Muita saúva, pouca saúde

“Muita saúva, pouca saúde. Os males do Brasil são!” Com esta frase, eternizada no clássico da literatura brasileira, Macunaíma, escrito na primeira metade do século passado, Mário de Andrade tentou mostrar que em uma sociedade predominantemente agrária, como o era naquela época, qualquer praga que prejudicasse a produção poderia ser muito ruim para o povo.

Hoje, para ilustrar a realidade da economia brasileira, na qual a produtividade e a competitividade têm se mostrado como os principais obstáculos rumo ao desenvolvimento, talvez seja melhor usar outra frase que, no mesmo livro, era dita o tempo todo pelo seu personagem central, o próprio Macunaíma: “Ai, que preguiça…”.

Guardados os devidos exageros demonstra bem a marcha à ré que o Brasil engatou nos últimos anos no que se refere às atividades industriais.

Na semana passada a Confederação Nacional da Indústria, CNI, divulgou o seu estudo de competitividade, refletindo o ambiente de negócios vivido ao longo de 2014. Dentre quinze países estudados o Brasil ocupou a penúltima posição, à frente da Argentina. A lista incluiu também Colômbia, México, Polônia, Turquia, Índia, Rússia, África do Sul, Chile, China, Espanha, Austrália, Coréia do Sul e Canadá.

Este estudo referenda o Relatório de Competitividade Global, divulgado em setembro do ano passado pelo WEF, Fórum Econômico Mundial, que colocou o Brasil na 57ª posição de 144 países.
Também neste caso ficamos atrás de vários vizinhos da América Latina, como Chile, 33º, Panamá, 48º, e Costa Rica, 51º. E também dos outros companheiros do Bric, China, Rússia e África do Sul que ficaram nas 28ª, 53ª e 56ª posições.

A maior e mais perigosa coincidência destes dois estudos reside no fato de apontarem a produtividade como o maior problema atual do Brasil. O trabalho da CNI, por exemplo, revela que, em comparação aos outros catorze países, estamos bastante atrasados nos fatores disponibilidade e custo da mão de obra e de capital, infraestrutura, peso dos impostos, ambientes macro e microeconômicos, educação e tecnologia e inovação.

Já na avaliação do WEF a situação também foi quase dramática, com o Brasil ocupando o 85º lugar em desempenho macroeconômico e tendo uma das piores avaliações em educação, 126ª colocação. E isto, segundo o estudo, deixa claro que o País não consegue, em teoria, fornecer trabalhadores com o conjunto de habilidades necessárias para uma economia que está em processo de desenvolvimento.

O peso dos impostos é outro item que aparece no topo dos principais problemas nos dois estudos. No trabalho da CNI o Brasil ficou na décima-terceira posição dentre os quinze países estudados. No da WEF também foi citado como um dos principais fatores a serem resolvidos no futuro, seguido das regulamentações trabalhistas.

Na prática tudo isto significa que a economia brasileira não vem sendo gerida com a eficácia necessária nos últimos anos, sobretudo no que diz respeito à alocação e à administração dos recursos arrecadados que, convenhamos, não são poucos. E explica um pouco da fuga de capitais que temos assistido nos últimos anos, com mais e mais empresários e executivos, notadamente de grandes multinacionais do setor de autopeças, gritando aos quatro ventos que estão sistematicamente perdendo investimentos para outros países.

A junção de tudo isto, política tributária, trabalhista, falta de investimento em educação, infraestrutura ruim, etc, acaba meio que desembocando em um vertedouro estreito que responde pelo nome de produtividade que, num grande resumo, funciona quase como sinônimo de competitividade.

A partir daí é lógico que a falta de preparo do nosso trabalhador e a própria legislação trabalhista brasileira são assuntos que devem ser resolvidos com urgência. Só que atrelar os nossos problemas somente a isto é um erro que deve ser evitado, pois a nossa baixa produtividade tem origem mais ampla e profunda e aspectos como infraestrutura defasada e burocracia talvez até sejam mais importantes.

Estão estamos perdidos? É claro que não. Existem exemplos que mostram que, mesmo com todas as limitações atualmente encontradas no Brasil, é possível destacar-se nesta questão da produtividade. A agricultura brasileira é um deles e viu sua produtividade crescer com índices chineses nas últimas décadas.

