Motores Diesel: máquinas no caminho.

O ingresso de novas fabricantes de máquinas agrícolas e de construção no Brasil, e o início de nova legislação de emissões específica para o segmento fora de estrada, denominada Programa de Controle da Poluição de Ar por Veículos Automotores para Máquinas Agrícolas e Rodoviárias, mais comumente chamada de Proconve MAR-1 e equivalente à norma Euro 3 de caminhões e ônibus, aceleram os projetos de motores a diesel no País.

A este quadro se somam três novas players de maquinário por aqui: a Hyundai Heavy Industries, instalada em Itatiaia, RJ, a LiuGong, em Mogi Guaçu, SP, e a XCMG, em Pouso Alegre, MG. Todas iniciaram montagem local dos seus equipamentos e buscam aumentar índice de nacionalização com o objetivo de se adequarem às regras do Finame.

Ao mesmo tempo, a exemplo do que ocorreu com a introdução da Euro 5, regulamentação que demandou uma série de mudanças nos motores de caminhões e ônibus em 2012, fabricantes de equipamentos agrícolas e de construção terão que dar um salto tecnológico para reduzir a emissão de poluentes no cronograma Proconve MAR-1.

Nesse cenário três das maiores fabricantes de motores diesel do Brasil, Cummins, FPT e MWM International, ampliam aplicações e novos negócios. E embora as novidades não equacionem a queda no fornecimento às fabricantes de ônibus e caminhões – a Anfavea estima queda de vendas de 31,5% no ano – as oportunidades desenham novos horizontes.

A MWM International, por exemplo, tem programado para este ano 33 lançamentos, a maior parte produtos destinados ao segmento de máquinas e equipamentos. Thomas Püschel, diretor de vendas e marketing, revela: “Trabalhamos em mais de cem novos projetos, tanto protótipos quanto motores já em fase inicial de produção”.

Para o executivo “esse movimento de lançamentos necessários à regulamentação se refletirá ao longo de pelo menos mais quatro anos. Isso nos dá uma boa base de sustentação e de crescimento. Assim, quando ocorrer a retomada de mercado, creio que a partir do ano que vem, estaremos prontos para aumentar nossa participação”.

Prova do que Püschel salienta é a conclusão da homologação do primeiro de uma série de motores da empresa com objetivo de atender ao MAR-1. A companhia, por seus cálculos, foi a pioneira no País a confirmar a adequação do motor às novas regras ambientais junto aos órgãos competentes.

O movimento também é nítido na Cummins, localizada em Guarulhos, SP, que deverá produzir 45 mil motores este ano. Ainda que o volume represente queda de 16,6% ante as 54 mil unidades produzidas no ano passado, Luís Chain, diretor de marketing e vendas, revela estratégia de reforço no portfólio como forma de amenizar o quadro negativo:

“O mercado é uma variável sem controle, cabe a nós apenas monitorar. Já a participação é mais gerenciável, pode crescer com novas aplicações, independentemente de movimentos negativos de vendas. Nossa energia está centrada nisso: avançar em aplicações e novos mercados de exportação”.

Chain destaca que a Cummins já fornece motores para a Hyundai Heavy Industries e negocia atualmente a nacionalização com a LiuGong, igualmente cliente da companhia na China: “Os novos entrantes, junto da MAR-1, devem movimentar o mercado com 1 mil a 2 mil unidades adicionais até 2017”.

Como a Cummins também a MWM International aposta em novos contratos, conta Puschel: “Grupo Sany, de São José dos Campos, e LS Mtron, de Garuva, Santa Catarina, por exemplo, querem aumentar o índice de nacionalização, motivados pelas oportunidades. Sabem que há carência em investimentos em infraestrutura, mas que cedo ou tarde virão, demandando equipamentos”.

A Budny Equipamentos Agrícolas, instalada em Içara, SC, e a Stara, de Não Me Toque, RS, também estão na lista de clientes da MWM International, formada por mais de duzentas empresas, em torno de 160 brasileiras e outras quarenta espalhadas pelo mundo.

