Toyota estima queda de 15% do mercado brasileiro

A Toyota trabalha com números para o mercado brasileiro abaixo das estimativas da Anfavea e Fenabrave. Koji Kondo, presidente da companhia no País, afirmou que estima vendas na casa de 3 milhões de veículos neste ano, o que representaria queda próxima de 15% com relação às 3,5 milhões de unidades comercializadas no ano passado.

A Fenabrave divulgou no começo do mês projeção de redução de 10% nas vendas, corrigindo a estimativa de estabilidade prevista no começo do ano. A Anfavea ainda não mexeu em suas projeções, mas seu presidente Luiz Moan admitiu que em abril, após o fechamento do trimestre, os números serão revisados – a associação também acreditava em estabilidade.

Para os modelos Toyota, porém, Kondo projeta manutenção das vendas de 2014, ou 195,5 mil unidades. “Vamos repetir o volume do ano passado e crescer em market share”, afirmou em entrevista à Agência AutoData durante o lançamento do NX 200t, utilitário esportivo compacto da Lexus, marca de luxo da Toyota, na sexta-feira, 13, em Indaiatuba, SP.

Kondo lembra que a empresa trabalha na ampliação de sua rede de distribuição no Brasil. Em 2015 o número de pontos de vendas saltará de 145 para 192. “Investimos em estruturas mais simples, com área de serviço e um pequeno showroom. Assim reduzimos o custo do concessionário. O Brasil é muito grande e precisamos chegar a mais regiões.”

O soluço do mercado também não mexe com os planos da companhia, que segue investindo na construção de sua fábrica de motores em Porto Feliz, SP, e na expansão da capacidade de produção do compacto Etios em Sorocaba, SP. “Acreditamos no longo prazo.”

Segundo o presidente da Toyota o cronograma de Porto Feliz está sendo cumprido e a produção de motores começar em março de 2016.

Lexus pretende quintuplicar vendas com NX 200t

São altas as expectativas da Lexus, divisão de luxo da Toyota, com relação ao lançamento do utilitário esportivo compacto NX 200t. Pelos cálculos da diretoria as vendas da marca simplesmente quintuplicarão, passando das atuais vinte para cem unidades mensais.

Luiz Carlos Andrade Jr, vice-presidente da Toyota e da Lexus, estima que os brasileiros comprem de quarenta a sessenta unidades por mês do SUV: “É o carro-chefe da marca. Consideramos o seu lançamento um relançamento da Lexus no Brasil. Estamos entrando na segunda fase da nossa chegada ao País, que consiste em expandir a base de clientes locais”.

Muitos destes consumidores serão alçados da própria Toyota, estima Andrade Jr. Citando pesquisas, o executivo afirma que mais de 15% dos novos clientes do segmento de luxo possuíam sedãs médios, como o Corolla. “Este é nosso público-alvo.”

A primeira fase da chegada da Lexus ao Brasil começou há cerca de três anos, com a inauguração da primeira – e ainda única – concessionária da marca, na Zona Sul de São Paulo. Além dela, somente um showroom na rua Colômbia, também em São Paulo, e algumas concessionárias Toyota em grandes cidades comercializam os produtos da marca de luxo. Esse pequeno grupo vendeu 240 veículos em 2014, 19% a mais do que no ano anterior.

Também em parceria com concessionárias Toyota são feitos os serviços pós-venda dos modelos de luxo fora de São Paulo, os chamados postos de serviço. Neste ano essas autorizadas subirão de oito para quinze casas, expandindo o atendimento para regiões como Goiânia, GO, Recife, PE, Ribeirão Preto, SP, e Salvador, BA, dentre outras.

“Optamos por esse modelo para entrar no mercado brasileiro. É a mesma fórmula que adotamos, com sucesso, na Europa. Expandir a rede e abrir mais concessionárias faz parte da terceira fase, que ocorrerá de acordo com o desenvolvimento do mercado e da própria economia como um todo.”

Andrade destacou, porém, que apesar de Toyota as concessionárias que realizam serviços para os carros Lexus passam por treinamento e certificação especial e alcançam grau de qualidade exigido pela marca de luxo.

