GM sugere novo lay-off como alternativa às demissões

Para evitar demissões a General Motors fez proposta ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano de colocar 900 trabalhadores em regime de lay-off por cinco meses na unidade no ABC. Os trabalhadores analisavam a medida em assembleia realizada na tarde de quinta-feira, 14, mas até o início da noite ainda não havia resultado da votação.

Procurada, a General Motors não comentou o assunto.

De acordo com o sindicato dos 900 trabalhadores que entrariam em lay-off a partir de segunda-feira, 18, 386 já estão em licença remunerada e outros 514 funcionários teriam o contrato de trabalho suspenso pela primeira vez.

A proposta da montadora foi acertada com o sindicato depois de uma reunião que durou cerca de seis horas na quarta-feira, 13. Atualmente a unidade da GM tem 1,3 mil funcionários afastados, sendo 467 em licença remunerada e 854 em lay-off. Com as novas suspensões de contrato de trabalho, o número deve chegar a 1,8 mil. Porém, o prazo do lay-off da primeira leva de empregados se encerrará no dia 9 de junho.

Segundo o sindicato a GM já informou que não renovará o lay-off do primeiro grupo e as duas frentes buscam saídas para evitar demissões.

Volvo – A greve na Volvo em Curitiba, PR, chegou ao quinto dia na quinta-feira, 14. Segundo porta-voz do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba não houve avanço nas negociações e uma nova assembleia está marcada apenas para segunda-feira, 18.

O porta-voz disse ainda que o sindicato enviou uma carta à montadora solicitando a retomada urgente das negociações, mas até o início da noite não havia nenhuma resposta por parte da Volvo.

O impasse começou na última semana quando a montadora notificou o sindicato que encerrará o segundo turno da produção de caminhões, o que acarretará em um excedente de 600 funcionários na unidade.

Para que não haja demissões a Volvo sugeriu uma PLR 50% menor e reajuste salarial baseado na inflação, sem aumento real – em contrapartida a empresa manteria o nível de emprego até 31 de dezembro.

Os trabalhadores sindicalizados da unidade, cerca de 40% da força de trabalho, rejeitaram a proposta da companhia em votação secreta realizada na terça-feira, 12. Na ocasião a Volvo reiterou que manterá a proposta.

Mercado de Arla 32 está de 30% a 40% subdimensionado no País

O mercado brasileiro de Arla 32 está de 30% a 40% abaixo do que deveria. O cálculo é da GreenChem, empresa que atua de ponta a ponta neste segmento, e leva em conta o número de veículos com motor Euro 5 de sistema SCR e o volume de diesel S10 comercializados no País.
Para o diretor geral da empresa no País, David Piany, a culpa do quadro é da burla nos sistemas de tratamento dos gases nos veículos, associada ainda à falsificação do produto. “A venda dos chips que enganam o sistema ocorre livremente e há muitos casos de transportadores que fazem uma solução caseira que pensam ser substituta do Arla 32, utilizando-se de uréia agrícola e água de torneira.”

Até a Anfavea já chamou a atenção para este cenário: em dezembro do ano passado a associação disparou comunicado onde alertou para o fato de que “a alteração das características originais do veículo por meio de modificações de software ou a instalação de dispositivos, botões, chaves, sensores ou qualquer outro equipamento com a finalidade de burlar os sistemas de controle do Arla 32 gera a perda de garantia do veículo, além de constituir ilícito ambiental”.

Na ocasião a associação ainda destacou que “o infrator ficará sujeito às punições previstas na Lei 9605/1998, a chamada Lei de Crimes Ambientais, que enquadra quem vende e/ou executa a instalação – e também o proprietário do veículo – com multas que podem chegar a R$ 50 milhões. A alteração das características originais também é infração de trânsito sujeita à multa e retenção do veículo”.

