O que não faltou em 2015 foi notícia

Quem achava que 2014 fora desafiador não imaginava, nem de maneira remota, o que 2015 nos reservava. O carnaval em fevereiro e a não ocorrência de eleições presidenciais e Copa do Mundo dariam números positivos, em tese, ao comparativo anual. Mas não foi o que aconteceu – e passamos, em realidade, bem longe disso. Uma crise política e de confiança tomou conta do Brasil, a agenda econômica foi comprometida e a tão esperada recuperação do setor automotivo, um dos mais afetados desde o início da crise, foi sendo empurrada trimestre a trimestre até que se aceitasse que não haveria mais jeito este ano. E, talvez, agora só no fim de 2016.

A retração na casa dos 25% nas vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, ainda que desanimadora, porém, não significa necessariamente que o ano não trouxe fatos importantes e relevantes à indústria de veículos. O segmento de SUVs compactos mostrou porque merece atenção e trouxe novas estrelas para o País, como o Honda HR-V e o Jeep Renegade – este, de quebra, marcou a inauguração da tão esperada fábrica da FCA em Goiana, Pernambuco.

Estes são apenas alguns exemplos dos acontecimentos que marcaram o ano no setor automotivo – o cenário incerto movimentou sobremaneira o noticiário, e a informação correta, qualificada e especializada nunca foi tão necessária e fundamental para entender-se a real dimensão da situação, que teimou em mudar praticamente mês a mês.

Por isto essa edição especial da Agência AutoData relembra os principais fatos de 2015. Acompanhe e recorde conosco.

Janeiro – Ano começa com anúncio de demissões e greve na VW

O ano já começou mostrando que seria especialmente desafiador para a indústria de caminhões, ônibus, implementos rodoviários e sua rede de distribuição. Nos últimos dias de dezembro o governo publicou a medida provisória que regulamentava o PSI, Programa de Sustentação do Investimento, no novo exercício. A taxa de juros para aquisição de caminhões e ônibus para pequenas empresas passou de 6% para 9,5% ao ano, enquanto para as grandes empresas o índice agora ficara em 10% ao ano. Começavam aí as dificuldades do segmento, que já em janeiro precisou rever suas projeções e refazer as contas para 2015.

Enquanto isso, Anfavea e Fenabrave faziam projeções similares e falavam em resultados semelhantes aos de 2014. Sem a redução do IPI, Imposto sobre Produtos Industrializados, que vigorou até dezembro de 2014, o setor já sabia que as vendas poderiam recuar e imaginava que a queda seria compensada ao longo do passar dos meses. A pitada de otimismo vinha do fechamento de 2014, afinal dezembro registrara as maiores vendas do ano, com 369,9 mil veículos. As vendas totais somaram 3 milhões 497 mil unidades, em queda de 7,2% ante 2013, e replicar o resultado era o previsto. Luiz Moan, presidente da Anfavea, falava que “repetir os mesmos resultados de 2014 era o pior cenário que podia acontecer”.

Enquanto a MAN Latin America conquistava a liderança pelo 12º ano consecutivo no segmento de caminhões, a briga pela vice-liderança de automóveis e comerciais leves ganhava novos capítulos e a General Motors tirava a Volkswagen da posição.

O positivismo do início do ano começou a ser comprometido ainda no dia 6, quando a Volkswagen anunciou a demissão de oitocentos funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo, SP. Trabalhadores foram notificados quando voltavam do recesso e a montadora alegava necessidade de melhoria de competitividade da fábrica frente ao cenário de mercado e as projeções para 2015. A greve durou dez dias e depois de negociações, que contaram até mesmo com intervenção do Ministério do Trabalho, as demissões foram revertidas. O acordo da montadora com o sindicato dos trabalhadores locais foi estendido até 2019 e contemplou garantia de emprego, reajuste integral da inflação incorporado ao salário para o período de 2016 a 2019 e aumento real de 2017 até 2019.

