Acredite: este homem está sentado numa cadeira.

É difícil acreditar, mas o operador da linha de montagem retratado na foto acima está sentado em uma cadeira. Trata-se de um projeto-piloto realizado na fábrica da Audi em Neckarsulm, na Alemanha, que caso avance poderá revolucionar o que entendemos por ergonomia em uma linha de montagem.

A montadora das quatro argolas batizou o protótipo de ‘chairless chair’, ou algo como ‘cadeira sem cadeira’. Parece um nome estranho, e de fato é, mas o mais estranho é que esta é uma perfeita definição do sistema – ao todo três protótipos da cadeira-que-não-é-bem-uma-cadeira estão em teste.

A estrutura, feita em fibra de carbono, permite que os trabalhadores sentem-se sem que seja necessário, de fato, usar uma cadeira ou banco. Ao mesmo tempo o dispositivo melhora a postura do usuário e reduz a pressão sobre as pernas. Ela pode ser definida como um exoesqueleto adaptado para uso na parte de trás das pernas, preso por tirantes aos tornozelos, joelhos e quadril do usuário. Duas superfícies cobertas de couro apoiam os glúteos e coxas, enquanto duas estruturas feitas de plástico reforçado com fibra de carbono se adaptam ao contorno das pernas.

Elas são articuladas atrás dos joelhos e podem ser ajustadas hidraulicamente para o tamanho do usuário e a posição de sentar desejada, com o peso do corpo transferido para o solo por meio desses elementos ajustáveis.

O conjunto todo pesa apenas 2,4 quilos.

Em comunicado Mathias Keil, chefe de Métodos de Engenharia Industrial da Audi, revelou que a montadora mantém estudos para outras aplicações da estrutura dentro do sistema produtivo da montadora – o processo todo é realizado em parceria com uma empresa suíça. “Esperamos também desenvolver novas aplicações da Chairless Chair para os funcionários com capacidade física reduzida.”

Peter Mosch, diretor do Conselho Geral dos Trabalhadores da Audi, acrescentou, na nota: “Precisamos usar nossa liderança tecnológica também para elevar o bem-estar da força de trabalho. Tecnologias que aliviam a tensão das pessoas são exemplos de como o futuro tem que ser planejado para o bem dos funcionários”.

A partir desta semana os trabalhadores da unidade ganharão experiência com os três protótipos da Chairless Chair nas linhas de montagem do A4 e do A6, de início na fase de pré-montagem do cockpit – área em que os funcionários trabalhavam sempre em pé. A Audi pretende iniciar segunda fase de testes na fábrica de Ingolstadt, em maio. Se tudo der certo, a cadeira-que-não-é-cadeira será utilizada na linha de produção em série.

Os operadores utilizarão a estrutura como se fosse uma espécie de segundo par de pernas, no qual se apoiarão sempre que necessário. Para muitas operações na montagem a Chairless Chair permitirá que eles se sentem em posição ergonomicamente favorável em vez de permanecerem em pé, ainda que o este movimento seja extremamente curto ou rápido.

Assim, as cadeiras e bancos atualmente usados em algumas operações de montagem como auxílio temporário deixam de ser necessários – o que significa que não mais estarão espalhadas pelas áreas da fábrica e que aquelas pessoas atrapalhadas, que sempre estão ao nosso lado, não mais tropeçarão nas mesmas.

A Audi espera ainda que o uso do exoesqueleto reduza o absenteísmo gerado por problemas físicos.

Metalúrgicos da GM encerram greve em São José dos Campos

Depois de seis dias de paralisação os metalúrgicos da General Motors São José dos Campos, SP, encerraram a greve na unidade do Interior paulista na quinta-feira, 26. Segundo o sindicato local a conciliação aconteceu depois que a montadora apresentou proposta que garante estabilidade de emprego.

Em nota, a GM afirmou que “foi aprovado em assembleia que até 798 empregados do complexo industrial de São José dos Campos entrarão em lay-off no período de 9 de março a 8 de agosto de 2015”. Ainda segundo a companhia a medida tem como objetivo ajustar a produção à atual demanda do mercado.

O comunicado da GM, no entanto, não menciona estabilidade dos funcionários.