O executivo reclama especialmente da falta de fiscalização nas estradas. Ele acredita que “um treinamento simples daria todas as condições à Polícia Rodoviária para flagrar facilmente a burla no sistema SCR”, mas este nunca foi realizado, assegura. Para ele, “vez que a adulteração configura crime ambiental, deveria existir uma fiscalização rígida”.

Piany acrescenta que, além de crime ambiental, “o uso da ureia agrícola, em contato com o calor do escapamento, gera uma substância cancerígena”, o que, naturalmente, representa grave risco para aqueles que fazem uso da mistura ilegal. O executivo lamenta que “o transportador não veja um benefício no uso do Arla 32, observando, de maneira imediatista, que este representa apenas um custo adicional, mas se esquecendo que o benefício é claro para a qualidade do ar que todos respiram, inclusive ele”.

O diretor ainda recorda os investimentos feitos pelas empresas do segmento para atender à demanda, que se mostra abaixo do projetado inesperadamente, o que dificulta o retorno dos aportes.

O tema é delicado e também foi discutido no fim do ano passado pela Afeevas, Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América Latina, que calcula o atual consumo médio de Arla 32 no Brasil é de 18 m³/mês, mas deveria estar na faixa de 35 m³ a 45 m³/mês.

O diretor geral da GreenChem, de qualquer forma, acredita que a questão é cultural e que conforme os veículos que utilizam o sistema forem mais populares, por simples questão de venda dos 0 KM com o passar do tempo, a tendência é de redução dos índices de burla e falsificação. “O Arla 32 veio para ficar”, assegura.

A empresa atua tanto na produção quanto na distribuição do aditivo, inclusive com marca própria, a Arla4You. A GreenChem atua ainda no segmento de armazenamento do produto.

Média diária de vendas de caminhões permanece estável

As vendas de caminhões alcançaram volume de 2 mil 317 emplacamentos até a quarta-feira, 13, segundo dados preliminares do Renavam obtidos com exclusividade pela Agência AutoData.

Contando oito dias úteis, a média de licenciamentos no período é de 289,6 unidades/dia, índice semelhante ao registrado em todo o mês de abril. No mês passado as vendas de caminhões somaram 5 mil 782 unidades em 20 dias úteis, ou seja, 289,1 caminhões/dia.

Se o ritmo de emplacamentos for mantido até o fim de maio, que também terá vinte dias úteis, o mercado de caminhões chegará à casa de 5 mil 790 – praticamente empate, portanto com abril.

Já o comparativo com maio de 2014, quando os licenciamentos somaram 12 mil 526 unidades, seria negativo em 53,7%.

Fonte ligada ao varejo afirmou à reportagem que não são raros casos de clientes que decidem a compra, conseguem a liberação do financiamento por meio do Finame, mas, na hora de bater o martelo e fechar a compra, preferem esperar.

“Dizem que vão aguardar mais um pouco, para ver como as coisas vão ficar. É fato: o empresário vive uma crise de confiança, não sabe o que virá e, por isso, posterga as compras. Caminhão é PIB, e o crescimento, ao que parece, não vem.”

Os chassis de ônibus alcançaram até 13 de maio 584 emplacamentos, média diária de 73 unidades. O índice é 6,8% inferior aos 78 emplacamentos/dia registrados em abril.

O segmento é mais afetado pela questão das tarifas nos diversos municípios, apesar de menos atrelado ao PIB.

A previsão de emplacamentos para o mês, mantidas as condições atuais, é de 1 mil 460 unidades, baixa de 6,5% em relação aos 1 mil 560 licenciamentos realizados em abril.

Em relação a maio de 2014, quando as vendas contabilizaram 2 mil 243 unidades, a baixa é mais acentuada, de 35%.

Mercado chinês recua 0,5% em abril

As vendas de veículos na China caíram 0,5% em abril, comparado com o mesmo mês do ano passado. Segundo agências internacionais a CAAM, associação das montadoras chinesas, afirmou que foram comercializados 2 milhões de veículos, somados automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no mês passado.

