Moan: Exportar-Auto deve sair do papel em 2015.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, acredita que o Exportar-Auto finalmente deve ser colocado em prática em 2015. O executivo afirmou que os novos membros do Governo Federal estão avaliando o projeto e já acenaram positivamente para as medidas.

“É natural que haja um tempo de transição do governo e um período de análise das propostas. São cerca de 50 medidas que devem facilitar as exportações do País, não somente da indústria automotiva. Desse total cinco ou seis já foram adotadas e estão se mostrando eficientes, mas esperamos uma adesão mais ampla neste ano”.

Moan afirmou que o Exportar-Auto não deve ter o mesmo formato de regime do Inovar-Auto – que foi aprovado de uma única vez – e afirmou que a adoção das medidas, mesmo de forma gradual, já seria um avanço. “São medidas urgentes que podem colaborar com a competitividade do País”.

O presidente da Anfavea fez as considerações durante a divulgação do balanço de 2014, na quinta-feira, 8. As exportações de veículos caíram expressivos 40,9% de janeiro a dezembro do ano passado, na comparação com o mesmo período de 2013.

Foram enviados para fora do País 334,5 mil veículos, ante 566,3 um ano antes. Dentre o total estão 310,1 mil automóveis e comerciais leves, baixa de 41,6%, 17,7 mil caminhões, recuo de 29,1%, e 6,6 mil ônibus, em queda de 32,4%.

Moan afirmou que a queda das exportações para a Argentina foi um dos principais agravantes para o resultado. “As vendas argentinas caíram 29% em 2014 e o reflexo da política econômica deles nos afetou. Porém já estamos trabalhando novas parcerias para diminuirmos nossa dependência. Países da América Latina e da África estão na lista”.

Em valores houve uma retração de 30,4% no ano. De janeiro a dezembro de 2014 foram US$ 11,5 bilhões ante US$ 16,5 bilhões no mesmo intervalo de 2013.

Somente em dezembro foram exportados 23,7 mil veículos, uma queda anual de 45,2%. Na comparação com novembro a baixa foi de 8,7%. Em valores dezembro somou US$ 747 milhões, valor 37,6% inferior na comparação anual e 18,4% menor ante novembro.

Mercado de ônibus fecha em baixa de 16,3%

O segmento de chassis de ônibus fechou o ano passado com 27 mil 542 licenciamentos, decréscimo de 16,3% ante os 32 mil 918 realizados em 2013.

Em dezembro as vendas somaram 2 mil 334 unidades, baixa de 26,9% em relação aos 3 mil 193 emplacamentos realizados no mesmo mês do ano passado.

Luiz Carlos Moraes, vice-presidente da Anfavea, comentou que o resultado foi como previsto. E embora ainda não feche uma estimativa para 2015, revela crer em cenário mais positivo para os ônibus:

“Se as tarifas forem reajustadas nos diversos pontos do País as empresas poderão investir mais e, assim, renovar suas frotas. Há também a aguardada regulamentação das linhas interestaduais, que poderiam ampliar as vendas de rodoviários.”

A produção de chassis somou 32 mil 938 unidades em 2014, queda de 17,9% ante as 40 mil 111 no ano anterior.

Em dezembro saíram das linhas 604 unidades, tombo de 63,3% ante as 1 mil 645 no mesmo mês do ano passado.

Já as exportações atingiram 6 mil 608 chassis, decréscimo de 32,4% na comparação com os 9 mil 768 embarques realizados em 2013.

Isoladamente em dezembro 474 ônibus foram vendidos ao Exterior, baixa de 49,5% em relação aos 939 no mesmo mês de 2013.

Vendas de caminhões têm queda de 11,3% em 2014

As dificuldades operacionais da linha Finame PSI no início do ano passado, somadas ao baixo crescimento econômico estão dentre as principais razões da queda de 11,3% nas vendas de caminhões em 2014, com 137 mil 73 emplacamentos ante 154 mil 549 em 2013.

Mesmo com a baixa o resultado representou o quinto maior volume de caminhões vendidos no País.