Tal qualidade é destacada por andrede Jr. ao apresentar o NX 200t. Todo o processo de desenvolvimento e produção do utilitário esportivo é tocado pelos chamados Takumis, os funcionários Lexus, tratados pelos executivos da marca por “mestres artesãos”, que cuidam de cada pormenor dos carros.

O NX 200t é oferecido em duas versões, ambas equipadas com motor 2 litros – quatro cilindros, turboalimentado, que desenvolve 238cv de potência – aliado à transmissão automática de seis velocidades. A de entrada custa R$ 216,3 mil e o pacote F-Sport, R$ 236,9 mil – preços um pouco superiores aos anunciados no Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro, quando foram apresentados. Andrade explica:

“Duas razões fizeram o preço subir: o aumento do IPI e do dólar. Dependendo do comportamento da moeda, poderemos promover novas correções”.

Qualidade acima do volume – Steve St. Angelo, CEO da Toyota e Lexus para a América da Latina, afirma que vender cem unidades da marca de luxo por mês não é, necessariamente, um objetivo.

“Nosso meta maior é passar a imagem de qualidade e boa sensação de dirigir da Lexus. Não vamos correr atrás de volume, queremos o sorriso dos nossos consumidores”.

St. Angelo acredita que a demanda virá naturalmente, conforme o recado desejado pelos executivos for passado aos clientes e potenciais clientes. Assim pelo menos, afirma, ocorreu nos demais países latino-americanos e, portanto, não duvida de desempenho semelhante aqui.

Embora não veja o volume de vendas como primeira preocupação dos negócios da Lexus no País, o executivo confia que as cem unidades mensais virem realidade ainda em 2015. “O NX 200t é feito para o consumidor brasileiro. Não consigo imaginar um carro tão bem adaptado para cá.”

Produção de veículos cresce 14% no México

A produção de veículos voltou a registrar crescimento em fevereiro no México. Segundo dados divulgados pela Amia, associação que representa as montadoras mexicanas, foram fabricadas 282,8 mil unidades no último mês, alta de 14% ante as 248 mil unidades produzidas um ano antes.

Com o novo resultado o México se consolida como sétimo produtor global, uma posição acima do Brasil, que desde o ano passado passou a ocupar a oitava posição. No mesmo período a produção nacional foi de 200,1 mil unidades, volume 28,9% menor do que o apurado um ano antes.

O volume produzido no México em fevereiro foi 29,2% maior do que o número de veículos que deixaram as linhas de montagens brasileiras no mês passado.

No bimestre a diferença é ainda maior: 35,7%. O México contabiliza 549,4 mil unidades produzidas enquanto o Brasil soma 404,9 mil veículos fabricados.

As exportações mexicanas também acompanharam a tendência de alta. Ainda segundo a Amia foram enviadas ao exterior 222,3 mil unidades no último mês, ante 197,5 mil um ano antes, alta de 12,6%.

No acumulado do ano foram 427,2 mil unidades, número 13,8% na comparação anual.

Os Estados Unidos continuam sendo o principal destino das exportações, com 71,1% do volume total no acumulado do ano. Na sequência aparece o Canadá com 11,9% do total do bimestre e o Brasil com 2,7% da fatia.

As vendas ao mercado interno atingiram 97,5 mil unidades e apresentaram a maior elevação dentre os índices: de 22%, na comparação anual. Em fevereiro de 2014 haviam sido comercializados 80 mil veículos.

No acumulado do bimestre foram emplacadas 201,5 mil unidades, alta de 21,6% ante as 165,4 mil unidades registradas um ano antes.

Obedecer à Constituição

Como isso tudo refletirá nos negócios do setor automotivo?

Governos lembram experiências em laboratórios: ensaio e erro – e brasileiros vivem isso desde que nasceram, independente da idade. Na sexta-feira, 13, e no domingo, 15, gente que concorda e gente que não concorda com os ensaios-erros de nossa economia foram e irão às ruas para defender a constitucionalidade do atual governo, uns, e para pedir o impeachment da presidente, outros.