A associação admitiu que dificilmente a projeção de elevar em 7% as vendas de 2015 será alcançada, uma vez que ao fim do primeiro quadrimestre o crescimento apurado foi de 2,8%, na comparação com o mesmo período do ano passado. Houve desaceleração com relação ao avanço do trimestre, que chegara a 3,9%.

De janeiro a abril os chineses consumiram 8,1 milhões de veículos.

As exportações a partir da China também sofrem pressão, de acordo com a Agência Reuters. Pelo quarto mês consecutivo houve recuo no volume exportado, graças ao enfraquecimento das moedas do Japão e Coreia do Sul, que ajudaram concorrentes, e a instabilidade em mercados como Rússia e Iraque.

Em abril foram exportadas 61,6 mil unidades, queda de 21,5% com relação ao mesmo mês de 2014 – foi a maior retração mensal deste ano. No acumulado do ano os chineses enviaram para outros mercados 245 mil unidades, queda de 14,6% com relação ao primeiro quadrimestre do ano passado.

Dimitris Psillakis será novo CEO da Mercedes-Benz Coréia do Sul

Dimitris Psillakis deixará o posto de diretor geral de automóveis da Mercedes-Benz do Brasil: o executivo foi nomeado presidente e CEO da fabricante de origem alemã na Coréia do Sul, cargo que assumirá em 1º. de setembro. Seu substituto será indicado futuramente, segundo a empresa.

O movimento se deve à saída de Rainer Genes, atual presidente e CEO da empresa na Turquia, que deixa a indústria automotiva a partir de 1º. de agosto. Seu posto será assumido por Britta Seeger, que até então comandava a empresa na Coréia do Sul.

Psillakis entrega o cargo com a certeza de que as vendas de automóveis de luxo da marca da estrela no País crescerão em 2015: no primeiro quadrimestre os emplacamentos somaram 4 mil 238 unidades, alta de 31% na comparação com os 3 mil 242 do mesmo período do ano passado.

A montadora considera como participantes deste segmento apenas suas conterrâneas Audi e BMW, ignorando outras fabricantes como a Jaguar Land Rover. Nesta análise, de janeiro a abril a M-B cresceu mais do que o segmento, vez que as três juntas venderam 13 mil 907 unidades, alta de 18% o mesmo período do ano passado.

Psillakis acrescenta que os números da M-B poderiam ser ainda melhores, “uma vez que tivemos falta de alguns produtos, em função de antecipação de compras do ano passado pelo reajuste do IPI. O estoque foi normalizado apenas em abril, quando crescemos 62% ante mesmo mês do ano passado. Tudo indica que os próximos meses serão melhores, pois teremos sete lançamentos até dezembro”.

Dentre as novidades estão o superesportivo C63 AMG, de 502 cavalos, o AMG GT e a nova linha GLK, no fim do ano. O portfólio parte de R$ 121,5 mil, caso do Classe A, e vai a R$ 855 mil, para o AMG GT que estreia este mês.

Atualmente o Classe C e o GLA lideram as vendas da marca, com fatia de 65% das entregas – são justamente os modelos a serem produzidos em Iracemápolis, no Interior de São Paulo, a partir do ano que vem.

O otimismo mesmo em cenário de baixa de 18% nas vendas de veículos leves no acumulado anual justifica-se por uma série de razões, argumenta de Psillakis: “Nosso cliente não foi afetado pela crise de confiança. As classes A e B mantêm alto poder aquisitivo e estimo que o segmento premium crescerá 25% ante as cerca de 40 mil vendas no ano passado. Além disso, continuamos trabalhando para evitar qualquer efeito do cenário adverso”.

Dentre as ações da Mercedes-Benz para fisgar clientes, tanto das marcas concorrentes quanto das de maior volume, está programa de pacotes de manutenção com preços fixos.

“24% das nossas vendas contam com pacotes de manutenção, volume que supera a nossa expectativa. O pós-vendas é fundamental: nosso cliente precisa ter uma boa relação com as oficinas. É como a ida ao médico, da qual ninguém gosta mas é necessária.”

