Fornecedores de Taiwan miram o mercado brasileiro

A pequena ilha de Taiwan, também conhecida como República da China – não confundir com a República Popular da China, a porção continental localizada a oeste –, olha com grande ambição para o mercado brasileiro de veículos. Conhecidos pelo amplo desenvolvimento do segmento de tecnologia, de microchips a computadores, os taiwaneses têm tradição automotiva voltada à exportação e sua ainda tímida participação no quinto maior mercado do mundo abre grande leque de oportunidades às mais de 2,3 mil empresas de autopeças ali instaladas.

Embora a especialização da indústria local seja o segmento de materiais de reposição, como parachoques, chapas de metal, espelhos retrovisores e peças de plástico e borracha, existem fornecedores de praticamente todos os tipos de componentes de um veículo ou motocicleta. Como alimentar a pequena indústria local, composta por dez montadoras, é pouco, o jeito foi buscar oportunidades além das fronteiras.

Segundo dados da TTVMA, sigla em inglês para Associação dos Fabricantes de Veículos de Transportes de Taiwan, as exportações de peças do país crescerão 5% em 2014, para US$ 7 bilhões. É o mesmo valor faturado com os embarques das autopeças brasileiras de janeiro a outubro, de acordo com dados do Sindipeças – só que o território de Taiwan é menor do que o do Estado do Rio de Janeiro.

Incentivadas pelo governo local as empresas de Taiwan cavam espaço em todos os mercados desenvolvidos, com foco especial no segmento de reposição. No ano passado uma área da Automec, mais importante feira de autopeças do Brasil, foi ocupada por fornecedores de Taiwan em busca de novas oportunidades por aqui. A NHC, Noan Hang Traffic Instruments, fabricante de materiais de fricção, foi uma das expositoras, como recorda seu presidente, Fred Cheng:

“Há pelo menos vinte anos fazemos negócios no Brasil, e queremos elevar nossa participação neste importante mercado”, afirmou em entrevista exclusiva à Agência AutoData na sede da empresa, em Tainan, cidade a 300 quilômetros ao Sul da Capital Taipé. “Atuamos diretamente, sem representantes. Nossa equipe de vendas é grande e dedicada.”

Não é para menos: 90% do que a companhia produz em suas três fábricas em Tainan têm outros mercados como destino. Seus produtos atendem a automóveis, picapes, caminhões, ônibus, máquinas agrícolas e rodoviárias, motocicletas e até trens e navios. “Mas 65% do nosso volume vai para o segmento de carros de passageiros, e a maior parte na reposição.”

A SH Autoparts, fabricante de braços de suspensão com 100% dos negócios voltado ao segmento de reposição, também conta com consumidores brasileiros, todos distribuidores independentes. Joanne Chien, diretora de vendas, revelou procura por parceiros locais para expandir seus negócios no País.

“Temos um catálogo grande, pois atendemos a quase todos os veículos produzidos pelas montadoras japonesas. Ao contrário dos chineses não buscamos apenas preço: temos qualidade. Nosso equipamento é ligado à segurança e não podemos descartar a importância deste ponto.”

OEM – Com 99% da produção destinada à exportação a TYC Brother Industrial, fabricante de lanternas, faróis e luzes de freio, fornece as lanternas das Chevrolet Captiva que circulam pelas ruas brasileiras – o modelo, porém, é fabricado no México. “Enviamos as peças para a General Motors na Tailândia, que por sua vez as repassa para as outras subsidiárias”, conta Julie Sy, gerente de projeto da divisão de vendas.

O catálogo da empresa é extenso e atende aos mais diversos modelos de veículos, motocicletas e scooters para reposição, aproximadamente 80% do negócio. Porém o objetivo agora é crescer em participação nos equipamentos originais: “Queremos chegar a 30% do faturamento gerado com negócios no OEM nos próximos três anos”.

Já a E-Lead, fornecedora de sensores e equipamentos de infoentretenimento, busca o oposto. Consolidada no fornecimento de produtos originais – tem como cliente, inclusive, a Mitsubishi em Catalão, GO, para onde envia TCUs –, a empresa quer ampliar sua participação na reposição. Para isso lança novos produtos no mercado, grande parte ligada à integração de smartphones com o automóvel.

