A Abraciclo revisou para baixo as estimativas de vendas ao mercado interno e de produção de motocicletas para este ano. Segundo dados da associação os licenciamentos neste ano, inicialmente previstos em 1 milhão 470 mil, alcançarão somente 1 milhão 365 mil, o que representa queda de 4,5% em relação às 1 milhão 429 mil de 2014.
Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, associação que reúne as fabricantes de motocicletas, afirmou que os ajustes foram necessários em decorrência de resultados aquém do esperado no primeiro trimestre. “A confiança do consumidor está em baixa por causa das incertezas em relação ao futuro e manutenção de empregos. O movimento na rede de distribuição caiu muito.”
Segundo dados da associação foram emplacadas 326 mil 960 unidades no trimestre, baixa de 10,5% na comparação com as 365 mil 306 no ano passado.
De acordo com o dirigente a média de aprovações de fichas de crédito pelos bancos – de duas a três a cada dez – também complica o cenário. “E esse quadro não deve mudar, mesmo com os bancos de montadoras ampliando subsídios. Nem faz sentido pedir mais crédito ao governo. A lei de retomada do bem em caso de inadimplência, por sua vez, terá impactos apenas nos próximos dois anos. Por isso vamos incentivar as vendas por consórcio, que representam 40% das nossas entregas, e avançar em competitividade e redução de custos.”
A produção também caiu de janeiro a março: saíram das linhas 360 mil 167 motocicletas, queda de 12,6% ante 412 mil 173 no ano passado.
Nesse cenário a Abraciclo também revisou a expectativa de produção para o ano. Inicialmente estimada em 1 milhão 520 mil unidades, passou agora a 1 milhão 415 mil, queda de 6,8% na comparação com as 1 milhão 517 mil fabricadas no ano passado.
“O primeiro período foi ruim, aquém das expectativas. Esperamos que o ano não fique ainda mais abaixo.”
Para Fermanian o momento é de cautela: “Ajustamos a mão de obra já no ano passado. Em 2011 as associadas contavam com 20,5 mil colaboradores e passaram a 18 mil em 2014. Toda a cadeia sofre, de fornecedores a concessionárias, pois retrocedemos no mercado de mais de 2 milhões de unidades ao ano para 1,5 milhão. Atualmente adotamos férias coletivas e redução de turno. É cedo para falar em demissões, mas tudo pode ocorrer dependendo do mercado. Avaliamos a situação permanentemente”.
Já nas exportações o cenário é bem diferente. Nem mesmo o desempenho fraco no primeiro trimestre, em que embarcaram 6 mil 351 motocicletas, baixa de 76% na comparação com as 26 mil 619 do ano passado, desanima a Abraciclo, que ampliou sua estimativa para este segmento no total de 2015.
Segundo a associação os embarques de motocicletas ao fim do ano serão maiores do que a projeção inicial: de 55 mil unidades o volume esperado saltou a 70 mil na revisão. Contudo, este volume representaria ainda baixa de 20,5% na comparação com as 88 mil 56 exportações no ano passado.
“Os Estados Unidos passaram a Argentina como primeiro mercado dos embarques nacionais, enquanto Colômbia e Peru mostraram-se bons compradores. Há potencial a se explorar, principalmente se avançarmos em competitividade. O governo tem todo interesse de identificar e trabalhar nos entraves para aumentarmos nossas vendas a outros mercados.”