Outra importante estratégia da Mercedes-Benz é o crescimento da rede de concessionárias, atualmente com 45 pontos e previsão de alcançar 55 até o fim do ano. Em 2012 as revendas somavam 34 pontos.

“Serão duas novas casas na Capital paulista, além de Niterói, Uberlândia, Porto Alegre, Aracaju e Jundiaí” – ele não revelou o endereço das três restantes no plano.

A região que lidera a alta de vendas da Mercedes-Benz no acumulado do ano é a Centro-Oeste, com crescimento de 60%. “São locais que vivem momentos diferentes das grandes capitais. O Sul cresce 45%, enquanto São Paulo tem alta de 12%. Daí nosso trabalho com a inauguração de mais casas.”

Nas contas de Psillakis, 40% das vendas são por meio de financiamento – destas 50% pelo Banco Mercedes-Benz. “Nossa meta é liderar o mercado até 2016. Para tanto o foco é contar com operação abrangente, qualidade de portfólio e serviços e estratégia sustentável. Nossa briga não é por preço. Queremos tocar o coração do cliente sem deixar de lado o racional. Ou seja, ele comprará um modelo com bom custo de operação total, que não perderá valor rapidamente.”

A unidade produtiva de Iracemápolis, Interior paulista, mantém o plano de inauguração no primeiro trimestre de 2016, com capacidade produtiva de 20 mil unidades/ano.

Acordos com fornecedores estão em fase avançada de negociação, segundo Psillakis, inclusive para parcerias na montagem do motor 1.6 flex. “Ainda não acertamos se isso ocorrerá dentro ou fora da fábrica. Revelo apenas que teremos uma linha de produção para duas famílias, com conceito inovador e flexível.”

Em primeiro momento as carrocerias chegarão montadas e pintadas ao País, processo que será nacionalizado “o mais depressa possível”, segundo o executivo.

“O Brasil evoluiu seu parque de fornecedores desde a década de 1990, quando a Mercedes-Benz se instalou em Juiz de Fora. E a Mercedes-Benz também avançou, com produção mais simples e internacional. Hoje temos tecnologia alemã com desenvolvimento nos Estados Unidos e China e unidades produtivas na Hungria, África do Sul, Tailândia, Egito e, agora, Iracemápolis.”

GM demite 150 e trabalhadores protestam em São Caetano do Sul

Os trabalhadores da General Motors de São Caetano do Sul, SP, paralisaram as atividades na fábrica por duas horas na tarde da quarta-feira, 13. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano o ato foi forma de protesto contra demissões realizadas pela montadora nos últimos meses.

Ainda segundo o sindicato desde a última sexta-feira, 8, 150 trabalhadores foram demitidos na unidade. Em nota o presidente da entidade, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, afirmou que “o objetivo do ato foi alertar a empresa sobre o descontentamento dos trabalhadores”.

Balanço feito pelo sindicato aponta que além dos colaboradores desligados outros 1 mil 286 estão afastados, sendo 819 em lay-off e 467 em licença remunerada por tempo indeterminado na fábrica.

Atualmente a unidade possui cerca de 10,5 mil empregados. Desde o início do ano a montadora abriu dois programas de demissão voluntária, PDV, na unidade, mas segundo o sindicato ambos atraíram ao todo apenas 49 pessoas.

Procurada a GM afirmou, por meio de nota, que “os ajustes realizados no quadro de empregados na fábrica de São Caetano do Sul fazem parte da rotatividade de pessoas natural da empresa”.

Enquanto isso a fábrica de Gravataí, RS, da GM seguiu sem produção pelo segundo dia consecutivo devido à paralisação do transporte de veículos 0 KM na unidade por motoristas que atuam para as empresas Tegma e Transzero, as duas principais para este serviço ali.

Em comunicado emitido na manhã da quarta, 13, a montadora afirmou que “lamenta que até o presente momento as transportadoras Tegma e Transzero não tenham reestabelecido suas atividades regulares de transporte de veículos, impossibilitando a retomada da atividade produtiva na fábrica de Gravataí”.

