Pirelli ampliará exportação de 10% a 15% este ano

Com o dólar acima dos R$ 3 a Pirelli projeta ampliar suas exportações de 10% a 15% este ano, com aumento de vendas não só para os países da América do Sul mas também para Estados Unidos e México. Sem revelar valores, o diretor industrial Brasil, Paulo Augusto Freitas, diz que mesmo com esse acréscimo e os bons resultados no mercado de reposição a empresa terá queda na produção por causa do desempenho negativo nos negócios OEM.

Diante desse quadro há negociações no momento com os trabalhadores das fábricas paulistas de Santo André e Campinas, assim como nas unidades de Feira de Santana, BA, e Gravataí, RS, para uso do lay-off. “Para adequar nossos estoques precisamos reduzir a produção em 17%, o que envolveria 1,5 mil dos nossos 12 mil funcionários no sistema de lay-off.”

Com relação às exportações, Freitas diz que o aumento das vendas a partir do Brasil faz parte de estratégia global da companhia: “Nós já exportávamos para os Estados Unidos e México, mas os negócios estavam devagar. Como as fábricas da Pirelli lá instaladas estão com demanda aquecida em função das vendas de veículos em alta ali, optou-se por favorecer as nossas exportações como forma de compensar, ao menos em parte, as dificuldades internas”.

GOIANA – Com plano local de investimento de R$ 1 bilhão no período 2014/2017 a Pirelli inaugura este mês novo centro de montagem no Polo Automotivo Jeep, em Goiana, PE, o sexto deste tipo da empresa no Brasil. De acordo com Freitas a unidade, responsável pela montagem dos pneus nas rodas do Jeep Renegade, tem como diferencial a sinergia em serviços:

“Estamos em uma fábrica premium com pneus premium. O projeto Jeep é considerado um dos melhores em termos tecnológicos na produção de veículos, contando com a metodologia de gestão que é referência no mundo automotivo, a WCM, World Class Manufacturing”.

Para esse projeto a Pirelli investiu em um sistema de montagem automática dos conjuntos roda e pneu, com sistema de entrega automatizado just in sequence. Todos os equipamentos da linha são automáticos e a nova unidade Pirelli colocará os pneus nos carros Jeep em oito processos de montagens: válvula na roda, lubrificação da roda e pneu, montagem automática do pneu na roda, inflagem automática do conjunto, simulação de carga automática do conjunto montado, medição automática, correção manual do desbalanceamento e medição automática do valor residual do balanceamento.

Serão cinquenta funcionários na unidade de Goiana, que embora instalada no polo da Jeep não será fornecedora exclusiva. “Seremos majoritários”, explica Freitas: “Nesse segmento, por questão estratégica, as montadoras sempre têm mais de um fornecedor”.

Mercado europeu avança 8,6% no trimestre

As vendas de veículos de passageiros cresceram 8,6% no mercado europeu no primeiro trimestre, comparado com o mesmo período do ano passado. Segundo a Acea, associação que representa as montadoras da União Europeia, foram vendidos 3,5 milhões de automóveis na região.

O desempenho foi positivo em todos os principais mercados, com destaque para a Espanha, com alta de 32,2%. Na Itália as vendas subiram 13,5%, na França houve avanço de 6,9%, o incremento chegou a 6,8% no Reino Unido e a Alemanha apresentou crescimento de 6,4% no período.

Em março as vendas aumentaram 10,6% com relação ao mesmo mês do ano passado, o décimo-nono mês consecutivo de crescimento. Os europeus adquiriram 1,6 milhão de unidades no mês passado.

A Volkswagen liderou as vendas do continente no primeiro trimestre, ao comercializar 436,5 mil unidades, alta de 10,5% no período. Ford foi a vice-líder, com 268,5 mil veículos, com 7,4% de alta, e a Renault ficou em terceiro, com o avanço de 12,4%, para 243,2 mil unidades.

Toyota investirá US$ 1,4 bi em fábricas no México e China

A Toyota anunciou que construirá uma nova fábrica no México e expandirá a sua joint venture na China, a Guangzhou Toyota Motor. O investimento será de aproximadamente US$ 1,4 bilhão.

Segundo comunicado global da companhia o aporte faz parte dos planos de construção de “linhas de produção mais competitivas, com investimento inicial reduzido, maior eficiência, flexibilidade, desempenho ambiental e segurança”.

