O século 20 mal nascera e o Brasil, então um país cuja economia dependia sobretudo da agricultura, começava a experimentar alguns avanços da industrialização, em particular o Estado de São Paulo. E empresas multinacionais, já em franco processo de expansão, sabiam que na América abaixo do Equador tudo estava por ser ocupado e oferecido. Em especial no Brasil, o maior país da região e potencialmente o maior mercado.
A General Motors Corporation, fundada em 1908 por William Durant, era uma delas. Embora novata já contabilizava cerca de 1 milhão de veículos produzidos em outros países quando escolheu o bairro do Ipiranga, em São Paulo, para abrigar sua primeira linha de montagem aqui, em 1925, com o nome Companhia Geral de Motores do Brasil, logo alterado para General Motors do Brasil.
Protagonista – Ao longo dessas nove décadas, que serão completadas oficialmente na segunda-feira, 26 de janeiro, a subsidiária brasileira confirmou o acerto daquele movimento da corporação rumo ao Sul do continente. Afinal, nesse longo período o mercado brasileiro e a economia mundial passaram por mudanças tamanhas que, não raro, pulverizaram empresas, setores e grupos ao redor do globo.
Na General Motors do Brasil ocorreu o contrário. De mera coadjuvante nos primeiros anos a empresa tornou-se uma das protagonistas da indústria automobilística brasileira, em especial a partir do surgimento de seu primeiro automóvel de passeio nacional, o Opala, no encerramento da década de 60, período em que, de outra parte, marcas importantes desapareciam de nossas ruas.
A empresa chega aos 90 anos comemorando toda sua trajetória e também seu resultado anual mais recente: a Chevrolet fechou 2014 como a segunda marca mais vendida no País, com 17,4% de participação em automóveis e comerciais leves e mais de 578,7 mil veículos vendidos.
Melhor resultado no pódio somente o de 2004, quando, ao completar 80 anos, a GMB cravou a liderança. De qualquer forma, o Brasil hoje é o terceiro maior mercado da Chevrolet em todo o mundo, atrás somente de Estados Unidos e China.
É bem verdade que antes da fabricação do primeiro veículo considerado genuinamente nacional nos anos 50, um caminhão, a empresa montava unidades trazidas em regime de CKD – além dos Chevrolet, modelos Buick, Cadillac e Pontiac. Ainda assim já em 1936, apenas nove anos depois da inauguração da planta do Ipiranga e de seu primeiro veículo, um pequeno furgão, comemorava a montagem de seu veículo número 100 mil.
No ABC – Essa agressividade de mercado não tardaria a incentivar uma nova investida e já em 1927 a empresa assentaria o primeiro tijolo da fábrica de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, ainda hoje o quartel-general da corporação aqui. De lá, em 1951, saíram o primeiro ônibus brasileiro, com a carroceria totalmente nacional, e os refrigeradores Frigidaire, importados desde os anos 30.
Em 1958 seria a vez do primeiro caminhão nacional ganhar as ruas com motor fundido, forjado e usinado em São José dos Campos, SP, inaugurada oficialmente no início de 1959.
Depois dos caminhões e ônibus nacionais faltava o automóvel de passeio. A General Motors do Brasil precisou de quase dez anos para lançar o icônico Opala.
A partir dele a empresa enfileirou outras referências que ainda permanecem no imaginário do consumidor brasileiro, como Chevette, Monza, Kadett, Corsa e mais recentemente Vectra e Omega até chegar à atual condição de ser um dos cinco centros mundiais de criação e desenvolvimento de veículos da General Motors Corporation.
A linha atual de produtos é totalmente nova – concluída em 2013 – e representa a mais profunda mudança da história da empresa em um período de apenas três anos.
Oferece de compactos a SUV’s nacionais e importados, passando por picapes pequenas e médias, hatches e sedãs de vários segmentos vendidos em cerca de seiscentos pontos no território nacional.
Eles são produzidos nas veteranas fábricas de São José dos Campos e São Caetano do Sul, SP, mas também em Gravataí, RS. O complexo industrial da General Motors no Brasil conta ainda com uma fábrica de componentes em Mogi das Cruzes, SP, outra, a mais recente, inaugurada em 2013, de motores em Joinville, SC, além de centro logístico em Sorocaba e do conhecido campo de provas Cruz Alta, em Indaiatuba, ambos no Interior paulista.