Segundo a GM 1 mil 944 veículos já deixaram de ser produzidos em Gravataí e aproximadamente 9 mil funcionários do complexo estão impossibilitados de trabalhar.

A nota acrescenta que “a GM reafirma seu compromisso de continuar as negociações esperando alcançar um acordo que não comprometa a competitividade dos produtos Chevrolet no mercado brasileiro”.

Volvo – Também na região Sul a greve da Volvo em Curitiba, PR, chegou ao quarto dia na quarta, 13. Depois que os metalúrgicos sindicalizados rejeitaram no dia anterior, em votação secreta, a proposta de montadora com 77% dos votos contrários, a paralisação foi mantida.

Na última semana a montadora notificou o Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba que encerrará o segundo turno da produção de caminhões, o que acarretará em um excedente de 600 funcionários na unidade. Para que não haja demissões a Volvo sugeriu uma PLR 50% menor e reajuste salarial baseado na inflação, sem aumento real – em contrapartida a empresa manteria o nível de emprego até 31 de dezembro. A companhia reiterou que mantém sua proposta.

Segundo comunicado do sindicato a empresa solicitou uma votação mais abrangente, vez que com o formato realizado na terça-feira, 12, apenas 40% dos trabalhadores puderam votar. “A montadora tem expectativa de que com os votos dos não prejudicados pelas demissões e reduções de direitos pode conseguir aprovar sua proposta”, diz comunicado do sindicato. Para protestar contra as possíveis demissões os metalúrgicos fecharam a rua em frente à fábrica na manhã da quarta, 13.

“Não há como colocar para votar um engenheiro ou um técnico em contabilidade que não são associados ao sindicato e que não estão no pacote de demissões para votar uma proposta que vai atingir somente o chão-de-fábrica. Em vez de sentar para negociar uma proposta coerente de manutenção dos empregos, a Volvo prefere ficar usando os  trabalhadores administrativos para forçar e impor sua proposta”, disse em nota o presidente do sindicato, Sérgio Butka.

Olhos cobiçosos no cliente dos outros

Abril marcou mais uma virada de pagina na vida do setor automotivo no Brasil: o fim do lugar marcado no mercado de automóveis e comercias leves. Era movimento que vinha sendo ensaiado desde meados do ano passado, quando Gol, Palio, Uno e o recém-chegado Onix passaram a disputar as primeiras posições do ranking.

Impulsionado pela guerra de ofertas que se seguiu ao desaquecimento das vendas no quadrimestre, este movimento ganhou força em abril. Meras 243 unidades separaram o líder, Palio, do quarto colocado, Strada. Em segundo ficou o Onix e em terceiro o HB20.

E o tradicional líder anterior, o Gol, teve de se contentar, desta vez, com o sétimo lugar. Veio depois do Uno, o quinto, e do Ka, o sexto. E apenas um pouco à frente do oitavo, o Sandero.

A briga pela preferência dos consumidores ficou tão intensa e acirrada que faltando apenas três dias para o fechamento do mês o HB20 liderava, seguido pelo Onix. Assim, caso o mês tivesse um dia a menos de vendas, o ranking possivelmente seria diferente.

Chama a atenção, neste quadro, que, considerados os oito primeiro colocados, nada menos do que cinco montadoras – Fiat, General Motors, Hyundai, Ford e Renault – digladiam-se pela preferência dos consumidores.

E, se a abrangência da amostra for o Top-10, esta lista ganha a presença, também, do Corolla e, por decorrência, de uma sexta montadora, a Toyota. São seis diferentes montadoras disputando os dez primeiro lugares. Cada uma delas com olhos cobiçosos no consumidor da outra.

