Elementar meu caro senhor ministro…

Um dos pontos mais controversos da primeira semana útil deste 2015 foi o telefonema que o ministro do Trabalho, Manoel Dias, fez para executivos da Volkswagen na terça-feira, 6, para cobrar explicações sobre as oitocentas demissões que a empresa anunciou que faria em fevereiro para ajustar sua equipe produtiva na fábrica de São Bernardo do Campo, SP, à nova realidade.

Ora, senhor ministro, a explicação é elementar e até previsível. Refere-se diretamente à queda de 15,3% na produção brasileira de veículos em 2014 com relação ao ano anterior e que, ao menos em teoria, foi provocada, em grande parte, pela insegurança que a população demonstrou ao longo do o ano passado com relação ao futuro econômico do País.

No lado prático do balcão a realidade funciona mais ou menos assim: a população, insegura, foge das compras, a produção diminui em função disto e os trabalhadores das fábricas, sejam de qual setor da economia forem, ficam sem ter o que fazer nas linhas de produção e são dispensados. Simples assim! É cruel, mas é assim que acontece no mundo todo, não existindo nenhuma razão para ser diferente aqui.

E, neste caso da Volkswagen, a análise da situação é ainda um pouco mais complicada em razão de a empresa ter descontinuado, no ano passado, em São Bernardo, a produção do Gol geração 4 e da Kombi, dois importantes modelos que até agora não encontraram substitutos, nem nas linhas de produção nem no mercado.

De qualquer forma estes oitocentos trabalhadores, apesar de já estarem avisados, ainda não foram efetivamente demitidos e estão em regime de licença remunerada até o fim deste mês, o que abre espaço considerável para uma boa partida de xadrez que fatalmente será jogada pelo sindicato e pela empresa nas próximas semanas. A própria Anfavea chamou a atenção para isto na semana passada.

A posição do tabuleiro, hoje, é a seguinte: o sindicato afirma que a empresa desrespeitou acordo que previa estabilidade até 2016, acordo que tornou viável a produção do Polo destinado à exportação em São Bernardo do Campo. E a Volkswagen diz que aquele acordo foi assinado em outro ambiente de mercado, diz que hoje precisa equalizar seus custos e que as demissões somente estão ocorrendo em razão dos próprios operários terem recusado, em assembleia realizada em dezembro, um novo acordo negociado com o sindicato que previa novas regras, como PDV e congelamento de salários.

Se a pressão psicológica que será exercida de agora até o fim de janeiro é válida ou não é assunto para outra análise. Que isto é cruel, principalmente para as famílias envolvidas, ninguém pode questionar, mas também é inquestionável que as portas ainda estão todas totalmente abertas neste caso.

Mais preocupante, porém, do que estas primeiras demissões de 2015 é o fato de que, também de acordo com a Anfavea, o nível de emprego do setor automotivo caiu 8,9% numa comparação direta de 2014 com 2013. Ou seja: ao todo a indústria de veículos já enxugou de seus quadros mais de 14 mil trabalhadores ao longo do ano passado. E se somarmos estas oitocentas novas dispensas que poderão ocorrer na Volkswagen e mais as 160 já realizadas desde 2 de janeiro na Mercedes-Benz, também em São Bernardo do Campo, isto significa que quase 15 mil pessoas já perderam ou estão em vias de perder seus empregos no setor ao longo dos últimos treze meses.

E não para por aí. A própria Anfavea analisa que ainda existe excesso de contingente nas empresas montadoras de veículos. E como a projeção de produção mais provável para este ano é de empate com relação à de 2014, corremos o sério risco de ainda termos mais demissões ao longo deste ano.

Mais isto não é problema que afeta só o setor automotivo. Vejamos o caso do negócio jornalístico, por exemplo, no qual várias empresas – O Globo, O Estado de S. Paulo, Diário do Comércio, Folha de S. Paulo, Estado de Minas, TV Cultura e Editora Abril – vêm enxugando suas estruturas em algumas centenas de pessoas ao longo do último mês. A própria AutoData Editora foi obrigada a encerrar as atividades de sua sucursal no Rio Grande do Sul.

Outras atividades, principalmente no ramo industrial, estão encarando a mesma situação, fruto da queda generalizada da atividade econômica verificada ao longo dos últimos anos. Mas isto já é outro pepino para ser descascado pela nova equipe governamental para tentar honrar as promessas feitas durante a campanha eleitoral…

Vendas de motocicletas caíram 10% no atacado em 2014

Segundo dados divulgados pela Abraciclo na segunda-feira, 12, as vendas de motocicletas encerraram 2014 em queda de 10,2%, na comparação anual. De janeiro a dezembro foram comercializadas no atacado 1 milhão 430 mil unidades ante 1 milhão 592 mil um ano antes.

No varejo o resultado foi de 1 milhão 429 mil, baixa de 5,7% ante 2013, de 1 milhão 516 mil.

