Chineses preparam aquisição da Pirelli

A ChemChina, estatal chinesa do segmento químico, anunciou na segunda-feira, 23, a aquisição de 26,2% das ações da tradicional fabricante de pneus italiana Pirelli, em transação que poderá chegar a US$ 7,7 bilhões, de acordo com a agência de notícias Reuters.

A negociação ocorrerá por meio de uma subsidiária da companhia chinesa, a CNRC, China National Tire & Rubber, que comprará as ações da holding Camfin, atual detentora do porcentual de ações envolvidas na transação, e lançará posteriormente uma oferta de aquisição obrigatória pela fatia restante a € 15 por ação.

Quinta maior fabricante de pneus do mundo, a Pirelli possui mais de 140 anos de história e faturou no ano passado mais de € 6 bilhões em 160 países. É líder em fornecimento de pneus no segmento premium e única fornecedora do produto para a Fórmula 1.

A CNRC lidera o mercado chinês de pneus radiais. Em comunicado, afirmou que “a aquisição criará um valor industrial de longo prazo no setor, fortalecer os planos de desenvolvimento da Pirelli, reforçar a cobertura em zonas geográficas estratégicas e, a partir da integração, permitir à empresa dobrar seus volumes na indústria de pneus”.

Marco Tronchetti Provera, CEO da Pirelli, procurou tranquilizar os funcionários em comunicado divulgado internamente, ao qual a Agência AutoData teve acesso. “O acordo com os chineses não gerará impacto nos empregos. A parceria com a ChemChina traz a oportunidade de a companhia tornar-se maior e entrar de maneira mais efetiva no mercado asiático.”

Segundo o executivo todas as propostas sobre gerenciamento, estratégias e escolha dos diretores continuarão sob a responsabilidade do CEO da Pirelli e a matriz e a área de pesquisa e desenvolvimento seguirão na Itália. “O parceiro chinês não tem intenção, como se pode notar tanto no texto do acordo quando nas cláusulas do estatuto, de interferir no gerenciamento operacional do Grupo.”

Cummins projeta redução de 16% na produção de motores em 2015

A unidade da Cummins em Guarulhos, SP, deverá produzir 45 mil motores neste ano. A previsão é de Luis Pasquotto, presidente da Cummins América do Sul e vice-presidente da Cummins, e representa queda de 16,6% na comparação com as 54 mil unidades saídas das linhas no ano passado.

Segundo o executivo a empresa já previa arrefecimento do mercado no fim de 2014, mas em menor proporção:

“Tanto que fizemos ajustes na força de trabalho naquele período, com demissão de 145 pessoas da unidade de motores. Para nossa surpresa, contudo, o mercado está menor do que prevíamos, então teremos treze sextas-feiras sem produção ao longo do ano.”

Pasquotto revelou que minutos adicionais de trabalho serão adotados para compensar esses dias de paralisação das linhas caso o mercado retome patamares mais elevados no segundo semestre ou mesmo em 2016.

“Por enquanto não há previsão de férias coletivas. Se a economia se deteriorar teremos que tomar alguma outra ação, mas por ora não há nenhuma previsão. Esperamos que este já seja o fundo do poço. Não posso dizer com clareza que o segundo semestre será melhor, mas temos esta esperança.”

A estimativa de mercado da Cummins para o mercado total de caminhões é de 100 mil unidades, mas isso “sendo pessimista. Em uma projeção otimista podemos chegar a 115 mil”. Para os ônibus a previsão da fabricante é de queda de 8% em relação ao ano passado.

A operação brasileira da empresa, somadas as divisões de motores, geração de energia, componentes e distribuição, conta com 1,9 mil funcionários.

Os recém-nacionalizados motores ISF 3.8 deverão representar 15 mil dos 45 mil produzidos em Guarulhos neste ano. Eles destinam-se a picapes, caminhões e ônibus leves.

“O ISF 3.8 tem 340 peças, sendo que 162 já são locais e outras 80 serão nacionais até o fim do ano”, destacou o presidente.

Em 2016 será a vez do ISF 2.8 ser feito localmente. Mas mesmo com o aumento do portfólio local, se confirmadas as perspectivas de Pasquotto a unidade fabril utilizará apenas 40% de sua capacidade produtiva, em que é de 111 mil unidades.

Com espaço vago a unidade passa por mudanças. No ano passado recebeu investimento de US$ 34,7 milhões e está em ciclo de US$ 50 milhões que começou em 2011, sem contar os US$ 11 milhões destinados à nacionalização de motores.