De acordo com a montadora as novas linhas poderão facilmente ser aumentadas ou diminuídas dependendo da demanda.

Durante o anúncio realizado na quarta-feira, 15, no México, Akio Toyoda, presidente da Toyota Motor Corporation, afirmou que “o investimento representa a busca por melhoria contínua. Um aumento na produção não significa uma busca indisciplinada por mais. A expansão da Toyota deve ser impulsionada por veículos cada vez melhores”.

Os anúncios encerram oficialmente o congelamento de três anos sem expansão de capacidade da Toyota, imposto pelo presidente da montadora.

A fábrica do México será instalada no Estado de Guanajuato e demandará investimento de US$ 1 bilhão. A unidade terá capacidade anual para produzir 200 mil veículos e irá gerar cerca de 2 mil empregos diretos. A unidade será responsável pela produção do Corolla e tem inauguração prevista para 2019.

A fábrica mexicana faz parte da reorganização da produção da América do Norte. Segundo o comunicado da Toyota, em 2019 a produção do Corolla será deslocada da planta em Cambridge Ontário, no Canadá, para a unidade no México. A fábrica canadense irá concentrar sua produção em veículos de médio porte.

Na China, a Toyota afirmou que investirá 52,5 bilhões de ienes – cerca de US$ 440 milhões – para instalar uma nova fábrica e uma terceira linha de produção em Guangzhou, controlada em conjunto com a Guangzhou Automobile Group.

Os modelos que serão fabricados no local ainda não foram divulgados, mas a capacidade será para 100 mil veículos por ano e a produção está prevista para começar em 2017.

Nissan comemora 30 mil unidades produzidas em Resende

O presidente da Nissan do Brasil, François Dossa, aparentemente de forma extemporânea, desejou feliz ano novo aos jornalistas presentes à cerimônia de primeiro aniversário da fábrica de Resende na quinta-feira, 16. Explica-se: abril marca o início do ano fiscal japonês, uma espécie de feliz ano novo empresarial, no qual Dossa pretende ver crescer a produção de veículos Nissan no Brasil em 30% e no qual almeja alcançar 3% de participação.

O complexo industrial em Resende também bateu a marca das 30 mil unidades produzidas neste primeiro ano, superando a expectativa de 25 mil, 26 mil/ano. E já dispõe de duas linhas de veículos, New March e Novo Versa, e de motores, 1.0 e 1.6.

“E é com essa base que pretendemos sair de 2,3% de participação de mercado no ano fiscal, registrada em 2014, para chegar aos 3% este ano. E a 5% no ano que vem. Nosso diferencial é nosso próprio DNA e nossa ânsia por qualidade.”

Apesar da crise, ele observou, os investimentos estão mantidos, aqueles R$ 2,6 bilhões anunciados em 2011 para todo complexo de Resende, ainda em fase de crescimento, com centros de peças e de treinamento.

Com relação ao resultado do mercado de veículos no Brasil este ano François Dossa prevê queda de 4% – mas mantém a projeção de que a Nissan crescerá 3% independente das circunstâncias globais não tão favoráveis.

PICAPES – Ele não foi tão enfático, porém, com relação ao anunciado projeto tripartite, que unirá Nissan, sua sócia na Aliança, a Renault, e a Daimler em projeto comum para produzir picapes na América do Sul e na Europa, em Curitiba, PR, e Córdoba, Argentina, e em Barcelona, Espanha, sempre em unidades Nissan e com as mesmas plataformas e arquiteturas e com designs diversos, identificadores de cada marca.

A verdade, Dossa recordou, é que muitos dos conceitos desse projeto ainda estão sendo definidos para que os novos produtos consigam chegar aos mercados até 2017.

Trata-se, como lembra fonte bem situada, de atitude prática referente a conceito que já rodava o mundo automotivo em meados da década de 90 do século 20, segundo o qual empresas ainda produziriam veículos para seus próprios concorrentes – e vice-versa.

São acordos operacionais que criam espaços vastos para a imaginação criadora do setor e que, supostamente, podem levar a importantes rearranjos de mercado, com compras, vendas, associações e incorporações à vista – de forma contemporânea a Fiat Chrysler Automobiles, a FCA, é bom exemplo, como o foi a Autolatina em um passado recente. E como são operacionais, hoje, acordos pontuais de empresas concorrentes com relação a produtos identicamente pontuais.