Dezembro foi o melhor mês do ano, com 13 mil 695 licenciamentos, como comentou Luiz Carlos Moraes, vice-presidente da Anfavea:

“O mercado sabia que as taxas do Finame PSI para 2015 iriam aumentar, o que motivou uma parte dessas compras. De fato foi um mês melhor do que esperávamos, mas não há muito a se comemorar.”

Moraes evitou traçar projeções para caminhões neste ano. “Ainda é cedo para essa estimativa. Depende da economia, de investimentos em infraestrutura e das taxas de financiamento. A circular do BNDES sobre a operação do Finame PSI saiu segunda-feira à noite. Seu sistema operacional ainda não está pronto para as novas regras, que incluem composição de taxa fixa mais taxa variável.”

Sobre o início das operações do Finame PSI 2015 ele afirmou esperar que ocorra o mais depressa possível. “É um pleito permanente para evitar novo soluço do mercado como o de 2014, que teve basicamente dez meses de vendas, e com estabilidade para as compras acontecerem de forma programada.”

O vice-presidente comentou que, por ora, os caminhões vendidos no País contam com as opções de financiamento TJLP e CDC, modelo este menos procurado por frotistas.

“O TJLP pode oferecer melhores condições que o PSI que basicamente dobrou as taxas de juros para este ano frente ao último. Foi um aumento maior do que esperávamos.”

Sobre o aguardado projeto de renovação de frota Moraes revelou que já foi apresentado ao novo governo, que “entendeu a importância da medida, mas pediu um tempo para análise”.

O projeto defende o pagamento do valor de mercado do caminhão com mais de trinta anos, na faixa de R$ 20 mil a R$ 40 mil, acrescido de subsídio de 20% sobre esse valor, além de taxas mais atrativas que as de mercado para motivar o proprietário a trocar o veículo.

“O Brasil tem cerca de 240 mil caminhões com mais de trinta anos, o que sem dúvida representa uma oportunidade, com vários benefícios a toda a cadeia produtiva.”

Produção – Saíram das linhas em 2014 139 mil 965 caminhões, baixa de 25,2% em relação aos 187 mil 89 no ano anterior.

Em dezembro a produção totalizou 3 mil 704 unidades, redução de 49,6% ante as 7 mil 348 feitas no mesmo mês de 2013.

A queda é justificada pelo mercado interno e também externo: o ano fechou com 17 mil 737 embarques de caminhões, volume 29,1% inferior aos 25 mil 19 de 2013.

Em dezembro as exportações chegaram a 846 unidades, 56,9% abaixo das 1 mil 961 do mesmo mês em 2013.

Máquinas agrícolas: 2014 fica abaixo de 2013 e 2012, mas é melhor que 2011.

O segmento de máquinas agrícolas e rodoviárias encerrou o ano passado com 68 mil 516 unidades comercializadas no País, segundo dados da Anfavea revelados na quinta-feira, 8. O resultado representa queda de 17,4% ante 2013, recorde absoluto com 83 mil unidades vendidas, e para Luiz Moan, presidente da associação, “um ponto fora da curva”.

O volume alcançado em 2014 ficou abaixo também daquele registrado em 2012, 70 mil, mas foi melhor que 2011, 65,3 mil, e estável ante 2010, também de 68,5 mil unidades.

Moan considerou que dificuldades envolvendo a liberação de recursos da linha BNDES Finame PSI prejudicaram um pouco os números do segmento – em janeiro e fevereiro do ano passado as operações foram paralisadas à espera das regras de então e, em dezembro, o prazo para protocolar pedidos encerrava-se no início do mês, o que prejudicou em especial o mercado de colheitadeiras.

Em dezembro, isoladamente, registrou-se o segundo resultado mensal mais fraco do ano passado, melhor apenas que o de janeiro – comprovando o impacto e importância das operações do PSI no segmento.

Foram vendidas no último mês de 2014 apenas 4 mil 151 máquinas, resultado 28,2% menor do que dezembro de 2013, 5 mil 778, e 21% menos do que em novembro, 5,2 mil.