O problema é que continuamos presos aos movimentos do governo e de sua nova equipe econômica. E, pelos primeiros passos dados, se antes a situação para a indústria estava ruim em termos de competitividade pode ficar ainda pior nos próximos meses, porque os custos estão subindo no Brasil e caindo no resto do mundo.

Recuperação tributária, reajuste de 30% na energia elétrica, aumento do aço, cotação dos derivados de petróleo em alta internamente, tudo isto além dos estoques altos advindos do ano passado, são alguns dos problemas que surgiram com força nos primeiros dias deste ano. E podem estar colocando em risco o tão esperado cenário de recuperação da indústria.

Por tudo isto é bom deixar a preguiça de lado.

BMW Group bateu recorde de vendas no Brasil em 2014

Enquanto o mercado de veículos apresentou retração de 7% no Brasil em 2014, segundo dados da Anfavea, o BMW Group local foi na contramão e encerrou o ano passado em alta de 7%, com 15 mil 50 unidades vendidas, recorde para a fabricante de veículos de luxo.

Em comunicado o presidente e CEO do BMW Group Brasil, Arturo Piñeiro, comemorou o resultado e ressaltou que a companhia mudou de patamar no País, passando de importadora a fabricante no último ano. “Por isso 2014 representa um marco importante da nossa história. Apesar da instabilidade econômica registrada no período, terminamos o ano com recordes nas vendas de nossas marcas, contando com uma rede de concessionários mais abrangente”.

Os números de emplacamentos cresceram para todas as marcas do BMW Group Brasil em 2014. O modelo BMW Série 3, que é produzido em Araquari, SC, desde o último trimestre de 2014, permaneceu como o carro-chefe do portfólio, respondendo por 50% do total das vendas da marca no País.

Além dele o BMW X1 também começou a ser produzido no País e, segundo a companhia, os modelos BMW Série 1, BMW X3 e Mini Countryman são os próximos a entrar na linha de montagem, todos em 2015.

A família de produtos X da BMW vendeu 4,4 mil unidades, respondendo por 30% das vendas totais do grupo. A marca anunciou durante o Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro, a chegada de outros modelos desta gama ao País, como o X5 Diesel e o X4.

Por sua vez a Mini completou cinco anos de atuação no Brasil e emplacou 2,4 mil unidades em 2014, crescimento de 26,5%. A nova geração do hatch foi o modelo mais vendido aqui, com mais de 60% dos emplacamentos.

A BMW Motorrad, divisão de motocicletas do BMW Group, comercializou 7,8 mil unidades, em alta de 3% ante 2013. No último ano houve o início da produção nacional dos modelos com motorização boxer, como a R 1200 GS e R 1200 GS Adventure.

Em 2014 a produção na unidade de Manaus, AM, respondeu por 67% do total de modelos comercializados pela BMW Motorrad no País.

Ainda de acordo com comunicado da montadora no ano passado houve investimento para expansão da rede de concessionários: o Grupo passou de 95 pontos de venda para 113 no último ano, crescimento de 16%.

Em 2013 a BMW contava com 39 representantes no País e passou a 47 lojas. Já a Mini inaugurou quatro novas concessionárias, chegando a 28 pontos, enquanto a BMW Motorrad abriu seis, passando para 38 em 2014.

Brasil se mantém como segundo maior mercado global Renault

O mercado brasileiro seguiu em 2014 como o segundo principal para o Grupo Renault no mundo, posto que ocupa desde 2011. A participação de mercado recorde alcançada no ano passado, com 7,1% das vendas locais de automóveis e comerciais leves, representou aumento de 0,5 ponto porcentual na comparação com 2013, apesar da estabilidade no volume de vendas da fabricante aqui – 237,2 mil unidades.

Muito forte na Europa, mas sem operações na China e Estados Unidos, os dois maiores mercados do mundo, a Renault – incluindo Dacia – registrou no ano passado vendas globais de 2,7 milhões de unidades, avanço de 3,2% com relação a 2013. A França teve o maior volume de compras de modelos da marca, com 577,6 mil unidades, ou 26,6% do total.

O Brasil foi seguido pela Rússia, com 194,5 mil unidades vendidas, comercializados, e Alemanha, com 173,5 mil veículos. A Argentina foi apenas o décimo principal mercado da marca francesa, com 85 mil veículos comercializados – retração de 40% com relação ao ano anterior.