A porta de entrada da companhia para o mercado brasileiro deverá ser mesmo o OEM. Segundo Daniel Lin, vice-presidente da E-Lead, há dois anos existem estudos de construir uma fábrica no Brasil, para onde estão indo alguns de seus importantes clientes chineses, como Jac Motors, Foton e, talvez, Lifan.

“Seguir nossos clientes é uma possibilidade. Existem estudos, que sempre esbarram nas questões econômicas. Dependendo do volume é possível, até por causa da distância: são pelo menos seis semanas para que nossos produtos saiam de Taiwan e cheguem ao Brasil.”

Taipei Ampa – De 8 a 11 de abril os fornecedores taiwaneses mostram a sua cara na Taipei Ampa, principal exposição de autopeças da ilha e que ocorre simultaneamente com outras quatro feiras voltadas ao setor automotivo –AutoTronics Taipei, voltada a sistemas eletrônicos automotivos, Tuning & Car Care Taiwan, para personalização de veículos, EV Taiwan, para veículos elétricos, e Motorcycle Taiwan, o salão de motocicletas taiwanês.

A edição de 2014 reuniu mais de 1,3 mil expositores de 17 países, gerando quase US$ 600 milhões em negócios, de acordo com estimativas do Taitra, Conselho para Desenvolvimento do Comércio Exterior de Taiwan. A exposição reuniu 51 mil visitantes de 129 países.

SH Auto Parts: uma empresa feminina em Taiwan.

Dentro das portas da Shih Hsiang Auto Parts ocorre um fato inusitado e raro na indústria automotiva global: cerca de 80% dos funcionários do setor administrativo da companhia com sede em Taichung, cidade a 160 quilômetros ao Sul de Taipé, Capital de Taiwan, são mulheres.

Fabricante de braços de suspensão com forte atuação no mercado japonês e estadunidense, a SH Auto Parts foi fundada em 1978 em Taipé. Foi transferida para Taichung, cidade natal de seu fundador, anos depois, onde permanece até hoje. Sua filosofia difere do geral dentre as companhias taiwanesas: tem forte atuação social, ao menos internamente.

“Somos uma família”, resume Joanne Chien, diretora de vendas da SH Auto Parts. Segundo a executiva o tratamento dentro da empresa é mais humano e os funcionários contam com benefícios como treinamentos externos, cuidados com a saúde e atividades de lazer com a família, tudo promovido pela empresa.

A diferença do tratamento pôde ser notada já na recepção a grupo de jornalistas estrangeiros que viajou até Taiwan a convite do Taitra, Conselho para Desenvolvimento do Comércio Exterior de Taiwan: ao entrar na fábrica foram oferecidos bolinhos, biscoitos doces e coloridos, café, chá e refrigerante em sala cuidadosamente limpa e decorada. Nenhuma outra empresa visitada na excursão proporcionou algo semelhante.

Apenas mulheres acompanharam o grupo em todo o período da visita, que seguiu da apresentação em sala com telão a um tour pelas instalações fabris. Cuidados nos pormenores da organização da fábrica, com enfeites e banners coloridos nas linhas de montagem, destacam-se. Chama a atenção também é a quantidade de mudas de frutas, verduras e legumes espalhadas pelo terreno.

Surpresos, jornalistas japoneses indagaram o porquê de tantas mulheres nos escritórios – segundo eles a realidade em seu país é a oposta: são os homens que dominam os cargos, em especial nas empresas do setor automotivo.

“Não sei se somos uma empresa feminina, mas dentro dos escritórios a maioria é mulher”, afirmou Joanne Chien. Depois, brincou – como fez, aliás, diversas vezes durante a visita: “No chão de fábrica, porém, 95% dos funcionários são homens, pois lá precisamos de força: não bastam beleza e inteligência”.