A fonte faz sua leitura do acordo tripartite lembrando que
japoneses, particularmente os da Nissan, são os alemães da Ásia, ideia que construiria com muita facilidade um bom caminho para acordos: “Eles são muito parecidos pela sua disciplina criadora e por sua busca pela qualidade. Por meio de suas virtudes as possibilidades de interlocução deles com sucesso são muito grandes”.

Por que picapes? Simples: é o segmento mais estável de todo o rol de produtos automotivos. O Brasil, por exemplo, vive crise mas sua agricultura bate recordes todos os anos e consumidores do Interior do País são loucos por elas – e muitos nos grandes centros também. Outro exemplo: nos Estados Unidos o mercado de pesca é imenso e não se imagina nada além de picapes para puxar tantos barcos.

Ou seja: o mercado de picapes tem sido alheio às crises, e foi isso o que notaram Nissan, Renault e Daimler para decidir pelo passo original de seu acordo, que tem a nova Nissan NP 300, também conhecida como Navarra e Frontier, produzida hoje no México e na Tailândia, como referência.

Sabe-se ainda pouco a respeito disso tudo mas a fonte sugere que para a América do Sul imagina-se, inicialmente, produção de 70 mil unidades sem mix ainda especificado, e para Barcelona produção de 120 mil unidades, fraternalmente divididas pelas três marcas. Uma das consequências óbvias será o crescimento do índice de localização de fornecedores nas duas regiões visando ao crescimento da nacionalização de componentes e peças e à fuga das variações cambiais.

FCA e fornecedores dividiram investimento de mais de R$ 2 bilhões em Goiana

Da padronização do uniforme, que veste sem distinção desde o operário do chão de fábrica até os diretores, ao maquinário de última geração, com uso intensivo de robôs, o Polo Automotivo Jeep, em Goiana, PE, é realmente inovador.

Com um parque de fornecedores formado por dezesseis empresas, que ocupam doze edifícios em área total construída de 248 mil m², são produzidas localmente dezessete linhas estratégicas de componentes, que respondem por 40% em valor da demanda de componentes da unidade. O SUV compacto Renegade tem hoje 70% de nacionalização, índice que chegará a 80% nos próximos meses.

Para integrarem-se ao parque os sistemistas tiveram de cumprir uma série de exigências, dentre as quais a compra de maquinário novo. Ao final o investimento total foi superior a R$ 2 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão da FCA, em obras civis e suporte de infraestrutura do parque de fornecedores, e mais de R$ 1,1 bilhão dos sistemistas em equipamentos.

As obras foram iniciadas em janeiro de 2014 e as empresas iniciaram a pré-produção no começo do primeiro trimestre deste ano.

Atualmente o parque emprega 2,3 mil trabalhadores, número que até o fim deste ano – quando a produção estiver em ritmo pleno – atingirá 3,2 mil pessoas. A meta é produzir componentes a ritmo de 30 veículos/hora, com projeção de atingir 45/hora ainda neste semestre.

De acordo com o diretor de gestão de projetos estratégicos da FCA, Antônio Damião, a estruturação do parque de fornecedores envolveu processo totalmente inovador: “Ao contrário do que costuma ocorrer, primeiro foram definidas as linhas estratégicas de produtos e seus respectivos processos para só depois partimos para a escolha dos fornecedores. Elencamos 16 de 29 candidatos, definindo na sequência, e em conjunto com os eleitos, os fluxos logísticos e layouts para dimensionar seu tamanho”.

Dos cerca de 2 mil novos itens que serão demandados pela montadora, 450 serão fornecidos a partir do parque de fornecedores, o que representa, segundo Damião, “fluxo anual de mais de 27 milhões de operações logísticas do parque de fornecedores para a nova planta”.

Condomínio – Para garantir a harmonia do Polo Automotivo Jeep algumas áreas, como a de relações trabalhistas, alimentação, segurança e assuntos legais, são comuns. Um item inovador em todo esse processo foi uniformização dos funcionários: todos têm a mesma vestimenta, sendo impossível identificar nas linhas quem é operário ou engenheiro, por exemplo, apenas pela roupa.

