Caminhões e ônibus: financiamento via PSI poderá ser ampliado para até 90%.

Mais novidades na linha PSI na modalidade caminhões, ônibus e implementos surgiram na terça-feira, 6: a participação máxima do BNDES no financiamento destes veículos por meio desta linha do Finame poderá ser ampliada para até 90% do valor do bem.

Segundo circular do próprio BNDES as pequenas empresas podem financiar 70% do valor com taxa de 9,5% ao ano, enquanto as grandes emprestam 50% com taxa de 10% ao ano. Essas regras já haviam sido divulgadas no apagar das luzes do ano passado.

A novidade é que os outros 20% e 40% que compõem, respectivamente, o valor do bem, poderão também ser financiados por meio do PSI, permitindo ao comprador reduzir o valor de entrada para 10% – mas as condições são diferentes.

Empresas que optarem por maior fatia financiada terão de arcar com aumento no custo financeiro da operação – válido só para a diferença –, que poderá ser calculado por meio de três diferentes bases: variação da unidade monetária do BNDES acrescida de encargos da Cesta de Moedas, variação do dólar acrescida dos encargos da Cesta de Moedas ou ainda taxa média Selic acumulada, apurada pelo Banco Central em base diária.

No caso das pequenas empresas, somam-se, ainda, taxa de remuneração do BNDES de 1,2% ao ano e taxa de intermediação de 0,1% ao ano. Para empresas maiores a taxa de remuneração é também de 1,2% ao ano, mas a taxa de intermediação sobe para 0,5% ao ano.

Fonte ligada ao governo federal ouvida pela Agência AutoData entende que, na prática, a iniciativa representa uma nova taxa de juros para o PSI: “O cliente de uma grande empresa financiará 50% do bem com juros de 10% ao ano e os outros 40% com taxa maior, de mercado. Supondo que esta seja de 14%, no resultado final a operação terá taxa de cerca de 12,5% ao ano”.

As regras valem para ônibus, chassis e carrocerias para ônibus, caminhões, caminhões-tratores, carretas, cavalos-mecânicos, reboques, semirreboques, chassis e carrocerias para caminhões, incluídos semirreboques tipo dolly e semelhantes, carros-fortes e equipamentos especiais para chassis como plataformas, guindastes, betoneiras, compactadores de lixo e tanques.

O prazo máximo para financiamento é de 72 meses, com carência de três a seis meses. Cada grupo econômico poderá emprestar até R$ 200 milhões. De acordo com a circular os pedidos de financiamento poderão ser protocolados até 27 de novembro de 2015 por meio das modalidades simplificada ou convencional.

A circular informa ainda que “para fins de controle de comprometimento dos recursos o BNDES poderá solicitar, a qualquer tempo, o envio de informações relativas a operações em curso nos agentes financeiros, bem como definir limites de comprometimento por agente financeiro”.

Embora estas regras do PSI para 2015 já tenham sido publicadas, fontes ligadas ao governo não descartam a divulgação de novas circulares nos próximos dias: “O BNDES está ajustando seus sistemas às novas normas e levará ainda alguns dias para a operação deste ano começar. Ajustes, portanto, não estão descartados”.

Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave, comentou na terça-feira, 6, que mesmo com as taxas de juros mais altas para o PSI este ano o cenário para os comerciais “não é de todo ruim”. E justificou:

“Foi difícil conseguir a postergação do PSI, conversamos com o BNDES diuturnamente. O desafio agora é garantir que os recursos liberados, de R$ 16 bilhões, sejam aplicados”.

Sobre o esperado programa nacional de renovação de frota de caminhões, o presidente da Fenabrave revelou que “o Tesouro argumenta não ter os recursos necessários, mas reduzimos o volume anual contemplado e esperamos avançar em breve. O projeto está 95% alinhavado”.