Amauri Parizoto, diretor de vendas e marketing da FPT na América Latina, conta que 49 novas versões de motores entrarão em linha de produção para atender ao MAR-1: “São lançamentos voltados tanto para as empresas do Grupo CNH Industrial quanto para as companhias de fora, que chamamos de mercado aberto”.

Segundo ele a estratégia de vendas a outras empresas é mundial e deverá ganhar espaço na região latino-americana: “Globalmente 47% das vendas são para fora do Grupo. Na América Latina esse porcentual é de 7%, ou seja: temos muito campo para crescer fora do cliente cativo”.

Embora enxergue perspectiva de crescimento no curto prazo, Parizoto estima volume estável de vendas na região da América Latina para este ano na comparação com 2014: “Nossa projeção é por volta de 56 mil motores. Não sabemos ainda como será o segundo semestre, mas acreditamos que ao menos a partir do próximo ano o mercado volte a crescer”.

EXPORTAÇÕES – Os embarques de motores representavam fatia de 8% dos volumes produzidos pela MWM International e neste ano devem saltar a 11%, segundo os cálculos de Püschel.

O executivo, que prevê alta de 4% nas exportações, destaca as vendas ao Egito: “Esse mercado cresceu 170% no ano passado e em 2015 a alta deve superar 20%”.

Chain, da Cummins, enumera as vendas para Colômbia, Peru e Chile:
“São mercados que demandam motores a gás natural para caminhões e ônibus, já que nessas regiões o preço do combustível é bastante atrativo”.

O diretor da Cummins conta ainda que o planejamento da companhia prevê no cenário geral para 2015 queda de vendas de caminhões, no Brasil, da ordem de 25% a 30% e para máquinas agrícolas e rodoviárias de 5% a 10%. O negócio de reposição, assim, ganhará mais destaque nos volumes da empresa: “O pós-venda começa a despontar novamente. As vendas estiveram aquecidas nos últimos anos, o que gera demanda maior de reposição”.

No Brasil os postos de atendimento da Cummins somam duzentos e até o fim do ano outros quarenta deverão ser inaugurados: “Continuamos crescendo para ter capilaridade”.

Parizoto, da FPT, revela que a empresa empreende um sistema de sinergia com a rede do Grupo: “Usaremos a estrutura das revendas Iveco para prestar atendimento específico, personalizado aos clientes FPT, em área dedicada”.

Segundo o diretor o faturamento do segmento de reposição crescerá 27% neste ano, “o que é um bom reflexo dos últimos anos”.

Uma oficina, várias marcas

Uma oficina única para três marcas: com esse propósito o Grupo Ramasa, representante das bandeiras Nissan, Peugeot e Toyota em Goiás, criou o Lince All Service, um centro de funilaria especializado em veículos das três montadoras.

Rogério Braz, gerente de pós-vendas, explica que os clientes deixam os veículos nas próprias concessionárias para o reparo – são seis casas no Estado, distribuídas nas cidades de Goiânia, Itumbiara e Rio Verde.

“O veículo a ser reparado é guinchado de cada revenda até o centro de funilaria, que fica no Polo Empresarial de Goiânia, a 20 quilômetros do centro da Capital. Ou seja: para o cliente não há mudança em sua rotina. Mesmo com esse custo a mais de transporte a operação é mais viável: antes terceirizávamos o serviço, mas decidimos centralizar em oficina própria.”

O centro de funilaria fica em área total de 10,2 mil m² e tem capacidade para atender seiscentos veículos por mês. “O investimento em equipamentos foi de R$ 5 milhões e compensou: nosso faturamento mensal passou de R$ 200 mil para R$ 900 mil, com picos de mais de R$ 1 milhão.”

Braz conta que 70% dos reparos realizados na unidade são via companhias de seguro. “Com a centralização conseguimos unir mão de obra especializada, preço e a confiança do reparo de concessionária, o que fideliza o cliente”.

A equipe, inicialmente de vinte pessoas, passou para 47. “Vamos ampliar a estrutura de pintura com uma terceira cabine para atender ao aumento da demanda.”

Para Alarico Assumpção Junior, presidente da Fenabrave, acredita que casos como o da Lince All Service devem se tornar cada vez mais frequentes:

“Grandes grupos de diversas bandeiras ou com muitas casas de mesma marca optarão por showroom em lugares de maior visibilidade, próximos aos grandes centros urbanos, portanto mais caros, e áreas dedicadas ao pós-venda, que exigem maior espaço, mais distantes”.