Apesar do resultado anual as vendas de dezembro fecharam em patamar positivo. No último mês de 2014 foram emplacadas 114,1 mil motocicletas, aumento de 4,3% em relação ao mesmo mês de 2013 e de 5% em relação a novembro.

O volume de produção atingiu a marca de 1 milhão 517 mil unidades no ano, volume 9,3% menor do que o registrado em 2013, quando saíram das linhas de montagem brasileiras 1 milhão 673 mil motocicletas.

Somente em dezembro foram fabricadas 84,8 mil motocicletas, uma evolução de 4,2% na comparação anual. Na relação com novembro o volume produzido caiu 30,3% – segundo a Abraciclo as férias coletivas explicam o decréscimo.

Em 2014 foram exportadas 88 mil motocicletas, queda de 16,8% na comparação anual. Apenas em dezembro as remessas ao Exterior somaram 6 mil unidades, em queda de 22,6% na comparação anual e avanço de 80,4% na relação com novembro.

Em nota o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, afirmou que neste ano o setor poderá observar um ligeiro crescimento. “Mesmo diante do cenário de contenção e rigidez na economia brasileira o setor de duas rodas poderá registrar um pequeno crescimento nos negócios em 2015, já que o mercado não sofrerá os impactos de grandes eventos, como a Copa do Mundo e eleições.”

Ainda assim a Abraciclo projeta estabilidade em 2015, com números muito próximos aos registrados em 2014: a produção de motocicletas deve ficar em torno de 1 milhão 520 mil unidades, enquanto as vendas no atacado devem atingir 1 milhão 460 mil motocicletas e no varejo 1 milhão 470 mil.

A exceção fica por conta das exportações, que devem registrar novo recuo representativo, pelas expectativas da Abraciclo, para somente 55 mil unidades.

Planejamento de montadoras minimiza crise hídrica no setor automotivo

Há anos as montadoras promovem medidas e investimentos internos para minimizar sua dependência da água fornecida por companhias de saneamento. Seja por redução de custos ou real preocupação com o meio ambiente, ou ainda ambas, essas ações reduziram o consumo de água nas linhas de montagem e áreas administrativas e blindaram, de certa forma, as companhias de possíveis problemas em momento como o atual, de séria ameaça de falta deste recurso natural.

A princípio a restrição hídrica – termo cunhado por governantes para se referir a um eventual racionamento de água nos estados da região Sudeste – não é uma preocupação no chão de fábrica: nenhuma das quinze montadoras consultadas pela reportagem da Agência AutoData considera a eventualidade de interromper a produção devido a problemas no abastecimento hídrico. Mas nem por isso deixaram de intensificar as campanhas internas para a redução de consumo.

Em sua última coletiva à imprensa a Anfavea divulgou dados colhidos com suas associadas que indicam redução de 29% no uso de água por veículo produzido de 2008 a 2011, de 5,5 m³ para 3,9 m³. O presidente Luiz Moan estimou que esse índice provavelmente foi reduzido ainda mais de lá para cá e prometeu para breve a divulgação de dados mais atualizados.

Na Honda, por exemplo, toda a água de consumo usada nas áreas administrativas e banheiros vem de poços artesianos do terreno da fábrica de Sumaré, SP. A água de uso industrial é captada do rio Jaguari e retorna ao meio ambiente depois de passar pela Estação de Tratamento de Efluentes localizada nas dependências da companhia.

“Na área de pintura a água é usada, tratada e retorna ao processo”, explicou Otávio Mizikami, diretor de produção da fábrica. “Há anos a Honda incentiva o uso racional da água e nos últimos meses aumentamos as campanhas internas. Tomamos também pequenas medidas, como a instalação de novos hidrômetros que fazem aferimento individual do consumo da água e pudemos identificar possíveis economias em algumas áreas”.

Mizikami cita como exemplo a regulagem das torneiras automáticas do banheiro: a Honda identificou que poderia reduzir o tempo médio de abertura e fechamento da vazão da água e, com isso, evitar o desperdício. “São pequenas ações que, conjuntas, podem reduzir bastante o consumo.”

Por sua vez a Iveco adotou no primeiro trimestre do ano passado um sistema que permite reduzir pela metade o uso da água necessária para o pré-tratamento de cataforese na pintura em sua fábrica de Sete Lagoas, MG, gerando economia de mais de 23 mil m³ por ano – o equivalente a nove piscinas olímpicas. Os sprays, que antes usavam água virgem, agora são alimentados com água reutilizada do próprio processo, sem influenciar na qualidade.

Desde setembro os jardins da unidade são irrigados com água de reuso, que passam por tratamento de efluentes e geram uma economia de 17,7 mil m³ por ano. Outros 20 milhões de litros por ano são economizados a partir da adaptação de uma rede para retornar a água utilizada nos testes semanais do tanque de armazenamento de água industrial.

Em Sorocaba, SP, onde a Iveco opera um Centro de Distribuição de Peças, foram investidos R$ 1,5 milhão para instalar um sistema de reutilização de água. A economia chegou a 30% do consumo. Também foi instalado um sistema de captação e contenção das águas da chuva, com um tanque capaz de armazenar 6 milhões de litros.