Preço do carro brasileiro não vai diminuir, diz Jato Dynamics

A consultoria especializada em mercado automotivo Jato Dynamics acredita que o preço dos veículos brasileiros não apresenta tendência de queda. Segundo Gerardo San Román, presidente da Jato do Brasil, a sequência de incentivos do governo federal acaba influenciando a precificação dos produtos nacionais muito mais que os custos fixos. “A indústria está acostumada com IPI reduzido e sempre que o benefício termina volta a subir seus preços. Essa é a dinâmica”.

Apesar do aumento da concorrência no mercado nacional San Román não acredita que esse fator é suficiente para favorecer financeiramente os consumidores, ao contrário do que se vê no mercado chinês. “Lá eles tem o mercado mais competitivo do mundo e o preço baixo é essencial para vender veículos. Por isso a tendência é de queda nos valores, a não ser no segmento premium que caminha na contramão e registra alta”.

Movimento similar de redução de preços acontece na Europa, onde o mercado já está consolidado e os valores mais baixos são essenciais para o convencimento dos consumidores. “No Brasil ainda há muita demanda e não há previsão para que as montadoras reduzam suas margens de lucro”.

Ajudar na precificação de veículos é um dos principais trabalhos da consultoria, com 600 profissionais e sede na Inglaterra, e os Brics despertaram interesse especial na empresa. Segundo Mark Imrie, diretor global de operações da Jato Dynamics, a força dos países emergentes – Brasil, Rússia, Índia e China – é nítida. “Os Brics representavam cerca de 30% do faturamento das montadoras em 2007 e esse porcentual dobrou para 60% em 2012”.

Por isso o Brasil ganhou destaque e a operação local da Jato saltou de seis para vinte profissionais nos últimos três anos. Cerca de R$ 12 milhões foram investidos para aumentar a lista de clientes no País, que atualmente chega a dez montadoras.

“O Brasil é um mercado promissor e, apesar de prevermos estabilidade nas vendas em 2015, sabemos que logo voltará a crescer”.

Além de ampliar seu trabalho junto às montadoras a consultoria vai aumentar sua área de atuação para bancos, seguradoras e concessionárias. Para isso desenvolveu novos produtos que serão comercializados em breve. O primeiro deles trata-se de uma plataforma que consegue mensurar o verdadeiro custo do carro e inclui tópicos que vão além do financiamento, como depreciação, valor do seguro, gasto com combustível, impostos, dentre outros. A ideia é comercializar esse produtos para bancos, o que pode contribuir para reduzir a inadimplência. “Quando o cliente consegue visualizar seus gastos fica mais fácil saber se poderá arcar com eles. A plataforma relaciona os dados de centenas de veículos e oferece opções que podem ser mais vantajosas aos consumidores”.

Outra plataforma desenvolvida pela empresa tem as concessionárias como público-alvo. Uma ferramenta chamada e-Guide será adaptada em tablets e trará informações sobre inúmeros modelos. São dados sobre preço, emissão de CO2, consumo de combustível e capacidade do porta-malas, que podem ser consultados simultaneamente para que o cliente opte pelo melhor veículo de acordo com seu perfil. “Temos cerca de 200 informações sobre cada veículo e queremos encontrar formas de compartilhar isso com o público e aumentar nossa cartela de clientes no Brasil”.

Scania apresenta primeiro ônibus movido a biometano

Testes com chassis de ônibus movidos a biometano e GNV serão algumas das principais iniciativas da Scania no País ao longo de 2015.

A fabricante deu a largada em seu projeto terça-feira, 18, ao apresentar localmente seu primeiro ônibus movido a biometano, quando assinou junto de representantes da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu, PR, um termo de cooperação para estimular o biometano como combustível veicular.

Sílvio Munhoz, diretor de vendas de ônibus urbanos da Scania, afirma que o veículo já rodou três mil quilômetros em ensaios realizados em Foz do Iguaçu e, anteriormente, no México e na Colômbia.

Até 24 de novembro o ônibus atuará no transporte de funcionários da Itaipu. O biometano que o abastece é obtido a partir de dejetos de aves da Granja Haacke, próxima a Itaipu, onde o gás é filtrado e envasado.