“São aportes que ampliam a produtividade e que serão complementados por investimentos adicionais em salas de teste.”

O projeto de construção da fábrica em Itatiba, Interior de São Paulo, por sua vez, foi cancelado.

“Em 2010, quando anunciamos, tínhamos o objetivo de exportar e prevíamos que precisávamos de espaço extra. Mas o País perdeu competitividade. Para dar um exemplo, levar um gerador de energia da Índia para a Venezuela é mais vantajoso que a partir do Brasil. De qualquer forma temos o espaço em Guarulhos, decorrente da queda de mercado.”

Toyota terá terceiro turno para forjaria em São Bernardo

A fábrica da Toyota de São Bernardo do Campo, SP, ganhará um terceiro turno de produção na área de forjaria. De acordo com comunicado da montadora a Toyota expandirá a produção de bielas e virabrequins para atender a fábrica de Porto Feliz, que será responsável pela fabricação dos motores 1.3L e 1.5L do Etios, a partir do primeiro semestre de 2016.

Atualmente a forjaria do ABC exporta bielas e virabrequins para as fábricas da Toyota nos Estados Unidos, que montam os modelos Corolla e Camry. São produzidos cerca de 3,9 milhões de unidades de bielas e mais 700 mil virabrequins por ano.

Segundo a nota da empresa, com a entrada em operação de terceiro turno e o consequente abastecimento a Porto Feliz, os acréscimos de produção para cada componente será na ordem de 10% para as bielas e de 14% para os virabrequins.

A Toyota não informou, no entanto, quantos empregos serão gerados e nem quando a operação em terceiro turno começará na unidade do ABC.

Na segunda-feira, 23, a montadora realizou cerimônia para marcar projeto de revitalização da unidade de São Bernardo do Campo – a primeira fábrica da Toyota fora do Japão –, inaugurada em 1962.

Batizado de São Bernardo Reborn, o projeto demandou investimento de R$ 19 milhões e contempla a criação do terceiro turno e da transferência da sede administrativa da Toyota de São Paulo para o ABC – desde fevereiro 170 funcionários administrativos, antes alocados na região da Berrini, na Zona Sul de São Paulo, se uniram aos 1,3 mil trabalhadores da fábrica do ABCD.

Na cerimônia estiveram presentes o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e o presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.

Durante a cerimônia a Toyota também celebrou compromisso com o sindicato local e com os trabalhadores da unidade, no qual promete aprimorar os processos produtivos e aumentar a competitividade da Toyota perante a indústria automotiva nacional e global.

“Dessa forma a Toyota quer fazer valer um de seus principais valores, que é a contribuição contínua para o desenvolvimento da economia e da sociedade dos países onde atua”, afirmou em comunicado Steve St. Angelo, CEO para a América Latina e Caribe e chairman da Toyota do Brasil.

AutoData apresenta as megatendências do setor automotivo

Uma fase como atual, de tamanhas e tão rápidas mudanças conceituais e tecnológicas no setor automotivo – tanto em termos locais quanto globais – permite projetar, sem medo de errar, que são gigantescas as modificações pelas quais passará essa indústria nos próximos dez a quinze anos. Dos veículos em si aos materiais utilizados, passando pelos processos de produção e até de comercialização. 

O tema é tão importante e amplo que mereceu uma edição especial de AutoData. Esta publicação tem exatamente o objetivo de buscar identificar quais serão as principais megatendências a definir os novos contornos do setor automotivo e de seus produtos neste futuro que nem está mais tão distante.

A edição especial já está disponível para acesso on-line por computadores, smartphones e tablets, em diversos formatos à escolha do leitor.

Para computadores pode-se acessar a edição Megatendências pelo sistema vira-página: basta acessar o Portal AutoData pelo www.autodata.com.br e a seguir clicar, no menu horizontal em azul, em Publicações >>> Guias Digitais (ou clique aqui). Quem preferir pode realizar o download completo da edição em PDF, disponível na mesma página (ou clique aqui).

Em smartphones e tablets basta acessar o aplicativo Revista AutoData no próprio aparelho e abrir a edição, disponível na opção Guias do app – clique no ícone que representa um livro, no canto esquerdo alto, para localizá-la. Se você ainda não tiver o aplicativo instalado, basta fazer o download gratuito: o app está disponível na App Store, para aparelhos com sistema operacional iOS, como iPhones e iPads, e na Play Store, para dispositivos que utilizam-se de sistema Android.