“Ter uma estrutura sustentável nos projeta no mercado com valores ambientais e conceitos de responsabilidade que são essenciais e valorizados pelos nossos clientes. Hoje economizamos 47% de energia elétrica e investimos em uma estrutura de poços artesianos que garante autossuficiência do Centro de Distribuição de Peças, sem necessidade de contar com o abastecimento da rede pública. É assim que agregamos a responsabilidade ambiental em nossa rotina de trabalho”, disse o diretor de operações do centro, José Roberto Manis.

A fábrica da Fiat em Betim, MG, é praticamente autossuficiente, ao recircular 99% da água em sistema próprio de reuso. O Complexo de Tratamento de Efluentes Líquidos foi construído em 1998 e modernizado em 2010, combinando duas tecnologias que garantem a qualidade do processo: sistema de osmose reversa e de MBR, de membranas.

Cristiano Felix, gerente de meio ambiente, saúde e segurança do trabalho da FCA para a América Latina, explicou que a tecnologia MBR funciona como um filtro que deixa passar pelas membranas apenas água e alguns íons e moléculas de baixo peso, barrando resíduos sólidos e eventuais bactérias. A osmose reversa, por sua vez, funciona como uma membrana semipermeável que absorve o sal e componentes nocivos à saúde humana.

“Diariamente monitoramos os parâmetros do efluente tratado em um laboratório próprio, acreditado de acordo com as normas da ISO 17025, que faz o controle de todo o processo de tratamento para verificar sua eficiência e qualidade. Desde o ano passado investimos R$ 4 milhões para ampliar ainda mais esse índice de recírculo. Nosso objetivo é eliminar a captação da água da rede pública para uso industrial.”

Nas áreas administrativas e nos banheiros toda a água já vem da ETE. “Todos os banheiros da fábrica também possuem torneiras com sensores que controlam a saída de água, para economizar.”

O executivo revelou ainda que a companhia promoveu nas últimas semanas uma força-tarefa para reduzir perdas. “O resultado foi surpreendente: identificamos oportunidades que deverão economizar 10 milhões de litros de água por mês, equivalente ao consumo de 71,5 mil pessoas por dia.”

PRODUÇÃO GARANTIDA – O gerente da FCA não enxerga cenário de interrupção nas linhas de montagem por falta de água. Segundo ele as empresas que investiram em gestão hídrica com planejamento de longo prazo estão preparadas para enfrentar a situação atual.

“É o caso da Fiat. Encaramos a gestão hídrica como um investimento e não como custo, pois traz impactos diretos para a perenidade do negócio. Em 2010 investimos mais de R$ 12 milhões para melhorar o tratamento de nossos efluentes, ampliando o índice de água recirculada de 92% para 99%. No ano passado recuperamos esse investimento com a economia de toda a água que deixou de ser captada em quatro anos”.

Mizikami, da Honda, afirmou não ver risco de parada nesse momento e o mesmo ocorre na Scania: segundo porta-voz, “o uso de água da rede só é necessária quando o consumo é maior do que a capacidade dos poços artesianos. Estamos acompanhando de perto os desdobramento da crise hídrica e se houver necessidade de tomar alguma ação específica, estaremos preparados”.

O abastecimento na fábrica de São Bernardo do Campo, SP, acontece por meio de três poços artesianos que garantem a autonomia da produção, sem depender do fornecimento da rede. Além disso, a Scania possui três reservatórios e duas torres elevadas que garantem uma autonomia de até duas semanas, usando como base os níveis de produção de 2014.

Os processos de produção representam cerca de 27% da água consumida, enquanto 68% estão diretamente ligados ao consumo de utilidades, como restaurante, sanitários, etc. A diferença está na reserva nas tubulações e tanques subterrâneos, dentre outros. Em 2014 para cada veículo produzido a Scania consumiu cerca de 30% da água que era consumida em 1998.

ABCD PAULISTA – Berço da indústria automotiva brasileira, a região do ABCD, que concentra grandes fábricas de veículos, pode passar por racionamento de água nos próximos meses, segundo indicação do governo do Estado de São Paulo. Como as montadoras fazem a lição de casa há anos, não deverão sofrer muito impacto.

A Ford alcançou com dois anos de antecedência suas metas de redução global de consumo, estabelecida desde 2000. De lá até 2013 a companhia cortou em 61% o consumo em todo o planeta, ou mais de 10 bilhões de litros. A fábrica de São Bernardo do Campo contribuiu com a meta com medidas como a instalação de torneiras com fechamento automático nos banheiros e parte da água usada é captada por meio de poços artesianos. Agora a companhia estabeleceu redução de mais 2% para os próximos anos.

Segundo Rogelio Golfarb, vice-presidente de assuntos corporativos, a montadora busca constantemente soluções para reduzir o consumo. “Estamos estudando em caráter de urgência a instalação de um sistema completo de reuso da água na fábrica de São Bernardo do Campo. Atualmente algumas áreas já possuem esse sistema.”