Trata-se, sem dúvida, de um forte indicativo de que o atual consumidor brasileiro de automóveis passou a ser absolutamente infiel a modelos ou marcas. E, mais que isto, está, sim, disposto a experimentar e eventualmente aderir a novidades, sejam de montadoras tradicionais ou de players relativamente recentes. A bordo de tantas e tão diferentes ofertas que passou a receber no bojo do atual ciclo de baixa nas vendas, o consumidor brasileiro parece ter descoberto, enfim, que agora pode escolher por dezenas de marcas e centenas de modelos.

E há mais um fato que chama a atenção nestes números de abril. Dos quatro modelos mais vendidos dois são da Fiat, que tem forte peso do atacado em suas vendas. E os outros dois são da General Motors e Hyundai, que tem no varejo seu ponto mais forte.

Trata-se, em síntese, de fase de grandes mudanças conceituais e de estratégias. É momento de ocupação de espaços, de dança das cadeiras e, sobretudo, de troca de posições.

É fase de risco para alguns e de oportunidades para outros. De muitos riscos e de muitas oportunidades.

Como muito bem registrou André Barros, subeditor da Agência AutoData, na edição de 9 de maio, consideradas as vendas do quadrimestre, as três maiores montadoras – Fiat, GM e Volkswagen – registraram queda de vendas maior do que a média do mercado. Ou seja, entregaram parte de sua fatia para as demais, varias das quais recém-chegadas.

Na verdade, em toda a cadeia setorial automotiva, ninguém mais pode considerar seu lugar como conquistado e devidamente dominado. Ninguém mais tem lugar marcado neste setor.

Quem se der ao trabalho de pesquisar com mais profundidade os novos polos automotivos, sobretudo os que estão ficando pé no Interior paulista e no Sul do Rio de Janeiro, vai encontrar um bom número de empresas de autopeças recém-chegadas.

Boa parte delas tem sobrenome japonês ou coreano. Mas há também as que vieram como parte integrante da nova geração de veículos das montadoras tradicionais. O sobrenome, neste caso, pode ser alemão, francês, italiano, estadunidense ou sueco.

Muitas delas vieram por solicitação – talvez melhor seria dizer imposição – de montadoras para as quais já fornecem em seus países de origem. Focadas no inicio da produção local, a maior parte nem teve tempo, ainda, de se preocupar em se filiar ao Sindipeças, o que dificulta sua quantificação mais exata.

No entanto, executivos de vários destas empresas que visitaram AutoData em busca de informações gerais sobre o setor automotivo no Brasil disseram o óbvio: com um único cliente não será possível viabilizar sua atuação no País. E, assim, inevitavelmente, passada esta fase inicial de instalação, terão de sair à caça.

Ou seja: é bom dar uma boa polida na marca. De ponta a ponta de todo setor automotivo, tem gente com olhos cobiçosos no cliente dos outros.

Novo Focus terá tecnologias de carros autônomos

Previsto para chegar ao mercado brasileiro no segundo semestre, a nova geração do Ford Focus trará tecnologias de assistência ao motorista semelhantes àquelas de carros autônomos em testes nas ruas e estradas de Europa e Estados Unidos. O modelo que será produzido em General Pacheco, na Argentina, foi apresentado à imprensa na quarta-feira, 13, durante seminário sobre tecnologia automotiva promovido pela montadora.

Além dos já conhecidos SYNC AppLink, o sistema de conectividade controlado por voz já disponível em outros modelos da Ford, e da Assistência de Emergência, também oferecido em outros carros do portfólio, o Focus trará estacionamento automático e assistência de frenagem de emergência.

Ambas utilizarão sensores semelhantes aos aplicados em modelos autônomos. O estacionamento automático, por exemplo, dispensa a interferência do motorista em vagas paralelas ou perpendiculares ao automóvel. Mais: além de estacionar, o sistema auxilia nas saídas das balizas – tudo por meio de sensores ultrassônicos instalados na dianteira, nas laterais e na traseira do Focus.

A assistência de frenagem de emergência, chamada de Active City Stop, funciona por meio de sensores instalados no para-brisa que monitoram a movimentação do tráfego à frente durante todo o percurso, desde que o automóvel esteja a até 50 km/h. Ao detectar uma possível colisão, reduz a velocidade e aciona o sistema de freios.