Nos dois casos não é necessário nenhum uso de login ou senha: o acesso é totalmente livre.

Em 60 páginas, a edição AutoData Megatendências traz a visão de diversos executivos e especialistas do setor sobre o tema, incluindo o presidente da Anfavea, Luiz Moan. As matérias estão divididas por temas: Veículos leves, Veículos pesados, Produção, Sistemistas, Componentes e Distribuição – há ainda entrevista e artigo.

Volkswagen: 22 milhões de modelos produzidos no Brasil

Às vésperas de completar seus 62 anos de Brasil, a Volkswagen alcançou na tarde de sexta-feira, 20, importante marco em sua história: o Fox Highline azul que saiu das linhas de montagem de São José dos Pinhais, PR, foi o modelo de número 22 milhões produzido no País.

Tal volume de produção só foi alcançado, além do Brasil, na Alemanha, país-sede da montadora de Wolfsburg. Desses 22 milhões de modelos fabricados por aqui mais de um terço, ou 7,5 milhões de unidades para ser mais exato, foram do Gol, modelo mais vendido no mercado brasileiro por 27 anos consecutivos.

Outro dado significativo é o volume de exportações da VW no período: 3,3 milhões de unidades para mais de 147 países, das quais quase 1,3 milhão do Gol.

Em comunicado o presidente da VW brasileira, David Powels afirmou que o marco traduz a seriedade e compromisso da companhia com o País. “É um marco histórico que evidencia a importância do mercado brasileiro, onde vamos investir R$ 10,8 bilhões até 2018, em novos produtos e tecnologias com foco em uma produção ainda mais sustentável em nossas fábricas. Ao completar 62 anos com 22 milhões de veículos produzidos tenho certeza de que a Volkswagen está preparada para os próximos 22 milhões”.

A Volkswagen possui mais de vinte modelos em seu portfólio local de produtos e mais de 600 concessionárias espalhadas pelo Brasil. São mais de 20 mil empregados em suas quatro fábricas.

Os 62 anos de presença no Brasil serão comemorados na segunda-feira, 23. Atualmente a companhia passa por um importante processo de globalização tecnológica, em que procura aproximar as plataformas e tecnologias aplicadas no mercado nacional ao que de melhor oferece globalmente. Exemplos já colocados no mercado são a família de motor EA211, produzida em São Carlos, SP, e a linha do up!, que sai da fábrica de Taubaté, SP.

Até o fim do ano outros dois modelos dentro desse conceito começam a ser oferecidos por aqui: os novos Golf e Jetta, atualmente importados, serão produzidos em São José dos Pinhais, PR, e São Bernardo do Campo, SP, respectivamente.

General Motors: segundo PDV do ano em São Caetano.

A General Motors anunciou na sexta-feira, 20, a abertura de um programa de demissão voluntária, PDV, na unidade de São Caetano do Sul, SP. Os funcionários podem aderir até o dia 24 de março.

Este é o segundo PDV que a montadora abre na fábrica do ABC neste ano – um outro já havia sido anunciado em fevereiro.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, o primeiro programa contou com a adesão de apenas quarenta trabalhadores apesar de oferecer, além dos salários proporcionais ao tempo de empresa, um Chevrolet Prisma para os funcionários que aceitassem deixar a empresa e tivessem alguma restrição médica ou estabilidade de emprego.

Desta vez quem aceitar o PDV será bonificado com até sete salários nominais, de acordo com o tempo de atuação na montadora. Para Francisco Nunes, vice-presidente do sindicato, este programa atrairá ainda menos funcionários do que o primeiro PDV. “As condições são pouco atrativas e neste momento é arriscado ficar sem emprego.”

Em nota a GM confirmou a abertura do PDV para empregados horistas e informou que “a medida tem como objetivo adequar a produção à atual demanda do mercado”.

Atualmente 950 trabalhadores da unidade do ABC estão afastados, cerca de 9% da força de trabalho daquela fábrica, que emprega cerca de 11 mil funcionários.

O último grupo, de cem metalúrgicos, foi notificado em meados de janeiro sobre o afastamento e deve retornar ao trabalho em 9 de abril. Os demais – que somam 850 pessoas – estão longe da companhia desde novembro 2014 e a previsão é que voltem ao trabalho apenas em 11 de maio.