A fábrica da Volkswagen Anchieta, também em São Bernardo do Campo, conta com uma parceria com a Sabesp em que a fábrica envia efluentes domésticos e industriais tratados à Estação de Tratamento de Efluentes do ABC, na região de São Caetano do Sul, SP. Lá, esses efluentes recebem um novo tratamento e a Sabesp, então, retorna parte deles às unidades industriais da região.

Por sua vez a Toyota recorda que foi condecorada com o prêmio Fiesp de Reuso e Conservação de Água, graças a medidas que garantiram economia de 41 mil m3 de água/ano em suas fábricas em São Bernardo do Campo, Sorocaba e Indaiatuba, ou o equivalente a cerca de 1,4 mil caminhões-pipa. De 2013 a 2014 a fabricante conseguiu diminuir, novamente, o índice de consumo de água de 2,81 m3/veículo para 2,12 m3/veículo.

A Mercedes-Benz informou que utiliza práticas de uso racional de água desde 2000. Essas medidas permitiram à empresa uma redução no consumo específico por veículo de cerca de 60% neste período, até 2014. A busca constante de alternativas para economia de água é meta corporativa.

Procurada, a General Motors informou em nota que “neste momento não comentará sobre o tema”.

SEM RISCOS – Instaladas na região sul-fluminense, MAN Latin America e Nissan não enfrentam problemas de abastecimento. Porta-voz da fabricante de caminhões afirmou que todo o abastecimento da unidade é feito por poços artesianos desde o início das instalações.

Com a fábrica inaugurada no ano passado, a Nissan informou que estuda medidas para se preparar caso surja algum problema. Sem revelar pormenores, porta-voz destacou que já existe em operação um sistema de reuso da água da unidade.

No Sul do País, a BMW afirmou que acompanha a situação hídrica nacional e seus possíveis desdobramentos. A fabricante de origem bávara garantiu que as operações produtivas em Araquari, SC, não sofrem qualquer impacto no momento.

Por sua vez a Audi afirmou que a crise hídrica não afetará os planos da companhia no Brasil. “O cronograma de produção da Audi no Brasil está mantido, com o início da produção do A3 Sedan no segundo semestre deste ano e do Q3 no primeiro semestre de 2016 em São José dos Pinhais”, informou em nota.

No Centro-Oeste, a Mitsubishi tem poços artesianos dentro da unidade em Catalão, GO. Segundo porta-voz a empresa faz uma série de campanhas de conscientização junto aos funcionários, além de contar com sistema de captação e armazenamento da água da chuva e estação de tratamento de efluentes industriais.

Também em Goiás a Hyundai Caoa, de Anápolis, informou contar com “estação de tratamento eficiente e que contribui significativamente para as necessidades diárias”.

De volta a São Paulo, âmago da crise hídrica, a Hyundai Motor Brasil informou que não há alteração no cenário de captação de água na fábrica de Piracicaba, SP, com relação ao ano passado. No processo produtivo o sistema de uso de água é, em sua maioria, do tipo fechado, ou seja: a mesma água captada circula pela fábrica, sem retornar ao meio ambiente.

Para outras atividades que demandam captação, a Hyundai reduziu praticamente a zero a coleta a partir do rio Piracicaba e passou a comprar água de outras fontes. Com essas medidas, a empresa não prevê redução do ritmo produtivo, operando regularmente em três turnos, de segunda a sexta-feira.

FORNECEDORES – As preocupações com a gestão do uso de água descem também os degraus da cadeia, vez que a interrupção de produção em algum fornecedor pode afetar diretamente a linha de montagem de uma montadora. Por isso as companhias trabalham em conjunto a fim de evitar esse catastrófico cenário.

Felix, da FCA, revela que a companhia realiza intenso trabalho para apoiar os fornecedores na melhoria da eficiência de suas fábricas e eliminar desperdícios. “A Universidade Fornecedores Fiat, criada em 2007, oferece uma gama variada de cursos sobre temas como qualidade, gestão ambiental, melhoria contínua, liderança, entre outros. A questão do uso racional dos recursos naturais é um tema bastante presente nos treinamentos”.

Mizikami, da Honda, ainda não identificou problemas com fornecedores, mas acompanha de perto os movimentos. “Se houver algum problema crítico chegaremos e proporemos, em parceria, uma solução conjunta.”

A Ford começou a solicitar aos seus fornecedores que fazem uso intensivo de água e trabalham em regiões de escassez para relatar seu consumo de forma voluntária. O objetivo é trabalhar em conjunto para obter reduções e difundir iniciativas de sucesso no mundo, ajudando a reduzir a pegada ambiental de toda a cadeia de produção.

ENERGIA – O desabastecimento das represas e a falta de chuva trouxe na esteira outra preocupação, talvez mais grave, ao setor: a possível falta de energia elétrica. Como o Brasil tem sua matriz energética predominantemente hidroelétrica, a dependência do regime de chuvas e do nível das represas é direta.