Depois, o ônibus seguirá em viagem pelo Brasil. “Rumará para Montenegro, RS, onde transportará funcionários da Braskem, em seguida passará vinte dias em Porto Alegre e viajará a São Paulo. A ideia é que ele passe em todos os municípios que se interessem pela tecnologia.”

Munhoz antecipa que o ônibus atualmente em testes foi totalmente produzido na Suécia – inclusive com carroceria europeia. Mas até o fim do ano outro chassi fabricado na matriz desembarcará aqui, receberá carroceria brasileira e assumirá o posto de ônibus oficial movido a biometano e GNV de testes ao longo do próximo ano.

“Trabalhamos no avanço dos ônibus urbanos e uma das principais ferramentas será a apresentação de tecnologias sustentáveis, realidade em diversas cidades de todo o mundo. Trata-se da evolução do combustível urbano.”

Outros parceiros da Scania, além da Fundação Parque Tecnológico Itaipu, são a Granja Haacke e o Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás/CIBiogás-ER.

Obtido por meio de processos relacionados ao biogás, o combustível utilizado no chassi permite baixíssimas emissões, tornando o ônibus compatível às normas Euro 6, ainda sem data de vigência no Brasil. Seu motor pode, ainda, rodar movido a GNV, gás natural veicular.

Com 15 metros de comprimento, o veículo tem capacidade para 120 passageiros e dois eixos articulados.

Fiat paga abono três vezes maior em Betim, MG

Os trabalhadores da unidade de Betim, MG, da Fiat receberão abono salarial no valor de R$ 1,6 mil até o fim do mês. Segundo a montadora o valor não interfere na Participação dos Lucros e Resultados, a PLR, é um benefício complementar e supera a média acordada na região. Ao todo 19 mil funcionários serão beneficiados.

Ainda segundo a Fiat o acordo sobre o abono foi realizado de forma individual, mas os demais índices acompanham toda a categoria e o reajuste salarial será de 7%, retroativo a 1º de outubro.

Outras 14 empresas da região negociaram separadamente com o sindicato e pagarão abonos que variam de R$ 500 a R$ 1 mil.

Já os demais trabalhadores da base do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região terão abono de R$ 550, pago em duas parcelas, entretanto não receberão PLR.

A negociação sindical com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais unificou os acordos da categoria e conseguiu reajuste salarial de 6,8% a 7%.

Em nota o sindicato afirmou que os metalúrgicos aprovaram o índice em assembleia realizada no domingo, 16, e que o reajuste salarial de 7% será válido para as empresas com mais de cinquenta empregados – para os salários acima de R$ 6,2 mil haverá uma parcela fixa de R$ 435. Nas companhias com até cinquenta trabalhadores o reajuste será de 6,8%, seguindo a mesma norma para os salários acima de R$ 6,2 mil.

O acordo também prevê reajustes variáveis de 0,8% a 7,5% no piso dos metalúrgicos conforme faixas salariais específicas. Nas empresas com até dez empregados o piso passa a ser de R$ 890, um aumento real de 2,6%.

Nas empresas com 11 a 400 trabalhadores o piso salarial é de R$ 926; ao passo que nas fábricas com 401 a mil empregados o valor inicial é de R$ 990 e nas companhias com mais de mil metalúrgicos o piso passa para R$ 1,2 mil.

General Motors premia fornecedores por excelência em qualidade

A General Motors premiou os fornecedores que no último ano mantiveram excelência em performance e qualidade em cerimônia realizada na fábrica de São Caetano do Sul na quarta-feira,19. A terceira edição do Supplier Quality Excellence Award contemplou 55 fornecedores, um aumento de aproximadamente 50% em relação a edição do ano passado.

Em comunicado Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul, afirmou que a evolução do número de empresas premiadas reflete o aprimoramento da cadeia de suprimentos. “Em épocas desafiadoras como essa que o setor está enfrentando a qualidade é a chave da competitividade, pois fomenta o desenvolvimento de produtos melhores e mais acessíveis”.