O Grupo Caltabiano, em São Paulo, adota a mesma estratégia e centralizou a reparação dos modelos Chrysler, Land Rover, Mercedes-Benz, Mini e Toyota em uma mesma oficina, no bairro da Barra Funda. Roberto Lyra, gerente de pós-venda do Centro de Reparação do Grupo Caltabiano, conta que antes cada loja tinha uma estrutura de reparo própria:

“Isso demandava muito espaço. Agora todos os equipamentos e ferramentas estão centralizados em uma só estrutura. A concessionária mais distante fica a 12 quilômetros, o que não atrapalha em nada a operação”.

Assumpção Jr. endossa: “Atender em pequenas oficinas dentro das concessionárias torna-se inviável por questões de custo e de difícil manutenção de mão de obra especializada. Acredito, inclusive, que a unificação de reparo mecânico também deverá ocorrer. É um passo mais difícil, mas não impossível”.

Em Brasília, DF, o Grupo Saga unificou a funilaria das marcas Citroën, Hyundai, Jeep, Peugeot, Toyota e Volkswagen. Leandro da Silva Diniz, gerente de serviços do CRT, Centro de Reparo Técnico, conta que o faturamento mensal do negócio passou de R$ 300 mil em 2008 para R$ 3 milhões atualmente.

“É uma prática muito rentável. A mão de obra qualificada é difícil de ser encontrada e o grupo enxergou na unificação dos serviços uma oportunidade. A tendência é de que o pós-venda represente parcela cada vez maior no faturamento das empresas.”

O Grupo Saga tem também um CRT em Goiânia e vai inaugurar outro em Cuiabá, MT, com investimento de R$ 2 milhões e equipe com cerca de oitenta pessoas.

Segundo o presidente da Fenabrave, embora o sistema de distribuição automotiva não tenha uma uniformidade, caminha a passos largos para a profissionalização e adoção de modelos operacionais com foco direcionado principalmente à excelência da área de pós-venda.

“Há pequenos, médios e grandes concessionários em todo o País, abrangendo diferentes grupos econômicos, sendo que 90% ainda são empresas de origem familiar. A gestão tem se modificado em termos de profissionalização e qualidade.”

Nova proteção balística promete reduzir peso de carros blindados

As mantas de aço tradicionalmente utilizadas na blindagem automotiva ganharam concorrência. A Ser Glass, empresa que produz vidros blindados, ampliou sua atuação no País com a um novo material de mantas de compósitos, o Udura, que cumpre as homologações exigidas pelo Exército Brasileiro segundo a fabricante.

Feito com fios de aramida e compósitos semelhantes à fibra de carbono, o material teve investimento de R$ 3,5 milhões para desenvolvimento e produção em nova fábrica, localizada em Pouso Alegre, MG.

Antonio Bertagnoli, diretor-geral da Ser Glass, afirma que o novo material é nove vezes mais resistente que as mantas de aço comumente usadas e tem garantia de dez anos.

“A tecnologia sem tecidos laminados reduz em média 50 quilos no peso do veículo, o que minimiza desgaste de componentes como pneus e suspensão.”

De acordo com Bertagnoli a instalação também é mais fácil: atualmente, a blindagem tradicional demora em média 40 dias para ser entregue e com o Udura esse prazo pode cair para 15 dias. “O método de instalação é mais rápido, limpo e seguro”, assegura o dirigente.

O executivo explica que peças prontas e modeladas são projetadas com sobreposições e encaixes, o que acelera o processo. “Já temos dezoito kits para blindagem e alcançaremos cinquenta.”

Na lista dos modelos com kits Udura já disponíveis estão Toyota Corolla, VW Tiguan, Ford Fusion, Land Rover Evoque, Jeep Grand Cherokee, BMW Série 3, Mercedes-Benz Classe C e Toyota Hilux.

“Os ruídos internos também são minimizados, pois os compósitos são mais maleáveis que as peças de aço inoxidável.”

