Honda chega a 87% de conclusão da fábrica de Itirapina

A Honda está pisando fundo no acelerador da construção de sua segunda fábrica de automóveis no País, em Itirapina, no Interior paulista: neste mês a obra atingiu índice de 87% de conclusão.

O primeiro prédio a ficar pronto foi o da pintura, que já conta com cerca de 50% de seus equipamentos instalados. “Era a edificação mais complexa e de maior tempo necessário para instalação dos maquinários, então as obras foram iniciadas por esta área, que está localizada fisicamente no centro da unidade. Depois prosseguimos a construção partindo do meio para as pontas”, explicou Otávio Mizikami, diretor de produção da fábrica de Sumaré e responsável pelo projeto de Itirapina, em entrevista exclusiva à Agência AutoData.

Pelos cálculos do executivo os primeiros testes na área de pintura começam no fim de junho e, logo em seguida, o mesmo ocorrerá com a estamparia. “Diversos equipamentos importados do Japão já estão a caminho e devem chegar ao País do fim de março ao começo de abril.” A produção pré-série de veículos em Itirapina deve ter início em setembro.

A velocidade do projeto Itirapina é elevada e demonstra a necessidade da fábrica para a Honda, vez que dobrará sua capacidade produtiva no País – de 120 mil unidades/ano, hoje exclusivas de Sumaré, SP, para 240 mil/ano. O anúncio do investimento de R$ 1 bilhão ali ocorreu em agosto de 2013, e a pedra fundamental foi assentada apenas três meses depois, marcando o início oficial das obras. Se confirmada a inauguração no fim do ano, portanto, Itirapina terá sido inteiramente construída em praticamente dois anos exatos.

Mizikami revela que a escassez de chuvas no ano passado de certa forma ajudou a acelerar o cronograma, vez que as condições climáticas não atrapalharam as obras justamente na etapa mais sensível a este tipo de fenômeno. O estágio atual contempla pavimentação da pista de testes, com 1,5 quilômetro, e das ruas internas, em total de 8 quilômetros, além da finalização dos prédios de estamparia e solda. Um pequeno atraso no cronograma ocorreu nas obras dos prédios administrativos e refeitório, mas, de acordo com o executivo, “como não exigem a instalação de grandes maquinários industriais será mais fácil compensar essa diferença”.

Mais de 1,1 mil pessoas trabalham diariamente na obra – a fábrica, em pleno funcionamento, terá quadro de 2 mil funcionários. Em dezembro o Senai de São Carlos abriu, em parceria com a fabricante, inscrições para a primeira turma de curso de formação em Processo na Indústria Automobilística, para 180 alunos. As aulas começaram há quinze dias com o objetivo de formar mão-de-obra para a unidade.

O primeiro modelo a ser produzido em Itirapina será o Fit, desafogando Sumaré, que não terá vida fácil neste 2015: além do monovolume saem da linha Civic e City e, a partir do mês que vem, também o novo HR-V. Como a segunda fábrica Honda entrará em operação efetiva apenas no fim do ano, a unidade de Sumaré só começa a ser liberada na prática em 2016 e, assim, é fácil imaginar que o ritmo produtivo do novo SUV será de início bem menor do que o desejado pela fabricante – especialmente em uma etapa de lançamento –, e que, ao menos neste quesito, o Jeep Renegade chegará com plena vantagem, já que terá uma fábrica novinha à sua inteira disposição em Goiana, PE, também a partir do mês que vem.

Ao mesmo tempo em que toca Itirapina na maior velocidade possível a Honda concluiu neste mês processo de mudança de todo seu corpo administrativo: o pessoal antes alocado na Zona Sul de São Paulo já trabalha em novo prédio no mesmo complexo da fábrica de Sumaré. A mudança custou ao todo R$ 100 milhões e envolveu cerca de quatrocentos funcionários.

O prédio, de 16 mil m2, responde pela nova sede da Honda South America e concentra, além das operações administrativas e comerciais da fabricante na região, o pessoal de atendimento ao cliente, recursos humanos, controladoria, tecnologia da informação, jurídico, regulamentação de produto, relações institucionais, pós-venda e auditoria. Todos estão alocados em um mesmo andar, em conceito trazido da matriz japonesa: para a montadora, é forma de trazer “maior proximidade das áreas administrativas com a operação industrial, com objetivo de acelerar os processos de tomada de decisão e, assim, ganhar em agilidade e competitividade no mercado nacional”.