“São tecnologias inéditas no segmento do Focus”, assegurou Marcio Alfonso, diretor de engenharia, diante de unidade do modelo, versão Titanium 2.0 PowerShift, exposta no evento. Ele não ofereceu pormenores, mas admitiu que as tecnologias não estarão nas versões de entrada do modelo.

Diferentemente das tecnologias já existentes no portfólio as duas novidades do Focus dispensam o uso do smartphone. Os quatro sistemas caminham na direção em que a Ford acredita estar rumando a indústria automotiva: carro autônomos e conectados.

Desde 2012 a companhia possui um Centro de Pesquisa e Inovação em Palo Alto, no coração do Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos. De lá saem as principais inovações da companhia, que serão aplicadas nos automóveis e em outros sistemas de mobilidade.

Ken Washington, vice-presidente de Pesquisa e Engenharia Avançada e responsável pelos laboratórios californianos, citou quatro megatendências que guiarão o futuro da indústria automotiva: urbanização global, classe média ascendente, qualidade do ar e mudança na atitude do consumidor. “Para isso precisamos criar a mobilidade inteligente.”

Com essas ideias nas pranchetas a Ford diversifica sua área de atuação. Além dos automóveis, que produz há cerca de um século, a companhia investe em bicicletas elétricas, que deverão trabalhar em conjunto com seus veículos e com sistemas de transporte urbano nas grandes cidades, e em sistemas de compartilhamento de automóveis.

Voltando aos carros, Washington acredita que os modelos autônomos são um caminho sem volta. “Auxílio em frenagens, manutenção dos modelos nas faixas e sensores de estacionamento, dentre outras tecnologias, tornam os modelos que estão nas ruas semi-autônomos. O futuro é reunir todas essas em um só veiculo, mas antes, precisamos melhorar a infraestrutura das cidades.”

Alfonso, diretor de engenharia, acrescenta outro importante componente: “Os carros não podem ficar mais caros, as tecnologias precisam ser acessíveis ao consumidor. Elas estão todas aí disponíveis e nosso trabalho é torná-las viáveis, a preços baixos, que o consumidor aceite pagar”.

Jeep fecha acordo de patrocínio com Flamengo

Pela segunda vez em dois anos o time de futebol do Flamengo, do Rio de Janeiro, contará com uma montadora na lista de patrocinadores. A FCA fechou acordo com o clube carioca e estampará a marca Jeep nas costas do uniforme, abaixo do número de cada jogador.

O anúncio ocorreu no estádio do Maracanã na quarta-feira, 13. Participaram do evento, pela fabricante, Sérgio Ferreira, diretor geral do Grupo Chrysler do Brasil e da marca Jeep na América Latina, João Ciaco, diretor de publicidade e marketing de relacionamento, e Marco Antônio Lage, diretor de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade. O ex-jogador Zico foi uma das personalidades presentes.

Segundo o site da ESPN Brasil o acordo vale por oito meses – portanto durante todo o campeonato brasileiro de futebol deste ano – e custou R$ 4,5 milhões à FCA. Procurada pela Agência AutoData, a montadora não respondeu a pedido de entrevista.

Em 2013 e 2014 o Flamengo contou com patrocínio da Peugeot. Na mesma época outra montadora, a Nissan, patrocinava igualmente um time do futebol carioca, o Vasco.

Ironicamente a estreia do Flamengo utilizando o uniforme com o patrocínio Jeep acontecerá no domingo, 17, no Maracanã, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro contra o Sport – um dos maiores times de Pernambuco, Estado onde está instalado o Polo Automotivo Jeep, inaugurado recentemente.

A Jeep patrocina também o time Juventus, de Turim, cidade-sede da Fiat na Itália. Neste caso, entretanto, a montadora é a principal apoiadora da equipe, com seu logotipo colocado em lugar de destaque, na frente da camisa.