15 milhões – Todas essas unidades interligadas consolidaram um espantoso universo em volume e extensão em todas essas nove décadas, ainda que oficialmente a Anfavea registre dados a partir de 1957.
Daquele ano até o encerramento de 2013 ao menos 15,1 milhões de veículos foram produzidos pela GMB, perto de mais de 13 milhões vendidos no mercado interno e outros 2,8 milhões seguiram para países de todos os continentes.
Em 2014, com quase 580 mil veículos comercializados, a GM foi líder no varejo brasileiro e a terceira colocada em vendas diretas. Diante desses números é fácil imaginar que nem mesmo o mais otimista dos pioneiros executivos baseados na avenida Presidente Wilson, em 1925, sonhou com eles. Mas é fácil também constatar que acertaram na escolha!
Fatos históricos
1925 |
Fundada a Companhia Geral de Motores no bairro do Ipiranga, em São Paulo
1927 |
Início da construção da fábrica de São Caetano do Sul. Ipiranga monta o veículo de número 25 mil.
1928 |
Iniciada, em 1º de outubro, a produção na fábrica do ABC paulista
1930 |
Inauguração oficial da fábrica de São Caetano do Sul em 12 de agosto
1953 |
Em outubro é adquirido terreno em São José dos Campos, SP
1956 |
Começa a produção na fundição e fábrica de motores em São José dos Campos.
1957 |
Produzido o primeiro caminhão Chevrolet nacional
1959 |
Inauguração oficial da segunda fábrica da General Motors do Brasil em São José dos Campos.
1968 |
Lançado o Opala com quatro portas, primeiro automóvel de passeio da Chevrolet produzido no Brasil
1970 |
A GMB inaugura nova linha de montagem em São José dos Campos para produzir o seu primeiro carro pequeno, o Chevette.
1973 |
Apresentação do Chevette para o mercado brasileiro
1974 |
Entra em operação o Campo de Provas de Cruz Alta, em Indaiatuba, SP.
1979 |
Primeiro veículos a álcool da empresa
1980 |
GMB comemora 2 milhões de veículos produzidos no Brasil. Lançamento do Monza.
1990 |
Apresentação do Monza Classic SE 500 EF com injeção eletrônica de combustível
1991 |
Fim da produção do Opala após quase 1 milhão de unidades produzidas. Para substituí-lo é lançado o Omega.
1993 |
O Vectra chega ao mercado nacional em 2 de outubro. Empresa atinge 5 milhões de veículos produzidos no Brasil. Fim da produção do Chevette.
1994 |
Lançamento do Corsa Wind com motor 1.0
1995 |
Apresentação da S-10, a primeira picape média do Brasil. Começa a produção do Blazer. Lançado o Corsa Sedan GL.
1996 |
Inauguração do Centro de Distribuição de Peças em Sorocaba. Fim da produção do Monza.
1998 |
O último Kadett deixa a linha de montagem em São Caetano do Sul
1999 |
Inauguração oficial da fábrica de Mogi das Cruzes, no Interior paulista
2000 |
Em 2 de setembro é apresentado o Celta, primeiro carro a ser produzido na fábrica gaúcha de Gravataí
2001 |
Lançado o monovolume Zafira, único em sua categoria com capacidade para sete pessoas
2002 |
Nova geração do Corsa chega ao mercado
2003 |
Novidade mundial, picape Montana, de pequeno porte, chega ao mercado
2005 |
Celta ganha motor flexfuel
2006 |
O sedã Prisma começa a ser produzido em Gravataí
2009 |
Lançamento local do Agile produzido na Argentina
2011 |
Começa a produção do Cruze, modelo global. No mesmo ano o Cobalt passa a fazer parte do portfólio da empresa.
2012 |
Lançada a nova picape S-10. Spin substitui Zafira e Meriva. Lançamento do Onix.
2013 |
Nova geração do Prisma
2015 |
GMB comemora 90 anos de Brasil