Em comunicado a Renault afirmou que o mercado argentino passou por dificuldades em 2014. “A Renault escolheu limitar ao máximo sua exposição ao peso e, consequentemente, à quantidade de importações. Por isso perdeu volume e participação de mercado, que caiu 2,5 pontos porcentuais”.

A situação na Argentina refletiu no desempenho da marca na América Latina, onde as vendas caíram 10,7%, para 416,9 mil unidades. A queda foi compensada pelo crescimento de 12,5% na Europa e de 23% na região da Ásia-Pacífico.

O Duster foi o modelo mais vendido da Renault/Dacia no ano, com 395 mil unidades em todo o mundo. O Clio registrou 378,5 mil unidades vendidas, enquanto o Logan teve 234,7 mil unidades comercializadas.

Em comunicado o vice-presidente de vendas e marketing da empresa, Jerôme Stoll, projetou crescimento de 2% para o mercado global em 2015. “Embora o contexto siga incerto, continuaremos a tocar nosso plano Renault Drive the Change. Projetamos um aumento no volume de vendas globais, reforçando nossa posição na Europa e melhorando o desempenho nos mercados emergentes. O crescimento será sustentado com a aceleração de nosso plano de produtos, com cinco novos modelos.”

Nissan inicia produção do New Versa em Resende, RJ

A Nissan do Brasil iniciou na segunda-feira, 19, a fabricação do sedã New Versa na fábrica de Resende, RJ. Segundo a montadora o modelo, que será equipado com motores 1.0 12V de três cilindros e 1.6 16V, começará a ser vendido ainda no primeiro semestre deste ano.

Os motores também serão fabricados na unidade, que tem capacidade produtiva anual de 200 mil unidades. No início desse mês o CEO da Aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, esteve no Brasil para anunciar a chegada do motor 1.0 de três cilindros para equipar o New Versa. O investimento foi de cerca de R$ 100 milhões, com a contratação de 25 funcionários.

O New Versa foi revelado mundialmente durante o Salão Internacional de Nova York, em abril de 2014, e apresentado ao público brasileiro no Salão de São Paulo, em outubro.

Segundo a montadora o Nissan New Versa apresenta um novo design externo que remete aos sedãs de segmento superior da marca, como o novo Sentra e o Altima. O interior também foi renovado e o modelo ganhou itens como volante multifuncional, bluetooth e o sistema de conectividade NissanConnect.

Além do New Versa a fábrica fluminense da Nissan também produz o New March e o March Active, este de geração anterior. Neste mês a unidade atingiu a marca de 20 mil unidades dos modelos produzidas desde abril de 2014, quando a fábrica foi inaugurada graças a investimento de R$ 2,6 bilhões.

Em setembro de 2014, apenas cinco meses depois da inauguração da fábrica, a Nissan colocou um grupo de 259 trabalhadores em regime de lay-off alegando necessidade de ajuste de estoques frente a retração do mercado. Segundo porta-voz da companhia o grupo ficou afastado por cerca de três meses e retornou ao trabalho em dezembro. Não há novos afastamentos programados na unidade fluminense, que emprega cerca de 1,8 mil funcionários.

Em entrevista recente à Agência AutoData o presidente da Nissan no Brasil, François Dossa, ressaltou que a participação de mercado da montadora fechou 2014 com 2,2% e que almeja pelo menos mais 1 ponto porcentual até o fim de 2015, com meta de atingir 5% no fim de 2016.

M-B assenta pedra fundamental em Iracemápolis em 5 de fevereiro

A Mercedes-Benz agendou oficialmente a data da cerimônia de assentamento de pedra fundamental de sua nova unidade de Iracemápolis, no Interior de São Paulo: será em 5 de fevereiro, uma quinta-feira.

O evento, assim, ocorrerá um ano e quatro meses depois do anúncio da construção da fábrica, acontecida em 1º. de outubro de 2013 em encontros com a presidente Dilma Rousseff em Brasília, DF, e o governador Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

A fábrica da Mercedes-Benz era a última das fabricantes de luxo anunciadas recentemente a ainda não contar com assentamento de pedra fundamental. A Jaguar Land Rover realizou cerimônia relativa ao marco em Itatiaia, RJ, em 2 de dezembro, com a presença de seu CEO global, o alemão Ralf Speth. A BMW já produz em Araquari, Santa Catarina, enquanto a Audi utilizará o mesmo complexo de quando produziu no País o A3, de 1999 a 2006, compartilhado com a VW em São José dos Pinhais, PR – o que, naturalmente, dispensa cerimônia de pedra fundamental vez que a fábrica já está erguida.

