Tipo automóvel

Robôs soldam e pintam carrocerias modernas, feitas de materiais cada vez mais leves para reduzir o consumo de combustível e as emissões. O desenvolvimento dos bancos do veículo, por sua vez, leva em conta aspectos de ergonomia para garantir o conforto a bordo, complementado por ar-condicionado e até wi-fi, em alguns casos.

A apresentação, que até lembra a de um automóvel, é na verdade a de um ônibus urbano, conceito que deve ganhar, ainda que aos poucos, as ruas de todo o País. Municípios em diversas regiões já publicaram cronogramas para instalação de ar-condicionado em suas frotas, o que deve contribuir para acelerar a renovação no transporte urbano.

No município de São Paulo, que abriga a maior frota do País, menos de 1% dos chassis conta com sistema de refrigeração, o que representa uma oportunidade e tanto para a indústria no médio prazo. Segundo portaria publicada em 22 de janeiro, ainda não regulamentada e sem prazo definido, “todos os veículos vinculados aos serviços de transporte coletivo de passageiros deverão ter equipamentos de ar-condicionado”.

Movimentos nesta direção ocorrem em diversos municípios: no Rio de Janeiro 30% da frota circulante têm ar?condicionado e o cronograma prevê salto para 80% até 2016.

Em Fortaleza toda a frota deverá ter ar-condicionado até 2020 e, em Porto Alegre, até 2024. Os prazos podem ser alterados pelos respectivos governos. De todo modo é um sinal positivo para a indústria e para os passageiros.

CONCEITO AMPLIADO – Avanços inicialmente possíveis apenas nos veí­­culos articulados, que circulam em corredores, gradualmente chegam às linhas alimentadoras e até mesmo aos chassis menores, caso do embarque e desembarque facilitados, como conta Silvan Poloni, gerente de vendas da Agrale, que destaca o chassi para micro-ônibus com piso baixo e motorização traseira: “Esse conceito, antes restrito aos corredores, pode ser utilizado em todas as vias urbanas. Ele reduz o tempo de parada nos pontos e, dessa forma, contribui para viagens mais rápidas. Com suspensão pneumática integral, aumenta o conforto”.

Além de piso baixo e suspensão a ar a transmissão automatizada deve aumentar no transporte urbano. Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, revela que hoje 80% das vendas da fabricante são de chassis com transmissão manual, o que deve mudar:

“Nos próximos cinco ou oito anos essa curva será inversa. É um processo gradativo, mas virá”.

Segundo o gerente da Agrale nos últimos anos os avanços no transporte urbano foram inúmeros, “tanto com relação aos agentes que operam os sistemas, como concessionários e permissionários, quanto na legislação que regulamenta a operação, os veículos e a qualidade geral dos serviços aumentou. Adequamos os chassis às normas de emissões, de acessibilidade, de segurança e com sistemas de freios ABS. Tudo para proporcionar conforto e segurança aos passageiros”.

A redução no tempo das viagens, principalmente graças ao tráfego em corredores especiais, deve atrair mais passageiros ao sistema público. E segundo análise de José Antônio Fernandes Martins, presidente da Fabus e diretor da Marcopolo, contará com reforço da conjuntura econômica este ano: “A recomposição de tarifas administrativas e a alta nos combustíveis e energia elétrica pesarão no bolso no consumidor, que deve deixar o automóvel para o fim de semana e preferir os ônibus. Isso deverá ter consequências positivas ao mercado e impulsionar renovações”.

ENCARROÇAMENTO – O primeiro bimestre do ano não representou grandes negócios para as fabricantes de carrocerias de chassis de ônibus.

Para Martins, contudo, o baixo volume nos pedidos de encarroçamento no primeiro bimestre não assusta:

“São meses tradicionalmente fracos, que foram agravados pelas dificuldades de financiar e pelas incertezas na economia. O que motiva os empresários é a confiança no governo e, após as últimas medidas, isso tem aumentado. O mercado urbano vem se recompondo e está comprador. Creio que os corredores continuarão aumentando no Brasil”.

Para Maurício Cunha, diretor industrial da Caio Induscar, “quando os indicadores econômicos apontarem estabilidade do mercado haverá uma retomada da demanda normal de produção”.