Atualmente a Udura tem capacidade produtiva de 60 kits de blindagem/mês na fábrica de Pouso Alegre. “A meta é ampliar mensalmente a produção em 20%.”

As linhas de vidros blindados Ser Glass continuam em São Bernardo do Campo, SP. “No último ano ampliamos as entregas em 30%, pois o mercado cresce e nossa participação também.”

Os clientes são empresas de blindagem como Hight Tech Blindagens, W.Truffi, GR Blindados, MG Blindados e outras.

Abraciclo entra no Festival do Consorciado Contemplado

A Abraciclo agora também participa do 1º Festival do Consórcio Contemplado, lançado em parceria da Anfavea com Fenabrave e Abac e em vigor desde o começo do mês. A associação que representa as fabricantes de motocicletas, segmento em que os consórcios respondem por cerca de 40% das entregas, anunciou sua adesão na segunda-feira, 18.

Durante o anúncio do programa, no fim do mês passado, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., antecipara à Agência AutoData que a Abraciclo fora convidada e deveria juntar-se a uma segunda etapa do programa. Sua decisão, porém, foi antecipada, como explica o presidente Marcos Fermanian em comunicado.

“Avaliamos as possibilidades da iniciativa, considerando as incertezas do mercado. Esperamos um crescimento na demanda de motocicleta com a efetivação dos negócios com os cotistas já contemplados.”

O executivo estima que existam cerca de 100 mil cotas contempladas para a aquisição de motos cujos proprietários ainda não efetivaram a compra. O festival oferece condições especiais para os clientes com cartas de crédito contempladas até 15 de junho.

As vendas de motocicletas recuaram 10,7% no quadrimestre, mas, ao menos, mantiveram o ritmo médio diário de licenciamentos na primeira quinzena de maio, quando comparado com igual período de abril. Segundo a Abraciclo foram licenciadas 5 mil 449 motocicletas por dia útil até a sexta-feira, 15, ante 5 mil 453 unidades/dia na primeira quinzena de abril.

Com relação à primeira quinzena de maio do ano passado a queda foi de 10,5%, de acordo com dados da associação revelados na segunda-feira, 18.

Palio, HB20 e Onix continuam a disputar a ponta em maio

Repetindo o ocorrido em abril, a disputa pela liderança de vendas por modelo continua acirrada em maio. A diferença é que três modelos se descolaram na ponta, abrindo margem para a Fiat Strada, que também brigou pela primeira posição da tabela no mês passado.

De acordo com dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData até a sexta-feira, 15 – faltando um dia, a segunda-feira, 18, para completar a primeira quinzena do mês, equivalente aos onze dias úteis iniciais do período – o Fiat Palio é o primeiro colocado, com 4,9 mil licenciamentos. A seguir está o Hyundai HB20, com 4,5 mil, enquanto o Chevrolet Onix fecha o pódio com 4,4 mil.

O ritmo de vendas dos líderes segue bem parecido com o da primeira quinzena de abril em termos de volume. Nos onze primeiros dias do mês passado o HB20 tinha 5 mil, o Onix 4,6 mil e o Palio 4,5 mil.

A distância dos três já é razoável para o quarto colocado, o VW Gol, com 3,7 mil. Mas o resultado é razão de comemoração para o modelo, sétimo em abril – aparentemente comprovando bons índices de recente campanha de varejo para o modelo, que ofereceu R$ 5 mil de desconto ou até R$ 7 mil no caso do Festival do Consorciado Contemplado.

Fecha os cinco primeiros, a aproximadamente uma dezena atrás do Gol, o Fiat Uno, igualmente na casa de 3,7 mil. E em sexto, somente cerca de 20 unidades atrás, está a Strada, que no mês passado fechou em quarto mas brigou pela liderança até o último dia.

E os dez primeiros da metade inicial de maio, pela ordem, são completados com Ford Ka, 3,1 mil, e Toyota Corolla, VW Fox e Chevrolet Prisma – os três todos tecnicamente empatados da oitava à décima posições na faixa de 2,8 mil unidades licenciadas no período.