O mês também foi marcado por outros impasses trabalhistas. Ainda na primeira semana de janeiro a Mercedes-Benz anunciou a demissão de 160 funcionários da planta de São Bernardo do Campo, SP. Além disso, a General Motors anunciou lay-off para cem trabalhadores de São Caetano do Sul, SP.

Apesar das questões trabalhistas, janeiro também teve festa. A General Motors completou 90 anos no Brasil e Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul, anunciou que a fábrica do ABCD será destino da maior fatia do investimento de R$ 6,5 bilhões da montadora, divulgado em agosto de 2014 para período até 2018. Pouco mais de R$ 3 bilhões ficarão na fábrica de São Caetano do Sul. Encerrando o mês, a Toyota divulgou aporte de R$ 100 milhões na fábrica de Sorocaba, SP, para ampliar a capacidade de produção do Etios.

Fevereiro – Começa a produção em série em Goiana

O mês começou contabilizando os resultados de janeiro e com preocupação das montadoras que viram o ritmo cair em relação a dezembro.

A principal notícia positiva do mês ficou por conta da fábrica da FCA em Goiana, Pernambuco. No dia 19 de fevereiro, depois de 1,5 mil dias de obras desde o assentamento da pedra fundamental, começou a produção em série do Jeep Renegade.

Foi em fevereiro também que as primeiras notícias sobre a ultrapassagem do México sobre o Brasil começaram a circular. A produção de veículos no mercado mexicano iniciou o ano com o maior volume já registrado para um mês de janeiro, com 266,4 mil unidades, 23% acima das linhas de montagem brasileiras no mês, de 204,8 mil unidades, em queda de 13,7% na comparação anual.

Ainda neste mês a AutoData realizou seu primeiro workshop do ano, focado nos segmentos de máquinas agrícolas e de construção. Durante o encontro no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo, os executivos projetavam vendas abaixo das de 2014, mas ainda assim esperavam um bom desempenho para o setor de máquinas e equipamentos em 2015. Na ocasião Luiz Moan, presidente da Anfavea, revelou com exclusividade o plano de criação da Tríplice Fronteira para produção de componentes sem similar nacional, envolvendo Brasil, Paraguai e Argentina.

Ainda no âmbito de conteúdo exclusivo, a AutoData veiculou uma reportagem especial sobre como a indústria automotiva estava se preparando para enfrentar a crise hídrica. Segundo montadoras e fornecedores consultados a falta de água não preocupava a cadeia, mas a situação levou à adoção de várias ações sustentáveis para garantir a economia do recurso natural.

Março – Lançados HR-V, Renegade e novo Duster

Março foi o mês das revisões. Diante dos resultados de vendas do primeiro bimestre – que davam conta de queda de 23% nas vendas em relação ao mesmo intervalo de 2014 – a Fenabrave, presidida por Alarico Assumpção Júnior, reviu sua projeção de vendas para o ano e a baixa previamente estimada de 0,5% passou para 10%. Luiz Moan, presidente da Anfavea, reconheceu que “as vendas seriam muito menores do que o projetado no início do ano” e prometeu revisar os números a seguir.

Ainda em março a Jaguar Land Rover revelou sua busca por fornecedores locais para atender sua fábrica em Itatiaia, RJ: equipe de cerca de 50 pessoas já negociava parceiros para a unidade fluminense com o objetivo de dotar o Discovery Sport de 30% a 40% de nacionalização a partir da sua produção em 2016, com aumento gradativo.

O mês contou ainda com o lançamento do Nissan Versa brasileiro, que chegou com 65% de conteúdo local e começou a ser produzido em janeiro na fábrica de Resende, RJ. O modelo ganhou três novas versões – duas de entrada, com motor 1 litro, e uma topo de linha, com o motor 1,6 litro, ambos produzidos no Brasil e com preços a partir de R$ 42 mil.