ARaymond estima dobrar de tamanho no País em cinco anos

A operação brasileira da ARayomond, localizada em Vinhedo, no Interior de São Paulo, ainda não chegou ao limite de sua capacidade, mas de acordo com Alexander Picher, presidente, a estimativa é de que em cinco anos a companhia precisará de uma nova unidade fabril para seus negócios. “Devemos dobrar de tamanho até lá. Novos projetos e as exportações nos dão condições de acreditar em um futuro promissor.”

De acordo com o executivo não há área suficiente no local onde a empresa está instalada para expansão, o que obrigará procura por novo terreno.

Fabricante de conectores rápidos para circuitos de fluídos e peças para fixação de plástico e metal para a indústria automotiva, a empresa está presente em todas as montadoras instaladas no Brasil, além de ser base fornecedora para toda a América do Sul.

Dos novos projetos a companhia fornece ao Jeep Renegade e, acredita o executivo, será apenas “questão de tempo para parcerias com a BMW e com a Mercedes-Benz”, referindo-se aos recentes empreendimentos no País destas companhias alemãs. Ainda segundo Picher, a ARaymond é líder no fornecimento de conectores para indústria automotiva, com 70% do mercado, sendo que “o restante é importado”.

A unidade da ARaymond do Brasil possui portfólio com cerca de 2 mil itens. A fábrica tem capacidade para produzir 50 milhões de peças/mês, em três turnos de trabalho. No mundo a empresa dispõe de 25 mil produtos destinados à fixação e outros 10 mil no segmento de conectores. “Por ser um item bem específico muitas das ferramentas são desenvolvidas pela própria empresa. O produto, no entanto, depende do volume: há peças em que a produção local compensa, e para outras não.”

Picher prefere não revelar valores, mas garante que a companhia faz investimento contínuo na operação, de 11% do faturamento todos os anos. Boa parte dos recursos é destinada à pesquisa e desenvolvimento: a empresa, por exemplo, encontrou nos recursos de uma impressora 3D forte aliada para desenvolver produtos. Segundo o executivo a máquina proporciona sensível redução de custos e de economia de tempo em um eventual projeto. “Em dois ou três meses já é possível se pagar um investimento de US$ 300 mil. O interessante também é que para determinadas peças já é possível até mesmo fazer testes mais avançados, como os de aplicação.”

LEED – A ARaymond chegou ao País em 1996 e opera desde 2005 no Distrito Industrial de Vinhedo. Neste 2015 a companhia – de gestão familiar em sua quinta geração – completa 150 anos de fundação.

Em virtude da data o CEO Antoine Raymond, em peregrinação por todas as 22 unidades fabris espalhadas pelo mundo, visitou a unidade brasileira na quarta-feira, 19, para participar das comemorações. Na ocasião recebeu das mãos de Picher a certificação LEED Silver para instalações industriais, uma das primeiras do setor de autopeças do País a receber o atestado. O documento é reconhecido mundialmente e emitido pela organização estadunidense U.S. Green Building Concil.

O chefe da operação mundial aproveitou para manifestar otimismo com relação ao País, apesar das dificuldades atuais. “Crises são passageiras. No passado recente as turbulências também estiveram em outros mercados, como Rússia e Índia. No momento o Brasil passa por um problema de falta de confiança, de crédito, e com a economia menor, atrai menos investimentos. Mas não há dúvida do seu potencial de mercado e de sua capacidade de voltar a crescer rápido.”

PPG aumenta operação no País

A fabricante de tintas PPG inaugurou na quinta-feira, 19, unidade de produção de resinas e-coat – a primeira camada de tinta da carroceria – especialmente para atender aos setores automotivo e industrial. A nova instalação aumenta para seis o número de fábricas existentes na área de 500 mil m², localizada em Sumaré, SP.

No Brasil a companhia tem ainda outra unidade em Gravataí, RS, onde produz tintas arquitetônicas da marca Renner.

Na cerimônia de inauguração, com a presença de autoridades como o governador do Estado de São Paulo e a prefeita do município, Carlos Santa Cruz, diretor-presidente da empresa para Brasil e América do Sul, destacou que a nova unidade é um marco industrial para a companhia e região. “É uma das mais modernas do mundo, com processos eficientes que permitirão aumentar a produção, bem como nossa competitividade e a de nossos clientes para ganhar mercado.”