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, o acordo com a montadora garante o retorno do grupo de trabalhadores e mais três meses de estabilidade. “Serão 650 empregados afastados nesse momento”, diz.

Também ficou determinado que os dias parados durante a greve não serão descontados dos salários, mas sim compensados no decorrer do ano.

Durante o período de suspensão de contrato de trabalho os funcionários receberão o salário integral, em média de R$ 4,5 mil na linha de produção da unidade segundo o sindicato. “Os salários serão pagos pelo FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador, do governo federal] e complementados pela GM”, afirmou Macapá, que também ressaltou que a greve foi a maior paralisação ocorrida na GM de São José dos Campos nos últimos 12 anos: “Precisávamos mostrar para a empresa que não vamos aceitar demissões”.

A mobilização na unidade começou quando a GM reuniu-se com o sindicato e tentou implantar o lay-off sem garantia de estabilidade de emprego para um grupo de 800 trabalhadores quando do retorno. Depois de assembleias, greve e até mesmo uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho em Campinas, as partes finalmente chegaram ao acordo.

“Apesar dos incentivos recebidos no último ano as montadoras fecharam 12,8 mil postos de trabalho no País. Não podemos admitir isso.”

ELEIÇÕES – A greve da GM coincidiu com as eleições do sindicato. No mesmo dia em que o movimento foi encerrado houve o resultado da disputa: a diretoria atual ganhou o direito de permanecer no comando até 2018.

A chapa da situação, da CSP-Conlutas, concorria com a oposição formada pela CUT e venceu a eleição com 75% dos votos – 6,5 mil ante 2,1 mil. Encabeçavam as duas chapas trabalhadores da GM SJC.

Dentro da fábrica da GM o atual comando obteve 67% dos votos, segundo o sindicato. Em comunicado Macapá afirmou que “o fato de a eleição ter ocorrido durante a greve em defesa dos empregos é marcante para a história do sindicato”.

A entidade representa cerca de 42 mil trabalhadores nas cidades de São José dos Campos, Jacareí, Caçapava, Santa Branca e Igaratá.

“A vitória da atual diretoria mostra que os trabalhadores aprovam nosso projeto de luta e resistência”, afirmou o presidente, agora reeleito, em nota.

Hyundai brasileira reconhece seus melhores fornecedores em 2014

A Hyundai Motor Brasil reuniu seus fornecedores em evento realizado em Piracicaba, no Interior de São Paulo, sede da fábrica da montadora no País, no qual reconheceu os melhores parceiros em 2014 por meio do prêmio Fornecedores do Ano Hyundai. Esta foi a segunda edição do reconhecimento, realizado anualmente.

Em comunicado a montadora afirmou que a premiação avalia o desempenho de cada fornecedor com base no conceito QCDM, de Quality, Competitiveness, Delivery and Management, ou Qualidade, Competitividade, Entrega e Gerenciamento, “com o objetivo principal de estimular de forma saudável e positiva o constante alcance de melhores resultados”.

Na nota William Lee, presidente da Hyundai Motor Brasil, considerou que “a Hyundai não mede esforços para cultivar uma relação comercial de parceria e reciprocidade, estimulando seus fornecedores a buscarem maior competitividade a todo o momento, tanto em qualidade como em baixo custo. A competitividade dos fornecedores é fundamental para a competitividade da própria Hyundai”.

Ainda no comunicado o executivo ressaltou que “todas as iniciativas para a nacionalização de componentes em conformidade com o Inovar-Auto serão sempre estimuladas e valorizadas pela Hyundai”.

O prêmio Melhor Fornecedor Geral é entregue ao fornecedor que atinge a mais alta pontuação na maioria das sete categorias de avaliação. Nesta edição a grande vencedora foi a Maxion Wheels, fabricante de rodas, que se destacou nas categorias Qualidade, Entrega e Gestão do Negócio.

Caminhões devem fechar fevereiro apenas pouco acima de 5 mil unidades

Os resultados de vendas de caminhões em fevereiro serão fortemente afetados pela mudança das regras e pelo atraso nos processos de financiamento do BNDES Finame PSI, hoje a principal ferramenta para vendas a crédito deste segmento. Dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData apontam licenciamento de apenas 4 mil 550 unidades até a quarta-feira, 25, restando somente dois dias úteis para o fechamento do mês – a quinta-feira, 26, e a sexta-feira, 27.