Mas enquanto ela não vem fabricantes de carrocerias aguardam com estrutura pronta para combinar customização e competitividade.

A Comil investiu mais de R$ 110 milhões em sua operação em Lorena, SP, e a Volare, unidade independente da Marcopolo, R$ 35 milhões em São Mateus, ES. O aporte deverá chegar a R$ 100 milhões ao final do projeto.

Em Lorena a aposta foi no princípio de consórcio modular e automatização: lá 75% dos serviços de solda são feitos por robôs, também usados na pintura. Além disso a fábrica está estrategicamente localizada perto dos principais fornecedores de chassis e mercados consumidores de ônibus urbanos: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo respondem por 66% deste segmento.

Já a Volare, no ES, chega para reduzir custos de logística e também ampliar a competitividade.

O projeto conta com alto nível de automação e processo linear de produção que permite a montagem de conjuntos e kits in loco para abastecer a linha de montagem em tempo real, com significativa redução na movimentação dos veículos.

Volume de recursos para financiamento de veículos cresceu 1,3% em 2014

O volume de recursos liberados para financiamentos de veículos aumentou 1,3% em 2014, apesar da retração de 7,2% nas vendas observada no mercado. Segundo dados divulgados pela Anef o montante foi de R$ 118,9 bilhões ante R$ 117,5 bilhões verificados em 2013.

O CDC foi responsável por puxar este aumento, com volume de R$ 115,6 bilhões, alta de 1,4% sobre 2013. No caso do leasing houve retração de 3,9%, para total de R$ 3,3 bilhões liberados em 2014.

Dos automóveis e comerciais leves licenciados em 2014, 53% foram financiados, 7% adquiridos via consórcio, 2% por arrendamento em leasing e 38% comprados à vista.

No caso de caminhões e ônibus o Finame representou 74%, o consórcio 2%, financiamento 11% e leasing 1%, enquanto os comprados à vista representaram 12% do montante.

Por sua vez as motocicletas foram adquiridas 34% via consórcio, 33% por financiamento e 33% comprados à vista. Os planos máximos oferecidos pelos bancos aos consumidores ficaram em 60 meses.

O índice de inadimplência fechou em queda: em dezembro de 2014 verificou-se 3,9% de atraso nos pagamentos de pessoa física sobre o saldo da carteira de financiamento, o que significa retração de 1,3 ponto porcentual em relação ao mesmo período de 2013.

Em nota o presidente da Anef, Décio Carbonari, afirmou neste ano a curva, que apresentou queda significativa nos últimos dois anos, deverá reverter esta tendência:

“Em janeiro a taxa já foi maior do que a vista um ano antes. Infelizmente o novo cenário econômico faz supor que o volume de pagamentos em atraso voltará a crescer nos próximos meses.”

O ano encerrou com taxas mais elevadas em comparação ao acumulado de 2013. Em dezembro de 2014 a média das taxas praticadas pelas associadas da Anef foi de 1,4%. Um ano antes o índice era de 1,2%.

As taxas anuais também apresentaram alta no período: de 16,3% para 18,1%. Ainda segundo Carbonari, os juros devem seguir o movimento de alta neste ano, acompanhando a taxa Selic.

Vendas de pneus caem 3,4% no bimestre

As vendas de pneus iniciaram o ano em queda segundo dados divulgados pela Anip na terça-feira, 17. No primeiro bimestre foram comercializadas no País 12 milhões de unidades, volume 3,4% menor em relação ao mesmo período de 2014, quando foram vendidos 12,4 milhões de pneus.

Em nota o presidente da Anip, Alberto Mayer, ressaltou que a principal queda no mercado interno ocorreu nos pneus de carga – aqueles destinados a caminhões e ônibus – que teve volume 40,9% menor em relação ao ano passado. “Isso reflete o desaquecimento da economia e as dificuldades dos caminhoneiros e transportadores em modernizar a frota.”

Para Mayer este será um ano difícil para a indústria. “Nossa expectativa é que o governo aproveite este período para criar condições de ampliar a competitividade industrial brasileira, de modo que possamos ter um início de reação dos mercados que seja consistente e crescente para termos um 2016 mais promissor”, considerou no comunicado.