O pessoal da sexta vê impeachment como sinônimo de golpe, de inconformismo diante da derrota nas urnas em novembro, mas boa parte, mais crítica, concorda que o modelo econômico em exercício nos últimos anos guardou equívocos. A rapaziada do domingo, a título de sua contribuição à luta anticorrupção, tem a convicção de que os males do País desaparecerão quando, finalmente, a presidente for vista pelas costas – da mesma maneira como NÃO aconteceu com o suicídio de Vargas em 1954 nem com a deposição de presidente constitucional em 1964.

A democracia agradece, sim, as manifestações de sexta e de domingo. Elas demonstram a firmeza e a fortaleza do sistema inaugurado com a redemocratização e com a Constituição de 1988. Manifestar-se publicamente é direito – e dever – dos cidadãos.

Mas as lições de 1954 e de 1964, com Jacareacanga e Aragarças no meio desse caminho, são lições de história que existem para ensinar que devem ser evitadas. Precisam ser evitadas.

No caso do setor automotivo é histórico seu alinhamento com ideias e governos conservadores, e é estranhíssimo, assim, que desde o GEIA até hoje as empresas fabricantes de veículos jamais viveram anos mais extasiantes de lucros do que naqueles de governos não considerados exatamente conservadores como os que tomaram posse desde 2002.

Os defensores do governo e da legalidade, os anti-golpe, cumprem seu dever histórico, veteranos trincheiristas desde a luta contra a ditadura que preferem ficar distantes dos exaltados de última hora. Nem sempre é fácil defender governos titubeantes e de rumo incerto em má companhia.

Mas me chama intensamente a atenção a atitude odiosa de gente que não respeita a grandeza do cargo e ofende a presidente – é indigno chamá-la de vaca e de puta e de vadia, nem a ela nem a qualquer presidente da República. Mais ainda me preocupa que jovens odiosos e intolerantes peçam a volta da ditadura, o que demonstra que o sistema educacional brasileiro é falho, não ensina História e admite ignorantes na universidade. Imagine-se gente assim em postos de contato vital com o empresariado e a força produtiva do País.

Realmente não acredito que os opositores tenham algum êxito. Acredito que a Constituição será obedecida e que a atual presidente entregue o cargo a seu sucessor em 2018. Acredito, também, que há muitos bons esforços no sentido de equilibrar contas públicas e de conter a inflação. Acredito, também, que o governo não arrochará salários nem direitos trabalhistas, características econômicas de seus opositores. E acredito que a Justiça saberá, também muito bem, julgar acusados de crimes de corrupção.

E tenho a absoluta convicção de que, questões econômicas à parte, nada melhor para o setor automotivo brasileiro do que a
obediência da sociedade à Constituição: o caos não ajuda a quem trabalha.

Honda prevê vender 50 mil HR-V já em 2015

O SUV compacto HR-V já nasce com uma missão difícil: vender 50 mil unidades em 2015, ou algo como 6,2 mil por mês daqui a dezembro, em um momento que o mercado nacional apresenta queda de 22% nas vendas do acumulado do primeiro bimestre do ano.

Para Issao Iamaguchi, presidente da Honda na América do Sul, o HR-V é “resultado de um projeto para criar raízes no Brasil, e tem tudo para cumprir com sua missão de estabelecer um novo segmento na Honda e ampliar nossa fatia de mercado”.

A participação da montadora encerrou 2014 em 4,2%, índice que em fevereiro saltou para 5,5% – isso porque a Honda foi a única das dez maiores fabricantes de veículos em vendas ao mercado interno a não apresentar recuo nas vendas nesse começo de ano, mesmo ainda sem o SUV.

Na avaliação do executivo o HR-V será bem recebido por consumidores que buscam alternativas ao segmento de sedans, mas não querem migrar para os SUVs maiores. “Ele tem um toque de cupê e a versatilidade de uma minivan. É um veículo com foco urbano, mas que pode perfeitamente ser usado para outras atividades.”

O modelo global da montadora japonesa foi apresentado em evento realizado em Brasília, DF, na quinta-feira, 12. No Japão a atual geração do HR-V, que em outros mercados é chamado também de Vezel, já é comercializada há um ano e três meses.