O edifício fica ao lado do novo centro de pesquisa e desenvolvimento inaugurado há um ano, que também consumiu R$ 100 milhões e cujo maior objetivo é elevar o índice de nacionalização da Honda no País, de 60% na média para 80% até o fim deste ano.

Segmento de ônibus rodoviário aposta em regulamentação da ANTT antes do carnaval

O segmento de chassis rodoviários espera ansioso receber boa notícia até o fim desta semana, portanto antes do carnaval: a publicação das normas para serviços de ônibus interestaduais pela ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres.

Segundo José Antonio Martins, presidente da Fabus, Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, a regulamentação de aspectos técnicos para as operações de transportes está concluída e deverá destravar as vendas o segmento, com potencial de renovação de frota de mais de oito mil chassis.

“Conversas em Brasília, DF, dão conta de que a oficialização das regras acontecerá ainda na primeira quinzena de fevereiro, possivelmente até esta sexta-feira, 13. A renovação da frota destinada a esses serviços deverá ocorrer em quatro anos, adicionando ao mercado uma média de duas mil unidades/ano.”

O processo da ANTT, que finalmente parece rumar para uma conclusão, arrasta-se há mais de cinco anos. Em junho do ano passado foi publicada emenda à Medida Provisória 638, prevendo que as viações responsáveis pelo transporte de passageiros operem por meio de regime de autorização – o que pôs fim à exigência de licitação em serviços de ônibus interestaduais.

À época, empresários do setor de transporte calcularam que a medida desbloquearia investimentos de R$ 6 bilhões em compras de chassis no período de quatro anos. No entanto essas compras continuaram postergadas à espera da regulamentação técnica dessa autorização, parte mais complexa do novo sistema.

Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz, afirma que se a publicação das regras acontecer de fato ainda neste mês, a iniciativa deverá elevar o mercado de rodoviários em pelo menos 1 mil unidades já neste ano:

“A faixa de chassis rodoviários somou 5 mil 267 unidades em 2014, 2 mil 713 destinados ao fretamento e 2 mil 554 ditos rodoviários puros. Um incremento inicial de 1 mil unidades, com potencial de dois mil ao ano, sem dúvida é otimista ao mercado”.

Para o executivo “a renovação é necessária para reduzir a idade média da frota rodoviária”.

Mercedes-Benz se reúne com sindicato para debater demissões no ABCD

Acompanhados de seus familiares, os trabalhadores dispensados da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, SP, realizaram protesto em frente à unidade na manhã de sexta-feira, 9. Um pequeno grupo interrompeu a produção da fábrica por cerca de meia hora em solidariedade aos 160 demitidos.

Depois da manifestação a companhia aceitou retomar as conversas com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para tratar das dispensas.

Segundo o sindicato as partes se reuniram na tarde da própria sexta-feira, 9, mas sem qualquer acordo e, assim, as demissões foram mantidas. Porta-voz dos representantes dos metalúrgicos afirmou à Agência AutoData que no encontro a montadora apenas reforçou que o cenário atual de queda da indústria levou aos cortes e que todas as medidas possíveis anteriormente foram tomadas.

Já de acordo com porta-voz da Mercedes-Benz as conversas com o sindicato devem continuar, mas a empresa não divulga a pauta de negociação nem tampouco cronograma. Nenhuma reunião está agendada para os próximos dias.

Na Volkswagen Anchieta, também em São Bernardo do Campo, a greve contra oitocentas demissões prosseguiu na sexta-feira, 9, chegando ao quarto dia. Cerca de seis mil veículos já deixaram de ser produzidos na unidade, segundo o sindicato.

Ainda de acordo com os representantes dos metalúrgicos a Volkswagen dará entrada na Justiça do Trabalho, nos próximos dias, com pedido de interdito proibitório – mecanismo que impede a aproximação da mobilização sindical às dependências da fábrica. Procurada, a montadora optou por não comentou o assunto.

Na segunda-feira, 12, o sindicato fará um ato de protesto conjunto contras as demissões. Metalúrgicos de empresas da base do sindicato se encontrarão na fábrica da Volkswagen e se dirigirão até a Rodovia Anchieta em passeata.

Além disso as centrais sindicais se reunirão na sede da Central Única dos Trabalhadores, a CUT, na terça-feira, 13, para debater as recentes demissões e tentar conter novos desligamentos.

Participarão do encontro, além da CUT, a Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores, a Nova Central Sindical de Trabalhadores e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.