Na unidade serão fabricados os modelos Classe C e GLA – ambos já à venda no País como importados –, com motor flex fuel, a partir dos primeiros meses do ano que vem, quando a Mercedes-Benz comemorará 60 anos de produção no País. O investimento é de € 170 milhões.

Na prática, entretanto, a cerimônia de assentamento de pedra fundamental não significará marco de início das obras, vez que estas já estão em andamento: a terraplanagem, por exemplo, começou no fim de agosto do ano passado, após cerca de cinco meses de processo de limpeza do terreno de 2,6 milhões de metros quadrados, que anteriormente abrigava um canavial.

Além disso a Mercedes-Benz já possui em pleno funcionamento em Iracemápolis um Centro de Distribuição de veículos importados, que recebe modelos com a marca da estrela trazidos da Alemanha, Estados Unidos e Hungria, além dos Smart, da França. O complexo opera desde junho de 2014 e recentemente recebeu visita do prefeito local, Valmir Gonçalves, que foi apresentado ao GLA.

O modelo, um SUV compacto, foi apresentado à imprensa em meados de setembro na própria Iracemápolis, incluindo apresentação do veículo no Centro de Distribuição e test-drive no terreno que receberá a fábrica.

Vendas da quinzena chegam a 105 mil unidades

Fevereiro está se desenhando um mês com ritmo fraco de vendas. Segundo dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData foram licenciados 105 mil 460 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus até a segunda-feira, 16, quando completaram-se onze dias úteis de vendas.

Em média, neste período, foram emplacados 9,6 mil veículos por dia, volume bem inferior às pouco mais de 12 mil unidades de média licenciadas registradas no total de janeiro. Mas o ponto facultativo da segunda-feira de carnaval, 16, prejudica essa equação, vez que nem todos os Detrans operaram a todo o vapor – muitos aderiram à folga permitida. O mesmo ocorreu na quarta-feira de cinzas, 18.

Ou seja: na prática, há praticamente uma semana de negócios a menos este mês.

Comparadas as médias diárias de janeiro com a apurada até o momento em fevereiro, o mercado sofre queda de 20,6%.

Uma fonte ligada ao varejo afirmou à reportagem que as vendas deverão fechar o mês com volume em torno de 200 mil a 210 mil unidades. No ano passado fevereiro registrou 260 mil emplacamentos, sem o carnaval, vez que em 2014 o feriado ocorreu em março.

Segundo a fonte, inicialmente os varejistas trabalhavam com projeções otimistas que chegavam até a 250 mil unidades, mas o desempenho nas primeiras semanas, além do próprio carnaval, jogou para baixo as estimativas.

Caso a média diária de 9,6 mil veículos seja mantida até o fim do mês – o que usualmente não ocorre, vez que o ritmo costuma se acelerar na última semana – o mercado chegaria a apenas 182,4 mil veículos neste mês, queda de 29% na análise anual. Se calculada com a projeção de 210 mil unidades dos varejistas, a retração chegaria a 19,2%.

Com relação a janeiro, quando 253,8 mil veículos foram licenciados, o mercado deverá apresentar igualmente retração na faixa dos dois dígitos.

Projeto de melhoria contínua reduz em 40% tempo de produção na Pastre

A Pastre, fabricante de implementos rodoviários com sede em Quatro Barras, PR, desenvolveu e colocou em prática projeto de melhoria contínua na linha do semirreboque de transporte de pás eólicas que gerou redução de 40% no tempo de produção de cada unidade.

Por quase quarenta dias, em novembro e dezembro do ano passado, grupo de dez pessoas das áreas de engenharia de processos, controle da qualidade, segurança do trabalho, logística, manutenção industrial e produção da empresa trabalhou em readequações de processos e leiaute. Vinte dispositivos e gabaritos foram construídos até alcançar o melhor resultado possível – a metodologia usada foi a Gemba Kaizen, desenvolvida no Japão e adotada por diversas empresas ao redor do mundo.

As metas estabelecidas foram melhoria na produtividade e no ambiente de trabalho e redução de desperdícios e de custo. O prazo foi curto e o investimento baixo, segundo a Pastre.