Também presente na cerimônia de premiação William Bertagni, vice-presidente de engenharia do produto da GM América do Sul, afirmou que “além dos consumidores estarem cada vez mais exigentes as normas impostas pelos legisladores também estão ficando mais rígidas, o que demanda um esforço constante dos fornecedores e fabricantes na busca pela qualidade total”.

O Supplier Quality Excellence Award é uma premiação global realizada também na Europa, América do Norte e Ásia. Segundo a GM o prêmio contempla os fornecedores que cumpram 13 critérios específicos de qualidade como: ter certificações ISO/TS e QSB, prover componentes e/ou subsistemas dentro das métricas de qualidade requeridas, ter um sistema adequado de gerenciamento de programas e não causar interrupção na linha de montagem ou campanhas de pátio durante o período de doze meses.

Iveco terá distrito industrial em Sete Lagoas

A Iveco realizou na quarta-feira, 19, evento de lançamento do loteamento do novo Distrito Industrial de Sete Lagoas, MG, com área total de 257 mil m² e obras de infraestrutura já concluídas pela prefeitura. A empresa negocia a ida de fornecedores para o local e espera já no ano que vem ter alguns parceiros operando no município mineiro.

Desencadeado há mais de três anos, o projeto de criar um condomínio de fornecedores de autopeças em área vizinha à fábrica de caminhões e ônibus visa aumentar a localização de peças, obter maior flexibilidade produtiva e, assim, ganhar competitividade e participação de mercado. É o que revela Osias Galantine, diretor de compras da CNH Industrial, grupo que congrega Iveco, FPT Industrial e a CNH, dentre outras:

“Temos quarenta empresas convidadas para participar do empreendimento e acreditamos que até o fim do primeiro trimestre de 2015 já tenhamos as primeiras definições. Se conseguirmos vinte já consideraremos um número bem interessante”.

A expectativa, segundo Galalntine, é atrair fornecedores das áreas de montagem de rodas, chassis, radiadores e transformações de veículos, dentre outros. “É um processo de mineirização similar ao promovido pela Fiat nos anos 90. Para aumentarmos participação no mercado precisamos operar sem estoques e com agilidade para responder aos altos e baixos do mercado.”

Como Sete Lagoas já tem um distrito industrial, voltado a vários segmentos da indústria e totalmente aberto, o parque da Iveco foi denominado Distrito Industrial de Sete Lagoas 2. Será uma espécie de condomínio fechado, com portaria própria, e dedicado à fabricante.

O empreendimento conta com a parceria da prefeitura de Sete Lagoas, que bancou toda a infraestrutura – água, luz, esgoto e ruas. São 74 lotes, oferecidos a preços atrativos, de acordo com Galantine, e o fornecedor pode adquirir mais de um dependendo das suas necessidades. Algumas áreas serão compartilhadas, como a portaria e o restaurante, o que reduzirá custos das empresas que atuarem no local.

Os fornecedores interessados em participar do projeto poderão utilizar os serviços de uma construtora já contatada pela Iveco, que bancará o investimento nas obras e depois alugará o prédio por quinze anos, garantindo o direito à compra com pagamento de valor residual ao término deste período.

Do total de compras produtivas da Iveco, que no ano passado atingiu € 300 milhões, cerca de 30% atualmente são negociados em Minas Gerais. “Com o Distrito Industrial esperamos elevar essa participação para algo em torno de 40% a 45%”, revela o diretor de compras da CNHi.

Continental investe no segmento aventureiro

Depois das montadoras chegou a vez das fabricantes de pneus investirem no segmento de veículos aventureiros, um filão de mercado exclusivamente nacional. A Continental lançou na quarta-feira, 19, em Itatiba, no Interior paulista, a linha ContiCrossContact AT, destinada aos Ford EcoSport, Fiat Adventure e VW Cross.

A gama já existia para modelos utilitários, como o Land Rover Defender, mas não contava com opções de aro menor a exemplo de 14, 15 e 16, utilizados nos automóveis com apelo aventureiro. Em 2012 a Continental decidiu apostar nessa nova faixa de mercado e durante dois anos técnicos brasileiros e alemães se dedicaram ao desenvolvimento do novo produto.