Entretanto a produção brasileira de pneus no primeiro bimestre teve um ligeiro crescimento, passando de 11,7 milhões de unidades em 2014 para 11,8 milhões em 2015. De acordo com a Anip o resultado é decorrente do “esforço da indústria em não parar a produção nas fábricas”. A associação avalia que as vendas não acompanharam a produção de forma proporcional, ocasionando o aumento do estoque nas fábricas.

Ainda segundo a Anip o desaquecimento da economia e a alta do dólar também levaram a queda de 29,6% das importações de pneus novos no primeiro bimestre de 2015 em relação ao mesmo período do ano anterior, passando de 5,3 milhões para 3,7 milhões de unidades.

As importações das fabricantes associados à Anip apresentaram queda mais brusca, de 37,7%, passando de 1,1 milhão de unidades no primeiro bimestre de 2014 para 716 mil neste ano.

Da mesma forma o segmento de exportações registrou perda de 17% nos dois primeiros meses do ano, passando de 2,2 milhões para 1,8 milhões de pneus, fato decorrente, em especial, da diminuição de 29,5% nas vendas à Argentina.

Renovação pede passagem

A frota de ônibus urbanos envelhece no Brasil. Desde as manifestações populares em junho de 2013 centenas de veículos foram queimados em protestos por melhores condições no transporte público, manutenção de tarifas e, em alguns pontos do País, por reformas políticas.
Empresários de diversos municípios postergaram investimentos em aquisições e, em meio à aguardada virada de mercado e retomada de vendas, 2015 começou com boas notícias para o segmento de chassis de ônibus.

Enquanto os comparativos da indústria automotiva em geral apontaram queda em janeiro deste ano com relação ao mesmo período de 2014, os licenciamentos do segmento total de ônibus [urbanos e rodoviários] avançaram 8%, segundo números da Anfavea.

Foram negociados 1 mil 875 chassis de ônibus no primeiro mês deste ano versus 1 mil 735 em janeiro do ano passado. No caso específico dos urbanos as vendas atingiram, respectivamente, 1 mil e 10 unidades e 539, com o expressivo crescimento de 87,4%. Um resultado que pode indicar o retorno à trajetória positiva no transporte coletivo.\

Luís Carlos Pimenta, presidente da Volvo Bus Latin America, garante que há indícios de “que tudo retornará ao seu caminho”. E justifica: “O reajuste das tarifas foi feito em diversos municípios, tal como esperávamos. Isso deve motivar o empresário a investir em renovação de frota. Além disso o fato de estarmos em ano que precede eleições municipais também é positivo, pois tradicionalmente é neste perío­do que ocorrem muitas compras”.

VIÉS DE ALTA – Apesar da queda de 10% no acumulado do ano passado, quando foram emplacados 15,3 mil ônibus urbanos no País, segundo a Fabus, Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, o segmento vem mostrando recuperação desde setembro. De janeiro a agosto as vendas caíram 17,6% ante o mesmo período de 2013, enquanto de setembro a dezembro houve alta de 7,7% no mesmo comparativo.

Com relação a 2015 Pimenta evita traçar projeções absolutas para o mercado e afirma, por ora, aguardar estabilidade com viés de alta na comparação com 2014: “É importante destacar que os licenciamentos de janeiro e fevereiro dizem respeito aos chassis faturados de setembro a novembro do ano passado, considerando o intervalo para o encarroçamento”.

Segundo o executivo, no período ocorreu antecipação de compras: “Já se sabia que as condições do Finame mudariam em 2015 e, dadas as dificuldades operacionais da linha do BNDES neste início de ano, as vendas fracas de janeiro terão reflexos em março”.

Mesmo com a baixa esperada Pimenta está confiante: “A partir do segundo trimestre a tendência é a de crescimento nas vendas de ônibus. Principalmente com a mencionada questão da sazonalidade das eleições municipais, que deve ocorrer se mantida a lógica de mercado”.

Para Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da MAN Latin America, o mercado deste ano “será equivalente ou um pouco melhor que o do ano passado”. Ele argumenta:

“A média dos empresários em todo o País não renova frota há dois ou três anos e precisa atender às legislações locais de idade dos veículos. Dessa maneira deve-se iniciar um movimento com prefeituras e órgãos gestores”.