Segundo Moisés Santos, um dos colaboradores participantes do projeto, em nota, “nada foi inventado: apenas ajustamos a metodologia já existente para os padrões da Pastre. Mostramos que a melhoria continua é necessária e pode funcionar em qualquer departamento da empresa”.

Ele ressaltou que o desenvolvimento foi baseado em ferramentas usadas em multinacionais e testadas na linha de produção. “O desafio agora é expandir [o projeto] para os demais setores.”

O ganho de 40% no tempo de produção de cada semirreboque possibilita à fabricante elevar sua produção e, por consequência, sua participação de mercado em um segmento que já lidera no Brasil, o de produtos para transporte de pás eólicas.

Iveco Bus quer 2015 como ano de sua consolidação no País

Humberto Marchioni Spinetti, há pouco mais de três meses no comando da operação de Ônibus e Veículos de Defesa da Iveco para a América Latina, terá muitos desafios em 2015. O executivo, que já trabalhou em outras empresas do setor automotivo como Mercedes-Benz e Polaris, destaca o principal: consolidar a Iveco Bus para retomar o crescimento da divisão.

A marca, mais conhecida na Europa, foi oficialmente apresentada no País durante a Fetransrio, em novembro. O primeiro lançamento no mercado nacional foi o chassi 170S28 de 17 toneladas, segmento de maior representatividade com cerca de 60% nas vendas totais de ônibus.

Segundo Spinetti, o veículo foi desenvolvido tomando-se por base um modelo comercializado na Europa. “Todo o processo de desenvolvimento foi realizado no Brasil e o chassis passou por mais de seiscentos mil quilômetros de testes antes de seu início de comercialização aqui.”

Para tal a montadora desembolsou parte não revelada de investimento de € 1 bilhão, em ciclo encerrado no ano passado, incluindo adaptações na fábrica de Sete Lagoas, MG, onde o modelo é fabricado. Na ocasião da Fetransrio a Iveco afirmou que pretende alcançar participação de 5% do segmento de chassis de 17 toneladas em 2015.

Mas, de acordo com Spinetti, este é apenas o primeiro passo para consolidar a Iveco Bus por aqui. Além de abocanhar parte do mercado nacional o executivo tem como missão ampliar a atuação da companhia na América Latina: “Temos subsidiárias na região, mas a coordenação das operações é do Brasil e a meta é aumentar as exportações”.

A Iveco Bus terá seu primeiro ano cheio no Brasil depois de resultados no mínimo desafiadores em 2014. Segundo dados da Anfavea a companhia encerrou o ano passado com participação de mercado de 2,7%, depois de verificar queda expressiva nas vendas, de 53,6%, para 731 unidades. Enquanto isso o mercado total do segmento recuou 16,3%.

Segundo Spinetti a redução do volume de vendas pode ser atribuída à redução do volume do Programa Caminho da Escola. Em 2013 o governo federal comprou cerca de dez mil ônibus e em 2014 o número caiu para aproximadamente 3,5 mil unidades. “Grande parte dos nossos emplacamentos estava atrelado ao programa e, por uma questão de prazos, uma fatia das nossas entregas será realizada somente neste ano. Além disso o contexto econômico de incertezas colaborou para a queda.”

Pelas contas da companhia aproximadamente 1,2 mil unidades foram vendidas ao programa federal em 2014, mas nem todas foram emplacadas dentro do ano.

Segundo o executivo está nos planos buscar maior participação em outros segmentos, como turismo e transporte urbano de passageiros. “Queremos diminuir a relação de importância do Caminho da Escola nas vendas.” Ainda assim Spinetti acredita que em 2015 o programa deva representar fatia relevante do mercado, pois “o número de unidades compradas pelo governo deve fechar em um meio termo de 2013 e 2014”.

Sobre o tamanho do mercado projetado para 2015 ele acompanha o coro de executivos da maioria das montadoras: “Acredito em estabilidade ou um pequeno crescimento”.

Na avaliação do executivo as novas condições de financiamento do Finame PSI não vão impactar o segmento de chassis de ônibus de forma significativa: “Há demanda reprimida dos dois últimos anos e necessidade de renovação de frota estipulada por contratos. Muitos empresários estavam esperando os desdobramentos da economia para comprar. Agora, passada a eleição, acredito que este movimento deva acontecer”.