Na fábrica do Jeep Renegade todos vestem calça e camisa polo na cor cinza, com acabamento em branco e destaque para o logotipo Jeep. A proposta estende-se aos funcionários do parque dos fornecedores, que também se vestem de cinza – só que com o complemento de outras cores em substituição ao branco. No caso da Pirelli, por exemplo, é o vermelho, em outro fornecedor o azul ou verde e assim por diante.

Assim como a FCA também os fornecedores têm priorizado a contratação de mão de obra local. Muitos dos contratados fizeram estágios nos países-sede das empresas para compartilhar conhecimento dentro das fábricas. De acordo com Alfredo Fernandes, diretor do parque de fornecedores, 63% da mão de obra local é da Região Nordeste, a maioria de Pernambuco e Paraíba. A previsão, segundo ele, é que até 2016 os sistemistas empregarão perto de 5 mil funcionários.

Na fábrica da Jeep as mulheres respondem por 16% da força de trabalho, índice que chega a 24% nos fornecedores. Dentre as empresas que têm maior participação das mulheres está a Lear, com forte presença na área de costura dos bancos. Além de entregar peças e conjuntos diretamente para a fábrica do Renegade, alguns sistemistas também têm intercâmbio de componentes.

Dentre as doze empresas presentes no parque estão a Adler Pelzer, para componentes de acabamento interno e de isolamento acústico, Broze, sistemas das portas, Denso, sistemas térmicos, Lear, bancos, Pirelli, pneus, PMC, conjuntos soldados estruturais de chassis e das estruturas dos bancos, Revestcoat, tintas, Saint-Gobain, vidros, e Tiberina, conjuntos soldados estruturais de chassis.

As demais unidades produtivas, em total de dezesseis, são do Grupo Magneti Marelli: MMH PCMA, para solda e montagem de sistemas de produção, tanques plásticos, montagem do conjunto de pedais e sequenciamento do sistema de exaustão, MMH Suspension Assembly, MMH Suspension Welding, MM Stamping, estampagem de componentes estruturais e de suspensão e MM Welding, solda de subchassi, além das joint-ventures com a Faurecia, a FMM, e com a Sole Prima, a SPMM.

Venda de etanol hidratado bate recorde para março

As usinas fabricantes de etanol da região Centro-Sul do Brasil venderam 2,3 bilhões de litros do combustível no mês passado, incremento de 21,8% ante mesmo período de 2014. Segundo a Unica, União da Indústria de Cana-de-açúcar, o crescimento foi puxado pelo consumo de etanol hidratado, aquele oferecido nas bombas dos postos de combustível, que alcançou 1,4 bilhão de litros – maior volume para março na história.

O consumo de etanol anidro, que é misturado à gasolina, caiu no período, de 905 milhões de litros para 866 milhões de litros, queda de 4,3%.

Nos últimos doze meses o consumo de etanol permaneceu praticamente estável: de abril de 2013 a março de 2014 foram 25,7 bilhões de litros e de abril de 2014 até o mês passado chegou a 25,2 bilhões de litros. Deste volume, 23,7 bilhões de litros foram para o mercado doméstico, sendo 9,6 bilhões de litros etanol anidro e 14,1 bilhões de litros etanol hidratado.

A Unica informou também os dados da safra 2014/2015 da região Centro-Sul: a moagem alcançou 571,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 4,3% abaixo da safra anterior. O volume de produção de etanol cresceu 2,2%, para 26,1 bilhões de litros – puxado pelo etanol hidratado, cuja produção somou 15,4 bilhões de litros, crescimento de 5,5%.

Protesto interrompe produção na Ford do ABCD

Milhares de metalúrgicos realizaram protesto contra o PL 4 330, que regulamenta a terceirização, na manhã de quarta-feira, 15. No ABCD trabalhadores da Volkswagen, Ford, Mercedes-Benz e Scania fecharam parte da Rodovia Anchieta. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC cerca de 20 mil funcionários de montadoras da região participaram do protesto.

Em decorrência da manifestação não houve produção na unidade da Ford de São Bernardo do Campo, SP, na quarta-feira, 15, segundo nota da montadora. A fábrica do ABCD emprega 4,7 mil funcionários e é responsável pela produção do New Fiesta, além de caminhões.