Mercado brasileiro tem novo vice-líder

O ranking brasileiro de automóveis e comerciais leves tem novo vice-líder: a General Motors superou a Volkswagen e assumiu a segunda posição no fechamento de 2014, atrás da Fiat, novamente a marca mais vendida no mercado nacional – pelo 13º. ano, porém não de forma consecutiva.

Enquanto as vendas da VW no ano encolheram 13,5%, para 576,7 mil unidades, as da Chevrolet ficaram em patamar pouco melhor, ainda que também negativo, em 10,9%, chegando a 578,9 mil veículos: diferença mínima, portanto, de 2,2 mil unidades.

A subida de um degrau no ranking ocorreu no mesmo ano em que a GM consolidou-se como líder de vendas no varejo, com mais de um ponto porcentual de vantagem sobre a Fiat – as posições se invertem quando consideradas apenas as vendas para pessoas físicas, ou diretas. Segundo a companhia, em nota, a liderança no varejo era seu “grande objetivo para 2014”.

De toda forma as quatro marcas mais vendidas no mercado nacional apresentaram desempenho inferior à média do mercado de leves, que fechou 2014 com redução de 6,9%. A Fiat apresentou retração de 8,5%, para 698,2 mil veículos, enquanto a Ford, quarta marca mais vendida, fechou o ano com queda de 8%, ou 308,2 mil veículos.

Com isso a participação das quatro mais tradicionais marcas do mercado nacional ficou pela primeira vez abaixo dos dois terços. Somadas, Fiat, GM, VW e Ford detiveram 64,9% de participação, deixando 35,1% do mercado para as concorrentes – em 2013 o índice fora de 67,5%.

A briga acirradíssima pela quinta colocação terminou em empate técnico: apenas dezoito unidades colocaram a Renault à frente da Hyundai. Enquanto a francesa manteve os volumes de 2013, com leve avanço de 0,3%, a sul-coreana cresceu 11,4%. Ambas fecharam o ano com 7,1% de participação, e pela primeira vez acima da faixa dos 7%.

A Toyota também tem motivos para comemorar 2014: suas vendas no País cresceram 11% e a participação chegou a 5,9%, exatamente um ponto porcentual acima do ano anterior.

A Honda fechou o ano na oitava posição, com queda de 1% nas vendas, enquanto a Nissan encerrou o seu primeiro ano como fabricante nacional – inaugurou a fábrica de Resende, RJ, de onde sai o New March, em abril – na nona posição, com queda de 7% nos licenciamentos.

A grande novidade no ranking foi a Mitsubishi, que desbancou as duas marcas da PSA, Citroën e Peugeot, e assumiu a décima colocação. O bom desempenho no ano, quando cresceu 1,9% ante um mercado em queda de 6,9%, rendeu à marca 1,8% de participação, com 59,2 mil unidades comercializadas durante todo 2014.

Mercado argentino encolheu 36% no ano passado

Disparado o principal cliente externo dos veículos produzidos nas fábricas brasileiras, o mercado argentino encerrou o ano passado com retração de 36,3% com relação a 2013, de acordo com dados divulgados pela Adefa, a associação das montadoras daquele país. Foram comercializados 613,8 mil veículos ali no atacado.

O mau momento econômico da Argentina prejudicou as vendas locais e acabou interferindo também nas exportações a partir do Brasil, segundo Luiz Moan, presidente da Anfavea. Os embarques de veículos brasileiros reduziram-se em 40,6% no período, segundo dados da associação das montadoras brasileiras.

Como os dois mercados são altamente interligados, a produção argentina também foi prejudicada – tanto pelo desempenho do mercado local quanto pelo do brasileiro, que caiu 7% no ano. Saíram das linhas de montagem das fábricas da Argentina 617,6 mil veículos no ano passado, redução de 22% com relação ao ano anterior.

Segundo o Tiempo Motor, parceiro editorial da Agência AutoData no país vizinho, a falta de dólares para insumos, suspensões de produção e conflitos sindicais também contribuíram para o retrocesso na produção.

As exportações argentinas de veículos, por sua vez, caíram 17,4%, ou pouco menos do que a produção. Foram exportados 357,8 mil veículos argentinos, sendo 84,8% para o Brasil.