Ainda em março foi dada a largada na briga pelo mercado de SUVs. Em evento realizado em Brasília, DF, a Honda apresentou oficialmente o SUV compacto HR-V, que já nasceu com uma missão difícil: vender 50 mil unidades em 2015. Fabricado na unidade de Sumaré, SP, e na Argentina, o modelo chegou às concessionárias em três versões, de R$ 70 mil a R$ 88,7 mil, todas dotadas de motor 1.8 VTEC. 

Dias depois a Jeep apresentou oficialmente o Renegade no Rio de Janeiro, RJ, o com preços de R$ 69,9 mil a R$ 117 mil. Além disso a montadora deu início à empreitada de aumentar seu número de revendas e anunciou a abertura de 120 concessionárias em cerca de setenta cidades, com planos de alcançar duzentos pontos de venda até o fim do ano.

Na tentativa de não perder espaço, o Renault Duster repaginado foi apresentado em evento realizado em Campinas, SP. Com novidades no exterior e interior em busca de maior sofisticação, teve preços estabelecidos em R$ 63 mil a R$ 78,5 mil.

Naquele mês houve importante encontro de quase quarenta representantes do alto escalão da indústria automotiva com Armando Monteiro, titular do MDIC. Apesar de nada de concreto, marcou aproximação da indústria com o governo.

Ainda no mês, a AutoData publicou reportagem exclusiva e divulgou que o híbrido Prius começará a ser fabricado na unidade da Toyota de Piraporinha, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Os planos de produção do modelo foram apresentados pela diretoria da Toyota ao prefeito de São Bernardo do Campo, SP, Luiz Marinho, e a Agência AutoData teve acesso ao conteúdo. O Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo confirmou os planos à reportagem.

Abril – Associações tentam aliviar queda de vendas por meio dos consórcios

No quarto mês do ano Olivier Murguet anunciou a saída do cargo de presidente da Renault do Brasil. O executivo assumiu o posto de vice-presidente sênior e presidente do Conselho da Região Américas, sucedendo nestas funções a Denis Barbier, que, no cargo, despachava a partir da matriz, na França.  Além disso o argentino Guy Rodriguez deixou a diretoria da operação de caminhões da Ford para tornar-se diretor de vendas, marketing e serviços da Ford, no lugar de Jorge Chear, que se aposentou.

As questões trabalhistas ganharam destaque em abril. A Ford anunciou a dispensa de 137 funcionários da fábrica de Taubaté, SP, que estavam em lay-off desde agosto de 2014 – o período de afastamento já havia sido renovado em janeiro. Também houve greves na Mercedes-Benz e na Chery.

A política industrial continuou ocupando espaço no noticiário. Uma caravana de presidentes e executivos da indústria automotiva foi recebida pela presidente Dilma Rousseff e pelos ministros Joaquim Levy, da Fazenda, Gilberto Kassab, das Cidades, e Aloizio Mercadante, da Casa Civil no Palácio do Planalto, em Brasília, DF. Na pauta estavam temas como a perda de competitividade da indústria nacional, dificuldades no mercado interno e nas exportações, a efetivação do programa de renovação de frota – ainda que inicialmente para caminhões – e o fim de alterações nas condições de financiamento via BNDES.

Na tentativa de amenizar a queda nas vendas e estimular a produção de veículos, enquanto o apoio federal não acontecia, a modalidade de consórcios passou a ser incentivada. Anfavea, Fenabrave e Abac se reuniram para promover iniciativa que buscava trazer ao mercado automotivo cerca de 240 mil consorciados contemplados e que não haviam faturado os respectivos veículos.

Os lançamentos continuaram em abril. Para brigar com Renault, Ford, Honda e Jeep, a Peugeot estreou no segmento de utilitários esportivos compactos no País ao lançar o 2008, modelo produzido em Porto Real, RJ. Em matéria exclusiva a AutoData apresentou a Renault Oroch, modelo que chegaria para competir com a picape Fiat Strada.