As exportações de máquinas também não exatamente podem celebrar 2014: as 13 mil 740 embarcadas de janeiro a dezembro representaram queda de 12,2% ante 2013. Em valores a baixa foi mais representativa, de 20,7%: US$ 2,8 bilhões ante US$ 3,5 bilhões no comparativo anual.

Em dezembro, isoladamente, exatas oitocentas máquinas foram vendidas ao Exterior, volume 32% menor que dezembro de 2013 e 24% abaixo de novembro. Em moeda, entretanto, a análise é melhor: US$ 231,4 milhões, queda de 10,8% ante mesmo mês do ano passado mas alta de 11% ante novembro.

Com queda nos mercados interno e externo os números de produção do segmento em 2014 não poderiam apresentar índices positivos: as 82 mil 414 unidades fabricadas representam redução de 18% ante as 100,4 mil de 2013. Em dezembro saíram das linhas 3 mil 834 unidades, em retrações significativas de 41% no comparativo anual e de 38% no mensal.

Vendas de importados caem 14,3% em 2014

As vendas de veículos importados caíram 14,3% em 2014. Segundo dados da Abeifa divulgados na quarta-feira, 7, foram comercializadas 96 mil 578 unidades vindas do exterior de suas associadas, ante 112 mil 649 um ano antes.

A queda do segmento foi maior do que a registrada pelo mercado geral: segundo dados da Fenabrave a venda total de veículos no País caiu 7,2% em 2014, na comparação anual.

O presidente da Abeifa, Marcel Visconde, afirmou em nota que “2014 foi um dos anos mais instáveis para o setor, com eventos que impactaram o mercado como a Copa do Mundo, que resultaram em menos dias úteis de vendas”.

Visconde considerou também que esperava uma reação no segundo semestre, mas que “ela demorou a acontecer”.

Apesar do resultado anual negativo o segmento de veículos importados registrou um bom desempenho em dezembro, repetindo o ocorrido no mercado em geral. No último mês de 2014 foram emplacadas 9 mil 930 unidades, volume idêntico ao verificado em dezembro de 2013 e 30,6% maior do que o apurado em novembro.

Para o presidente da Abeifa o aumento registrado no último mês de 2014 sinaliza que os consumidores optaram por antecipar a compra ou a troca de seus veículos, possivelmente estimulados pelo 13º salário, e para aproveitar os preços praticados no mercado antes do aumento do IPI.

“Nesse momento é muito prematuro falar de reação ou retomada da confiança do consumidor, pois o balanço de 2014 mostra um ano de retração e inconstância do comportamento de compra. Olhamos para o ano de 2015 com cautela e reforçamos que serão necessários ajustes na economia para que a esperada retomada do crescimento aconteça e a confiança do consumidor seja resgatada.”

Por marcas a Kia liderou o ranking em 2014, com 23,7 mil unidades vendidas, mesmo com queda de 18,3% na comparação anual. A BMW cresceu 6,8% e ficou com a segunda posição, com 14,8 mil veículos emplacados. A chinesa Chery completa o pódio com alta de 18,3% e 9,5 mil automóveis comercializados. A Land Rover aparece na sequência com retração de 11,8% e 9,3 mil unidades, seguida pela Jac Motors, com a maior queda dentre as cinco primeiras, de 47,4%, e 8,4 mil emplacamentos.

Mercedes-Benz confirma 160 demissões em São Bernardo do Campo

A Mercedes-Benz confirmou na quarta-feira, 7, desligamento de 160 funcionários da unidade de São Bernardo do Campo, SP. O grupo faz parte dos trabalhadores que estavam em regime de lay-off e que não tiveram a prorrogação do afastamento até 30 de abril.

Em resposta aos cortes os funcionários da unidade decidiram paralisar as atividades por 24 horas na própria quarta-feira, 7. O movimento foi aprovado por cerca de 90% dos 11 mil funcionários da planta, segundo o sindicato local, uma vez que parte dos trabalhadores só retorna das férias coletivas no dia 12 de janeiro.

Segundo nota divulgada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na terça-feira, 6, o número de demitidos chegaria a 244. A montadora afirmou, no entanto, que foram cerca de 160 desligamentos e mais cem por meio do programa de demissão voluntária, o PDV, finalizado em dezembro.