Segundo a fabricante os novos pneus oferecem melhor desempenho que os concorrentes do segmento tanto no on quanto no off road – daí os modelos carregarem denominação 50%-50% quanto ao tipo de piso. “Muitas vezes as solicitações para cada aplicação são antagônicas, mas conseguimos atingir altos níveis de conforto acústico, durabilidade e frenagem no molhado aliados a desempenho com maior tração e resistência em estradas de terra.” Para isso a banda de rodagem é exclusiva, com desenho diferenciado e mais larga, além de outras especificidades.

De acordo com Renato Sarzano, diretor-superintendente da Continental Pneus para o Mercosul, a empresa ainda não contava com um produto específico para esta faixa de mercado. Os ContiCrossContact AT chegam primeiro ao mercado de reposição, mas a intenção da fabricante é promover entregas também no OEM. “Apresentamos há poucos dias os novos pneus às montadoras, e agora aguardaremos o processo de homologação.”

Os novos pneus são produzidos na unidade de Camaçari, BA.

Copa do Mundo – A Continental comemora ainda os resultados de seu patrocínio à Copa do Mundo de futebol realizada no Brasil em meados do ano. “A exposição e o conhecimento da marca cresceram de forma bastante positiva. Quando chegamos ao País, há pouco mais de 15 anos, o nome Continental era associado a cigarros, emissora de rádio FM, companhia aérea… hoje já é ligado automaticamente a pneus.”

Nos cinco primeiros meses de 2014 a empresa realizou campanha de varejo na qual os compradores de pneus da marca ganhavam uma bola oficial do torneio. O resultado foi aumento de 23% nos volumes de venda neste período.

Além disso a Continental sorteou quase trezentos ingressos para os jogos do torneio por meio de sua página no Facebook, fato que atraiu nada menos do que dez milhões de usuários brasileiros da rede social.

Peugeot e Citroën terão redes unificadas no Brasil

A unidade brasileira da PSA Peugeot Citroën trabalha, há alguns meses, naquilo que batizou de Projeto Y – letra que ilustra bem a ideia da empresa: unir duas vias em uma, ou unificar as operações da rede de concessionárias Peugeot e Citroën, hoje totalmente independentes.

A montadora permitirá que suas quase três centenas de revendas no Brasil – são atualmente 140 casas Peugeot e 160 Citroën no País – compartilhem operações e instalações internas, como setores administrativos e oficinas de pós-venda. Na prática apenas fachadas, entradas, showroom e equipe de vendas terão que necessariamente ser distintas. Repetirá, assim, fórmula já adotada na Europa há algum tempo.

Procurada pela Agência AutoData a montadora confirmou os estudos e afirmou, por meio de nota, que “a estratégia mundial da PSA é contar com três marcas diferenciadas [Peugeot, Citroën e DS], com suas respectivas identidades, posicionamentos, Experiências Cliente e redes de distribuição independentes, inclusive no Brasil. No entanto, atentas às novas necessidades do mercado brasileiro, que sinalizam para a otimização da gestão administrativa e a oferta de ampla cobertura de atendimento, em algumas praças e em situações específicas as marcas do Grupo poderão autorizar o compartilhamento das áreas de back-office, como as oficinas de pós-venda, setores administrativos etc.”

A montadora acrescentou, no mesmo comunicado, que “mesmo nestes casos as entradas, os showrooms de vendas, recepções técnicas e todas as demais áreas de contato com o cliente permanecerão separadas, assim como as equipes de atendimento ao cliente continuarão diferenciadas e devidamente caracterizadas”.

A empresa ainda não esclareceu, contudo, se a unificação dessas atividades implicará na redução de grupos representantes ou dos pontos de vendas, tampouco metas para a iniciativa. A racionalização das atividades das duas redes sem alterar de forma drástica a presença de cada uma das marcas no território nacional, de qualquer forma, é tarefa que demandará estudos, discussões e muita conciliação de interesses, em especial nas maiores praças.