A Volkswagen investe há anos nas construções de PCH, Pequenas Centrais Hidroelétricas, que já proveem cerca de um quinto da energia total utilizada em todas as operações industriais, segundo informou a montadora. Uma fonte próxima à empresa, entretanto, revelou à Agência AutoData que a falta de chuvas reduziu esta capacidade de geração própria no momento.

Golfarb, da Ford, disse que a companhia também toma medidas para reduzir o consumo de energia da fábrica do Taboão, em São Bernardo do Campo, como processo em curso de substituição das lâmpadas fluorescentes por equipamentos LED, mais econômicos. “Com os cuidados em nosso planejamento não vemos risco da produção ser afetada por falta de água ou energia.”

Independente da atual situação dos reservatórios, as montadoras mostram estar preparadas para um eventual cenário de racionamento de água. Os pedidos de ajuda do setor atualmente não são para são Pedro: o desejo outro, o de retomada da economia e de retorno dos consumidores às concessionárias.

Honda chega a 87% de conclusão da fábrica de Itirapina

A Honda está pisando fundo no acelerador da construção de sua segunda fábrica de automóveis no País, em Itirapina, no Interior paulista: neste mês a obra atingiu índice de 87% de conclusão.

O primeiro prédio a ficar pronto foi o da pintura, que já conta com cerca de 50% de seus equipamentos instalados. “Era a edificação mais complexa e de maior tempo necessário para instalação dos maquinários, então as obras foram iniciadas por esta área, que está localizada fisicamente no centro da unidade. Depois prosseguimos a construção partindo do meio para as pontas”, explicou Otávio Mizikami, diretor de produção da fábrica de Sumaré e responsável pelo projeto de Itirapina, em entrevista exclusiva à Agência AutoData.

Pelos cálculos do executivo os primeiros testes na área de pintura começam no fim de junho e, logo em seguida, o mesmo ocorrerá com a estamparia. “Diversos equipamentos importados do Japão já estão a caminho e devem chegar ao País do fim de março ao começo de abril.” A produção pré-série de veículos em Itirapina deve ter início em setembro.

A velocidade do projeto Itirapina é elevada e demonstra a necessidade da fábrica para a Honda, vez que dobrará sua capacidade produtiva no País – de 120 mil unidades/ano, hoje exclusivas de Sumaré, SP, para 240 mil/ano. O anúncio do investimento de R$ 1 bilhão ali ocorreu em agosto de 2013, e a pedra fundamental foi assentada apenas três meses depois, marcando o início oficial das obras. Se confirmada a inauguração no fim do ano, portanto, Itirapina terá sido inteiramente construída em praticamente dois anos exatos.

Mizikami revela que a escassez de chuvas no ano passado de certa forma ajudou a acelerar o cronograma, vez que as condições climáticas não atrapalharam as obras justamente na etapa mais sensível a este tipo de fenômeno. O estágio atual contempla pavimentação da pista de testes, com 1,5 quilômetro, e das ruas internas, em total de 8 quilômetros, além da finalização dos prédios de estamparia e solda. Um pequeno atraso no cronograma ocorreu nas obras dos prédios administrativos e refeitório, mas, de acordo com o executivo, “como não exigem a instalação de grandes maquinários industriais será mais fácil compensar essa diferença”.

Mais de 1,1 mil pessoas trabalham diariamente na obra – a fábrica, em pleno funcionamento, terá quadro de 2 mil funcionários. Em dezembro o Senai de São Carlos abriu, em parceria com a fabricante, inscrições para a primeira turma de curso de formação em Processo na Indústria Automobilística, para 180 alunos. As aulas começaram há quinze dias com o objetivo de formar mão-de-obra para a unidade.

O primeiro modelo a ser produzido em Itirapina será o Fit, desafogando Sumaré, que não terá vida fácil neste 2015: além do monovolume saem da linha Civic e City e, a partir do mês que vem, também o novo HR-V. Como a segunda fábrica Honda entrará em operação efetiva apenas no fim do ano, a unidade de Sumaré só começa a ser liberada na prática em 2016 e, assim, é fácil imaginar que o ritmo produtivo do novo SUV será de início bem menor do que o desejado pela fabricante – especialmente em uma etapa de lançamento –, e que, ao menos neste quesito, o Jeep Renegade chegará com plena vantagem, já que terá uma fábrica novinha à sua inteira disposição em Goiana, PE, também a partir do mês que vem.

Ao mesmo tempo em que toca Itirapina na maior velocidade possível a Honda concluiu neste mês processo de mudança de todo seu corpo administrativo: o pessoal antes alocado na Zona Sul de São Paulo já trabalha em novo prédio no mesmo complexo da fábrica de Sumaré. A mudança custou ao todo R$ 100 milhões e envolveu cerca de quatrocentos funcionários.