Na Mercedes-Benz também não houve produção, mas a parada já estava previamente programada, uma vez que a montadora concedeu duas folgas remuneradas para os trabalhadores nesta semana, nos dias 14 e 15.

Nas unidades do ABCD da Volkswagen e Scania houve produção normal, segundo o sindicato.

Os metalúrgicos decidiram realizar uma série de manifestações na tentativa de impedir a sanção da lei da terceirização. Segundo o sindicato, outros protestos podem acontecer “a qualquer momento”.

O texto-base do PL foi aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 8, depois que o presidente da Casa, Eduardo Cunha, colocou o projeto para aprovação em regime de urgência. A proposta legaliza a terceirização em todos os postos de trabalho da cadeia produtiva – atualmente é permitida apenas nas atividades-meio das empresas, como limpeza, portaria e segurança.

Em comunicado o presidente do sindicato, Rafael Marques, afirmou que “o sonho de todo trabalhador terceirizado é ser contratado e não é isso que está sendo proposto no Congresso. A proposta é fazer de forma disfarçada uma reforma trabalhista de interesse do empresariado. Querem tirar a força os direitos da classe trabalhadora”.

Também houve manifestação em São José dos Campos, SP. Trabalhadores da General Motors iniciaram o protesto por volta das 5h30 da manhã. De acordo com o sindicato local cerca de 2 mil trabalhadores participaram de passeata.

Chery – A greve da Chery em Jacareí chegou ao décimo dia na quarta-feira, 15. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos anunciou ação de dissídio coletivo, ajuizada no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª. Região, em Campinas.

Em nota a Chery afirmou que está avaliando, junto à matriz, a possibilidade de apresentar nova proposta e que continua aberta às negociações com o sindicato. A empresa acrescentou que não foi notificada do pedido de dissídio coletivo. 

De acordo com comunicado do sindicato, na última rodada de negociação, realizada na terça-feira, 14, a Chery propôs reajuste apenas para o piso salarial. Com isso todas as outras faixas de salário permaneceriam inalteradas.

Segundo a proposta apresentada pela montadora o piso passaria de R$ 1,2 mil para R$ 1,4 mil neste mês e para R$ 1 mil 470 em setembro, data-base da categoria. O sindicato alega que na General Motors de São José dos Campos o piso para montadores é de R$ 3,5 mil.

A proposta foi rejeitada ainda na mesa de negociação pelo sindicato e, em assembleia realizada na manhã de quarta-feira, os trabalhadores decidiram entrar com a ação de dissídio coletivo.

Também houve pouco avanço nas negociações a respeito da jornada de trabalho. A empresa propôs a redução de meia hora neste ano, mais meia hora em 2016 e uma hora em 2017. Ainda assim seriam duas horas acima da jornada cumprida pelos metalúrgicos da GM, de 40 horas semanais. O sindicato afirma ainda que estão na pauta de reivindicações estabilidade no emprego e normas de segurança do trabalho.

“A Chery continua se recusando a seguir as normas coletivas da categoria e, portanto, a greve dos trabalhadores vai continuar”, disse em nota o presidente do sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.

Separando os vencedores dos vencidos

Há um ponto na pronunciada queda das vendas domésticas de veículos neste início de ano que merece atenção especial e um bom punhado de reflexões.

Todos no setor automotivo projetavam um ano difícil, eventualmente até com alguma redução nas vendas e na produção ao longo do primeiro trimestre. Com reflexos diretos e previsíveis no resultado do semestre, que provavelmente fecharia com números negativos. As dificuldades e a queda já eram, portanto, esperadas. E estavam devidamente projetadas nas estratégias e nos resultados a serem alcançados pelas empresas neste ano.

O que ninguém esperava, e que a todos colheu de surpresa, é a dimensão que a redução alcançou: queda de dois dígitos! E na faixa dos trinta pontos porcentuais nos caminhões!

Desta vez todos erraram a projeção: montadoras, fabricantes de autopeças, distribuidores, analistas e empresas de consultoria. E é exatamente este caráter coletivo do erro que merece reflexão mais profunda: teriam perdido, do dia para a noite, todos os altos executivos do setor automotivo, a capacidade de enxergar a realidade e projetar minimamente o futuro? Certamente que não.