Uma das primeiras regiões a adotar a unificação das redes será o Sul de Minas Gerais. De acordo com fonte ouvida pela reportagem, concessionário de uma das marcas ali quer deixar a bandeira e a casa mais próxima, então, ficaria a cerca de trezentos quilômetros, já no Estado de São Paulo. Como a praça possui também representação da marca co-irmã, de titularidade de grupo distinto, a tendência é a de que este concessionário acumule as operações ali.

Outra fonte, ligada diretamente à rede Citroën, espera que a unificação aconteça de forma ponderada e, ao menos em primeira fase, apenas para eventuais novas casas, mudanças de titularidade de concessionário ou de bandeira, como no caso do Sul de Minas Gerais, e nas cidades do Interior. As revendas já estabelecidas em grandes capitais, acredita a fonte, não deverão passar por grandes mudanças nos próximos anos.

Aviso em Paris – Vendas e participação tímida têm atordoado o dia-a-dia dos executivos responsáveis pela PSA Peugeot Citroën no Brasil. Mais do que isso, os últimos resultados financeiros já fizeram com que a cúpula da empresa, na França, revelasse que espera bem mais da subsidiária em um período muito curto.

Durante o último Salão de Paris, em outubro, Carlos Tavares, CEO do grupo, afirmou ao lado do também português Carlos Gomes, responsável pela América Latina, que a região precisa voltar à lucratividade até 2017. “A PSA já pecou demais ao esquecer que lucratividade é essencial para a continuidade de uma empresa. E isso nos colocou em uma situação dramática.”

Gomes, com certeza, entendeu o recado e já encaminha as primeiras medidas para chegar lá. Ainda que de forma discreta, sabe-se que toda a estrutura da empresa passa por processo de enxugamento, com cortes de cargos, vagas e até alterações de funções – seja na fábrica de Porto Real, RJ, no centro administrativo de São Paulo e na sede do Rio de Janeiro.

Peugeot e Citroën responderam, somadas, por 2,9% do mercado interno de automóveis e comerciais leves de janeiro a novembro, com 86,7 mil veículos emplacados segundo dados da Fenabrave – média, portanto, abaixo de trezentas unidades vendidas por concessionária em onze meses. No mesmo período de 2013 as duas redes negociaram 111,6 mil veículos: a retração das vendas PSA, assim, beirou os 25% no comparativo anual, enquanto o mercado interno recuou 8% na mesma análise.

Os números ganham maior dramaticidade quando se sabe que o atual ciclo de investimentos da PSA no Brasil, R$ 3,7 bilhões, se encerrará em 2015. Boa parte foi consumida no lançamento de produtos, como os novos Citroën C3, Peugeot 208 e o futuro 2008 nacional, a ser lançado no primeiro trimestre do ano que vem, além do aumento da capacidade produtiva de Porto Real para 220 mil veículos ao ano.

Primeira quinzena de novembro é melhor também para motos

Assim como nos autoveículos a primeira quinzena de novembro trouxe índices um pouco mais animadores para o segmento de motocicletas. De acordo com dados divulgados pela Abraciclo na terça-feira, 18, os primeiros dez dias úteis do mês responderam por 57,5 mil unidades comercializadas ante 54,6 mil no mesmo intervalo de outubro, evolução de 5,2% nos índices e na média diária.

Os números são baseados no Renavam.

Ainda que o volume do início deste mês seja beneficiado por um feriado para os servidores públicos no último dia de outubro – o que jogou os índices desta data para as estatísticas de novembro –, a associação que representa os fabricantes de motocicletas avaliou, em comunicado, que “há uma tendência de evolução dos negócios com motocicletas neste mês, considerando-se que os consumidores dispõem de mais recursos financeiros em função do recebimento da parcela inicial do 13º salário”.

A Abraciclo ainda lembrou em sua nota que os compradores de motocicletas “já encontram linhas de crédito mais flexíveis, como as oferecidas a partir do fim de outubro pela Caixa Econômica Federal e o Banco Pan, com taxas especiais aplicadas nos negócios para os dois últimos meses do ano nos financiamentos”.