Também houve novidades vindas da China. A Chery apresentou o primeiro automóvel chinês produzido em terras brasileiras, o Celer, que sai das linhas de montagem da fábrica de Jacareí, SP. O novo QQ também desembarcou por aqui. Já a JAC Motors realizou o lançamento do SUV T6, com preços a partir de R$ 70 mil.

O mês terminou com a cerimônia oficial de inauguração da fábrica da FCA em Goiana, PE, que contou com a presença de Sérgio Marchionne, CEO mundial da Fiat Chrysler Automobiles.

Maio – O mês em que voltamos a 2009 e Projeto Y

O quinto mês do ano começou com notícias preocupantes, na avaliação do presidente da Anfavea, Luiz Moan. Pela primeira vez desde 2009 o mercado não ultrapassou a marca de 1 milhão de veículos comercializados no primeiro quadrimestre. Por isso, a Fenabrave revisou suas projeções pela segunda vez no ano e passou a estimar queda de 19%.

A restrição nas vendas também provocou uma reconfiguração do mercado. Com lançamentos e novas estratégias, as montadoras asiáticas registravam avanço na comercialização de veículos enquanto as três grandes do mercado brasileiro viam participação diminuir. Análise preparada pela Agência AutoData revelou que Fiat, General Motors e Volkswagen, responsáveis por mais da metade das vendas de automóveis e comerciais leves no mercado brasileiro. perderam 26% das vendas de janeiro a abril, comparadas com o mesmo período do ano anterior.

Para auxiliar a compreensão de um novo desenho do mercado a AutoData Editora realizou workshop sobre tendências setoriais para automóveis e comerciais leves: consenso dos participantes apontava para momento difícil e delicado, mas passageiro.

Reportagem exclusiva revelou o chamado Projeto Y, estratégia de unificação das concessionárias Peugeot e Citroën no Brasil. Seis locais no País, ali, já estavam em fase de adaptação.

Enquanto isso a greve na Chery, montadora que havia começado a produção do primeiro carro chinês em solo brasileiro há poucas semanas, se aproximava de completar um mês. Trabalhadores pediam salários maiores e sindicato local alegava más condições de trabalho. Na Volvo em Curitiba, PR, também houve paralisação depois que a empresa informou o encerramento do segundo turno da fábrica de caminhões. Na Mercedes-Benz começava negociação com o sindicato para tentar evitar a demissão de 500 funcionários do ABC Paulista, mesma região onde a General Motors tentava instaurar novo lay-off para 900 trabalhadores.

Ainda em maio uma nova modalidade comercial começou a ganhar destaque: as vendas de caminhões e serviços para empresas de aluguel de caminhões. Isso porque companhias de diversos ramos passaram a recorrer à locadoras em vez de assumir financiamentos de veículos próprios. Mesmo assim, as vendas de caminhões e ônibus permaneciam em patamares baixos, com média diária de 290 unidades.

A Mercedes-Benz anunciava a saída de Dimitris Psillakis do posto de diretor geral de automóveis no Brasil, nomeado presidente e CEO da fabricante de origem alemã na Coréia do Sul.

Junho –Ford retoma terceiro lugar em caminhões

No primeiro dia do mês chegou ao fim a greve mais longa da história da unidade da Volvo em Curitiba, PR, inaugurada em 1979. Para que o impasse chegasse ao fim a fabricante elevou o valor do adiantamento da PLR para R$ 8 mil. Ainda no âmbito trabalhista o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC pedia rapidez para estabelecimento do PPE, Programa de Proteção ao Emprego. Em entrevista exclusiva à AutoData Rafael Marques, presidente do sindicato, ressaltou que sem o programa a situação ficaria  precária e uma nova onda de demissões começaria.

Ainda na primeira semana de junho foi divulgada a segunda edição do Ranking AutoData de Qualidade e Parceria. Conteúdo exclusivo destacou que a NGK foi bicampeã do reconhecimento. Outros destaques principais foram a Magneti Marelli, Bosch e Shaeffler.