Nissan terá motor três cilindros para novo Versa nacional

Todo 6 de janeiro Carlos Ghosn, CEO da Nissan e da Aliança com a Renault, traz uma nova notícia para o mundo brasileiro de veículos. No ano passado foi sobre a fábrica de motores que seria instalada em Resende, RJ, e na terça-feira a novidade foi a chegada de motor 1.0 de três cilindros, 77 cv de potência e 10 kgmf de torque tanto com álcool quanto gasolina, para equipar o novo Versa, que deverá ser apresentado até o fim de março.

O investimento foi de cerca de R$ 100 milhões, com a contratação de 25 funcionários.

José Luiz Valls, chairman da Nissan para a América Latina, lembrou que a companhia vive fase de evolução no Brasil, no seu sétimo mês consecutivo de crescimento de vendas, e que a relação veículo versus 1 mil habitantes é muito baixa aqui, 175 contra trezentos na Rússia e quinhentos na Europa – daí a confiança da companhia no potencial do mercado brasileiro:

“Sem dúvida há tudo para crescer, com a nossa ajuda e participação. Aqui, e na América Latina, queremos ser a primeira empresa das japonesas. Temos muito, ainda, a crescer, aqui e em toda a região, temos muitos produtos a serem localizados”.

A participação de mercado da Nissan no Brasol fechou 2014 com 2,2%, e o presidente François Dossa almeja pelo menos 1 ponto porcentual a mais até o fim de 2015 – e chegar muito perto de 5% no fim de 2016.

Ao traçar projeção de resultados para 2015 Ghosn foi cauteloso. Também crê no potencial do mercado brasileiro mas acredita, mesmo, em um ano estável, relativamente parecido com o anterior, na melhor das hipóteses: “Estamos à espera de diretivas, de decisões de governo”.

Mas está muito mais otimista com os resultados que projeta para 2016, quando o governo certamente já terá tomado decisões “para fazer deslanchar a economia e o mercado. É por isto que estamos muito atentos ao movimento das autoridades de governo, levando em conta que mantivemos todos nossos cronogramas e valores de investimento no País”.

Ghosn acredita, também, no crescimento das vendas e da participação – da Nissan e da Aliança – em 2015, em função da recuperação do mercado de veículos nos Estados Unidos, na manutenção de seu crescimento na China e na sua evolução de reação na Europa. Os pontos fracos, por enquanto, são Brasil, Índia e Rússia: “Espero, para este ano, crescimento global nas vendas de pelo menos 2% a 3%”.

O que alicerça sua crença?: “O mercado dos Estados Unidos já superou aquele de antes da crise do Lehman Brothers e o da Europa está abaixo menos de 20%…”.

Dezembro fecha com melhor resultado para o mês da história

O ano de 2014, apesar de suas dificuldades, terminou com um recorde: o melhor mês de dezembro em vendas de veículos no Brasil. Foram comercializados 369 mil 996 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, segundo dados divulgados pela Fenabrave na terça-feira, 6.

O volume representou alta de 4,6% na comparação com o mesmo mês de 2013 e de 25,6% na comparação com novembro.

Além disso o resultado foi o segundo melhor índice mensal da história, considerando-se todos os períodos, atrás apenas de agosto de 2012 – quando foram comercializados 420 mil veículos.

O bom desempenho do último mês de 2014 ajudou um pouco o volume acumulado do ano, que fechou em retração de 7,2% nas vendas – até novembro o índice de baixa apontava 8,4%. De acordo com a Fenabrave foram vendidos 3 milhões 497 mil veículos em todo ano passado no País, ante 3 milhões 767 mil em 2013.

O novo presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, considerou a queda como prevista. “2014 foi um ano atípico, com Copa do Mundo e Eleições. Já sabíamos que com menos dias úteis a tendência era de um mercado menor.”

Ainda assim o recuo do mercado foi maior do que o estimado pela Fenabrave em sua última previsão: a associação calculava queda de 3,2%, com comercialização de 3 milhões 645 mil unidades em 2014.