Já uma alta consistente de vendas de ônibus depende, na análise de Alouche, das compras do governo voltadas ao programa Caminho da Escola:

“Se o governo federal licitar e comprar um volume adicional de chassis o mercado crescerá. No ano passado foram cerca de 2 mil veículos. A nova licitação ainda não ocorreu e a expectativa é a de que aconteça até o início do segundo trimestre”.

SUBSTITUIÇÃO – Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, pondera que novas compras ocorrerão, sim, neste ano com o objetivo de renovar as frotas municipais.

A tendência, porém, é a de que um chassi articulado substitua outros três convencionais, o que pode não ser tão representativo em termos de alta comparativa de volumes.

“Praças como São Paulo e Rio de Janeiro, que estão dentre as maiores do País, devem optar cada vez mais por corredores e BRTs. Ou seja: menos carros para transportar mais passageiros com mais conforto e rapidez e menos emissões. Por isso estimo volume no máximo igual ao do ano passado, o que não é negativo sob esta ótica da evolução do transporte.”

Humberto Spinetti, diretor de negócios de ônibus e veículos de defesa da Iveco para a América Latina, concorda com a evolução no transporte urbano: “Novas exigências, como ar-condicionado, devem contribuir com a renovação de frota”.

Sílvio Munhoz, diretor de vendas de ônibus urbanos da Scania, também aposta no que chama na nova estrutura de transporte:

“Cidades paulistas de médio porte deverão adotar o BRT em breve. Santos e Sorocaba sinalizam que utilizarão os corredores, enquanto a bilhetagem eletrônica se espalha rapidamente. O aumento da capacidade e da qualidade do transporte público é uma pressão positiva”.

Guy Rodriguez deixa a operação de caminhões da Ford

O argentino Guy Rodriguez deixou no mês passado a diretoria da operação de caminhões da Ford, cargo que ocupava desde 2013, quando Oswaldo Jardim retirou-se da companhia. O executivo agora é o diretor de vendas, marketing e serviços da Ford, no lugar de Jorge Chear, que se aposentou.

Rodriguez assumiu a Ford Caminhões às vésperas do lançamento dos Cargo 2042 e 2842, os primeiros modelos extrapesados da marca no mercado brasileiro. Conduziu também o retorno da Série F ao portfólio da companhia, após mais de dois anos de ausência.

Uma fonte muito próxima à Ford afirmou à reportagem da Agência AutoData que o substituto de Rodriguez na diretoria de operações de caminhões será anunciado futuramente. Procurada a companhia não se manifestou até o início da noite de quinta-feira, 16.

Antonio Baltar, gerente de nacional de marketing e vendas da Ford Caminhões, vem sendo o novo porta-voz para os assuntos relativos à divisão.

Premiação – Rodriguez e Baltar participaram da entrega do Chairman’s Award e do Prêmio PESO, Programa de Excelência e Suporte Operacional, em evento que reuniu os 140 concessionários da Ford Caminhões no Brasil, em São Paulo.

Criado em 2003, o Prêmio PESO classifica os distribuidores em quatro categorias: Diamante, Ouro, Prata e Bronze. A pontuação que define essa classificação é obtida por meio de avaliação de quesitos como qualidade das instalações, serviços, peças, vendas e satisfação dos clientes.

Em 2014 foram premiados 43 distribuidores, sendo seis na categoria Diamante: Someval, de Tubarão, SC, Konrad Caxias, de Caxias do Sul, RS, Forpasso, de Passo Fundo, RS, Avecam, de Umuarama, PR, Konrad Cascavel, de Cascavel, PR, e Konrad Paraná, de Maringá, PR.

Os três melhores avaliados – Someval, Konrad Caxias e Forpasso – foram agraciados com o Chairman’s Award, prêmio máximo da Ford para os distribuidores que alcançam as melhores notas no atendimento.

Anfavea abre a semana com três reuniões com o governo

Luiz Moan, presidente da Anfavea, iniciou a semana com uma série de três reuniões com representantes do governo na segunda-feira, 16. O executivo, que não revelou com quais dirigentes esteve tampouco as pautas debatidas, afirmou apenas que saiu “esperançoso” dos encontros.