Marcas – A Volkswagen liderou as vendas no varejo na Argentina no ano passado, segundo dados da Acara, a associação que congrega os distribuidores locais. Foram vendidos 112 mil veículos da marca de origem alemã, queda de 29%. Em segundo lugar ficou a Ford, com retração de 20,7% nos emplacamentos, ou 91,6 mil unidades, seguida pela Fiat, com 84,7 mil veículos comercializados, redução de 18,8%.

Em volume de produção por empresa, porém, a liderança ficou com a Ford: saíram de suas linhas de montagem argentinas 103,1 mil veículos. A Toyota foi a segunda maior produtora, com 96 mil unidades, seguida pela Fiat, que produziu 95,5 mil veículos, informou a Adefa.

MAN lidera vendas de caminhões pelo 12º. ano consecutivo

A queda do mercado de caminhões em 2014, que chegou a 11,3%, para 137 mil unidades comercializadas, não comprometeu a liderança da MAN Latin América no segmento. Mesmo com retração de 11,5% nas vendas a montadora emplacou 36,1 mil caminhões e garantiu a primeira posição no ranking, e pelo 12º ano consecutivo.

A diferença para a Mercedes-Benz, no entanto, foi apertada e fechou em apenas 600 caminhões. Foi uma das disputas mais acirradas dos últimos anos – a diferença chegou a somente 238 unidades no acumulado dos primeiros sete meses de 2014.

A Mercedes-Benz registrou uma retração de 6,8% no ano passado, inferior à da primeira colocada, ao emplacar 35,5 mil caminhões. Com isso a participação de mercado das companhias ficou separada por apenas 0,5 ponto porcentual: 26,4% para a MAN e 25,9% para a M-B.

Com exceção de DAF, Hyundai e International, ainda com pequenos volumes e base de comparação anual baixa, todas as demais montadoras registram queda nas vendas no ano passado, porém não houve alteração na ordem do ranking.

Volvo e a Ford acirraram a disputa pelo terceiro posto, e apenas 133 caminhões asseguraram a vitória da montadora de origem sueca pelo último degrau do pódio. Enquanto a Volvo comercializou 19,7 mil unidades, em queda de 4,8% ante 2013, a Ford vendeu 19,6 mil caminhões – em muito ajudada pelo retorno da Série F ao mercado – e encerrou o ano em baixa de 4%.

Na sequência a Scania aparece como a montadora com a maior desaceleração nas vendas de caminhões, com declínio de 28,2% e 14,1 mil unidades comercializadas ante 19,7 mil um ano antes. A Iveco manteve a sexta posição mesmo em queda de 23,6% e 8,8 mil caminhões licenciados no ano passado.

Na parte de baixo da tabela aparecem as montadoras com menos de 1 mil unidades vendidas em 2014, porém com resultados positivos ou próximos da estabilidade. A International vendeu 954 ante 507 há um ano e assim fechou com crescimento representativo de 88,2%. A Agrale manteve seus índices ao comercializar 444 unidades em 2014 ante 447 em 2013.

Hyundai e DAF aparecem na sequência com as maiores altas do ano, de 132,4% e 786,2%, respectivamente, mas graças apenas a bases muito reduzidas de comparação. A Hyundai vendeu 695 unidades, nona colocação no ranking, enquanto a DAF emplacou 257 e finalizou a lista das dez primeiras montadoras do segmento.

Ônibus – Nos chassis de ônibus a Mercedes-Benz inverteu os papéis e assegurou sua liderança frente à MAN. A montadora comercializou 13 mil unidades, em queda de 4,3% na comparação anual.

A MAN, por sua vez, registrou declínio maior do que o mercado, que foi de 16,3%, ao encerrar o ano com retração de 28,2% em seus números de 2014, para vendas de 6,4 mil unidades.

A Agrale manteve a terceira posição e vendeu 4,4 mil chassis, em queda de 24,2%.

A Volvo foi a única das montadoras de maior volume no ranking do segmento a registrar resultado positivo em 2014: alta de 2,7% ante 2013 ao comercializar 1,7 mil unidades.

A Scania aparece na quinta posição com 1 mil unidades e recuo de 5,6%, seguida pela Iveco, que ficou com a maior retração da lista no ano passado, de 53,6% – comercializou 731 unidades no perído, ante 1,5 mil um ano antes.

A International encerra a lista com 62 chassis comercializados e crescimento de 63,2%, porém com base baixa, de 38 unidades em 2013.

