São Paulo – Terminou sem avanços significativos a reunião de mediação por descumprimento da legislação trabalhista realizada pelos sindicatos das fábricas paulistas de São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes com a General Motors na Superintendência Regional do Trabalho na terça-feira, 31.
Conforme a ata assinada pelos presentes o objetivo do encontro era dar prosseguimento ao anterior, realizado na sexta-feira, 27, que terminou sem acordo. Na segunda-feira, 30, porém a GM efetuou os pagamentos das verbas rescisórias após contatos telefônicos com dirigentes sindicais no fim de semana e diante da ausência de avanço nas negociações.
Ainda na segunda-feira, 30, durante outra reunião, no TRT, Tribunal Regional do Trabalho, da 2ª Região, foi resgatada a proposta de PDV ofertada antes de a empresa decidir pelas demissões. A oferta de sete salários mais três meses de convênio médico, além do período do aviso prévio, mais compensação indenizatória equivalente a quatro meses de seguro-desemprego aos que estavam em layoff, foi declinada em assembleia na manhã da terça-feira, 31.
A GM afirmou, na ata do MTE, que “os representantes das entidades sindicais, em suas manifestações, foram unânimes ao afirmar que somente aceitariam negociar eventual programa de demissão voluntária se envolvesse prévio cancelamento de todos os desligamentos ocorridos”.
Após intensos debates, no entanto, a montadora ressaltou “seu compromisso com o País” mas afirmou que “não vislumbra rapidamente a recuperação regional necessária para manter a situação em níveis de venda ideais”. E que, após discorrer sobre o cenário atual e de curto e médio prazos “não vê a possibilidade de reexaminar as dispensas”.
Convictos de que as demissões são ilegais, violam acordos celebrados com a empresa que garantem a estabilidade de emprego até 2024 e que não foram precedidas de negociação coletiva, os sindicalistas mantêm a postura de cobrar a reversão das demissões e, enquanto isso não ocorrer, seguir com a greve, que entrou no seu décimo dia.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Mogi das Cruzes, David Martins de Carvalho, a empresa comprometeu-se a avaliar, até a quarta-feira, 1º, a possibilidade de pagar os dias parados em outubro e a readmissão de PCDs, pessoas com deficiência.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, relatou que, antes do término do prazo, porém, na noite do dia 31, a montadora já havia informado que não iria ressarcir os dias não trabalhados:
“A empresa continua intransigente. Sobre o salário referente aos dias que a produção está parada a GM já avisou que não vai pagar. Mais uma atitude que exige uma reação nossa. Teremos de agir de forma mais voraz no movimento”.
Em 10 de novembro haverá nova sessão de mediação na Superintendência Regional do Trabalho. Até lá, segundo Carvalho, a greve continuará – a não ser que a GM reconsidere a decisão de demitir os 1,2 mil profissionais.
Valmir Mariano, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, afirmou que, diante do acúmulo de irregularidades, os sindicatos cobrarão o governo federal para que exija da GM o cumprimento dos acordos e respeito à decisão judicial:
“Está claro que não podemos depositar nenhuma confiança na GM. A empresa tratou os trabalhadores com total desrespeito e mostrou que não leva a sério seus compromissos. Não aceitamos que uma empresa multinacional, em nosso País, trate os trabalhadores desta forma. Intensificaremos nossa campanha para pressionar os governos federal, estadual e municipais para que exijam da GM o cumprimento dos acordos e o cancelamento das demissões”.
O movimento local recebeu o apoio do UAW, United Auto Workers, sindicato dos metalúrgicos que encabeçou paralisação que se estendeu por seis semanas nos Estados Unidos. A GM foi a última das Big Three de Detroit a assinar o acordo provisório: enquanto o documento é revisado e retificado os trabalhadores voltam ao trabalho.