O comunicado da fabricante afirma que “durante todo o ano de 2014 a Mercedes-Benz utilizou todas as ferramentas legais e negociáveis de flexibilização para preservar a sua força de trabalho”.

No documento a montadora elencou todas as medidas adotadas para evitar demissões: licença remunerada, férias coletivas, semanas com quatro dias de trabalho, redução para um turno em algumas áreas, programa de demissão voluntária, PDV, e o lay-off. No entanto, alega que “para manter a competitividade diante dos altos custos fixos de produção adotou o encerramento do contrato de trabalho para cerca de 160 funcionários”.

Além disso, a M-B informou que os 750 trabalhadores restantes daqueles colocados em lay-off assim permanecerão até 30 de abril – o grupo original era de 1 mil funcionários.

Na unidade Juiz de Fora, MG, também foi adotada a extensão do lay-off para aproximadamente 170 funcionários até 30 de abril. Os custos trabalhistas dos afastados nas duas fábricas serão assumidos integralmente pela companhia, uma vez que o subsídio do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, tem validade de cinco meses e o período já foi utilizado.

A M-B afirmou ainda que “apesar do cenário de queda na produção em suas plantas manterá os investimentos de R$ 730 milhões anunciados recentemente com o objetivo de assegurar a competitividade da empresa no setor de veículos comerciais”.

Volkswagen – Segundo porta-voz do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a Volkswagen não se posicionou sobre as oitocentas demissões efetivadas na terça-feira, 6, na unidade da Anchieta, e, assim, a greve iniciada naquela data está mantida por tempo indeterminado.

Todos os metalúrgicos foram orientados a comparecer aos seus postos de trabalho, porém sem produzir. Os funcionários do terceiro turno estão cumprindo seus horários durante o primeiro e o segundo períodos e a fábrica está fechada durante a noite.

Ainda de acordo com o porta-voz do sindicato o novo Ministro do Trabalho, Manoel Dias, colocou-se à disposição para mediar as negociações, assim como um representante do Governo Estadual, designado pelo governador.

A unidade da Volkswagen de Taubaté também é palco de negociações sindicais. Acordo da montadora com o sindicato local prevê que o terceiro turno da fábrica do Interior paulista, que emprega 1,4 mil metalúrgicos, funcione somente até 18 de fevereiro.

Segundo nota do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté há negociações em andamento para que este período seja prorrogado. “Apesar de vivermos um momento difícil, o sindicato pede aos trabalhadores que mantenham-se unidos em tranquilidade aguardando o desfecho das negociações”, disseram os representantes dos metalúrgicos em comunicado.

A unidade de Taubaté é responsável pela produção do Up! e, segundo o sindicato, caso ocorra o fim do terceiro turno os funcionários serão alocados para os demais períodos. Procurada, a Volkswagen não comentou as negociações.

Vendas diretas têm maior volume desde 2010

As vendas diretas chegaram muito próximas à marca de 1 milhão de unidades no ano passado. De acordo com levantamento da Agência AutoData, com base nos dados da Fenabrave, as pessoas jurídicas adquiriram 29% dos 3,3 milhões de automóveis e comerciais leves licenciados em 2014, ou cerca de 965 mil unidades.

Não foi, entretanto, o maior volume registrado pela indústria: em 2010, logo após a crise econômica mundial, os licenciamentos de automóveis e comerciais leves para pessoas jurídicas alcançaram 1 milhão 15 mil unidades.

As vendas concedidas a pessoas jurídicas geralmente são concretizadas com grandes descontos, independentemente de o cliente possuir ou não uma frota numerosa.

O volume do ano passado superou em 5,5% o resultado das vendas diretas de 2013, quando 915,4 mil veículos foram emplacados por meio deste modelo de negócio. Em 2012 foram 894 mil emplacamentos para pessoas jurídicas, ou 24,6% do volume daquele ano, quando a indústria bateu seu último recorde de vendas. Em 2011, 957 mil unidades foram licenciadas por esta modalidade.