O segmento de comerciais leves foi o único com resultado positivo no acumulado do ano passado: foram licenciadas 832,2 mil unidades, em alta de 1,4% na comparação com 2013.

Nas demais categorias a tendência de retração prevaleceu. Em automóveis houve recuo de 9,4%, com 2 milhões 496 mil unidades licenciadas. Em caminhões a queda chegou a 11,3%, com 137 mil emplacamentos. Os ônibus foram responsáveis pela maior baixa, de 12,8%, com 32 mil unidades comercializadas no último ano.

Por montadoras a Fiat liderou as vendas em 2014, com 21% de participação de mercado. A General Motors ficou na segunda posição com 17,4% e a Volkswagen na terceira, logo atrás, com 17,3%. Na sequência aparece a Ford com 9,3%, seguida pela Renault com 7,1% de fatia de mercado no ano passado, ultrapassando a Hyundai por apenas 0,01 ponto porcentual.

Estados Unidos: 2014 fecha em alta de 6%, para 16,5 milhões de unidades.

Os Estados Unidos encerraram o ano passado com mais uma alta nas vendas de veículos leves – pelo quinto ano seguido. O volume de comercialização atingiu 16,5 milhões de unidades, 6% acima das 15,6 milhões de 2013, segundo informações divulgadas por agências internacionais.

O resultado foi ajudado por um desempenho muito bom em dezembro, com os consumidores aproveitando promoções de fim de ano, baixos preços dos combustíveis e melhoria do cenário econômico: o mês fechou com 11% de elevação, para 1,5 milhão de veículos leves vendidos ante 1,3 milhão um ano antes.

2014, assim, marcou a recuperação definitiva do mercado estadunidense, um dos maiores do mundo, e que em 2009 fechou em 10,4 milhões de unidades comercializadas, ali o resultado mais baixo em 27 anos, fortemente influenciado pela crise financeira global.

Para 2015 a expectativa é de nova elevação, ainda que em ritmo mais modesto: analistas estimam de 16,7 milhões a 17 milhões de unidades vendidas nos Estados Unidos neste ano.

De qualquer forma nada menos do que treze marcas celebraram em 2014 seu melhor ano no mercado estadunidense: Audi, BMW, Honda, Hyundai, Jeep, Kia, Land Rover, Maserati, Mercedes-Benz, Nissan, Porsche, Ram e Subaru.

Dos maiores grupos a Daimler, a Nissan e a Toyota celebraram ainda ganhos em participação de mercado nos Estados Unidos em 2014, enquanto BMW, Ford, GM, Honda, Hyundai-Kia e VW viram suas fatias diminuírem, ainda que algumas com elevação porcentual no comparativo anual: os volumes da GM, por exemplo, subiram 5%. Os da Toyota, considerando as marcas Toyota, Lexus e Scion, evoluíram 6%.

É da Toyota ainda o modelo mais vendido nos Estados Unidos no ano passado, o Camry, com 428,6 mil unidades. Liderou o ranking pelo décimo-terceiro ano seguido.

Produção seriada da M-B em Iracemápolis começará em exatamente um ano

Ainda que atualmente o terreno da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no Interior de São Paulo, a cerca de 200 quilômetros da Capital, não observe sequer um pilar erguido, a empresa pretende correr contra o tempo e iniciar a produção em série – ou seja, de veículos que efetivamente irão para as concessionárias aguardar compradores – na nova unidade em exatamente um ano, fevereiro de 2016.

O cronograma foi revelado por Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil, após cerimônia de assentamento de pedra fundamental da unidade, realizada no fim da manhã da quinta-feira, 5, no terreno que atualmente está no estágio quase completo de terraplenagem.

“As primeiras unidades prontas para distribuição à rede sairão de Iracemápolis em fevereiro do ano que vem e, portanto, iniciaremos a produção pré-série ainda nos últimos meses deste ano.”

A produção começa com o Classe C e seis meses depois, ou agosto de 2016, entra o GLA.