O mercado de caminhões acumulava queda de 42% nas vendas, mas a Ford encontrava razões para comemorar: seus licenciamentos recuaram 15%, o menor índice dentre as montadoras de ponta do setor, o que lhe conferia novamente a terceira posição do ranking, atrás de MAN e Mercedes-Benz.

O acordo automotivo Brasil-Argentina finalmente era renovado sem qualquer alteração perante as regras anteriores: com sistema denominado flex vigorando com o mesmo índice, de 1,5.

Ainda em junho, o Festival do Consorciado Contemplado, idealizado e promovido por Abac, Anfavea e Fenabrave, ganhava mais 45 dias de vida na tentativa de alavancar as vendas do setor atraindo os consumidores portadores de carta de crédito de consórcios até 31 de julho.

A Renault aproveitou o mês de junho para revelar a picape Duster Oroch durante o Salão de Buenos Aires, na Argentina. Enquanto isso as quatro argolas entrelaçadas voltaram a estampar a fachada do prédio principal da fábrica do Grupo Volkswagen em São José dos Pinhais, PR. Versões pré-série do modelo Audi A3 Sedan nacional já começavam a sair das linhas de montagem instaladas na unidade, que após quase dez anos voltava a produzir modelos da Audi.

Para finalizar o último mês do primeiro semestre AutoData realizou o Workshop Ônibus: Tendências Setoriais. Durante o evento consenso foi de que situação da indústria de ônibus no País fora dramática no primeiro semestre, mas exportações e licitações poderiam animar próximos períodos, tanto nos urbanos quanto rodoviários.

Julho – PPE é revelado, GM dobra investimentos no País

A notícia mais esperada pelo setor no âmbito trabalhista chegou no dia 6: foi assinada a Medida Provisória que criou o PPE, Programa de Proteção ao Emprego, com uma série de medidas que envolvem redução de jornada e de salários, flexibilização dos contratos de trabalho e menor risco de demissões em cenários de crise.

Foi em julho também que a Chery anunciou investimento adicional de R$ 400 milhões na unidade de Jacareí, SP para a construção de nova linha de montagem para produção de um SUV, o Tiggo 5. E Dan Ammann, presidente da General Motors, anunciou pacote adicional de R$ 6,5 bilhões, somando R$ 13 bilhões a serem aplicados no Brasil até 2019. O dinheiro será investido no desenvolvimento e produção de uma nova família de veículos.

O segundo semestre começou com a terceira revisão da Fenabrave. Estimativa da rede passou a apontar baixa de 24% no mercado em 2015, o que representaria 835 mil unidades a menos ante 2014. Enquanto isso o Fiat Palio conquistava sua quinta liderança de vendas em seis meses do ano.

A Navistar Mercosul anunciou novo presidente e CEO: José Eduardo Luzzi assumiu as funções executadas por Waldey Sanchez, que seguiu na empresa como conselheiro de negócios e estratégias. E poucas semanas depois de deixar posto de diretor-geral da Citroën do Brasil Francesco Abbruzzesi assumiu cargo de diretor de costumer care e aftermarket na General Motors, revelou a Agência AutoData com exclusividade.

Uma notícia com tom de noticiário policial também chamou atenção em julho. Três dos principais executivos da MMC Automotores, que representa a Mitsubishi no Brasil com fábrica em Catalão, Goiás, tiveram quebra de sigilo determinada por CPI que investigava possíveis manipulações de sentenças em julgamentos do Carf, da Receita Federal.

Nos últimos dias do mês a AutoData realizou o Seminário de Revisões das Perspectivas 2015. Conteúdo exclusivo produzido a partir de entrevistas realizadas no evento deixou claro que na visão da indústria a crise é meramente de confiança – tanto de consumidores de leves quanto de empresários nos comerciais e maquinário. Convidados afirmavam ainda que o segundo semestre não traria números melhores do que os do primeiro, mas dificilmente seriam piores.