Fabricado na unidade de Sumaré, SP, e na Argentina, o modelo tem três versões, que custam de R$ 70 mil a R$ 88,7 mil, todas dotadas de motor 1.8 VTEC. A versão de entrada com câmbio manual deve responder apenas por 1% do mix de vendas. Somada à opção automática, chegará a 14%. Já a opção mais completa, portanto a mais cara, deve ficar com a maior fatia: 46%, pelas contas da montadora.

O HR-V chega às 217 concessionárias da Honda no País a partir de 20 de março – os concessionários receberam treinamento durante o último fim de semana. O caçula da Honda chega para concorrer em um segmento que terá muitas novidades nas próximas semanas, como o Jeep Renegade e o Peugeot 2008, além de fazer frente aos tradicionais Renault Duster, que também será renovado muito em breve, e Ford EcoSport.

Segundo o diretor comercial Sérgio Bessa até o fim do ano serão inaugurados mais 13 pontos de venda da marca. “Terminaremos 2015 com 230 concessionárias. Os novos pontos serão abertos prioritariamente em cidades mais afastadas das capitais e na região Nordeste.”

O HR-V é o primeiro veículo com produção nacional a ter o sistema Brake Hold de série: a tecnologia oferece controle elétrico do freio – mesmo que o condutor tire o pé do pedal o veículo permanecerá parado e, ao acelerar, o freio é automaticamente liberado, oferecendo assim mais conforto em situações de congestionamento.

A versão topo de linha o HR-V tem retrovisores com rebatimento elétrico com função Tilt Down, que ajusta para baixo automaticamente o espelho direito quando o motorista engata a marcha à ré, facilitando a visualização da calçada durante a execução da manobra.

O modelo tem 30 opções de acessórios, sendo 19 itens externos e 11 internos. Dentre as opções de personalização estão grade dianteira cromada, aplique frontal no parachoque, bagageiro de teto com suporte para bicicleta, pedaleiras esportivas e soleiras iluminadas.

O HR-V será comercializado com três anos de garantia, sem limite de quilometragem.

Chery e Jaguar Land Rover recebem novas habilitações ao Inovar-Auto

A edição do Diário Oficial da União de segunda-feira, 9, trouxe duas novas habilitações ao Inovar-Auto, o novo regime automotivo brasileiro, instituído em 2012. A primeira foi para a Chery e a segunda para a Jaguar Land Rover.

A habilitação concedida à Chery lhe permite apurar crédito presumido de IPI conforme seu nível de compras locais de autopeças na nova unidade de Jacareí, no Vale do Paraíba, Interior paulista. A fábrica iniciou em fevereiro a produção em série do novo Celer, após pouco mais de cinco meses da inauguração oficial da planta, ocorrida em agosto de 2014. A portaria vale de 1º. de janeiro, com efeito retroativo, até 31 de dezembro deste ano.

O texto determina ainda que a montadora de origem chinesa apresente até 15 de novembro pedido de renovação da habilitação, válida para os doze meses de 2016.

Por sua vez a habilitação concedida à Jaguar Land Rover refere-se à aprovação de seu projeto de investimento na futura unidade de Itatiaia, RJ, prevista para ser inaugurada no início de 2016.

De acordo com a portaria, por conta da futura produção nacional, a JLR poderá importar três mil unidades sem IPI majorado de 1º. de março a 31 de agosto deste ano. E mais três mil no intervalo de 1º. de setembro a 29 de fevereiro de 2016, totalizando, assim, seis mil.

A estas se somará a cota tradicional de importações livre do imposto elevado em 30 pontos porcentuais, de 4,8 mil unidades ao ano. O MDIC dividiu para a Jaguar Land Rover este total em 4 mil unidades de 1º. de março a 31 de dezembro deste ano e as oitocentas restantes de 1º. de janeiro a 29 de fevereiro de 2016.

Randon: queda de 17,6% na receita no ano passado.

A Randon S.A. encerrou o ano passado com queda de 17,6% na receita bruta, que alcançou R$ 5,5 bilhões. O balanço financeiro da empresa referente a 2014 foi publicado na quinta-feira, 12, e traz números menores do que os apurados um ano antes.

O lucro líquido consolidado chegou a R$ 202 milhões, queda de 14,1% com relação ao resultado de 2013, e com margem líquida de 5,3%, redução de 0,2 ponto porcentual.