Atrapalhado também pelo carnaval, o mês indica média diária próxima de 270 unidades: transcorreram-se 17 dias úteis, incluindo a segunda-feira, 16, véspera do feriado. Com isso a projeção para o total de fevereiro é de volume muito próximo a 5,1 mil caminhões licenciados.

Caso o resultado se confirme este fevereiro representará o pior volume de comercialização para o mês desde 2007, quando foram licenciadas 5,8 mil unidades.

Ante fevereiro do ano passado a análise estatística, além da queda propriamente dita em volume, verá retração ainda mais acentuada por conta da ocorrência do carnaval em março em 2014. Foram vendidas 10 mil 434 unidades no segundo mês do ano passado, o que equivale dizer que o comparativo anual apresentará redução de 51%. Ante janeiro deste ano, 7 mil 675, o índice fechará em baixa próxima de 33,5%.

Para o primeiro bimestre o resultado, afetado fortemente pela questão do crédito – que por sua vez já se manifestara no começo de 2014 –, não será muito mais animador. A projeção de fevereiro indica resultado perto de 12,8 mil unidades, ou baixa na faixa de 39,5% ante o primeiro bimestre do ano passado, de 21,2 mil.

O BNDES publicou novas regras para o PSI no dia 4, válidas até o fim do mês e com início efetivo para dali uma semana, com juros pré-fixados para a parcela variável que compõe financiamento em até 90% do valor do caminhão. Até então os próprios bancos das montadoras ofereciam planos para cobrir a diferença, vez que no início do ano as regras passaram a limitar a apenas 50% do valor do bem a linha de crédito oficial para grandes empresas e 70% para pequenas e médias.

Fontes do segmento acreditam que diante dos resultados do primeiro bimestre nova circular do BNDES venha a oferecer condições mais atrativas para a linha Finame PSI a partir de março.

Na quarta-feira, 25, Bernardo Fedaldo, diretor de caminhões da Volvo no Brasil, considerou que o ano comercial para o setor de caminhões começou, na prática, apenas nesta segunda-feira, 23. O executivo afirmou que com as novas regras de financiamento em prática foi perceptível aumento de consultas de negócios nos últimos dias, mas lembrou que este impacto, ainda que pequeno, será notado somente a partir de março.

Grupo VW avisa que redefinirá cooperação com seus fornecedores

O Grupo Volkswagen reuniu mais de cem CEOs de grandes fornecedores globais em sua sede em Wolfsburg, na Alemanha, na quinta-feira, 26, para anunciar o início de um amplo programa voltado exclusivamente a seus fornecedores, denominado Volkswagen FAST, de Future Automotive Supply Tracks – ou os trilhos do futuro fornecimento automotivo, em tradução livre.

O recado foi bem claro e direto: a fabricante avisou que pretende redefinir totalmente sua relação e cooperação com os fornecedores. Em comunicado, a fabricante explica que o programa foi aprovado pelo board e se estenderá a todas as marcas do Grupo VW.

Para Francisco Javier Garcia Sanz, membro do board do Grupo, na nota, “a indústria automotiva está mudando fundamentalmente. Novas tecnologias e ciclos de vida mais curtos são fortes desafios para a nossa indústria. No futuro, o fator chave para o sucesso será uma rede de fornecimento global [de autopeças] de altíssima eficiência”. Ele acrescentou em seu discurso aos fornecedores que a VW quer “moldar ativamente o futuro da indústria em conjunto com nossos parceiros”.

De acordo com o Grupo o objetivo do programa FAST é priorizar investimentos e tornar o mais eficiente possível o uso dos recursos em parceria com os fornecedores. “Nosso objetivo é aumentar o número de inovações em produtos e processos e coordená-los de forma mais eficaz”, argumentou o executivo. O primeiro passo será identificar os melhores fornecedores globais do Grupo – e apenas estes participarão do programa FAST. Estes, segundo a empresa, serão envolvidos em ciclos de inovação com a VW em um estágio inicial do processo – de acordo com a fabricante, “para isso foi estabelecida uma nova interface de inovação”. Em troca, diz a VW, os participantes do programa poderão contribuir com suas ideias e propostas “nas primeiras etapas do desenvolvimento de veículos”.