Agosto – Convênios com Caixa e MDA tentam amenizar situação

Agosto começou com uma notícia sobre a reorganização do mercado nacional. Pela primeira vez na história da indústria automotiva brasileira as três marcas líderes de mercado detêm menos de 50% das vendas locais no acumulado do ano. Fiat, Chevrolet e Volkswagen registraram, somadas, 49,5% de participação nos licenciamentos de automóveis e comerciais leves no período de janeiro a julho, segundo levantamento da Agência AutoData com base em dados da Anfavea.

No oitavo mês do ano o francês Fabrice Cambolive assumiu a presidência da Renault do Brasil no lugar de Olivier Murguet. E a fabricante de molas e feixes de molas Rassini NHK, detentora da marca Fabrini, foi a primeira empresa do setor automotivo a aderir ao PPE. Enquanto isso começava greve na fábrica da GM de São José dos Campos, SP, após demissão de 250 trabalhadores, que receberam telegrama informando o desligamento. Na Volkswagen de Taubaté, SP, situação similar.

A Caixa Econômica Federal anunciou condições especiais em linhas de capital de giro e investimento e em uma série de outros produtos oferecidos pelo banco para a indústria automotiva, beneficiando desde micro até grandes empresas em convênio firmado em conjunto com a Anfavea, Fenabrave e Sindipeças. Já a Anfir assinou Acordo de Cooperação Técnica com o MDA, Ministério do Desenvolvimento Agrário, no âmbito do Pronaf Mais Alimentos, Programa Nacional da Agricultura Familiar para que os pequenos agricultores cadastrados pudessem se beneficiar de linha de crédito do BNDES para aquisição de implementos rodoviários.

Setembro – Salão sai do Anhembi, fraude dos motores diesel VW revelada

Notícia exclusiva veiculada pela Agência AutoData surpreendeu o mercado: chegara a hora do Salão do Automóvel dar adeus ao Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi. A mais tradicional mostra do setor automotivo brasileiro e uma das mais importantes do mundo terá a sua edição 2016 realizada no São Paulo Expo, antigo Centro de Exposições Imigrantes, na Zona Sul da cidade.

Setembro também foi o mês em que Jaime Ardila se despediu da GM – e a GM se despediu de Ardila. O francês Nour Bouhassoun foi anunciado como o novo presidente da Michelin América do Sul, Central e Caribe, substituindo Jean-Philippe Ollier.

O nono mês do ano também marcou um dos maiores escândalos da indústria automotiva global: Martin Winterkorn renunciou ao cargo de CEO do Grupo Volkswagen depois de irregularidades descobertas nos motores a diesel de alguns veículos da companhia, que carregam software que engana os testes de emissão. Dois dias depois o diretor-geral da Porsche, Matthias Müller assumiu o cargo.

Em setembro a conta de concessionárias de automóveis e comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus, motocicletas e máquinas agrícolas fechadas chegou a quase setecentas no ano, segundo informações da Fenabrave. O saldo total era negativo em 347 pontos de venda, uma vez que no mesmo período foram abertas outras 344 revendas, a maior parte de marcas que ampliam sua presença no País – Audi, BMW e Jeep, por exemplo.

A Hyundai-Caoa firmou Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público de São Paulo se comprometendo a não mais veicular qualquer tipo propaganda enganosa que possa induzir o consumidor a erro. Esse foi o acordo que a empresa e a Z+ Comunicação fizeram para encerrar inquérito civil instaurado em 2011: a montadora doou 27 caminhões HR como compensação.

Outubro – Audi volta, Zelotes chega, Honda adia

Outubro foi um mês bastante agitado para o setor automotivo e começou com uma nova revisão para os resultados anuais. A Anfavea divulgou novas projeções, que dão conta de licenciamentos 27,4% menores e queda de 23,2% na produção. O MTE, Ministério do Trabalho e Emprego, aprovou pedidos de adesão ao PPE solicitados por Mercedes-Benz e Volkswagen.