Acontece que quando se examina com mais profundidade as mudanças no quadro macroeconômico nacional do final do ano passado ao primeiro trimestre deste ano não se encontra nada, absolutamente nada, que pudesse justificar tão pronunciada retração nas vendas de veículos. Tudo bem que o real se desvalorizou em relação ao dólar, que a energia elétrica teve forte reajuste nos preços, que tudo isto fez com que a inflação ultrapassasse o teto da meta, o que forçou a elevação das taxas de juros. E é igualmente certo que o inicio do processo de ajuste fiscal provocou desaquecimento da demanda de forma geral, em particular a automotiva.

Mas não era exatamente este o quadro com o qual todos dentro do setor já estavam trabalhando? Pode ter ocorrido até algum erro de calibragem, um ou dois pontos percentuais aqui ou ali. Mas, por certo, ao menos em termos de macroeconomia, nada se mostrou tão diferente e negativo em relação ao que estava projetado a ponto de justificar tamanha baixa.

Os chamados fundamentos econômicos permanecem relativamente dentro daquilo que se projetava – o que no mínimo representa bom indicador de que, desta vez, a questão a ser enfrentada não é, felizmente, estrutural mas, sim, conjuntural. Ou seja: o mercado potencial, a rigor, permanece inalterado. Mas o rápido e marcante crescimento da insegurança dos consumidores em relação ao futuro de curto prazo derrubou as vendas com a mesma rapidez e intensidade.

Sem a certeza de que teriam carga para transportar ou emprego garantido até o final do prazo do financiamento os consumidores, sejam de caminhões ou automóveis, trataram de adiar a compra. O mercado parou, os estoques subiram e vieram as demissões, que aumentaram ainda mais a insegurança.

No caso dos caminhões a queda bem mais acentuada provavelmente decorreu da soma deste atual processo de adiamento com as antecipações de compras realizadas no ano passado, em função da grande possibilidade de que qualquer processo de ajuste fiscal desembocasse em mudanças na política de crédito e de juros negativos do Finame PSI – o que, de fato, aconteceu.

Primeira reflexão: se a questão não é estrutural mas basicamente conjuntural, retirado ou ao menos suavizado o fator conjuntural que mais atazana as vendas – no caso a insegurança dos consumidores em relação ao futuro –, o mercado deverá buscar um novo patamar. E isto poderá começar a acontecer a qualquer momento, à luz do eventual feliz encadeamento de duas ou três boas notícias – Luiz Moan, presidente da Anfavea, projeta melhora no quadro geral já na segunda metade deste ano.

Outra reflexão tão ou mais importante: parece provável que o mercado brasileiro de veículos, leves e pesados, talvez não seja tão grande quanto as vendas registradas nos últimos anos pareciam indicar. Mas também é absolutamente certo que ele não é tão pequeno quando o verificado no primeiro trimestre deste ano.

Reflexão final: este é uma daqueles momentos na vida do setor automotivo que separa os fortes dos fracos, os vencedores dos vencidos.

Em algum momento o novo patamar, que certamente é mais elevado do que atual, dará o ar graça. E quando isto acontecer quem tiver o cuidado, neste momento, de manter sua estrutura operacional, estará preparado para atender a demanda e irá aproveitá-la. Mas quem não estiver…

A indústria dissecada

A partir desta sexta-feira, 15, AutoData passa a publicar série de publicações especiais que, ao longo do ano, comporão um verdadeiro guia da indústria automotiva brasileira. Em versão exclusivamente criada para o meio digital, a nova publicação busca traçar um perfil de vários segmentos.

Eletrônica, matérias-primas, autopeças, aftermarket e outros segmentos terão espaço neste novo meio, que trará as tendências e perspectivas mais imediatas de cada um deles, o mercado inclusive, e que poderão servir de balizamento para decisões, negócios e parcerias – além de dados institucionais das empresas que os compõem.

As três primeiras publicações envolverão o powertrain de veículos comerciais. Assim, motores a diesel, transmissões e suspensões serão abordados, separadamente, nesta sexta-feira e nos dias 22 e 29.