Ainda segundo o comunicado do Grupo, “ao mesmo tempo as cadeias produtivas da VW e de seus parceiros será harmonizada de maneira ainda mais próxima no contexto das estratégias globais, de forma a gerar novas sinergias e obter o maior benefício possível”.

A fabricante não concedeu outros pormenores sobre o programa, mas assegurou que todos os participantes do encontro receberam “acesso a informações sobre inovações e cadeia global [de produção] dentro do Grupo”.

Tradicionalíssima, Marcas Famosas fecha as portas em São Paulo

Uma das mais tradicionais concessionárias de veículos do País, a Marcas Famosas, revendedora Volkswagen instalada na Avenida Santo Amaro, em São Paulo, fechou as portas melancolicamente depois de 59 anos. As operações foram encerradas oficialmente no fim do ano passado.

Ao lado de Bruno Tress, Brasilwagen, Sabrico e outras, a Marcas Famosas inaugurou a rede de concessionárias Volkswagen no País e foi responsável pelas primeiras vendas do Sedan, depois apelidado carinhosamente de Fusca. A fachada da concessionária, inclusive, utilizava o mesmo tipo de tijolinho clássico daqueles instalados na fachada da fábrica da VW na Via Anchieta, no ABCD paulista.

Em entrevista exclusiva à Agência AutoData o diretor da Marcas Famosas, Antônio Carlos Nazar, mais conhecido pelo apelido Cacau, revelou as duas principais razões para o fechamento da concessionária: “O mercado em São Paulo tornou-se muito concorrido e pouco rentável, o que desestimulava a continuidade das operações. Além disso a estrutura ainda era puramente familiar e não havia sucessores dispostos a continuar no negócio” – Nazar tem dois filhos que seguiram carreiras bem distintas daquela de administração e ele próprio já não era descendente direto do titular anterior, Adib Thomé.

De acordo com ele a concessão foi devolvida à Volkswagen, em “processo que correu de forma muito amistosa e amigável”.

Nos últimos tempos a Marcas Famosas respondia por cerca de 120 veículos 0 KM e 40 seminovos vendidos por mês. Mas seu forte era o serviço de pós-vendas, com cerca de 900 veículos/mês na oficina. “Até hoje recebemos telefonemas de clientes fiéis solicitando a volta de pelo menos um serviço de assistência técnica da Marcas Famosas” – algo que ele não descarta, mas que por enquanto é apenas um plano distante.

O forte da Marcas Famosas era justamente sua carteira de clientes, formada por três gerações de consumidores Volkswagen. “Não era raro ouvirmos de um cliente que seu avô e seu pai adquiriram o primeiro veículo 0 KM na concessionária” – que sempre foi VW e sempre operou no mesmo endereço, desde a inauguração em 1956.

Excelente oferta por venda da ampla área física da revenda, partindo de uma construtora, foi a pá de cal na rica história da Marcas Famosas: a área ganhou valorização, vez que a poucos metros está sendo construída a estação Brooklin-Campo Belo, da linha 5-Lilás do Metrô de São Paulo. O terreno deverá abrigar duas torres de edifícios, um comercial e o outro residencial.

Faturamento de indústria de máquinas e equipamentos começa ano em alta

Depois de encerrar 2014 com queda de 13,7% no faturamento a indústria de máquinas e equipamentos iniciou o ano em terreno positivo. Em janeiro houve alta de 3,1%, para R$ 5,5 bilhões. Segundo dados divulgados pela Abimaq houve estabilidade no volume na comparação com dezembro.

As exportações somaram US$ 785 milhões em janeiro, em queda de 30,6% ante o mesmo mês de 2014. A América Latina perdeu relevância como destino das remessas, sendo responsável por 31,9% do volume total, ante 35,7% um ano atrás.

Já as importações totalizaram US$ 2,6 bilhões no mês passado, queda de 12,7% ante janeiro de 2014. Na comparação com dezembro, no entanto, as importações subiram 19,2% em janeiro.

O déficit comercial do setor apresentou queda de 2% em janeiro ante o mesmo mês de 2014.