Fras-le, Mahle Metal Leve e Tupy têm resultados positivos no primeiro trimestre

Fras-le, Mahle Metal Leve e Tupy, três fornecedoras de peças com capital aberto, divulgaram balanços positivos dos resultados do primeiro trimestre. As duas primeiras apresentaram crescimento na receita, incentivadas, principalmente, pelo desempenho no mercado externo – a Fras-le pelo resultado de suas operações internacionais e a Mahle pelo aumento nas exportações. Já a Tupy conseguiu dobrar o lucro no período.

A Mahle Metal Leve apresentou avanço de 2,2% na receita líquida do primeiro trimestre, comparado com o mesmo período do ano passado, alcançando R$ 579,4 milhões – mesmo diante de cenário de queda de 17,1% nas vendas e de 16,4% na produção brasileira de veículos, principal mercado da companhia.

Em comunicado a companhia citou três razões para driblar a crise: aumento nas vendas para a reposição e nas exportações e ganho de participação no fornecimento às montadoras.

O faturamento com o segmento de reposição nacional avançou 1,4% no trimestre, para R$ 141,8 milhões. As exportações apresentaram crescimento de 10,4% para montadoras, alcançando R$ 216,4 milhões, e 24,8% para o aftermarket, somando R$ 29,7 milhões.

A fornecedora cita também seu desempenho acima da média do mercado nacional original como um dos fatores para a subida na receita. Enquanto a produção brasileira de veículos caiu 16,4%, o fornecimento de peças da Mahle recuou 7,5%. Segundo a companhia, “em função do ganho de participação de mercado e ao maior posicionamento em montadoras que apresentaram desempenho superior à média do mercado”.

A Fras-le também fechou o trimestre com aumento na receita líquida, que subiu 5,9% sobre os primeiros três meses de 2014 e somou R$ 203,4 milhões. O mau desempenho no mercado doméstico, onde a receita recuou 9,9%, para R$ 96,8 milhões, foi compensado pelas operações da companhia no Exterior, que geraram R$ 106,6 milhões em receita, aumento de 26%.

Segundo a fabricante de sistemas de freio de Caxias do Sul, RS, o atual cenário econômico nacional inspira cautela. “A Fras-le continuará focada no controle dos seus custos operacionais, buscando alternativas para reduzir estes efeitos no seu desempenho, além de trabalhar para ampliar ainda mais a participação no mercado internacional”, afirmou, em nota, o diretor de relações com investidores Vanderlei Novello.

A companhia projeta encerrar o ano com R$ 820 milhões de receita líquida consolidada.

A Tupy, por sua vez, fechou o primeiro trimestre de 2015 com ebitda ajustado de R$ 136,8 milhões, 2,5% mais que no primeiro trimestre de 2014. A margem ebitda foi de 17,4%, a melhor margem para o trimestre desde 2010. O resultado foi obtido apesar de queda nas receitas, que no período foram de R$ 788,1 milhões, 2,1% menor que o no ano anterior.

No mesmo período o lucro líquido da Tupy foi de R$ 61 milhões, melhor resultado desde o terceiro trimestre de 2011 e alta de 101% ante primeiro trimestre de 2014.

Assim como para a Fras-le e Mahle Metal Leve grande parte da contribuição para o crescimento positivo dos números da Tupy veio do mercado externo, onde a empresa registrou ampliação de receita de 6,9% no primeiro trimestre em comparação há um ano, passando de R$ 570,8 milhões para R$ 610,3 milhões. No mesmo período, porém, a receita proveniente do mercado interno apresentou retração de 24,1%.

O resultado no mercado externo foi influenciado pela maior participação de produtos em ferro vermicular, ou CGI, de Compacted Graphite Iron, na América do Norte e à variação cambial. A participação destes produtos nas vendas foi de 13% no trimestre ante 10% em igual período de 2014. A participação do mercado externo na receita total da Tupy cresceu de 70,9% no primeiro trimestre de 2014 para 77,4% no deste ano.