A General Motors do Brasil chega aos 90 anos em meio a um forte programa de investimentos. O atual ciclo, iniciado no transcorrer de 2014 e que seguirá até 2018, contempla R$ 6,5 bilhões destinados, em especial, ao desenvolvimento de produtos e tecnologias, formação de mão de obra e, particularmente, ao aumento do índice de nacionalização de componentes. Até abril, no máximo, a empresa quer concretizar projeto de atingir US$ 1 bilhão em localização.
É fácil compreender o porquê dessas prioridades: de um lado a drástica mudança da linha de produtos nos últimos três anos forçou a utilização de muito componentes importados em um primeiro momento e, de outro, a empresa já está bem servida no que se refere à capacidade produtiva instalada após o plano quinquenal anterior, que envolveu R$ 5,7 bilhões a partir de 2008 e que culminou com a inauguração, em 2013, de uma moderna fábrica de motores em Joinville, SC, e com o término da expansão da fábrica de Gravataí, RS.
Do ponto de vista da estrutura produtiva, portanto, a General Motors está mais do que preparada para os atuais patamares dos mercados interno e externo. Seu complexo industrial hoje é um dos maiores do setor no Brasil.
Além dessas duas unidades conta com outras duas fábricas de veículos no Estado de São Paulo, as pioneiras São Caetano do Sul e São José dos Campos, além de uma dedicada a partes e componentes em Mogi das Cruzes, o Campo de Provas de Cruz Alta, em Indaiatuba, e o Centro de Distribuição de Peças em Sorocaba.
Engenharia – Com toda essa base a subsidiária assumiu a condição de um dos cinco centros globais de desenvolvimento de veículos da corporação. Desde 2006 é sua atribuição, por exemplo, criar todas as novas gerações de picapes a serem produzidas também pelas demais unidades da organização em todo o mundo, caso da atual S10, de porte médio, e da compacta Montana.
Elas surgem nos computadores do Centro Tecnológico e de Design de São Caetano do Sul, onde foram concebidos e desenvolvidos mais recentemente ainda – também em colaboração com outros centros da GM no mundo – o hatch Onix, a minivan Spin e os sedãs Cobalt e Prisma.
Mais para trás a minivan Meriva, lançada primeiro no Brasil, em 2002, e somente depois na Europa.
Não por coincidência coube à planta do ABC esse privilégio. São Caetano do Sul foi a primeira fábrica de fato da empresa aqui, inaugurada no começo da década de 30 – depois dos cinco anos iniciais da linha de montagem CKD em São Paulo. E ainda hoje o complexo do ABC paulista abriga quase toda a área administrativa. Em 1968, é bom registrar, a unidade produziu o primeiro automóvel de passeio nacional da Chevrolet: um Opala quatro portas.
No Vale – Segunda mais antiga da empresa no País, a fábrica de São José dos Campos já tem longa estrada também e representou a primeira expansão industrial da General Motors no transcorrer da década de 50, quando o Brasil incentivou a chegada da primeira grande leva de fabricantes de veículos. Originalmente concebida para produzir caminhões e picapes, passou a fabricar também automóveis nas décadas seguintes. Foi lá também que surgiu a primeira linha de motores da empresa na América do Sul.
No complexo do Vale do Paraíba são produzidos a picape S10 e o utilitário esportivo TrailBlazer.
A unidade de São José dos Campos abriga ainda a fábrica de CKD, linha totalmente dedicada ao preparo, embalagem e despacho de veículos desmontados para exportação.
E ainda no século passado, no transcorrer dos anos 90, era perceptível que as duas fábricas paulistas já não dariam conta da demanda crescente não só do mercado brasileiro como também de outros países da América do Sul.
Em uma tentativa de desafogar sobretudo São Caetano do Sul e assim ganhar espaço para aumentar a produção de veículos, a GMB abriu as portas em 1999 da unidade Mogi das Cruzes, que passou a fabricar partes e componentes para reposição de modelos fora de linha, aptidão mantida até hoje.
Para o Sul – A investida em Mogi das Cruzes não bastaria, tanto que dois anos antes, em 1997, a General Motors já revelara que construiria uma terceira fábrica de veículos em Gravataí, RS, projeto que demandou na época US$ 600 milhões e três anos de obras.
A unidade saiu do papel oficialmente em 20 de julho de 2000 para rapidamente ganhar as manchetes internacionais: afinal, tornou-se referência em processo, tecnologia de manufatura e produtividade ao adotar o então inédito conceito de consórcio modular, com fornecedores de componentes e serviços abrigados no mesmo sítio.
A fábrica de motores e cabeçotes de Joinville, SC, foi a última grande investida da empresa em capacidade produtiva.
Inaugurado em fevereiro de 2013, o empreendimento ganhou a certificação Leadership in Energy and Environmental Design Gold do U. S. Green Building Council. Foi o primeiro complexo industrial automotivo na América do Sul e a segunda fábrica da GM no mundo com o certificado. Sua construção consumiu R$ 350 milhões.
Joinville produz os motores SPE/4 1.0 e 1.4 que equipam a linha Onix e Prisma, além de cabeçotes de alumínio. A capacidade produtiva é de 120 mil motores e 200 mil cabeçotes por ano – 60% para a planta argentina de Rosário.
Cruz Alta – Para dar suporte a todos os projetos e produção nas três fábricas de veículos brasileiras e ao Centro Tecnológico a GMB conta com o Campo de Provas de Cruz Alta, em Indaiatuba.
O conhecido CPCA, inaugurado em 1974, é palco de diversos testes dinâmicos e laboratoriais, de validação e durabilidade – até mesmo crash tests.
O complexo dispõe de 42 quilômetros de pistas e é o terceiro maior da General Motors Corporation no mundo. Uma delas, a circular, tem inclinação de até 56 graus e a virtude de simular uma reta infinita.
A unidade fornece serviços para as divisões da empresa nos Estados Unidos e Europa.