A fábrica terá três áreas principais: montagem bruta, pintura e montagem final – está descartada, assim, estamparia em Iracemápolis ao menos em sua primeira fase. Para o executivo “o volume de produção, de 20 mil unidades ao ano, não justifica o investimento”. As partes estampadas de maior tamanho virão importadas da Alemanha, porém a pintura estará operando desde o início das atividades, ele assegurou. Garantiu também que “não se trata de processo CKD”.

Quanto aos fornecedores locais ficou evidente durante o evento certa contradição: enquanto o prefeito revelou, em discurso, construção de parque destinado a estas empresas na frente da enorme área da Mercedes-Benz, do outro lado da rodovia, Schiemer argumentou que a escolha pelo Estado de São Paulo se deu justamente pela quantidade de fornecedores já instalados na região e que assim, portanto, não há necessidade de um grande número de empresas de autopeças no entorno da fábrica, “apenas aquelas fundamentais, mais ligadas aos processos de logística”.

Mas é certo que uma empresa terceirizada cuidará do processo de montagem dos motores, que virão importados – a M-B não quis pormenorizar como funcionará exatamente esta etapa produtiva e se componentes locais serão agregados no powertrain. Ainda sobre os motores estes serão os primeiros flex fuel Mercedes-Benz do mundo e, assim como nos concorrentes nacionais de Audi e BMW, turboalimentados.

Schiemer também não quis revelar o índice de nacionalização dos futuros M-B nacionais, mas assegurou que “este crescerá conforme a rampa de produção evoluir, sempre respeitando as exigências do Inovar-Auto”. Para o primeiro ano de atividades o volume produtivo deve chegar a 10 mil unidades, alcançando o topo da fábrica, 20 mil/ano, já em 2017, quando o quadro de funcionários chegará a 1 mil – de início serão seiscentos.

A fabricante fala ainda em 3 mil empregos indiretos gerados a partir da unidade de Iracemápolis, mas inclui neste cálculo 2 mil da rede de distribuidores, que ganhará investimento específico de R$ 100 milhões para chegar a 63 casas até 2016 ante as 45 de hoje. Na fábrica, isoladamente, o aporte é de R$ 500 milhões.

A unidade faz parte de plano ambicioso da Mercedes-Benz de liderar as vendas de veículos premium no Brasil até 2020, segmento que, calcula, mais do que dobrará de volume até lá, chegando no total a 100 mil unidades. De seu próprio desempenho a montadora não tem do que reclamar: suas vendas de modelos de luxo importados cresceram mais de 200% no País de 2008 a 2014, saltando de 3,7 mil para o recorde de 12 mil no ano passado.

Também presente à cerimônia o governador do Estado prometeu entregar em um ano, ou junto ao início da produção, obra de recuperação da Rodovia Luís Ometto, a SP-306, “recapeada, com terceira faixa e construção de um trevo em frente à fábrica”. A rodovia, de pista simples, encontra-se em condições precárias de rodagem, com inúmeros remendos no asfalto.

A Prefeitura aguarda, ainda, a instalação de quartel do Corpo de Bombeiros e de unidade do Samu, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.

IPI perde o desconto e retorna ao patamar original de 2008

Dessa vez o governo cumpriu sua promessa e a alíquota do IPI para automóveis e comerciais leves 0 KM retornou à sua normalidade. Desde 1º de janeiro os carros faturados pelas montadoras às redes concessionárias têm incidência do imposto cheio – de 7% para os modelos flex com motor 1 litro até 13% para os modelos gasolina com motor até 2 litros.

Encerra-se assim um longo período de incentivo do governo para o consumo de veículos. No fim de 2008, em meio ao início da crise financeira global, as alíquotas foram reduzidas pela primeira vez e sofreram variações de alíquota desde então, com constantes prorrogações, reduções e aumentos escalonados.

Recordes de vendas foram quebrados: em agosto de 2012 foram licenciados 420,1 mil veículos no mercado nacional, barreira desde então não mais superada. No mesmo ano os brasileiros consumiram 3,8 milhões de veículos, volume histórico para o setor.

