de Europa do Norte, região que reúne 35 mercados, cedendo lugar a Claes Nilsson.

NOVEMBRO

O penúltimo mês do ano trouxe boa novidade para o mercado de ônibus: depois de muitos ensaios a Iveco aproveitou a FetransRio para oficialmente entrar no segmento no País, com produção de chassi para 17 tonelada em Sete Lagoas, MG. Também a empresa introduziu no mercado no novo caminhão em para atender nicho de 15 toneladas, o Tector Economy. O lançamento para o mercado de automóveis veio da Renault, ao insistir briga na categoria de sedãs médios e apresentar o Fluence com leves mudanças.

No vai-e-vem dos comandos das empresas a surpresa ficou para Thomas Schmall, que deixará a presidência da Volkswagen do Brasil depois de sete anos e seguirá de volta à Alemanha, onde ocupará cadeira no Conselho de Administração da companhia para a área de componentes. E eleição da Fenebrave tornou Alarico Assumpção Jr. seu novo presidente para o triênio 2015-2017.

DEZEMBRO

O mês começa animador com a cerimônia de assentamento da pedra fundamental da futura fábrica da Jaguar Land Rover em Itatiaia, RJ, quase um ano depois de oficializar decisão de produzir no País. Trata-se da primeira unidade produtiva da 100% empresa fora do Reino Unido – há outra na China, mas em parceria com a Chery – e deve consumir R$ 750 milhões.

O ano ainda não terminou, mas o que se espera pelo desempenho estará longe de ser exatamente festivo. Os resultados até novembro, ainda que com uma primeira metade de dezembro promissora, não devem ser tão diferentes para o ano todo. No balanço da Anfavea, no acumulado até o novembro, a produção de veículos registrava 15,5% de queda na comparação anual, para 2.9 milhões de unidades. As vendas de automóveis e comerciais, até aquele momento, caiam 8,5%, para 3,1 milhões de unidades. Nos negócios de caminhões, a queda era de 12%, para 123,4 mil pesados. E pela brutal dependência com a Argentina, também as exportações registravam retração de 40,6%, com apenas 310,8 mil veículos embarcados. Duro de engolir mas não desesperador, como entende o presidente da associação Luiz Moan, que espera um 2015 melhor. “Se vendermos no ano que vem a mesma média mensal registrada de julho a novembro deste ano, de 293 mil unidades, chegaremos a 3,5 milhões de unidades e superaremos os números de 2014.”

O mês ainda deu tempo para a Citroën mostrar o novo C4 Lounge com motor turbo flex e, do comando do grupo francês, a notícia de que a PSA tem planos de unificar as redes Peugeot e Citroën, mais uma vez exclusiva da Agência AutoData.

A AEA anunciou Edson Orikassa como novo seu novo presidente em substituição a Antônio Megale e a Magneti Marelli nomeou Olivier Philippot como novo presidente da empresa para América Latina, o que inclui Brasil, no lugar de Edison Lino Duarte.

JULHO

 

Com o sétimo mês do ano chegou a hora de fazer o balanço do primeiro semestre: o governo se adiantou e prorrogou o IPI reduzido até o fim do ano, mas um vale de lágrimas já se encharcava. Na metade inicial do ano a indústria automotiva produziu 1,8 milhão de unidades, queda de 16,8% com relação ao mesmo período de 2013, coisa de 300 mil unidades a menos. Nas vendas de automóveis e comerciais leves o recuo foi de 7,6%, para 1,6 milhão, de caminhões chegava a retração chegava a 12,7%, para quase 65 mil unidades e as exportação amargava recuo de 35,4%. Diante do resultado, a Anfavea revisou suas projeções e tudo colocado em curva descendente: produção 10% menos, mercado recuando 5,4% e nas exportações menos 29,1%.

 

Ainda assim, como a indústria não pode parar, a Agrale assinou protocolo de intenções do o governo capixaba para construir nova fábrica de ônibus no município de São Mateus. A GM anunciou investimento de US$ 270 milhões em fábrica de motores no seu complexo de Alvear, em Santa Fé, na Argentina, para produção de motores de alumínio, equipados com turbocompressor e injeção de direta e a chinesa BYD iniciou operações no Brasil para produzir ônibus elétrico em Campinas, SP. A unidade recebeu R$ 200 milhões para montar de 500 a 1 mil unidades por ano. Os primeiros modelos devem começar a sair de linha nos próximos meses.

 

No mercado a Ford lançou a segunda geração do Troller: depois de sete anos da aquisição da empresa cearense a montadora investiu R$ 215 milhões na fábrica de Horizonte, CE, e desenvolveu um novo veículo, mais robusto que a geração anterior que não mudava desde que nasceu, em 1995. A Renault também lançou a segunda geração de seu carro-chefe no País, o Sandero, com 80% de componentes inéditos, além de oferecer a novidade com preços mais baratos se comparados à geração anterior.

 

Nos bastidores das corporações, Milton Rego deixou a CNHi para assumir a presidência executiva da Abal, Associações Brasileira de Alumínio. A Peugeot anunciou seu novo diretor-geral, o chileno Miguel Angel Figari, no lugar de Frédéric Drouin. Na Iveco a mudança foi a saída do diretor comercial Alcides Cavalcanti e chegada de Paulo Goddard no lugar.

 

AGOSTO

 

O mês começa um pouco mais triste com a notícia da morte de Miguel Barone, no dia 4, um dos principais dirigentes do setor automotivo nacional, de carreira memorável na Ford e na Volkswagen. Mas como a vida não para, a indústria e o governo colocavam nos trilhos medidas para tentar repintar um quadro mal-elabo