Mas esse crescimento, tanto em porcentual quanto em volume, não preocupa o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior. O executivo afirmou na terça-feira, 6, que considera normal o nível alcançado em 2014. “Esses 30% estão em um patamar internacional para vendas diretas. O nível não tem se alterado nos últimos quatro anos, se mantendo na faixa das 900 mil unidades.”

No entanto é notável a redução dos licenciamentos no varejo, mais rentáveis aos concessionários. No ano passado os emplacamentos de automóveis e comerciais leves registraram queda de 6,9% na comparação com 2013, somadas pessoas físicas e jurídicas. Para as pessoas físicas, isoladamente, a queda alcançou 11,2%, para 2,3 milhões de unidades.

As vendas diretas, portanto, aliviaram a queda do mercado, que no varejo chegou a dois dígitos. Algumas marcas intensificaram os negócios por este canal para manter suas atividades produtivas em níveis adequados.

No caso da líder geral em vendas, a Fiat, das 700 mil unidades vendidas no ano passado 308 mil foram por meio de vendas diretas, ou 44% do volume total.

Mesmo porcentual registrou a Volkswagen: dos 576,6 mil licenciamentos que lhe deram a terceira posição no ranking, 254,7 mil foram efetivados por venda direta.

Foi alta também a participação da modalidade no resultado da Renault. A marca francesa não mediu esforços para manter a quinta posição do ranking geral, pouco mais de sessenta unidades à frente da Hyundai: 43,1% dos seus 237,2 mil licenciamentos no ano passado foram às pessoas jurídicas – terceira maior participação no ranking de vendas diretas.

No varejo a Renault ficou apenas na sétima posição, superada por, além da Hyundai, Toyota. A líder em vendas ao varejo em 2014 foi a Chevrolet, com 17,9% do bolo, seguida pela Fiat, com 16,8%.

Fiat emplaca quatro modelos na lista dos dez mais vendidos em 2014

2014 tinha tudo para promover um remelexo geral no ranking de vendas por modelo no País: a obrigatoriedade de air-bags e freios ABS marcou o fim da carreira de modelos muito bons de venda, como o Gol G4 e o Fiat Mille, aliados à chegada de muitas novidades no segmento de entrada, como o VW up! e o novo Ford Ka.

Mas com o fechamento do ano o que se viu foi um certo conservadorismo do consumidor brasileiro – o top 10 dos mais vendidos em 2014 repetiu os mesmos modelos daquele de 2013, ainda que não na mesma ordem.

Desta forma também se repetiu o índice de cada montadora nos dez mais de um ano para outro: a Fiat teve quatro, deixando a Volkswagen com dois e Chevrolet, Ford, Hyundai e Renault com um cada.

Além do grande destaque para o Palio, que roubou a coroa do Gol como mais vendido após 27 anos e por margem mínima de cerca de apenas quatrocentas unidades, com 183 mil, merece menção o desempenho da Strada, nada menos do que a terceira colocada no geral, com 153 mil emplacamentos no total do ano passado – em 2013, ficou na sétima colocação. A picape ainda liderou o mês de março, um feito inédito.

Os outros Fiat nos dez primeiros do ano passado foram o Uno, que conseguiu livrar-se sem maiores traumas da sombra do Mille com 122 mil, em quinto, e Siena/Grand Siena, 107 mil em oitavo.

Os representantes Volkswagen na lista dos dez mais, assim como em 2013, foram Gol, agora o vice-líder e desafiante, com 183 mil, e Fox/CrossFox, que recebeu revitalização em agosto e assegurou o nono posto com 101 mil.

O primeiro da lista a não carregar emblema Fiat ou VW é o Chevrolet Onix, com um impressionante quarto lugar com seus 151 mil emplacamentos: em 2013, oitavo. Depois aparece o Hyundai HB20, em um sólido sexto posto, três à frente do ranking do ano passado, e 120 mil. O Ford Fiesta se garantiu em sétimo mesmo sem o reforço da versão RoCam, de geração anterior, também descontinuada em 2014. E o Renault Sandero, que chegou à segunda geração no início de julho, mais uma vez fechou o top 10 graças às suas 95 mil unidades vendidas.