Moan anunciou a agenda cumprida, ainda que timidamente, durante sua participação no Seminário Compras Automotivas 2015, realizado pela AutoData Editora no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo.

Após um primeiro bimestre negativo no mercado automotivo, o executivo antecipou que as vendas continuam “reprimidas” na primeira quinzena de março, o que deverá se demonstrar na revisão das projeções para o setor automotivo da associação para o ano. Mas há alento:

“Voltamos aos volumes de 2009. Alterei meu horário de participação no seminário justamente em razão das reuniões. Elas foram positivas, vim para cá mais esperançoso.”

Durante sua participação no Compras Automotivas, Moan pormenorizou ainda as propostas do projeto Tríplice Fronteira, já antecipado com exclusividade à AutoData em 25 de fevereiro. Entregue ao governo há cerca de um mês este é, na análise do executivo, essencial para promover aumento da competitividade de autopeças e sistemas nacionais e, consequentemente, dos veículos produzidos na região.

“Criar uma zona de produção de componentes sem similar no Mercosul é a maneira mais rápida de atrair investimentos. A ideia é formar um polo de produção na região que engloba as fronteiras de Argentina, Brasil e Paraguai. É uma ideia para se ter base produtiva de peças de maior valor agregado, caso de eletrônicos e conjuntos como transmissão automática.”

Ele completou: “Precisamos dar um salto com a produção de autopeças com mais tecnologia. É preciso gerar maior competitividade no mercado interno e, com o ganho de escala, auxiliar as exportações”.

Moan revelou que pretende juntar esforços com o Sindipeças, a indústria de plástico e a Abinee, Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica. Ele evitou, porém, traçar estimativas para a conclusão do projeto: “Depende de outros anúncios que o governo deve fazer”.

Na pauta da Anfavea está também o plano nacional de exportações. Estes frutos, no entanto, não devem ser colhidos no curto prazo:

“No setor isso não é feito de um dia para o outro. É preciso ter peças a custo competitivo, buscar o cliente e refazer o projeto do veículo para os diferentes mercados, pois cada país tem uma característica, além do preparo do pós-vendas. Assim, o início da exportação leva de cinco a seis meses.”

Recentemente o presidente reuniu-se com dirigentes da Argentina para discutir o acordo bilateral automotivo, que vence em 30 de junho, e também de Colômbia e Peru para tratar de programas de exportações.

O presidente ainda reiterou a importância do Inovar-Auto: “Sem o programa a participação de mercado dos importados hoje estaria em 40%, e felizmente este ano devemos ficar em 16%”.

Ele destacou que na esteira do programa vieram numerosos lançamentos de modelos “em princípio com autopeças e componentes importados, mas com cronograma para nacionalização”. Moan também debateu a necessidade da criação de um programa de proteção ao emprego mais amplo que o atual. “Em vez de layoff, que obriga a paralisação de 100% das atividades, propusemos a redução de jornada e, proporcionalmente, de salário, para adequar o nível de produção a um momento específico de mercado em baixa.”

O Brasil é maior do que o buraco, diz Butori

O setor de autopeças deve ter queda de produção inferior ao das montadoras, compensando parte da redução das vendas diretas para a indústria com aumento de exportação e melhor desempenho no mercado de reposição. O comentário foi feito na segunda-feira, 16, pelo presidente do Sindipeças, Paulo Butori, durante o Seminário AutoData Compras Automotivas:

“Tradicionalmente as montadoras respondiam por 55% a 50% do nosso faturamento, enquanto 25% a 30% advinha do aftermarket e o restante das exportações. Nos últimos anos a fatia dos negócios OEM subiu para 65% a 70%. Agora estamos no movimento reverso e nosso futuro está na reposição e na exportação”.

Segundo Butori, inclusive, este perfil tende a ser mais lucrativo, visto que os fornecedores têm grandes dificuldades de repassar custos para as montadoras, o que não acontece na mesma intensidade nos demais segmentos. O executivo informou ainda que está trabalhando com números similares ao da Fenabrave quanto às projeções do mercado interno este ano, que indicam queda de 15% nos negócios com automóveis e 25% nos caminhões.