O prédio, de 16 mil m2, responde pela nova sede da Honda South America e concentra, além das operações administrativas e comerciais da fabricante na região, o pessoal de atendimento ao cliente, recursos humanos, controladoria, tecnologia da informação, jurídico, regulamentação de produto, relações institucionais, pós-venda e auditoria. Todos estão alocados em um mesmo andar, em conceito trazido da matriz japonesa: para a montadora, é forma de trazer “maior proximidade das áreas administrativas com a operação industrial, com objetivo de acelerar os processos de tomada de decisão e, assim, ganhar em agilidade e competitividade no mercado nacional”.

O edifício fica ao lado do novo centro de pesquisa e desenvolvimento inaugurado há um ano, que também consumiu R$ 100 milhões e cujo maior objetivo é elevar o índice de nacionalização da Honda no País, de 60% na média para 80% até o fim deste ano.

Segmento de ônibus rodoviário aposta em regulamentação da ANTT antes do carnaval

O segmento de chassis rodoviários espera ansioso receber boa notícia até o fim desta semana, portanto antes do carnaval: a publicação das normas para serviços de ônibus interestaduais pela ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres.

Segundo José Antonio Martins, presidente da Fabus, Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, a regulamentação de aspectos técnicos para as operações de transportes está concluída e deverá destravar as vendas o segmento, com potencial de renovação de frota de mais de oito mil chassis.

“Conversas em Brasília, DF, dão conta de que a oficialização das regras acontecerá ainda na primeira quinzena de fevereiro, possivelmente até esta sexta-feira, 13. A renovação da frota destinada a esses serviços deverá ocorrer em quatro anos, adicionando ao mercado uma média de duas mil unidades/ano.”

O processo da ANTT, que finalmente parece rumar para uma conclusão, arrasta-se há mais de cinco anos. Em junho do ano passado foi publicada emenda à Medida Provisória 638, prevendo que as viações responsáveis pelo transporte de passageiros operem por meio de regime de autorização – o que pôs fim à exigência de licitação em serviços de ônibus interestaduais.

À época, empresários do setor de transporte calcularam que a medida desbloquearia investimentos de R$ 6 bilhões em compras de chassis no período de quatro anos. No entanto essas compras continuaram postergadas à espera da regulamentação técnica dessa autorização, parte mais complexa do novo sistema.

Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz, afirma que se a publicação das regras acontecer de fato ainda neste mês, a iniciativa deverá elevar o mercado de rodoviários em pelo menos 1 mil unidades já neste ano:

“A faixa de chassis rodoviários somou 5 mil 267 unidades em 2014, 2 mil 713 destinados ao fretamento e 2 mil 554 ditos rodoviários puros. Um incremento inicial de 1 mil unidades, com potencial de dois mil ao ano, sem dúvida é otimista ao mercado”.

Para o executivo “a renovação é necessária para reduzir a idade média da frota rodoviária”.

Mercedes-Benz se reúne com sindicato para debater demissões no ABCD

Acompanhados de seus familiares, os trabalhadores dispensados da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, SP, realizaram protesto em frente à unidade na manhã de sexta-feira, 9. Um pequeno grupo interrompeu a produção da fábrica por cerca de meia hora em solidariedade aos 160 demitidos.

Depois da manifestação a companhia aceitou retomar as conversas com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para tratar das dispensas.

Segundo o sindicato as partes se reuniram na tarde da própria sexta-feira, 9, mas sem qualquer acordo e, assim, as demissões foram mantidas. Porta-voz dos representantes dos metalúrgicos afirmou à Agência AutoData que no encontro a montadora apenas reforçou que o cenário atual de queda da indústria levou aos cortes e que todas as medidas possíveis anteriormente foram tomadas.

Já de acordo com porta-voz da Mercedes-Benz as conversas com o sindicato devem continuar, mas a empresa não divulga a pauta de negociação nem tampouco cronograma. Nenhuma reunião está agendada para os próximos dias.

Na Volkswagen Anchieta, também em São Bernardo do Campo, a greve contra oitocentas demissões prosseguiu na sexta-feira, 9, chegando ao quarto dia. Cerca de seis mil veículos já deixaram de ser produzidos na unidade, segundo o sindicato.

Ainda de acordo com os representantes dos metalúrgicos a Volkswagen dará entrada na Justiça do Trabalho, nos próximos dias, com pedido de interdito proibitório – mecanismo que impede a aproximação da mobilização sindical às dependências da fábrica. Procurada, a montadora optou por não comentou o assunto.

Na segunda-feira, 12, o sindicato fará um ato de protesto conjunto contras as demissões. Metalúrgicos de empresas da base do sindicato se encontrarão na fábrica da Volkswagen e se dirigirão até a Rodovia Anchieta em passeata.

Além disso as centrais sindicais se reunirão na sede da Central Única dos Trabalhadores, a CUT, na terça-feira, 13, para debater as recentes demissões e tentar conter novos desligamentos.

Participarão do encontro, além da CUT, a Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores, a Nova Central Sindical de Trabalhadores e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.

Mercado brasileiro tem novo vice-líder

O ranking brasileiro de automóveis e comerciais leves tem novo vice-líder: a General Motors superou a Volkswagen e assumiu a segunda posição no fechamento de 2014, atrás da Fiat, novamente a marca mais vendida no mercado nacional – pelo 13º. ano, porém não de forma consecutiva.