O VW Up! terminou seu primeiro ano, ainda que sem a soma de doze meses – foi lançado em fevereiro –, em décimo-sexto, com 59 mil. O novo Ka, com vendas iniciadas só no segundo semestre, foi o vigésimo, com 44 mil. Outra novidade, o Nissan new March, não foi além do trigésimo-quarto posto, com 25 mil na soma com a versão de geração anterior, ainda em oferta. Foi superado pelo Toyota Etios, vigésimo-oitavo com 39 mil.

Dezembro – No mês passado, isoladamente, o ranking dos dez mais vendidos tem mudanças perante o todo do ano, o que deverá se refletir nas primeiras tabelas de 2015.

O top 10 do mês passado aponta, pela ordem, Gol, 24 mil, Palio, 23 mil, Onix, 18 mil, Strada, 13,4 mil, HB20, 13 mil, Sandero, 13 mil, Ka, 12,7 mil, Uno, 10,2 mil, Prisma, 9,5 mil e Fox/CrossFox, 9,5 mil.

Assim, entraram nos líderes, ao menos em dezembro, o Ka e o Prisma, derrubando dos dez mais o Fiat Siena/GrandSiena e o Ford Fiesta, respectivamente décimo-segundo e décimo-sexto no período. O Up! foi décimo-nono.

Foi ainda mês bom para o Renault Duster, décimo-oitavo com 5,8 mil, e para a Toyota Hilux, vigésima-primeira com 5,1 mil, ambos à frente do Ford EcoSport,vigésimo-segundo com 5 mil.

VW demite oitocentos na Anchieta e trabalhadores decretam greve

Oitocentos funcionários da Volkswagen Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP, que retornavam ao trabalho na terça-feira, 6, após férias coletivas de trinta dias, foram notificados pela montadora por telegrama de que não precisariam retornar às atividades. A confirmação da demissão dos trabalhadores, na mesma data, culminou em início de greve por tempo indeterminado na unidade.

Em três assembleias realizadas ao longo da própria terça-feira, 6, os cerca de 13 mil funcionários da unidade decidiram paralisar as atividades como forma de protesto e de reivindicação do cancelamento das demissões. Todos permaneceram na fábrica durante o horário de trabalho, porém sem atividades produtivas.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC há ainda temor por novos cortes – uma vez que a montadora reportou no ano passado excedente de 2,1 mil funcionários na unidade Anchieta.

Em nota a Volkswagen afirmou que a decisão de demitir os trabalhadores “visa estabelecer condições para um futuro sólido e sustentável para a unidade Anchieta, tendo como base o cenário de mercado e os desafios de competitividade”.

A companhia reforça que diversas medidas de flexibilização da produção foram aplicadas desde 2013, como, por exemplo, férias coletivas e lay off, mas considerou que “no entanto todos os esforços não foram suficientes”.

O comunicado afirma ainda que “com foco na melhoria de competitividade da fábrica frente ao cenário atual de mercado e as projeções para 2015, a Volkswagen buscou uma alternativa junto ao sindicato, realizando um longo processo de negociação para a composição de uma proposta que permitisse a adequação necessária da estrutura de custos e efetivo da unidade. O resultado balanceado contemplava a continuidade de formas de adequação de efetivo por meio de Programas Voluntários com incentivo financeiro e também de desterceirizações temporárias para alocação de parte do excedente de pessoal, dentre outras medidas. Lamentavelmente a proposta foi rejeitada em assembleia realizada em 2 de dezembro”.

A montadora alegou que continua urgente a necessidade de adequação de efetivo e otimização de custos para melhorar as condições de competitividade, motivo pelo qual a empresa iniciou “primeira etapa de adequação de efetivo”.

Segundo comunicado de Wagner Santana, secretário-geral do sindicato, em junho de 2014 representantes da montadora procuraram os representantes dos metalúrgicos para relatar que não havia como manter o acordo aprovado para o período 2012 a 2016 – que previa estabilidade de emprego neste período – e então negociações para elaboração de ajustes foram iniciadas. “Após a rejeição da nova proposta pelos trabalhadores a empresa rompeu o acordo e tomou a iniciativa de se livrar daquilo que considera como custo, mas que para nós são pais e mães de família.”