O projeto da fábrica, de 65 m² de área construída, levou 14 meses e consumiu R$ 100 milhões. De acordo com Santa Cruz, no entanto, nos últimos três anos a companhia investiu mais de R$ 200 milhões no local e, por consequência, na região de Sumaré. “A nova unidade também se mostra como uma oportunidade de melhor capacitação, pois produz resina de ponta com o melhor dos processos que se pode ter.”

Também presente na cerimônia a vice-presidente sênior para revestimentos OEM do setor automotivo, Cindy Niekamp, lembrou a relevância do País nas operações da PPG. “Independentemente da atual fase difícil pela qual o Brasil passa, a PPG continuará investindo aqui”, assegurou. E ainda adiantou: “Já temos preparados US$ 200 milhões para investir pelo mundo e o Brasil certamente estará contemplado”.

O diretor-presidente prefere não revelar capacidade produtiva da nova unidade por questão estratégica, se referindo ao tema apenas como “um projeto ambicioso”. Aponta, porém, que América Latina representa 11% do faturamento da empresa que, no ano passado, alcançou US$ 16 bilhões no globo. De acordo com ele, na região o Brasil é a segunda maior operação, atrás apenas do México e seguido por Argentina e Colômbia. A fabrica de Sumaré abastece a parte da América do Sul que vai da Colômbia para baixo, sendo o restante responsabilidade da operação mexicana.

Santa Cruz estima ainda a PPG tenha pelos menos 25% de participação no mercado brasileiro, o que significa dizer que de todos os veículos vendidos no País um quarto é pintado com as tintas da empresa.

O peso da América Latina

As vendas para a América Latina contribuíram para evitar baixa produtiva mais contundente no setor de ônibus urbanos no ano passado. Fabricantes evitam traçar projeções para 2015, mas já arriscam dizer que as exportações podem ter viés de alta graças à renovação de frota em alguns sistemas BRT na região.

A Volvo Bus, por exemplo, teve bons resultados em seus embarques no ano passado. Luís Carlos Pimenta, presidente da empresa, lista negociações: “Em 2014 vendemos importantes volumes para a Colômbia, mais de novecentos chassis, sendo quatrocentos híbridos. Foi um ano maravilhoso naquele mercado, graças à ampliação de algumas linhas alimentadoras, ao Transmilênio e ao projeto de renovação da frota com tecnologias menos poluentes”.

O maior volume de vendas foi justamente para a Colômbia, com 60,6% das entregas. O segundo maior mercado foi o Chile, com 19% dos embarques, seguido pelo Peru, com 10,6%. No total a empresa vendeu 1 mil 465 chassis, 70% deles urbanos. “Devemos manter a predominância desse segmento nas exportações”, prevê Pimenta.

A Mercedes-Benz informou, por meio de nota, que exportou mais de 3,6 mil ônibus no ano passado, 80% deles urbanos. Os principais destinos foram Argentina, Chile, Egito e Peru: “Fechamos contratos importantes, como a venda de mais de duzentos veículos ao Uruguai. Para 2015, com a renovação de frota de sistemas BRT na América Latina, esperamos que os volumes embarcados sejam superiores aos deste ano”.

Silvan Poloni, gerente de vendas da Agrale, revela que a empresa exportou 797 chassis em 2014, “596 em CKD para a Argentina e 201 em unidades completas para Colômbia e Chile”.

Maurício Cunha, diretor industrial da Caio Induscar, faz balanço positivo do segmento de urbanos em 2014, tanto em produção quanto também em exportações: “A empresa fechou 2014 como líder na fabricação de chassis urbanos. O mercado geral, interno e externo, contabilizou 27 mil 967 unidades. Do total 28% foram fabricadas pela Caio Induscar”.

Quanto à produção de carrocerias para 2015 Cunha considera que “o ambiente macroeconômico ainda sofre mudanças, sendo impossível fazer uma projeção”.

Para exportações, contudo, está otimista: “Fechamos 2014 com 13% do mercado e esperamos a evolução dos volumes para este ano”.

Refrigerados – A maior parte dos ônibus urbanos exportados pelas fabricantes brasileiras, em especial aqueles destinados aos sistemas BRT, entrou em operação com modernos sistemas de conforto ao usuário, no qual o ar-condicionado é um dos maiores destaques. E essa tendência também é crescente no Brasil.

É fato: o menor ritmo produtivo apresentado por alguns segmentos da indústria automotiva passa longe das fabricantes de sistemas de ar-condicionado para ônibus.