O Renault Sandero aparece fora do Top 10, ainda que imediatamente a seguir, na décima-primeira posição, 2,6 mil, seguido por Hyundai HB20S, VW Saveiro, Fiat Siena e, novamente com ótimo desempenho, o Honda HR-V, 2,3 mil. Assim lidera mais uma vez o segmento de SUVs compactos e vê o concorrente mais próximo, o EcoSport, 1 mil unidades atrás. Os separam a Chevrolet S10, os VW Voyage e Up, Ford Fiesta, Toyota Etios hatch e o Honda Civic.

Workshop AutoData analisará perspectivas do mercado de ônibus

A situação está difícil também para o lado dos ônibus, com a produção brasileira deste tipo de veículo caindo 27,6% nos primeiro cinco meses deste ano em relação ao que fabricamos no mesmo período de 2014. Ao todo saíram das linhas de montagem 12 mil 66 unidades deste tipo de veículo neste janeiro/maio, ante 16 mil 664 veículos fabricados em igual período do ano passado.

Em termos de vendas a situação não é diferente. Segundo a Fenabrave, a entidade que congrega as concessionárias de todas as marcas brasileiras, as vendas de ônibus no varejo foram de 10 mil 43 unidades de janeiro a maio deste ano, volume 24,7% menor que os 13 mil 346 vendidos em igual período do ano passado.

Em maio analisado em particular, o mercado absorveu 1 mil 711 unidades, com queda de 11,85% ante o mesmo mês do ano passado ainda segundo a Fenabrave. Em termos de produção, no mês saíram das linhas brasileiras 2 mil 319 unidades, com crescimento de 12,5% ante os 2 mil 61 ônibus fabricados em abril.

Toda esta situação, no entanto, tem que ser analisada com muito cuidado. Isto porque esta queda está totalmente localizada no segmento de veículos destinados ao transporte urbano de passageiros, que viu sua produção reduzir-se 33,3% nos primeiros cinco meses deste ano frente ao mesmo período do ano passado. Já o segmento de ônibus destinados ao transporte rodoviário e de fretamentos teve sua produção aumentada em 4,5% no mesmo período.

São problemas específicos os que afetam o dia-a-dia dos diferentes segmentos da produção de ônibus e que serão diretamente discutidos no Workshop AutoData de Tendências Setoriais Ônibus, que será realizado em 29 de junho, em São Paulo, em um evento que discutirá as reais perspectivas deste importante segmento do mercado para os demais meses do ano.

“Além das análises setoriais que abordarão a atual situação da produção e venda de ônibus no Brasil propriamente dita, teremos dois painéis específicos, um para discutir os problemas relacionados ao segmento de urbanos e outro para analisar particularidades do segmento de rodoviários”, explica Paulo Fagundes, editor de seminários da AutoData Editora.

No painel de urbanos, por exemplo, a ideia é discutir o problema dos efeitos no mercado do programa Caminho da Escola e analisar quais poderão ser os reflexos futuros para as vendas dos processos de eleições municipais que estão prestes a se iniciar em todo o Brasil. Já no painel de rodoviários, um dos principais temas deverá girar em torno da expectativa de publicação do edital que regulamentará as frotas interestaduais, que deverá acontecer no início do segundo semestre e que poderá trazer bons reflexos em termos de vendas.

São números e previsões relevantes que serão discutidas neste evento e que certamente balizarão as próprias produções das principais montadoras de veículos comerciais até dezembro, com reflexos diretos, inclusive, para as programações dos principais fornecedores deste segmento da indústria.

Para que esta análise aprofundada das perspectivas seja possível, o evento reunirá os principais líderes de vendas das maiores montadoras de ônibus instaladas no Brasil, bem como das maiores encarroçadoras do País, que debaterão diretamente suas visões a respeito dos demais meses do ano.

Já estão confirmadas as presenças de Sílvio Munhoz, diretor de vendas de ônibus da Scania, Walter Barbosa, diretor de vendas de ônibus da Mercedes-Benz, Antônio Cammarosano, diretor de vendas de ônibus da MAN, Maurício Lourenço Cunha, diretor Industrial da Caio, João Herrmann, diretor de produto da MAN e Pauto Corso, diretor da Marcopolo.