Vendas de implementos encolhem 10% em 2014

O mercado de implementos rodoviários apurou baixa de 10,2% em 2014. Segundo números divulgados pela Anfir, associação que representa o segmento, as vendas das faixas leve e pesada somaram 159 mil 618 unidades no ano passado ante total de 177 mil 795 em 2013.

A faixa de pesados, representada por reboques e semirreboques, totalizou 56 mil 529 unidades vendidas, queda de 19,4% ante os 70 mil 105 do ano anterior.

A faixa leve, de carrocerias sobre chassis, registrou 103 mil 89 entregas, 4,3% menos que as 107 mil 690 realizadas um ano antes.

A maior baixa dentre os pesados justifica-se, em parte, pelas dificuldades operacionais do Finame PSI no início de 2014, a exemplo do que ocorreu com caminhões e ônibus. Nos leves o impacto foi menor pois grande parte das empresas que compram carrocerias sobre chassis não consegue atender as exigências do BNDES para financiar.

Mario Rinaldi, diretor executivo da Anfir, afirmou em nota que 2014 definitivamente não foi bom para a maioria dos negócios, o que poderá surtir feitos negativos também neste ano. “Os planos de aquisições e renovações serão revistos e é natural que haja um comportamento mais conservador para a compra de implementos rodoviários.”

Alcides Braga, presidente da Anfir, estima ritmo fraco no segmento, ao menos no primeiro trimestre do ano, em função da alta nas taxas de juros do Finame PSI, que em média dobraram ante aquelas praticadas em 2014.

“Uma possível recuperação das vendas da indústria de implementos rodoviários dependerá da reação dos demais setores da economia.”

Queda média diária do mercado foi de 5,6% em 2014

O mercado brasileiro de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus fechou o ano passado com retração de 7,1% na comparação com o ano anterior, ou 3,5 milhões de veículos licenciados. Os dados foram divulgados pela Anfavea na quinta-feira, 8.

Descontados os feriados, fins de semana e demais dias não úteis, a queda foi de 5,6% na média diária. “Em 2013 foram emplacados 15 mil 130 veículos por dia útil. No ano passado, foram 14 mil 278 unidades, em média”, afirmou Luiz Moan, presidente da associação.

Dezembro fechou como terceiro melhor mês em vendas na história da indústria, com 370 mil unidades comercializadas. Ficou atrás apenas de agosto de 2012, quando 420,1 mil veículos foram licenciados, e de dezembro de 2010, com 381,6 mil emplacamentos.

Comparado com dezembro de 2013 as vendas do mês passado cresceram 4,6%. Com relação a novembro, o avanço foi de 25,6%.

A equação de vendas altas e produção desacelerada resultaram em queda no nível dos estoques. Segundo a Anfavea dezembro terminou com 351 mil unidades nos pátios das montadoras e concessionárias, nível bem abaixo dos 414,3 mil veículos estocados ao fim do mês anterior.

O volume é capaz de suprir 28 dias de vendas, segundo a metodologia tradicional de cálculo da Anfavea – a associação mudará oficialmente os cálculos a partir do mês que vem, explicou o presidente.

“Pela nossa nova metodologia os estoques são de 35 dias. Os níveis estão preocupantes”.

Curiosidade: das 351 mil unidades, 297,5 mil estão nos estoques das concessionárias. Ou seja, este é o volume de veículos com IPI reduzido disponível para venda ainda no início de 2015.

Moan divulgou também índices positivos com relação ao crédito. Segundo o executivo de setembro a dezembro a liberação de fichas cresceu 11%, em média, comparado com a média dos nove primeiros meses do ano. “Pudemos verificar uma retomada do crédito, que nos dá esperança para bons resultados em 2015”.

Queda anual na produção supera 500 mil veículos e chega a 15,3%

A produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus encerrou 2014 com uma retração de 15,3%. Segundo dados divulgados pela Anfavea na quinta-feira, 8, o volume chegou a 3 milhões 146 mil unidades, ante os 3 milhões 712 mil registrados um ano antes.

A diferença foi de 566 mil unidades, valor equivalente a dois meses de produção se observada a média de 2014.

De acordo com Luiz Moan, presidente da Anfavea, a queda na produção era esperada, uma vez que houve uma retração nas vendas. “As montadoras realizaram ajustes ao longo do ano todo na tentativa de se adequarem ao novo cenário. As férias coletivas e os mecanismos como licença remunerada e lay-off contribuíram para o recuo do volume produzido”.