Em 2013, um ano após o recorde, a recomposição escalonada do IPI provocou retração no mercado e o primeiro trimestre encerrou com ritmo lento. No feriado da páscoa o ministro da Fazenda anunciou manutenção das alíquotas daquele período até o fim do ano. Um novo aumento, leve, ocorreu no começo do ano passado e se estendeu até o fim do primeiro semestre e depois até 31 de dezembro.

Pelos cálculos da Anfavea, divulgados no ano passado, cada ponto porcentual de aumento – ou retomada – da alíquota do IPI representa elevação de 1,1% no preço final do veículo ao consumidor.

Embora relevante e esperada por Anfavea, Fenabrave e boa parcela de executivos do setor, a recomposição total da alíquota não mereceu anúncio especial do governo. Apenas chegou, como chegou o novo ano. Mas seus efeitos não serão imediatos.

Isso porque todos os modelos faturados até 31 de dezembro de 2014 ainda trazem o IPI reduzido. E eles estão estocados nos pátios das concessionárias espalhadas pelo País. Como ocorreu das outras vezes em que o IPI foi recomposto – ou quando se esperava sua recomposição –, o rescaldo de estoque deverá promover um mês aquecido em vendas neste janeiro.

A reportagem entrou em contato com concessionárias da Região Metropolitana da Capital paulista e em todas havia modelos em oferta com preço mais baixo, ainda com IPI reduzido. O vendedor da Brasilwagen do bairro de Santo Amaro, da rede Volkswagen, afirmou existir poucas unidades do Gol, mas muitas do up! com preço antigo.

O mesmo ocorreu com os Fiat Uno e Palio na Fiat Amazonas do Tatuapé e Ford Ka e Fiesta na Sonnervig Raposo, da Ford, em Cotia. A Chevrolet Imigrantes, em Diadema, também afirmou ter bom estoque de Onix com o IPI reduzido.

Das concessionárias procuradas apenas a Chevrolet Nova de Pinheiros afirmou não contar com amplo leque de modelos com o IPI do ano passado. Do Onix, modelo mais vendido da marca, restavam apenas algumas unidades, porém já não havia muitas opções da cor, versão e motorização.

BNDES PSI: mudança no porcentual financiado preocupa mais que taxa de juros.

A indústria de caminhões, ônibus, implementos rodoviários e sua rede de distribuição começam 2015 refazendo contas e projeções. Nos últimos dias de dezembro o governo publicou a aguardada medida provisória que regulamenta o PSI, Programa de Sustentação do Investimento, no novo exercício. As alterações, porém, não agradaram.

A taxa de juros para aquisição de caminhões e ônibus para pequenas empresas passou de 6% para 9,5% ao ano, enquanto que para as grandes empresas o índice agora é de 10% ao ano. A modalidade de financiamento simplificada, entretanto, foi mantida.

A linha Procaminhoneiro teve elevação de 6% para 9% ao ano e a TJLP, Taxa de Juros de Longo Prazo, outra ferramenta importante no segmento, também subiu: de 5% para 5,5% ao ano.

No entanto, mesmo com alta nas taxas de juros, o porcentual financiado pelo PSI no exercício preocupa mais: pelas novas regras o BNDES deixa de financiar 100% do valor do veículo, passando a 50% para grandes empresas e 70% para as pequenas.

Segundo concessionários consultados pela Agência AutoData tanto as pequenas e médias quanto as grandes empresas têm dificuldade de renovar suas frotas pagando de 30% a 50% de entrada.

“É prática comum o concessionário financiar, com recursos de suas revendas, o porcentual de entrada. Chegamos a parcelar em até cinco vezes de 10% e 20% exigidos pelo Finame PSI em alguns meses no ano passado. Isso passa a ser impraticável pela nova regra, pois não temos capital de giro suficiente para 30% ou 50%, o que deve dificultar ainda mais os investimentos dos empresários”, considerou fonte ligada à rede de grande marca de caminhões e ônibus.