Além destes especialistas em mercado doméstico este workshop trará, ainda, a análise do mercado internacional como complemento das perspectivas deste segmento da indústria. Neste sentido já está confirmada a presença do executivo Marcos Forgioni, vice-presidente de vendas e marketing internacional da MAN.

Por fim, a visão setorial e as negociações com o governo sobre financiamento e renovação de frota serão analisados pelo diretor da Mercedes-Benz e vice-presidente da Anfavea, Luiz Carlos Gomes de Moraes, que fará a abertura oficial do evento.

Este workshop acontecerá em São Paulo, no dia 29 de junho, em evento que acontecerá em meio período. Outras informações e inscrições poderão ser obtidas pelo site www.autodata.com.br, pelo e-mail seminário@autodata.com.br ou pelo telefone 11 5189-8938/8940.

Em busca do zero acidente

Desde 2012 a Volvo, na Suécia, persegue o desafiador cenário do trânsito sem nenhum acidente, um posicionamento aprovado pelo parlamento sueco em 1997. O Zero Acidente, como se convencionou chamar a filosofia adotada pela empresa, foi abraçado pela operação brasileira o ano passado. “Trata-se de uma visão ética”, observa J. Pedro Corrêa, consultor da Volvo especializado em segurança no trânsito. “Não é ético esperar ou aceitar que um ser humano torne-se vítima fatal em um acidente de trânsito.”

A meta é um ideal de futuro e pressupõe um pacto social, no qual todos os agentes envolvidos no transporte, como indústria, empresas, autoridades e usuários, colaboram de alguma maneira no cumprimento do objetivo. Apesar de ousado e parecer até um sonho distante, alguns resultados: em dez anos o número de acidentes de trânsito por ano na Suécia caiu pela metade, de seiscentos para 260.

A realidade sueca, claro, é muito diferente da brasileira, onde os acidentes acontecem anualmente aos milhares. O que não significa, porém, problema sem solução. Sob o chapéu do tradicional PVST, Programa Volvo de Segurança no Trânsito, o Zero Acidente e como torná-lo possível foi tema de seminário organizado pela Volvo na sede da NTC&Logística, Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística, em São Paulo, na tarde de quinta-feira, 14. No evento debateram propostas representantes de associações de classe e de empresas ligadas ao transporte.

No seminário ficou claro que um dos caminhos sem volta para garantir um possível cenário sem acidentes será a adoção da recém-criada certificação ISO 39001 – Road Traffic Safety Management. Publicada em 2012, surgiu para integrar os sistemas gestão sob o ponto de vista da segurança viária.

“A certificação é aplicável a qualquer organização na qual o trânsito impacta de alguma maneira o negócios, escolas, shoppings, supermercados, por exemplo”, ressalta Paulo Gottlieb, sócio-diretor da TRS Engenharia, empresa especializada em soluções de segurança viária. “Diferentemente das certificações de qualidade, que viram moeda para fazer concorrência, a 39001 permite desenvolver um linguagem única, os resultados são multiplicados para todos. É aplicada para reduzir os riscos, não atua somente na causa.”

De maneira resumida, a certificação apresenta maneiras para que a empresa faça um diagnóstico da segurança viária, como número de acidentes e custo deles, análise os riscos nos processos de transporte, aplique ações corretivas e preventivas, verifique regularmente a efetividade das ações e, por fim, estabeleça planos de ações.

“A 39001 é mais adequada do que a própria ISO 9001. Enquanto a 9001 é focada essencialmente em qualidade, a 39001 é voltada especificamente para a redução de acidentes, mortes e feridos. Assim, o transportador terá segurança, mas sem abrir mão da qualidade.”

Por ser relativamente nova, são poucas as empresas certificadas no mundo. De acordo com Gottlieb, ao todo são trinta e apenas uma na América Latina, a YPF, na Argentina. “Mas o potencial é grande, a começar com os benefícios em seguradoras e gestoras de risco”.

O representante da TRS Engenharia conta o caso da FM Conway, uma operadora logística britânica que após a certificação o desconto obtido junto à seguradora rendeu recurso suficiente para pagar o certificado e ainda manter a manutenção da certificação pelos próximos sete anos.

A ISSO 39001 está em processo de tradução e adequação à realidade brasileira na ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. A Volvo, no entanto, já lançou o manual de aplicação da norma, disponível para download no www.pvst.com.br.