Enquanto as vendas da VW no ano encolheram 13,5%, para 576,7 mil unidades, as da Chevrolet ficaram em patamar pouco melhor, ainda que também negativo, em 10,9%, chegando a 578,9 mil veículos: diferença mínima, portanto, de 2,2 mil unidades.

A subida de um degrau no ranking ocorreu no mesmo ano em que a GM consolidou-se como líder de vendas no varejo, com mais de um ponto porcentual de vantagem sobre a Fiat – as posições se invertem quando consideradas apenas as vendas para pessoas físicas, ou diretas. Segundo a companhia, em nota, a liderança no varejo era seu “grande objetivo para 2014”.

De toda forma as quatro marcas mais vendidas no mercado nacional apresentaram desempenho inferior à média do mercado de leves, que fechou 2014 com redução de 6,9%. A Fiat apresentou retração de 8,5%, para 698,2 mil veículos, enquanto a Ford, quarta marca mais vendida, fechou o ano com queda de 8%, ou 308,2 mil veículos.

Com isso a participação das quatro mais tradicionais marcas do mercado nacional ficou pela primeira vez abaixo dos dois terços. Somadas, Fiat, GM, VW e Ford detiveram 64,9% de participação, deixando 35,1% do mercado para as concorrentes – em 2013 o índice fora de 67,5%.

A briga acirradíssima pela quinta colocação terminou em empate técnico: apenas dezoito unidades colocaram a Renault à frente da Hyundai. Enquanto a francesa manteve os volumes de 2013, com leve avanço de 0,3%, a sul-coreana cresceu 11,4%. Ambas fecharam o ano com 7,1% de participação, e pela primeira vez acima da faixa dos 7%.

A Toyota também tem motivos para comemorar 2014: suas vendas no País cresceram 11% e a participação chegou a 5,9%, exatamente um ponto porcentual acima do ano anterior.

A Honda fechou o ano na oitava posição, com queda de 1% nas vendas, enquanto a Nissan encerrou o seu primeiro ano como fabricante nacional – inaugurou a fábrica de Resende, RJ, de onde sai o New March, em abril – na nona posição, com queda de 7% nos licenciamentos.

A grande novidade no ranking foi a Mitsubishi, que desbancou as duas marcas da PSA, Citroën e Peugeot, e assumiu a décima colocação. O bom desempenho no ano, quando cresceu 1,9% ante um mercado em queda de 6,9%, rendeu à marca 1,8% de participação, com 59,2 mil unidades comercializadas durante todo 2014.

Mercado argentino encolheu 36% no ano passado

Disparado o principal cliente externo dos veículos produzidos nas fábricas brasileiras, o mercado argentino encerrou o ano passado com retração de 36,3% com relação a 2013, de acordo com dados divulgados pela Adefa, a associação das montadoras daquele país. Foram comercializados 613,8 mil veículos ali no atacado.

O mau momento econômico da Argentina prejudicou as vendas locais e acabou interferindo também nas exportações a partir do Brasil, segundo Luiz Moan, presidente da Anfavea. Os embarques de veículos brasileiros reduziram-se em 40,6% no período, segundo dados da associação das montadoras brasileiras.

Como os dois mercados são altamente interligados, a produção argentina também foi prejudicada – tanto pelo desempenho do mercado local quanto pelo do brasileiro, que caiu 7% no ano. Saíram das linhas de montagem das fábricas da Argentina 617,6 mil veículos no ano passado, redução de 22% com relação ao ano anterior.

Segundo o Tiempo Motor, parceiro editorial da Agência AutoData no país vizinho, a falta de dólares para insumos, suspensões de produção e conflitos sindicais também contribuíram para o retrocesso na produção.

As exportações argentinas de veículos, por sua vez, caíram 17,4%, ou pouco menos do que a produção. Foram exportados 357,8 mil veículos argentinos, sendo 84,8% para o Brasil.

Marcas – A Volkswagen liderou as vendas no varejo na Argentina no ano passado, segundo dados da Acara, a associação que congrega os distribuidores locais. Foram vendidos 112 mil veículos da marca de origem alemã, queda de 29%. Em segundo lugar ficou a Ford, com retração de 20,7% nos emplacamentos, ou 91,6 mil unidades, seguida pela Fiat, com 84,7 mil veículos comercializados, redução de 18,8%.

Em volume de produção por empresa, porém, a liderança ficou com a Ford: saíram de suas linhas de montagem argentinas 103,1 mil veículos. A Toyota foi a segunda maior produtora, com 96 mil unidades, seguida pela Fiat, que produziu 95,5 mil veículos, informou a Adefa.

MAN lidera vendas de caminhões pelo 12º. ano consecutivo

A queda do mercado de caminhões em 2014, que chegou a 11,3%, para 137 mil unidades comercializadas, não comprometeu a liderança da MAN Latin América no segmento. Mesmo com retração de 11,5% nas vendas a montadora emplacou 36,1 mil caminhões e garantiu a primeira posição no ranking, e pelo 12º ano consecutivo.