Ao reconhecer que a crise do momento é maior do que se esperava inicialmente, Butori destacou que “o Brasil é maior do que o buraco, tudo passa”. Comentou ainda que “vamos sofrer muito”, avaliando que 2016 será um pouco melhor que 2015, mas ainda difícil, s só em 2017 virão dias efetivamente melhores: “Vai haver acomodação, muitas empresas vão sangrar, algumas vão quebrar. Mas também têm as que vão crescer”.

O presidente do Sindipeças insistiu na análise de que o Inovar-Auto não favoreceu como deveria a produção local da indústria de autopeças, acreditando que a partir de agora, em função da valorização do dólar, esse processo possa ser acelerado: “Talvez passe por aí um aumento da nossa produção. Tem muita nacionalização acontecendo por causa da taxa de câmbio”.

Butori chegou a admitir que o déficit comercial do setor poderá até cair este ano. A indústria de autopeças, que havia registrado superávit de US$ 2 bilhões em 2004, foi perdendo competitiva e encerrou 2013 com déficit de US$ 10,5 bilhões, valor ampliado para US$ 14 bilhões no ano passado. Sem falar em números absolutos, insistiu que tudo indica que haverá crescimento das exportações e, em consequência, redução do déficit.

Mercedes-Benz projeta venda de apenas 90 mil caminhões este ano

O diretor de compras da Mercedes-Benz do Brasil, Erodes Berbetz, surpreendeu a plateia do Seminário Autodata de Compras Automotivas, na manhã da segunda-feira, 16, ao revelar projeção de vendas de caminhões para este ano de apenas 90 mil unidades. Tal volume representaria queda de 35% sobre as 139 mil do ano passado e meta dos emplacamentos de 2012.

“É uma redução muito grande e nossos fornecedores já estão visualizando esses números em nossas programações. Estamos nos adequando e esperamos que eles façam o mesmo. Se não vier nenhuma medida, como renovação de frota, por exemplo, vamos ficar nisso”.

Com 450 fornecedores ligados diretamente à produção, a Mercedes-Benz está adotando nova política de compras. “Nosso objetivo é reduzir esse número em cerca de 20% nos próximos três a quatro anos”, informou Placeres. “Trabalhamos com muitos fornecedores de um mesmo componente ou do mesmo segmento. Estamos agrupando as compras e consolidando o vínculo com os escolhidos. Com operações menos complexas ganhamos velocidade. O processo já está em andamento.”

O executivo também informou que o dólar atual vai favorecer o aumento do conteúdo local dos produtos da Mercedes-Benz: “Componentes feitos aqui passam a ter, agora, competitividade global”.

Mas com relação ao peso do atual valor do dólar nos preços dos fornecedores o diretor de compras destacou que a empresa não aceitará indexação direta, ou seja, repasse da alta da moeda estadunidense no custo das peças: “Eu não consigo aumentar o preço do caminhão e, por isso, não posso aceitar reajustes automáticos dos fornecedores”.

Berbetz fez questão de dizer que apesar dos problemas do momento a Mercedes-Benz continua acreditando no País, tanto é que mantém investimentos de R$ 2,5 bilhões no período 2014/2015, dos quais o montante de R$ 1 bilhão destinado à fábrica de São Bernardo do Campo, SP, que passará por completo remodelamento de sua logística interna.

Quanto à fabrica de automóveis em Iracemápolis, no Interior paulista, o diretor da Mercedes-Benz garantiu que o projeto está a todo vapor. Passado o processo de autorização de licenças e documentos afins será iniciada agora a fase da terraplanagem: “A produção será iniciada no primeiro quadrimestre de 2016 e já estamos negociando com algumas autopeças a formação de um parque de fornecedores lá. Mas não posso, por enquanto, revelar pormenores deste projeto e nem o número de parceiros locais”.

Fornecedores preveem recuperação da indústria em dezoito meses

Representantes da Basf, Rhodia e Pirelli foram unânimes durante o Seminário Compras Automotivas da AutoData: a recuperação do mercado automotivo só virá em dezoito meses.

O evento foi realizado na segunda-feira, 16, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo, SP.