Brasileiros priorizam eficiência e custo-benefício em carros conectados

O custo-benefício e a economia de combustível são prioridades para os brasileiros interessados em adquirir um carro conectado. Essa foi a conclusão de estudo global promovido pela GfK no Brasil, Alemanha, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos e China

Foram entrevistados 5,8 mil consumidores nesses seis países, considerados mercados-chave para o setor. Destes, 76% pretendem continuar usando seus próprios carros em cinco anos e 24% afirmaram que pagarão o transporte apenas quando usarem, o que, segundo o estudo, revela a continuidade da relevância dos veículos.

A pesquisa listou 21 recursos e funcionalidades considerados na hora de escolher um carro conectado. Dentre as preferências dos entrevistados aparecem o freio de emergência para 70%, chamada de emergência para 68%, estacionamento automático e preparação pré-incidente, ambos com 67% da preferência. Os dois últimos tópicos aparecem na lista das cinco tecnologias prediletas pelos brasileiros em carros conectados.

Ao declarar o que desejam de um carro conectado, os brasileiros classificam a eficiência do combustível como a sua principal consideração, seguido de custo benefício, durabilidade, proteção, segurança e prevenção de acidentes, fatores que classificam como igualmente importantes.

Dos sete conceitos oferecidos pelo veículo conectado, motoristas brasileiros classificam “ultra seguro” como o mais importante – um carro que se conecta com outros carros e integra câmeras de segurança. Do lado oposto, o que menos agrada aos brasileiros é o conceito “gerenciador de vida” – um carro que se conecta com outros equipamentos da sua casa, como portas, luzes, refrigerador.

Sobre a intenção de compra de veículos com mais tecnologia embarcada a GfK constatou que 79% de todos os entrevistados pagariam a mais para ter carros conectados.

Já os carros autônomos, que não exigem a atuação de um motorista, não são considerados interessantes por 65% dos entrevistados, a não ser que permitissem o consumo de álcool.

A rejeição a tecnologia é maior na faixa etária de 55 a 64 anos: 78% não teriam um veículo autônomo. Segundo a GfK, com base nas entrevistas, notou-se que a ausência do motorista gera ansiedade e sentimento negativo pelo fato de não ter controle do veículo.

Audi aposta em investimento para pós-vendas no País

A Audi elegeu como um dos pilares para sustentar seu crescimento no País o pós-vendas. Ainda que não revele valores específicos, a montadora – que retorna à condição de fabricante nacional em setembro, com a produção do A3 Sedan em São José dos Pinhais, no Paraná – prepara duas ações específicas para esta área: expansão de seu CD de peças em Jundiaí, SP, e inauguração de um novo centro de treinamento.

“O pós-vendas é essencial para mantermos a fidelidade do cliente”, avalia Jörg Hofmann, presidente da Audi no País. “Se não for desta forma, vendemos um veículo e nunca mais conseguimos comercializar outro. De 2013 para 2014 dobramos as vendas no Brasil e, para assegurar a qualidade dos serviços, triplicamos o número de treinamentos.”

O executivo acrescenta: “Há um sério risco quando se cresce rápido, como é o nosso caso: o de perder a qualidade. Há vários exemplos disso e não queremos repeti-lo, daí aplicarmos muito recursos em qualificação e treinamento”.

Neste contexto a Audi inaugura ainda em maio um novo centro de treinamento, instalado na Zona Sul da Capital Paulista, na região do autódromo de Interlagos. “Ao mesmo tempo em que precisávamos de mais espaço para peças em Jundiaí as instalações para treinamento também já pediam instalações maiores e mais completas. Como o CT antes ficava junto com o CD, optamos por utilizar sua área para aumentar o estoque e construímos um CT novo.”

A unidade de Jundiaí é relativamente nova: foi originalmente inaugurada em agosto de 2012. Agora terá o dobro de espaço para peças, antes alocada em 2,7 mil metros quadrados. Anteriormente a montadora estocava as peças em galpão no bairro da Lapa, em São Paulo.