Os dados da Abimaq apontam que o nível de utilização da capacidade instalada do setor, o Nuci, fechou janeiro em 69,8%, um leve crescimento de 0,5 ponto porcentual comparado a dezembro, 69,3%, porém em queda de 6,4 p.p. ante janeiro de 2014, quando a utilização da capacidade instalada era de 76,2%.

Em janeiro o setor empregava 243 mil pessoas, volume 0,3% inferior ao verificado em dezembro. Na comparação anual houve um recuo de 4,8% – foram fechados 12,3 mil postos de trabalho no setor em doze meses.

Fabricantes preveem queda de até 12% para máquinas de construção em 2015

As vendas de máquinas para construção devem apresentar recuo de até 12% neste ano. A projeção foi feita por representantes das fabricantes Case New Holland Construction, John Deere Construction Equipment e Volvo Construction Equipment em workshop realizado pela AutoData Editora na quarta-feira, 25, no Centro de Convenções Milenium, em São Paulo.

Para Afrânio Chueire, presidente da Volvo CE, os anos posteriores às eleições são tradicionalmente mais fracos: “Normalmente os volumes aumentam em anos eleitorais e caem no ano seguinte”.

O executivo avalia que o número de encomendas do governo federal, realizadas pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário, o MDA, cairá cerca de 6% neste ano. “A redução desse volume impactará nos números finais.”

Para Gino Cucchiari, diretor comercial da Case New Holland Construction, a queda das vendas deste ano também será motivada pelas incertezas econômicas: “Passamos por um período de ajustes”.

Segundo os executivos a questão da Petrobras também afetará os negócios do setor, mesmo que de forma indireta. “Temos a maior empresa do País revendo seus investimentos e com uma nova diretoria. É evidente que os negócios vão diminuir”, afirmou o presidente da Volvo CE.

Como as condições de financiamento do PSI Finame só foram definidas no fim de janeiro, as vendas de máquinas começaram efetivamente em fevereiro e desta forma o primeiro bimestre será prejudicado.

Na Volvo CE as vendas iniciaram o ano em queda: “As políticas de financiamento deixaram os consumidores inseguros e já prevíamos o recuo”, disse Chueire. Na CHN Construction as vendas recuaram mais aos concessionários neste primeiro bimestre. “Observamos que a rede está insegura em comprar por medo de aumento dos estoques”, afirmou Cucchiari. “Mas as vendas aos consumidores caíram menos do que o esperado no começo do ano”, salientou.

Já na John Deere 2015 começou de forma mais positiva na comparação com o início do ano passado, mas por uma situação particular. Thiago Cibim, gerente de suporte ao cliente, lembra que a fabricante iniciou a produção em Indaiatuba, SP, em fevereiro de 2014, e assim os volumes neste ano são naturalmente maiores.

Os três executivos, em uníssono, acreditam que o volume de vendas deve apresentar reação a partir de meados de abril. Contudo, a média mensal deve ser inferior a 2014 e assim esse movimento não será suficiente para amenizar a perda anual.

“Olhando mais pra frente nos apoiamos em estudo do BNDES que prevê investimentos totais na economia do País na faixa de R$ 4 trilhões de 2015 a 2018. Uma hora a turbulência vai passar e o País voltará a crescer”, diz o presidente da Volvo CE.

Ritmo de crescimento do agronegócio no País deve diminuir, diz KPMG

Segundo Ana Paula Firmato, sócia da consultoria KPMG, o ritmo de crescimento do agronegócio deve diminuir no País na próxima década. A consultora fez uma palestra durante o workshop realizado pela AutoData na quarta-feira, 25, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo, SP.

Ana Paula afirmou que o ciclo de crescimento de duas casas decimais observado no setor ao longo dos últimos anos terminou: “O agronegócio está altamente condicionado aos preços das commodities. Como a maioria está em baixa isso deve representar um ciclo de menor faturamento e consequentemente haverá menos investimentos”.

A consultora ressalta, no entanto, que apesar de o segmento de agronegócio não viver mais dias de glória ainda há muito potencial. Uma estimativa da ONU aponta que até 2050 a população mundial crescerá dos atuais 7 bilhões para 10 bilhões de pessoas.

“Haverá aumento de 50% da demanda por alimentos e o Brasil será um agente importante para suprir esse crescimento.”