Na avaliação dos fornecedores a retomada econômica do País depende do sucesso das medidas anunciadas recentemente pelo governo federal. No entanto, eles acreditam que levará mais de um ano até que seja possível notar uma recuperação.

Para Marcelo Leonessa, vice-presidente de compras da Basf, a indústria automotiva deve se recuperar até o final de 2016. “Acredito que vamos observar um novo patamar, diferente dos recordes que estávamos vivenciando. Mesmo assim ainda será um mercado interessante.”

Segundo Marcos Curti, diretor geral da Rhodia, tem sido difícil explicar o momento econômico do Brasil para a matriz francesa da empresa química. “Em 2009 o País estava em alta e era fácil aprovar investimentos por aqui. Porém, nas últimas reuniões perdemos relevância e somos sempre os últimos a falar. É difícil explicar o que aconteceu aqui.”

O executivo afirmou que apesar de a economia passar por ciclos, a situação do Brasil é diferente. “Aqui as medidas são sempre emergenciais e não estruturais. Por isso vivemos sempre a espera de uma nova crise e no meio tempo alçamos voos de galinha, sabendo que vamos cair.”

Roberto Fernando Ruoppolo, diretor de equipamento original da Pirelli, ressaltou a relevância do País nos negócios globais da fabricante de pneus. “Isso tem a parte do ônus e da honra. Estamos sempre no radar da matriz, mas tem sido difícil apresentar resultados. Infelizmente teremos de fazer ajustes que não gostaríamos por aqui.”

Na avaliação dos executivos o câmbio instável é uma das principais preocupações. “É difícil não repassar custos quando 80% da matéria prima da Pirelli é importada”, afirmou Ruoppolo.

O aumento dos custos trabalhistas e das tarifas de energia elétrica e água também são queixas recorrentes. “Em 2014 ficamos com a produção paralisada por 45 dias na unidade de Paulínia por falta de água”, disse Curti, da Rhodia.

FCA: segundo parque de fornecedores em Goiana até 2017.

O segundo parque de fornecedores da FCA, Fiat Chrysler Automobiles, em Goiana, PE, ficará pronto em cerca de dois anos, revelou Roger Dias, diretor adjunto de compras da FCA para a América Latina.

O presidente do Grupo para a América Latina, Cledorvino Belini, já havia abordado o tema durante o Congresso AutoData Perspectivas 2015, em outubro do ano passado, porém naquela ocasião não divulgara pormenores, como a data de início das atividades.

De acordo com Dias o processo de escolha dos fornecedores para o novo empreendimento já foi iniciado. “O espaço fica a cerca de 40 quilômetros da fábrica e permitirá a instalação de aproximadamente vinte empresas.”

O executivo falou sobre os desafios da nacionalização de componentes durante o Seminário Compras Automotivas da AutoData, realizado na segunda-feira, 16, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo.

De acordo com Dias o primeiro parque de fornecedores que atende a unidade de Pernambuco já está em pleno funcionamento. O local é composto por doze edifícios, dezesseis fábricas e dezessete linhas de produtos. “O índice de nacionalização da unidade já parte de 80%, sendo 40% vindo de dentro do próprio parque.”

Há um mês a fábrica de Goiana começou a produzir o Jeep Renegade, que começa a ser vendido em abril. “O objetivo é que com o segundo parque esse índice cresça ainda mais.”

Segundo o executivo a instalação dos fornecedores nos arredores da fábrica possibilita ganhos logísticos e agilidade nos processos. “Ficamos menos dependentes da infraestrutura do País. Já temos uma experiência positiva em Betim, MG, e acreditamos que esse seja o melhor formato para evitar perdas.”

Em Minas Gerais um terço dos fornecedores está instalado em um raio de 130 quilômetros da fábrica, que tem capacidade produtiva anual de 800 mil unidades e índice de nacionalização de 94%. “Só não ampliamos esse número ainda porque não há tecnologia nacional para alguns dos componentes.”

Dias garantiu que o índice elevado não é considerado uma barreira para novos avanços do conteúdo local. “Trabalhamos diretamente com os fornecedores, pois sabemos que muitos deles importam até 50% do conteúdo. A intenção é auxiliar no processo de nacionalização de toda a cadeia a fim de obtermos uma produção de fato nacional.”