Com exceção dos negócios de vagões e de materiais de fricção, houve redução de vendas em volume para todos os segmentos de negócios das Empresas Randon – formadas pela Randon Implementos, Master, Jost, Fras-Le, Suspensys, Castertech e os serviços financeiros.

Foram entregues 14,2 mil reboques e semirreboques, o principal negócio da companhia, volume 34,8% inferior a 2013. A queda no volume fez com que a Randon perdesse participação neste mercado, passando dos 28,8% em 2013 para 26,9% no ano passado. O segmento de veículos e implementos representa mais de 55% do faturamento da companhia.

As vendas de vagões cresceram 321,1% em volume, para 1 mil 356 unidades. No comunicado a Randon destaca que foi o melhor ano da história da companhia no segmento. “A manutenção de volumes estáveis na demanda desse setor abre frente a um novo ciclo de demanda. Isto valida a estratégia da Randon em ampliar a presença neste negócio”.

No primeiro semestre do ano que vem a Randon deverá inaugurar sua fábrica de vagões em Araraquara, SP, cidade próxima dos principais operadores ferroviários do País, o que, segundo a empresa, “abre oportunidades de ampliação da produção nos próximos anos, com ênfase na eficiência logística e nos processos de produção”.

A controlada Fras-Le, fabricante de pastilhas de freio, apresentou incremento de 6,6% na receita líquida e de 5,1% em volume produzido. Segundo a companhia, o cenário positivo de câmbio e o movimento de compras no mercado de reposição contribuíram para esse resultado.

Para 2015 a companhia projeta enormes desafios. “Medidas recessivas, como alta dos juros, elevação da carga tributária e condições de financiamentos menos atrativas são intempéries presentes no ambiente”, afirmou em comunicado. “Contudo o foco destes ajustes são o restabelecimento da confiança e a preparação de um novo ciclo de expansão econômica já com início no segundo semestre de 2015”.

Honda terá produção 8% maior em 2015

A Honda irá aumentar seu volume de produção em 7,7% neste ano. Segundo Sérgio Bessa, diretor comercial da montadora, para que 140 mil veículos deixem as linhas de montagem da fábrica de Sumaré, SP, a unidade irá trabalhar próxima de 17% além de sua capacidade nominal.

O limite teórico da fábrica do Interior paulista, que emprega 3,5 mil funcionários, é de 120 mil veículos por ano. A Honda negociou horas extras com o sindicato local e os dois turnos de produção terão de dar conta de ampliar o volume de veículos.

“Tudo será feito dentro dos limites das leis trabalhistas. Negociamos com o sindicato e achamos que as horas extras eram a melhor solução.”

Segundo Bessa, o excedente produtivo programado para este ano na unidade de Sumaré não justifica a abertura de um terceiro turno. “Se optássemos por essa solução os funcionários poderiam ficar ociosos. Precisamos de um volume um pouco maior, mas temporariamente, o que não justifica a contratação de mais pessoal.”

Em 2014 a unidade já trabalhou além de sua capacidade e respondeu por 130 mil unidades. Neste ano o volume ainda maior deve-se ao recém-lançado HR-V, que demandará 43 mil unidades de Sumaré, ou pouco mais de um terço da capacidade produtiva local.

“Para iniciar a produção do novo SUV reduzimos os volumes de City e Civic em Sumaré. Além disso ainda vamos trazer mais sete mil unidades do HR-V da Argentina, para garantirmos que não faltarão veículos em oferta no Brasil.”

Ainda este ano a Honda inaugura a fábrica de Itirapina, SP, o que aliviará sua restrição de capacidade, levando-a ao dobro da atual. A unidade começará a produzir, em fase de testes, no mês de novembro. “Em dezembro a produção já começa para valer e vamos destinar o Fit para a unidade. Desta forma a planta de Sumaré ficará com mais espaço disponível.”

Atualmente Sumaré produz os modelos Fit, City, Civic e o recém-lançado HR-V, que começa ser comercializado ainda neste mês. Em um primeiro momento a nova fábrica será responsável apenas pelo Fit, mas Bessa não descarta que ela receba outros modelos.