O sindicato afirmou que a greve será mantida até que a montadora volte a negociar.

A VW reconhece que há um acordo trabalhista vigente desde 2012, que inclui estabilidade no emprego, mas afirma que este foi estabelecido em premissas de mercado e vendas que não se confirmaram. “Quando o acordo foi firmado, após anos de crescimento, a perspectiva era que a indústria automobilística atingisse a marca de praticamente quatro milhões de unidades em 2014. O que ocorreu de fato foi uma retração para 3,3 milhões.”

Mercedes-Benz – O sindicato do ABC ainda enfrenta outra situação de cortes em São Bernardo do Campo, SP: segundo os metalúrgicos 244 trabalhadores da Mercedes-Benz não tiveram o contrato de lay off – que se encerrou em 30 de novembro – postergado até 30 de abril e foram dispensados.

Uma manifestação de solidariedade aconteceu no portão principal da fábrica da montadora no início do primeiro turno de terça-feira, 6. Cerca de dois mil funcionários se reuniram para se mobilizar contra as demissões.

A montadora não confirmou o número de contratos de trabalho encerrados. Porta-voz afirmou apenas que a parcela do grupo que se mantém em lay off até 30 de abril é maioria.

Nas unidades do ABCD Paulista e Juiz de Fora, MG, aproximadamente 1,2 mil trabalhadores estavam afastados em regime de lay off. A montadora acrescentou que todos os empregados da unidade mineira tiveram o afastamento prorrogado, mas que no grupo paulista houve a abertura de um Programa de Demissão Voluntária e parte dos funcionários não teve o contrato renovado – mas não pormenorizou os números relativos.

Os custos com o lay off até 30 de abril serão pagos integralmente pela montadora, uma vez que os subsídios do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, do Governo Federal, tem validade de cinco meses e já haviam sido utilizados pela montadora em primeira fase do lay off.

Para Fenabrave, mercado em 2015 será muito próximo ao de 2014

Um ano muito parecido com 2014. Essa é a expectativa para 2015 da Fenabrave, que divulgou na terça-feira, 6, projeção de leve queda de 0,5% nas vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus com relação ao ano passado, ou exatas 3 milhões 479 mil 343 unidades.

O viés ligeiramente negativo do resultado contrasta com a expectativa da maioria dos executivos da indústria, que projeta vendas de estáveis para cima. Tereza Fernandez, colaboradora econômica da associação, justificou o índice: “O preço dos carros vai aumentar com o fim da redução do IPI e isso impactará o consumidor, que já convive com a inflação. Se a renda do trabalhador crescesse, sem o nível atual de endividamento das famílias, e o crédito estivesse com maior disponibilidade, talvez o mercado não caísse”.

Nos cálculos, porém, não estão considerados eventuais impactos da nova lei que facilita a retomada do veículo no caso de inadimplência. Fernandez argumenta que “a lei é nova e não sabemos como quantificá-la nas projeções, e por isso fizemos a análise sem considerá-la”.

A consultora considerou que a projeção não é pessimista nem otimista, “mas realista”. Admitiu, porém, que a associação possa revisar o número mais adiante, mas considerou que tem como base as estimativas com relação à economia e o PIB.

Segundo Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave, o impacto médio nos preços dos carros será de 3% a 5% com a recomposição do IPI. As vendas de janeiro, porém, deverão ser aceleradas, vez que indústria e rede se prepararam com estoques altos ainda com o IPI antigo, de unidades faturadas em 2014.

“Temos de 25 a 45 dias de vendas sem incidência da nova alíquota, com estoques que giram em torno de quatrocentas mil unidades. Só em fevereiro ou março os preços deverão subir efetivamente.”

Para o presidente a grande questão do ano será mesmo o comportamento dos bancos e agentes financeiros: “Estão mais dispostos a liberar crédito, mas as aprovações ainda estão baixas. Em média três a cada dez pedidos são aprovados. A nova lei da retomada pode alterar esse cenário e aumentar em até 20% as vendas, mas não sabemos efetivamente qual será o impacto no mercado”.