De acordo com a consultora pouco mais da metade da demanda global por alimentos até 2050 será suprida pelo Brasil. “É um número promissor, que ao mesmo tempo causa incertezas.”

Para atender ao novo mercado em expansão o País precisará ampliar sua produtividade e também a área plantada. “A profissionalização dos agricultores também é um fator primordial. Além disso, a evolução da tecnologia das máquinas será fundamental para atender a nova demanda.”

Máquinas Agrícolas: mesmo em queda, um dos melhores anos da história.

O ano de 2015 deverá encerrar com resultado de 10% a 15% abaixo de 2014 nas vendas de máquinas agrícolas – o que não necessariamente é uma notícia ruim: ainda assim, este será o terceiro ou quarto melhor resultado para o segmento em toda história.

Esta foi uma das principais conclusões de painel que reuniu Jak Torretta, diretor de produto da AGCO para América do Sul, João Pontes, diretor de planejamento estratégico da John Deere para América Latina e Rafael Miotto, diretor de portfólio de produtos da CNH Industrial durante o Workshop Tendências Setoriais – Máquinas Agrícolas e de Construção, realizado pela AutoData Editora na quarta-feira, 25, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo.

Diante deste cenário, Pontes confirmou que mesmo em baixa “não se pode dizer que é um mercado ruim”. Miotto acrescentou que o volume esperado para este ano “representa um retorno aos níveis tradicionais, próximos aos registrados em 2012, uma vez que 2014 ainda foi um ano muito bom”.

Os três palestrantes demonstraram especial preocupação com o segundo semestre, pois as atuais condições do Moderfrota, ou Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras, do BNDES, com taxas de juros de 4,5% ao ano para pequenos produtores e 6% ao ano para os demais encerram-se em 30 de junho. “Diante deste cenário pode até ocorrer um movimento de antecipação de compras no segundo trimestre”, avaliou Torretta.

Pontes acrescentou preocupação ainda maior: “Não há verba disponível para atender todo o segmento mesmo até o fim deste período”.

De qualquer forma a previsão de redução de 10% a 15% para o resultado do ano, na visão dos participantes, estima uma recuperação a partir de março, pois o resultado deste trimestre será mais acentuado, em retração de 15% a 20%, em especial devido às condições mais difíceis de crédito para o segmento no primeiro bimestre.

Esta, inclusive, é a principal razão para que os negócios não sejam melhores no ano. “Os principais agentes financeiros não estão trabalhando na mesma velocidade do mercado”, revelou Pontes. Torretta e Miotto lembraram que na primeira grande feira do agronegócio em 2015, o Show Rural Coopavel, em Cascavel, PR, a demanda por aquisição de máquinas foi igual ou até mesmo superior à da edição 2014, mas “o problema é a obtenção de crédito para concretizar o negócio”.

Para os participantes a Agrishow, que acontecerá do fim de abril ao início de maio – portanto às vésperas do segundo semestre – será “o grande termômetro do comportamento do mercado na última metade do ano”.

Outras características relevantes para o segmento foram lembradas pelos painelistas, como a idade média da frota, que para cerca de 40% do total é superior a 20 anos. “No caso das colheitadeiras este índice alcança 48%”, lembrou Torretta, acrescentando que “um equipamento nesta idade tem sua produtividade totalmente comprometida”. Daí existir ainda muita demanda a atender no País.

Miotto ainda recordou a previsão para a atual safra de grãos, de 200 milhões de toneladas, volume recorde e representativamente acima da última safra, 191 milhões de toneladas, e os desafios que ela traz: “O custo do transporte no Brasil é muito elevado e alcança cerca de quatro vezes mais o dos Estados Unidos. Não temos visto muita coisa concreta acontecendo com relação à infraestrutura, apenas boas intenções”.

Torretta lembrou também do aumento de nacionalização de componentes de máquinas agrícolas, que no caso da AGCO cresceu 50% na comparação com três anos atrás, “em boa parte por conta das regras do Finame e da exigência de comprovação de origem em todos os elos da cadeia”. O executivo, entretanto, salientou que “como o volume produtivo é infinitamente menor do que aquele registrado pelo segmento de veículos leves, toda iniciativa de localização de peças precisa necessariamente mostrar que é totalmente viável”.