“As duas unidades são flexíveis e podem produzir todos os modelos. Portanto, caso haja necessidade, poderemos levar outros produtos para lá”.

Em Itirapina a capacidade anual também será de 120 mil veículos, porém a unidade empregará menos funcionários: dois mil. Segundo Bessa isso se justifica porque a unidade é mais automatizada. “Já iniciamos as contratações e vamos começar em breve a fase de treinamento.”

O diretor afirma que a fábrica de Itirapina já começou a receber os equipamentos. “As obras estão bem adiantadas. Parte do maquinário vindo do Japão já chegou e também há equipamentos nacionais sendo instalados.”

Gandini: quem tem dinheiro guarda, quem não tem foge de financiamento.

Descendente direto de um empresário bem sucedido do ramo da distribuição de veículos, José Luiz Gandini conhece os sintomas do mercado brasileiro como poucos – fruto de sua observação diária, na condição de presidente do Grupo que leva seu sobrenome, que possui concessionárias de automóveis, comerciais leves e motocicletas, e da própria experiência no ramo, que remonta à sua juventude.

Em entrevista exclusiva concedida à Agência AutoData, por e-mail, o empresário, também ex-presidente da Abeiva e fanático palmeirense, dá sua visão para explicar o atual momento das vendas no mercado interno: pura falta de confiança do consumidor. “Quem tem dinheiro prefere guardar e que não tem está fugindo de um financiamento”, argumenta. Confira.

A que o senhor atribui os resultados fracos de venda do primeiro bimestre? A volta da recomposição total do IPI, causando aumento de preços no varejo, pode ser considerada como o principal fator?

Entendo que há uma crise de confiança por parte dos consumidores brasileiros, antes do fator recomposição total do IPI. Os consumidores estão receosos em investir. Quem tem dinheiro quer guardar e quem precisa financiar está receoso em assumir quaisquer dívidas, principalmente com planos de médio ou de longo prazo.

Especificamente sobre a Kia, números da Fenabrave indicam 3,1 mil unidades vendidas no primeiro bimestre de 2015, em queda de 25% no comparativo anual. Ainda que na mesma faixa de retração do mercado geral, o índice é mais significativo para uma empresa de menor volume, como é o caso. De que forma esta retração está sendo administrada no dia-a-dia? Houve mudanças nos planos de negócios?

Em 2014 a Kia Motors do Brasil comercializou no varejo 23 mil 793 unidades. Se analisarmos friamente os números, fomos muito bem. Não se esqueça que a nossa cota [de importação sem IPI majorado em 30 pontos porcentuais, de acordo com as regras do Inovar-Auto] é de 4,8 mil carros ao ano. Assim, estamos pagando os trinta pontos adicionais da diferença, coisa que nenhuma outra marca está fazendo em grandes volumes, como é o nosso caso.

As atuais estimativas de venda da Kia Motors no País para este ano estão mantidas perante aquelas calculadas no fim de 2014? Quais seriam os números?

Nossa projeção para este ano é semelhante ao resultado obtido no ano passado, em 25 mil unidades. Apesar da crise de confiança e da instabilidade política, esperamos que todos os ajustes fiscais sejam colocados em prática o mais rápido possível, de modo que, no segundo semestre, a economia retome índices mais promissores. Confirmo que nosso objetivo inicial é chegar às 25 mil unidades este ano, mas este número será totalmente repensado se o câmbio se fixar nas atuais bases, em taxa próxima a R$ 3,10 como agora. Para tanto, contamos com o apoio da Kia Motors Corporation.

Diante do atual quadro qual será a estratégia de varejo e publicidade da Kia daqui por diante? O sr. iniciou campanha em jornais na semana passada ofertando bônus de R$ 10 mil para o Sorento. Iniciativas como esta serão reforçadas? E o apoio comercial às novelas de grande audiência, será mantido?

O bônus de R$ 10 mil já faz parte de uma ação para incrementar nossas vendas, neste momento crucial da economia brasileira. Vamos tentar manter as ações de merchandising, mas agora dentro de novas realidades, reforçando ações na internet.

Com relação ao tamanho da rede Kia este é considerado bom para o atual momento do mercado ou serão necessários ajustes?