Ritmo de vendas desacelera no começo do ano

O ritmo do mercado desacelerou no começo do ano quando comparado com os volumes de vendas registrados em dezembro. De acordo com dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData foram licenciados 123 mil 308 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus até a quinta-feira, 15.

A média diária dos primeiros dez dias úteis de janeiro chegou a 12,3 mil emplacamentos, bem abaixo do ritmo registrado no mês passado, quando mais de 16 mil unidades foram licenciadas, em média, por dia útil. O volume é inferior também a período semelhante de 2014: na primeira quinzena de janeiro, com onze dias úteis, esta média superara as 14 mil unidades.

Segundo fonte ligada ao varejo consultada pela reportagem os estoques de veículos com IPI reduzido, produzidos e faturados ainda no ano passado, estão mantendo o volume das vendas nas concessionárias. O fluxo nas lojas está se mantendo graças, em boa parte, aos modelos ainda com imposto mais baixo em oferta, segundo a fonte.

A partir de segunda-feira, 19, começará boa parte da produção dos veículos ano-modelo 2015, que trarão reajuste de preço, recordou a fonte, vez que muitas montadoras retornam atividades e encerram as férias coletivas na data. As novas tabelas divulgadas pelas fábricas trazem majoração média de preço que varia de 3% a 5%, ressaltou.

Para o total de janeiro os varejistas projetam vendas de 270 mil a 280 mil unidades, volume inferior ao registrado no primeiro mês do ano passado, quando os emplacamentos chegaram a 312,6 mil veículos – melhor janeiro da história da indústria, puxado pela oferta de modelos mais baratos sem air bags e freios ABS. A retração, assim, pode chegar à casa dos dois dígitos.

Mantida a média apurada no começo do mês, porém, os emplacamentos alcançariam 258,3 mil veículos. Seria o mês com volume de vendas mais baixo desde março do ano passado, quando foram comercializadas 240,8 mil unidades.

A Anfavea projetou para 2015 manutenção dos volumes de venda de 2014, ou 3,5 milhões de unidades. Segundo o presidente Luiz Moan este ano não verá concentração de feriados e tampouco grandes eventos, como Copa do Mundo e as eleições, que afetaram a venda de veículos no ano passado. O executivo destacou também maior apetite dos bancos por liberação de crédito.

Já a Fenabrave apresentou projeção ligeiramente mais pessimista, de redução de 0,5% no total comercializado no País em 2015.

Vendas de veículos pesados caem 24% na Argentina

A queda dos segmentos de caminhões e chassis de ônibus no mercado argentino em 2014 foi inferior à retração geral das vendas. Segundo informações do Tiempo Motor, parceiro da Agência AutoData naquele país, com base nos dados da Acara, associação dos distribuidores de veículos da Argentina, foram licenciados 19 mil 920 veículos pesados ali no ano passado, recuo de 24% comparado com 2013.

Na mesma base de comparação os emplacamentos totais de veículos no país vizinho cederam 28,6%.

A Mercedes-Benz liderou o mercado de pesados na Argentina, tanto em caminhões quanto em chassis de ônibus. A participação de mercado da líder subiu de 33,2% em 2013 para 35% no ano passado, com 6,9 mil unidades somados os dois segmentos, queda de 20% com relação ao ano anterior.

A Iveco, vice-líder, registrou recuo de 32,2% e licenciou 4 mil 40 caminhões e ônibus na Argentina em 2014. Na terceira posição ficou a Ford, com 3,2 mil unidades emplacadas e queda de 9%.

A Man Latin America, com sua marca Volkswagen, líder no mercado brasileiro, conquistou a quarta posição na Argentina, com 1,8 mil unidades vendidas, em recuo de 20,7%.

O modelo mais vendido no mercado vizinho no ano passado foi um Iveco: o semipesado 170E, vendido no Brasil como Tector 170E. O modelo registrou mais de duas mil unidades comercializadas, queda de 34,3% com relação ao ano passado, mas suficiente para mantê-lo na primeira posição.

O também semipesado Ford Cargo 1722 foi o segundo modelo mais vendido no país vizinho, com 1,6 mil unidades licenciadas, seguido pelo Mercedes-Benz BMO 695, no Brasil comercializado como Atron 1634. Foram registradas 954 unidades.

Foi Mercedes-Benz também o chassi de ônibus mais comercializado no mercado argentino no ano passado: o OF 1418, com 871 unidades vendidas.