Ao todo saíram das linhas de montagem brasileiras 2 milhões 314 mil automóveis, uma queda de 15% na comparação anual, e 658,4 mil comerciais leves, recuo de 13,6%. Os caminhões foram responsáveis pela maior retração, com 25,2%, e 139,9 mil unidades produzidas. Já os ônibus tiveram queda de 17,9% e 32,9 mil unidades fabricadas no ano.

Em dezembro o volume de produção teve o menor patamar do ano com 203,8 mil unidades. Na comparação anual a queda foi de 11,8% e em relação a novembro a baixa chegou a 23,1%.

Segundo Moan, “a fim de controlar os estoques algumas montadoras suspenderam a produção durante o mês inteiro e todas concederam férias coletivas em ao menos uma parte de dezembro. Isso explica o volume inferior”.

Além de medidas como as férias coletivas algumas empresas tiveram de reduzir o quadro de funcionários durante 2014. Em dezembro o número de empregados na indústria somou 144,6 mil, uma retração de 7,9% ante os 156,9 mil verificados um ano antes.

Apesar da eliminação de 12 mil funcionários, o equivalente a força de trabalho da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo, SP, Moan afirmou que as demissões foram todas realizadas por meio de programas de demissão voluntária, encerramento de contratos temporários e não reposição de vagas em casos de pedidos de demissão e aposentadorias. “Não houve demissão em massa e as empresas usaram todas as manobras possíveis antes de reduzir os quadros”.

Sobre as 800 demissões anunciadas pela Volkswagen em São Bernardo do Campo, SP, no início desta semana o presidente da Anfavea afirmou que espera uma mudança. “Eles concederam uma licença remunerada para o grupo [até 5 de fevereiro] e há possibilidade de rever isso caso os metalúrgicos aceitem a alteração do acordo trabalhista vigente até 2016 [que inclui congelamento de salários e foi rejeitada em 2 de dezembro de 2014]”.

Moan disse ainda que a Anfavea está a disposição para servir de interlocutora das negociações da empresa com o sindicato local. “Acreditamos que haverá uma solução para esse problema e as demissões possam ser revertidas”.

Consultada, a Volkswagen manteve sua posição inicial e afirmou que quando os funcionários retornarem ao trabalho em fevereiro serão dispensados de seus cargos.

Anfavea: projeção de estabilidade.

A Anfavea divulgou na quinta-feira, 8, suas projeções para produção, mercado interno e exportações de veículos e máquinas agrícolas. Dessa vez, ao contrário do ano passado quando projetou crescimento em todos os segmentos, a associação divulgou números parecidos com os apurados em 2014.

Segundo os cálculos do departamento de estatística da Anfavea o mercado doméstico deverá fechar em linha com o resultado do ano passado, ou 3,5 milhões de unidades. O volume de exportações crescerá 1%, para 337,9 mil veículos, enquanto a produção subirá 4,1%, alcançando 3 milhões 276 mil unidades.

Para Luiz Moan, presidente da Anfavea, a nova lei que facilita a retomada dos bens de financiamentos inadimplentes trará aspecto positivo ao mercado, que compensaria o mau desempenho projetado para a economia no ano. “As financeiras já estão ampliando a concessão de crédito desde setembro. O efeito positivo seguirá durante 2015”.

A subida na produção é explicada pelo avanço esperado nas exportações e pela substituição de modelos importados por nacionais. “Acreditamos que a participação de modelos produzidos crescerá neste ano, reduzindo a participação dos importados. Em 2014 17,6% das vendas foram de modelos importados, projetamos 16% em 2015”, disse, justificando a queda com o aumento do dólar. “Acreditamos que o dólar chegará a R$ 3,10”.

Com relação às exportações, a busca por novos mercados explica a expectativa de aumento. Moan ressaltou também que o principal cliente, a Argentina, não deverá ter nova queda em 2015. “Poderá até se recuperar”.

O presidente da Anfavea afirmou ainda que as projeções divulgadas são suas expectativas mais pessimistas. “Eu, pessoalmente, acredito que cresceremos neste ano. Em 2014 tivemos grandes eventos como a Copa do Mundo e as eleições, uma grande concentração de feriados e havia um clima negativo na população. Não acredito que isso deva se repetir neste ano”.

Para a Anfavea, em valores as exportações subirão 2,5%, para US$ 11,8 bilhões. Foram divulgadas também projeções para o setor de máquinas agrícolas: estabilidade em produção e vendas e crescimento de 1% nas exportações.