Na parte de peças o executivo garante que o CD já contempla 92% das partes dos modelos Audi em estoque, como forma de atender com a máxima rapidez possível as requisições das oficinas da rede de concessionárias.

Outra iniciativa da fabricante nesta área é um serviço expresso para as três primeiras revisões, que promete cumprir o serviço em apenas uma hora. Lançado em setembro do ano passado em três concessionárias da Capital Paulista, chegará às revendas de Belo Horizonte, MG, Rio de Janeiro, RJ, e Curitiba, PR, neste ano.

Mais uma ação ligada ao pós-vendas para a Audi teve início no ano passado: o Audi Approved Plus, programa de revenda de seminovos em funcionamento em três concessionárias, que deverão ser quinze até o fim do ano – de acordo com Hoffmann, entretanto, “o objetivo é estender este programa a todas as casas em algum momento”. São oferecidos modelos da marca das quatro argolas com de seis a dezoito meses de uso, com checagem de 110 itens e garantia. “É quase como se fossem carros novos, mas custam cerca de 30% mais barato.”

O programa também serve para elevar o valor de revenda dos modelos, explica o presidente – a alta depreciação sempre foi uma característica dos veículos importados no mercado nacional, inclusive os do segmento premium.

Novo Audi TT e o bullying no vizinho

A maioria das montadoras que atua no segmento de esportivos premium geralmente colhe baixos números de venda em volume, mas grandes retornos de imagem – o que ajuda indiretamente os índices dos modelos mais baratos, de entrada de sua gama. E a Audi com seu TT, cuja terceira geração foi lançada no País na manhã da sexta-feira, 15, no Rio de Janeiro, não foge a esta regra.

A marca nem fala em projeções de comercialização – de acordo com Herlander Zola, diretor de marketing, a única referência é “alcançar números superiores ao da segunda geração”. Estes, de acordo com dados da Fenabrave, são muito modestos: 95 unidades em 2013, 80 em 2012 e 146 em 2011, o melhor ano.

Já em imagem o retorno é bem mais alto. “O TT tem um papel muito importante em nossa estratégia de crescimento no Brasil. Ele sintetiza o perfil de inovação, personalidade e esportividade da Audi”, afirma Jörg Hofmann, presidente da montadora no País.

Essa estratégia prevê chegar a 30 mil unidades comercializadas no País em 2020 – destas, 26 mil nacionais Made in Paraná, A3 Sedan e Q3. Para 2015 o plano é alcançar 15 mil, novo recorde no País e crescimento de nada menos do que 20% ante as 12,5 mil de 2014, que por sua vez já foram quase o dobro daquelas de 2013, 6,5 mil. O cenário geral de mercado em baixa no quadrimestre não abala o executivo: “Tenho certeza que quebraremos outra barreira de melhor resultado de vendas no Brasil neste ano”.

E como o papel do TT nesse plano está ligado diretamente à imagem, a montadora escolheu deixar isso bem explícito, inclusive ao próprio consumidor, nas peças publicitárias impressas do modelo. Uma delas, com imagem do esportivo em destaque, traz os dizeres “Isso não é um carro. É um bullying com seu vizinho”. Outra, na mesma linha, assegura: “Você só chama a atenção dentro de um carrinho quando é um bebê”.

A campanha estará em revistas, jornais, portais de internet e canais de TV aberta e fechada.

O CARRO – O pacote tecnológico do TT é dos mais interessantes, com destaque para faróis em full led para a versão topo de linha Ambition e, em especial, o painel de instrumentos, que é digital e totalmente customizável a gosto do freguês: pode-se escolher o tamanho e posição dos instrumentos, como velocímetro e conta-giros, bem como do navegador GPS, além dos comandos da central multimídia.

O motor é um 2.0 Turbo com 230 cv – 19 cv a mais do que a geração anterior – acoplado a câmbio S tronic de seis marchas e dupla embreagem. A alimentação de gasolina trabalha de forma indireta em baixas rotações e direta nas altas, para reduzir os níveis de emissão.

A versão de entrada, Attraction, tem preço de R$ 210 mil. A Ambition acrescenta rádio MMI Plus com sistema de navegação, ar condicionado automático com comandos integrados nas saídas de ar e os faróis full led por R$ 230 mil.