Cummins South America, FPT Industrial e MWM International, os três fabricantes independentes de motores a diesel, foram ouvidos para a primeira publicação. As empresas deixam claro que novas oportunidades para máquinas agrícolas e de construção, graças às normas de emissões Proconve MAR-1, promoverão o mercado e avanços em tecnologia para redução de emissões e de consumo de combustível.

Ao ampliar o espaço para informações acerca destas e tantas outras áreas a AutoData amplia a cobertura jornalística e a visibilidade de empresas, produtos, aplicações e serviços.

Para acessar, clique em www.autodata.com.br/arquivos/ad-msp

Jac Motors promete produzir SUV compacto T3 no Brasil

Mesmo ainda longe de sair do papel, a Jac Motors anunciou na terça-feira, 14, que pretende produzir um novo SUV compacto, que será batizado T3, em sua futura fábrica de Camaçari, na Bahia.

A revelação foi feita por Sérgio Habib, presidente da montadora e do Grupo SHC. “Será uma derivação do modelo compacto que produziremos no País e que também sairá da fábrica. Antes, porém, vamos vender o modelo no Brasil, importado da China.”

O anúncio da fábrica ocorreu no fim de 2011. Após algumas idas e vindas por conta do regime automotivo e do Inovar-Auto a pedra fundamental foi assentada em novembro de 2012. E de lá para cá, ainda que em outubro de 2013 a Jac tenha anunciado fechamento de contrato com sete fornecedores locais, nada além da terraplanagem aconteceu. Durante o Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro de 2014, Habib condicionou a obra a liberação de empréstimo do Governo da Bahia e consequente reabilitação ao Inovar-Auto, o que assegurou que ocorreria até novembro. Ali a previsão de início de produção era o primeiro semestre de 2016, e agora foi mais uma vez adiada para “final de 2016 ou começo de 2017”.

O empresário se diz “feliz com o atraso”, ao considerar que “inaugurar uma fábrica em um momento de baixa de mercado e dólar em alto significaria prejuízo garantido”.

Habib revelou à Agência AutoData que pretende também produzir um derivado de outro SUV da Jac Motors, o T5, em Camaçari. Com isso planeja comercializar aqui os dois modelos, T5 e T3, utilizando-se da cota de importação a que teria direito como futura fabricante, de metade da capacidade da fábrica, benefício estendido aos modelos J2 e J3 hatch e sedã, de mesma plataforma daquelas que seriam produzidas localmente.

O cronograma de Habib prevê a chegada do T5 importado em dezembro em versão manual e maio de 2016 em automática. O T3 está previsto para três meses depois – o modelo será apresentado mundialmente no Salão de Xangai, nos próximos dias.

Assim a cota de importação do Inovar-Auto da Jac Motors, de 4,8 mil unidades/ano, ficaria apenas para a van T8, para o sedã J5, que terá nova geração apresentada ainda este mês, e para o SUV T6, lançado na terça-feira, 14.

TAMANHA X PREÇO – O T6, segundo define Habib, é um SUV “do tamanho de um Kia Sportage ou um Hyundai Ix35 pelo preço de um Ford EcoSport”. O modelo será oferecido a partir de R$ 70 mil. Kit multimídia que espelha smartphones Android e iOS em tela no console central e câmera de ré levam o valor a R$ 75,7 mil. Há ainda opção intermediária, que acrescenta barras no teto, frisos e retrovisores rebatíveis eletricamente a R$ 72 mil.

O modelo tem previsão de vendas de 3,6 mil unidades em 2015, o que, pelos cálculos do presidente da Jac, representará 1% do mercado total de SUVs no País neste ano. 90% das vendas estarão concentradas na versão mais cara, deixando 5% para cada uma das demais.

As três oferecem o mesmo powertrain: motor 2.0 VVT 16V flex com 155 cv na gasolina e 160 cv no etanol, câmbio manual de cinco marchas e tração 4×2. Versão automática pode chegar no ano que vem, “dependendo das cotas”, segundo Habib. Opção de 4×4 está definitivamente afastada dos planos: “No Brasil não há neve e tração 4×4 só é necessária na neve. Sim, no País há lama, mas quem coloca seu carro na lama? Ninguém”.

São itens de série do T6 volante eletricamente assistido, ar-condicionado, sensor de estacionamento, faróis de neblina, volante com comandos e revestido em couro e outros. A garantia, como em outros modelos da Jac Motors, é de 6 anos.