Hoje a rede está formada por 132 pontos, o que representa uma proporção adequada para este momento.

Sobre a Geely, montadora que o sr. também representa no País e da qual assumiu a presidência, os planos estão mantidos? No último salão do automóvel a marca revelou projeção de vender 5 mil unidades no Brasil em 2015. Este número ainda se mantém?

Sim.

As operações da fábrica da Kia no Uruguai, onde é produzido o caminhão leve Bongo, estão mantidas normalmente?

Felizmente tudo está correndo muito bem.

Até segmento de luxo reclama da instabilidade cambial

O segmento de luxo, que antes destoava do mercado geral, fechou o primeiro bimestre em retração nas vendas no País. Os modelos Audi, BMW, Jaguar Land Rover e Mercedes-Benz, as quatro fabricantes que investem em fábricas no País, registraram licenciamentos 6,2% inferiores na soma de janeiro e fevereiro na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Abeifa e da Anfavea.

Segundo Renato Fabrini, gerente sênior de vendas da BMW do Brasil, a instabilidade do dólar refletiu no desempenho do segmento. “As vendas dos dois primeiros meses estão abaixo de nossas previsões.”

Embora a montadora use o euro como base de cálculo para precificação de seus produtos – e esta moeda esteja mais estável em comparação ao dólar –, o executivo afirmou que acompanha de perto as tendências na economia. “De qualquer maneira, em longo prazo ainda vislumbramos perspectivas de negócio positivas no segmento de automóveis premium no Brasil.”

A BMW iniciou sua produção local em Araquari, SC, há pouco mais de cinco meses. A unidade produz por enquanto apenas dois modelos, o Série 3 e X1. Fabrini argumenta que o volume de importações ainda é alto, tanto de componentes para a produção quanto de modelos que compõem a gama.

Ainda assim o executivo assegura que “não está prevista mudança nos preços praticados atualmente”. O portfólio vendido no Brasil é importado de Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra, no caso dos veículos da marca Mini.

Fabrini ressalta que a produção de Araquari contempla apenas o mercado interno, inicialmente. “Em uma segunda fase a exportação para o Mercosul poderá ser considerada, após avaliarmos todos os requisitos necessários para tal. E, em um terceiro momento, dependendo da nossa capacidade competitiva, poderemos cogitar outros mercados.”

Ruben Barbosa, diretor de operações da Jaguar Land Rover no Brasil, espera que o câmbio fique mais estável até o fim do ano. A montadora iniciará sua produção local em 2016, na cidade de Itatiaia, RJ. “Torcemos para que a taxa esteja oscilando menos quando inauguramos a fábrica.”

Apesar dos veículos comercializados pela marca no Brasil serem importados do Reino Unido e balizados em libra, Barbosa recorda a relevância da cotação do dólar dentro do planejamento da companhia. “O cenário é observado como um todo. Cada parte importa na elaboração de nossa estratégia.”

Ao menos neste momento a JLR, assim como a BMW, não pretende elevar o preço da gama comercializada no Brasil.
Barbosa destaca ainda que os planos da companhia vislumbram o longo prazo e que a montadora acredita no potencial de crescimento do segmento de luxo no País. “A indústria premium representa apenas 1,6% do mercado brasileiro atualmente. Em mercados como Estados Unidos e Rússia esse porcentual chega a 6% e 10%, respectivamente. Ainda há muito espaço para crescermos.”

A Audi afirmou, por meio de porta-voz, que está atenta aos movimentos do mercado. A empresa acredita que a volatilidade das taxas de câmbio traz tanto oportunidades quanto riscos para as atividades de fornecimento e para as vendas. Por isso, a companhia aplica uma política de hedging natural, para ajudar a reduzir o risco.

“Outro ponto é que iniciaremos a produção local do A3 Sedan no segundo semestre de 2015 e, com maior conteúdo local, reduziremos ainda mais o risco cambial para o nosso negócio. Mas é importante destacar que os riscos cambiais relativos aos fornecimentos e vendas não podem ser completamente eliminados devido às variações naturais dos fluxos cambiais. Apesar das flutuações estamos confiantes no Brasil e em nosso investimento aqui, de longo prazo.”