No entendimento dos revendedores o PSI pode tornar-se inviável: “É preferível a modalidade TJLP, com juros pós-fixados, que exige entrada de 10%”.

A Anfir, Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários, considerou em nota que as medidas do governo devem reduzir as vendas do segmento, ao menos no primeiro trimestre. Alcides Braga, presidente da associação, comentou: “A indústria espera que os bancos comerciais entrem firmes no complemento do valor dos bens, com taxas competitivas para motivar os clientes e o mercado a fazer aquisições sem desembolso de capital de giro. O ano de 2014 não foi bom para a maioria dos negócios e por isso as empresas terão dificuldades em adquirir novos produtos ou mesmo renovar suas frotas”.

Fechamento do ano – Em 2014 foram emplacados 135 mil 546 caminhões, segundo dados preliminares do Renavam obtidos com exclusividade pela Agência AutoData. Para 2015 a estimativa de alta de 3% traçada em dezembro já pode ser considerada, segundo representantes da rede de distribuição, difícil de alcançar.

“Contávamos, sim, com a alta no PSI. Mas não com a entrada de até 50%, o que afeta o mercado, acenando para estabilidade ou, mais provável, queda.”

Os chassis de ônibus fecharam 2014 com 27 mil 540 emplacamentos e o viés é de alta neste ano mesmo com as novas regras, entende a fonte. “Há uma série de renovações de frota postergadas há anos. Com o reajuste de tarifas as compras deverão ocorrer e elevar o mercado em até 10%.”

BNDES concede financiamento de R$ 650 milhões à Fiat em Betim

O BNDES anunciou na segunda-feira, 5, aprovação de financiamento de R$ 650 milhões para a Fiat em Betim, MG. Segundo comunicado do banco público o montante será destinado para desenvolvimento de novos motores e veículos, além da reestilização do modelo Bravo e adequação de linhas de produção.

A conclusão dos investimentos está prevista para dezembro de 2016, informou o BNDES.

Ainda segundo a nota do banco “os investimentos em atividades de engenharia visam à incorporação de novas tecnologias para melhorar os veículos e motores, com maior potência, eficiência energética e redução de consumo de combustível”. O projeto prevê ainda aumento de índices de nacionalização de motores.

Também de acordo com a nota o investimento auxiliará a montadora a obter “uma maior independência em relação à matriz italiana no desenvolvimento de novos projetos”.

O financiamento aprovado pelo BNDES inclui ainda investimentos em obras civis, montagens e ampliação da capacidade produtiva.

Segundo o banco as obras compreendem ainda construção de galpões e de pátios para armazenamento de embalagens, instalação de novas máquinas, equipamentos e ferramentais.

Argentina afrouxa tributação adicional para veículos de luxo

Depois de anunciar forte aumento nos impostos para veículos de luxo no final de 2013, válido a partir do primeiro dia do ano passado – em iniciativa que ficou batizada localmente de maneira informal como Impuestazo – o governo argentino decidiu afrouxar as regras da tributação a partir de 1º. de janeiro de 2015. A nova tabela de tributação ampliou a base de valores com a menor taxação, que parte de 30%.

De acordo com determinação publicada no Diário Oficial do maior parceiro do Brasil no Mercosul os veículos com valor de tabela a partir de 195 mil pesos terão incidência de 30% de imposto. Já os veículos com valor acima de 241,5 pesos mil serão taxados em 50%.

De acordo com a norma anterior, que vigorou durante todo 2014, a taxa de 30% já valia para veículos com valor acima de 170 mil pesos e a de 50% para modelos a partir de 210 mil pesos.

Segundo nota da ministra da Indústria, Debora Giorgi, a nova regra será válida até 30 de junho. “O objetivo é preservar a produção doméstica e ao mesmo tempo incentivar o consumo de luxo.”