A diferença para a Mercedes-Benz, no entanto, foi apertada e fechou em apenas 600 caminhões. Foi uma das disputas mais acirradas dos últimos anos – a diferença chegou a somente 238 unidades no acumulado dos primeiros sete meses de 2014.

A Mercedes-Benz registrou uma retração de 6,8% no ano passado, inferior à da primeira colocada, ao emplacar 35,5 mil caminhões. Com isso a participação de mercado das companhias ficou separada por apenas 0,5 ponto porcentual: 26,4% para a MAN e 25,9% para a M-B.

Com exceção de DAF, Hyundai e International, ainda com pequenos volumes e base de comparação anual baixa, todas as demais montadoras registram queda nas vendas no ano passado, porém não houve alteração na ordem do ranking.

Volvo e a Ford acirraram a disputa pelo terceiro posto, e apenas 133 caminhões asseguraram a vitória da montadora de origem sueca pelo último degrau do pódio. Enquanto a Volvo comercializou 19,7 mil unidades, em queda de 4,8% ante 2013, a Ford vendeu 19,6 mil caminhões – em muito ajudada pelo retorno da Série F ao mercado – e encerrou o ano em baixa de 4%.

Na sequência a Scania aparece como a montadora com a maior desaceleração nas vendas de caminhões, com declínio de 28,2% e 14,1 mil unidades comercializadas ante 19,7 mil um ano antes. A Iveco manteve a sexta posição mesmo em queda de 23,6% e 8,8 mil caminhões licenciados no ano passado.

Na parte de baixo da tabela aparecem as montadoras com menos de 1 mil unidades vendidas em 2014, porém com resultados positivos ou próximos da estabilidade. A International vendeu 954 ante 507 há um ano e assim fechou com crescimento representativo de 88,2%. A Agrale manteve seus índices ao comercializar 444 unidades em 2014 ante 447 em 2013.

Hyundai e DAF aparecem na sequência com as maiores altas do ano, de 132,4% e 786,2%, respectivamente, mas graças apenas a bases muito reduzidas de comparação. A Hyundai vendeu 695 unidades, nona colocação no ranking, enquanto a DAF emplacou 257 e finalizou a lista das dez primeiras montadoras do segmento.

Ônibus – Nos chassis de ônibus a Mercedes-Benz inverteu os papéis e assegurou sua liderança frente à MAN. A montadora comercializou 13 mil unidades, em queda de 4,3% na comparação anual.

A MAN, por sua vez, registrou declínio maior do que o mercado, que foi de 16,3%, ao encerrar o ano com retração de 28,2% em seus números de 2014, para vendas de 6,4 mil unidades.

A Agrale manteve a terceira posição e vendeu 4,4 mil chassis, em queda de 24,2%.

A Volvo foi a única das montadoras de maior volume no ranking do segmento a registrar resultado positivo em 2014: alta de 2,7% ante 2013 ao comercializar 1,7 mil unidades.

A Scania aparece na quinta posição com 1 mil unidades e recuo de 5,6%, seguida pela Iveco, que ficou com a maior retração da lista no ano passado, de 53,6% – comercializou 731 unidades no perído, ante 1,5 mil um ano antes.

A International encerra a lista com 62 chassis comercializados e crescimento de 63,2%, porém com base baixa, de 38 unidades em 2013.

Vendas de implementos encolhem 10% em 2014

O mercado de implementos rodoviários apurou baixa de 10,2% em 2014. Segundo números divulgados pela Anfir, associação que representa o segmento, as vendas das faixas leve e pesada somaram 159 mil 618 unidades no ano passado ante total de 177 mil 795 em 2013.

A faixa de pesados, representada por reboques e semirreboques, totalizou 56 mil 529 unidades vendidas, queda de 19,4% ante os 70 mil 105 do ano anterior.

A faixa leve, de carrocerias sobre chassis, registrou 103 mil 89 entregas, 4,3% menos que as 107 mil 690 realizadas um ano antes.

A maior baixa dentre os pesados justifica-se, em parte, pelas dificuldades operacionais do Finame PSI no início de 2014, a exemplo do que ocorreu com caminhões e ônibus. Nos leves o impacto foi menor pois grande parte das empresas que compram carrocerias sobre chassis não consegue atender as exigências do BNDES para financiar.

Mario Rinaldi, diretor executivo da Anfir, afirmou em nota que 2014 definitivamente não foi bom para a maioria dos negócios, o que poderá surtir feitos negativos também neste ano. “Os planos de aquisições e renovações serão revistos e é natural que haja um comportamento mais conservador para a compra de implementos rodoviários.”

Alcides Braga, presidente da Anfir, estima ritmo fraco no segmento, ao menos no primeiro trimestre do ano, em função da alta nas taxas de juros do Finame PSI, que em média dobraram ante aquelas praticadas em 2014.

“Uma possível recuperação das vendas da indústria de implementos rodoviários dependerá da reação dos demais setores da economia.”