Outro destaque foi a confirmação da notícia antecipada por AutoData um ano antes de que Stefan Ketter, vice-presidente mundial de manufatura do grupo, assume a presidência da empresa na América Latina sucedendo a Cledorvino Belini, executivo que respondia pela região desde a compra da Chrysler pela Fiat, em 2008.

A Peugeot anunciou sua primeira executiva com nacionalidade brasileira a comandar a montadora: Ana Theresa Borsari.

A Jaguar Land Rover começou a divulgar os pormenores da linha de produtos da fábrica de Itatiaia, RJ. Embora o Discovery Sport tenha chegado primeiro aos ouvidos dos brasileiros como futuro modelo nacional, será o Range Rover Evoque o responsável pela inauguração das linhas de montagem da fábrica.

Uma pesquisa realizada pela Agência AutoData também chamou atenção no noticiário de outubro: a constatação de que o carro brasileiro passou a ser um dos mais baratos do mundo, por conta da disparada das cotações de dólar e euro na correlação com o real.

Sem grande cerimônia a Audi deu início à produção comercial do A3 Sedan em São José dos Pinhais, PR. Cumprindo o cronograma divulgado em setembro de 2013, quando anunciou investimento de € 150 milhões, a companhia retomou a condição de montadora no Brasil.

Governos de Brasil e Colômbia assinaram acordo automotivo com adoção de cotas para entrada de veículos com alíquota zero de imposto de importação, que aumentam nos três primeiros anos e depois se mantêm por mais cinco anos. Ao todo serão 50 mil veículos/ano a partir do terceiro ano.

Ainda em outubro a AutoData realizou um dos mais importantes eventos do setor: o Congresso Perspectivas 2016. Evento de dois dias reuniu importantes nomes e consenso foi de que a crise que o Brasil atravessa é puramente política e não econômica – a data do retorno do crescimento, portanto, dependerá essencialmente da superação desta, já que os demais fundamentos do País se mantêm intactos. Participantes defenderam que 2016 terá volumes de mercado que já vimos no passado, há mais de uma década.

Em mais um capítulo do escândalo da Volkswagen, a nova diretoria da montadora aprovou um plano de cortes de investimento que chegará a € 1 bilhão por ano.

A Polícia Federal iniciou nova fase de investigações da chamada Operação Zelotes, no qual prendeu o vice-presidente da Anfavea, Mauro Marcondes Machado, e tomou depoimento de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, proprietário do Grupo Caoa.

A partir de um comunicado lacônico a Honda Automóveis informou decisão de adiar o início de operações de sua nova fábrica em Itirapina, no Interior de São Paulo.

E o presidente do Grupo Volvo América Latina, Claes Nilsson,  comunicou a saída do cargo, retornando à Suécia no final deste ano. Seu sucessor não foi anunciado.

Novembro – Fenatran com apenas duas fabricantes

Os caminhões International deixam de ser produzidos em Canoas, RS, de onde saíam há pouco mais de dois anos. A ação, segundo a empresa, é temporária como forma de ajustar níveis de estoque.

A 20ª edição da Fenatran, Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga, contou com apenas duas montadoras, DAF e Volvo.

A PSA Peugeot Citroën começou a produção da nova geração do Aircross no Polo Industrial de Porto Real, RJ, investimento de R$ 150 milhões. O Grupo BMW anunciou agressivo plano de crescimento para sua divisão de motocicletas e montagem de inédita moto de baixa cilindrada no Brasil.

O Chevrolet Onix tornou-se o modelo mais vendido do País no acumulado do ano ao ultrapassar o Fiat Palio e assim se credenciou a ser o primeiro modelo da marca a ocupar o alto do pódio desde o Monza, que conseguiu o feito em meados dos anos 80.

O mês também revelou os vencedores do Prêmio AutoData 2015, considerado o Oscar da indústria automotiva nacional. A Honda foi a maior vencedora,