No comunicado o governo argentino considerou que em 2014 o imposto incidiu sobre 5 mil 440 unidades produzidas internamente, o equivalente a apenas 0,8% das unidades vendidas – projetando-se um mercado de 680 mil veículos em 2014.

Com a nova base de tributação o Ministério da Indústria local prevê que cerca de 2 mil 720 unidades, o equivalente a cerca de 0,4% do mercado, sejam tributadas no primeiro semestre.

O segmento premium de duas rodas também teve sua taxação revisada. De acordo com as novas normas serão taxadas em 30% as motocicletas com valor superior a 48,4 mil pesos – antes o valor partia de 34,5 mil pesos.

A alíquota de 50% será imposta para os veículos de duas rodas que custem acima de 112,6 mil pesos. Antes a taxação valia para motocicletas com preços de tabela já a partir de 91,6 mil pesos.

Palio vence batalha e termina 2014 como o modelo mais vendido

A batalha pelo posto de veículo mais vendido do Brasil em 2014 durou até o último instante: competindo carro a carro, venda a venda – seja no varejo ou direta –, Palio e Gol mantiveram suspense que durou até o fechamento dos resultados de todos os Detrans do País e que teve no Fiat o vencedor.

O mais justo, de fato, seria considerar o resultado como um empate técnico, vez que a diferença ficou abaixo de míseras quatrocentas unidades considerando a soma das vendas de todos os meses, de janeiro a dezembro – índice mais apertado da história recente.

Na frieza dos números, entretanto, é inquestionável a vitória do Palio, com 183 mil 748 emplacamentos ante 183 mil 367 do Gol, de acordo com índices preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData. Os separaram, portanto, apenas 381 unidades, o que no universo da soma de licenciamentos dos dois modelos, 367 mil, representa impressionantes 0,1%.

O resultado final – que será oficial com a divulgação dos números da Fenabrave, que serão revelados na terça-feira, 6 – representa de forma perfeita como foi o ano passado no quesito modelos mais vendidos. O Gol iniciou o ano parecendo mais uma vez inabalável, mesmo com os emplacamentos das unidades da Geração 4, descontinuada no começo do ano pela exigência de air-bags e freios ABS, reduzindo-se mês a mês conforme o estoque das unidades produzidas até o fim de 2012 baixava na rede. Em fevereiro veio o Up!, substituto do G4, que poderia representar uma ameça interna, mas susto mesmo só em março, quando a Strada ponteou o ranking geral, puxada por vendas diretas. Mas em janeiro, fevereiro, abril e maio o Gol dava sinais de que 2014 seria mesmo seu vigésimo-oitavo ano consecutivo na liderança: sim, o VW dominava a lista desde 1986.

Entretanto o segundo semestre foi do Palio, sempre recordando que seus números somam as versões Fire – que se transformou no nacional mais barato do País com o fim do Mille e do próprio G4 – e novo Palio. O Fiat tomou a liderança mensal em junho e não perdeu mais até dezembro, recuperando a diferença mês a mês até assumir no acumulado do ano com o fechamento de novembro.

O Gol, entretanto, não entregou os pontos e no último mês do ano mostrou recuperação impressionante, em especial na segunda quinzena, vez que até o fim de novembro a diferença para o Palio já atingia 1,6 mil unidades e chegou ao ápice de 2,4 mil no dia 10 de dezembro, sempre considerando os números no acumulado. De lá para cá o VW na prática teve mais emplacamentos que o Palio – no dia 17, por exemplo a vantagem do Fiat já fora reduzida para 861 unidades –, mas não o suficiente para tirar a diferença.

Em dezembro, isoladamente, o Gol fechou com 24 mil 160 licenciamentos para 22 mil 964 do Palio. A média diária, assim, considerando-se vinte dias úteis, foi de 1 mil 208 do VW e de 1 mil 148 do Fiat: respeitando-se este ritmo, o Gol precisaria de mais sete dias úteis em dezembro para retomar a liderança.