Luís Carlos Sacco, diretor comercial da Spheros Climatização do Brasil, projeta alta de 13% no volume de entregas ao mercado interno em 2015. E isso graças à obrigatoriedade do equipamento nas frotas urbanas.

“Esperávamos por essas definições há quinze anos e esse avanço agora começou. Projetamos alta de 12% também no nosso faturamento com relação ao ano passado, que foi de R$ 110 milhões com as vendas internas.”

A unidade produtiva, localizada em Caxias do Sul, RS, tem capacidade anual de 18 mil equipamentos e deverá crescer em 30% com novos investimentos: “Um aporte de R$ 5 milhões está em aprovação na nossa matriz, na Alemanha”.

A Thermo King, fabricante de aparelhos de ar-condicionado para ônibus instalada em Curitiba, PR, também celebra a boa fase. Paulo Lane, diretor de marketing e produto para a América Latina, está confiante na evolução dos contratos de fornecimento nos próximos anos.

“Em 2011 apenas 3% dos ônibus urbanos vendidos no País, em média, eram equipados com ar-condicionado. Hoje essa fatia saltou para 15%, com picos de 30% em alguns meses.”

Sem revelar números absolutos o diretor afirma que a Thermo King fechou 2014 com alta produtiva de 20%. Para este ano a estimativa de acréscimo é de mais 20%:

“O transporte brasileiro está em evolução. A entrada em cena dos sistemas BRTs ajudou nesse processo: os passageiros hoje querem ar-condicionado, letreiros com a previsão do horário de chegada dos ônibus aos pontos, segurança e conforto em todas as linhas”.

A atual capacidade instalada é de 2,6 mil unidades/ano, mas espaço para crescer não falta, garante Lane: “Com a mudança de Londrina para Curitiba, em 2010, a empresa expandiu a área da fábrica em 60% já prevendo alta na demanda. Assim podemos ampliar rapidamente a capacidade produtiva, caso necessário”.

Venda de caminhões ensaia recuperação em março

Depois de amargar a maior baixa de mercado do setor automotivo em fevereiro, as vendas de caminhões podem, enfim, rumar para dias melhores. Até a quarta-feira, 18, os emplacamentos de modelos a partir de 5 toneladas somaram 3 mil 727 unidades, segundo dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData.

Considerando-se que o período equivale aos treze primeiros dias úteis de março, a média diária de emplacamentos ficou em 287 unidades. Caso mantido esse ritmo a estimativa de vendas para o total do mês chega à faixa de 6,3 mil caminhões, o que representaria alta de 22% ante os 5 mil 182 licenciados em fevereiro.

O comparativo com março passado, contudo, seria negativo em 32%, já que naquele período, mesmo com o feriado de carnaval, o mercado foi de 9 mil 239 unidades.

De qualquer forma, segundo fontes ligadas a montadoras do segmento, o volume de negociações começa, pouco a pouco, a aumentar. De acordo com executivo diretamente ligado à indústria de caminhões ouvido pela reportagem, “o resultado preliminar de março, já mais aquecido, reflete a normalização dos financiamentos via Finame PSI, que só ocorreu em meados do mês passado”.

Ainda de acordo com as fontes os empresários aguardavam com expectativa a baixa nas taxas de juros do Finame PSI por meio de circular do BNDES, o que, entretanto, não ocorreu.

Dessa maneira pequenas e médias empresas seguem com opção de financiamento de 70% do valor do veículo a 9,5% ao ano e os 20% restantes em 17,24% ao ano, resultando em taxa mesclada de 11,22% ao ano, ou 0,89% ao mês.

As condições para as grandes empresas são de financiamento de 50% do bem a 10% de juros ao ano e os outros 40% a 15,74% ao ano, com resultado ponderado de 12,55% ao ano ou 0,99% ao mês.

“Agora o transportador que fechou contratos e precisa de novos veículos deverá partir para as compras. O problema é que com a economia em baixa muitos não se sentem confiantes e preferem optar pela locação, com receio de ficarem com caminhões novos parados por falta de carga.”

Ônibus – Por sua vez o mercado de ônibus registrou 1 mil 163 emplacamentos até 18 de março, segundo dados preliminares do Renavam, o que indica média diária de vendas de 90 unidades.

A estimativa para o mês, assim, é de 2 mil unidades, o que indicaria alta de 29,5% na comparação com as 1 mil 580 em fevereiro.

Diante dos 2 mil 454 chassis de ônibus vendidos em março passado, a baixa seria de 19%.