É difícil acreditar, mas o operador da linha de montagem retratado na foto acima está sentado em uma cadeira. Trata-se de um projeto-piloto realizado na fábrica da Audi em Neckarsulm, na Alemanha, que caso avance poderá revolucionar o que entendemos por ergonomia em uma linha de montagem.
A montadora das quatro argolas batizou o protótipo de ‘chairless chair’, ou algo como ‘cadeira sem cadeira’. Parece um nome estranho, e de fato é, mas o mais estranho é que esta é uma perfeita definição do sistema – ao todo três protótipos da cadeira-que-não-é-bem-uma-cadeira estão em teste.
A estrutura, feita em fibra de carbono, permite que os trabalhadores sentem-se sem que seja necessário, de fato, usar uma cadeira ou banco. Ao mesmo tempo o dispositivo melhora a postura do usuário e reduz a pressão sobre as pernas. Ela pode ser definida como um exoesqueleto adaptado para uso na parte de trás das pernas, preso por tirantes aos tornozelos, joelhos e quadril do usuário. Duas superfícies cobertas de couro apoiam os glúteos e coxas, enquanto duas estruturas feitas de plástico reforçado com fibra de carbono se adaptam ao contorno das pernas.
Elas são articuladas atrás dos joelhos e podem ser ajustadas hidraulicamente para o tamanho do usuário e a posição de sentar desejada, com o peso do corpo transferido para o solo por meio desses elementos ajustáveis.
O conjunto todo pesa apenas 2,4 quilos.
Em comunicado Mathias Keil, chefe de Métodos de Engenharia Industrial da Audi, revelou que a montadora mantém estudos para outras aplicações da estrutura dentro do sistema produtivo da montadora – o processo todo é realizado em parceria com uma empresa suíça. “Esperamos também desenvolver novas aplicações da Chairless Chair para os funcionários com capacidade física reduzida.”
Peter Mosch, diretor do Conselho Geral dos Trabalhadores da Audi, acrescentou, na nota: “Precisamos usar nossa liderança tecnológica também para elevar o bem-estar da força de trabalho. Tecnologias que aliviam a tensão das pessoas são exemplos de como o futuro tem que ser planejado para o bem dos funcionários”.
A partir desta semana os trabalhadores da unidade ganharão experiência com os três protótipos da Chairless Chair nas linhas de montagem do A4 e do A6, de início na fase de pré-montagem do cockpit – área em que os funcionários trabalhavam sempre em pé. A Audi pretende iniciar segunda fase de testes na fábrica de Ingolstadt, em maio. Se tudo der certo, a cadeira-que-não-é-cadeira será utilizada na linha de produção em série.
Os operadores utilizarão a estrutura como se fosse uma espécie de segundo par de pernas, no qual se apoiarão sempre que necessário. Para muitas operações na montagem a Chairless Chair permitirá que eles se sentem em posição ergonomicamente favorável em vez de permanecerem em pé, ainda que o este movimento seja extremamente curto ou rápido.
Assim, as cadeiras e bancos atualmente usados em algumas operações de montagem como auxílio temporário deixam de ser necessários – o que significa que não mais estarão espalhadas pelas áreas da fábrica e que aquelas pessoas atrapalhadas, que sempre estão ao nosso lado, não mais tropeçarão nas mesmas.
A Audi espera ainda que o uso do exoesqueleto reduza o absenteísmo gerado por problemas físicos.