2030, o ano em que os pesados farão contato

A julgar apenas pelo passo do desenvolvimento tecnológico, nada temos a temer para os próximos quinze anos – e sim o oposto: podemos torcer para que 2030 chegue logo e, com ele, dispositivos que tornarão os caminhões muito mais seguros e inteligentes, o que fará com que além de acidentes os veículos evitem gerar ou engordar os engarrafamentos.

Nilton Roeder, diretor de estratégia de caminhões do Grupo Volvo América Latina, palestrou no Workshop AutoData Tendências Setoriais – Caminhões, na segunda-feira, 27, no Milenium Centro de Convenções, na zona Sul de São Paulo. Em sua apresentação intitulada Avanço Tecnológico dos Caminhões, elencou dois dos principais desafios esperados pela sociedade neste intervalo: aumento do número de habitantes do planeta e contínuo crescimento das cidades. “Com isso precisaremos fazer cada vez mais com menos, dada a escassez dos recursos, em especial dos combustíveis fósseis.”

O executivo lembrou ainda das mudanças de comportamento que têm ocorrido nos últimos anos, como o hábito praticamente automático do uso do cinto de segurança nos veículos, algo que no Brasil não ocorria há algumas décadas, e a rapidez nos deslocamentos tanto de pessoas quanto de carga. “O mundo está ficando menor: hoje pode-se viajar a qualquer ponto do globo em cerca de 24 horas e, com o avanço do e-commerce, é possível comprar sem sair de casa quase tudo, às vezes encomendando o produto do outro lado do planeta para entrega na porta do cliente.”

Daí, entende Roeder, “a necessidade de transporte continuará a aumentar drasticamente”.

Em 2030 os caminhões vão se comunicar com o ambiente ao seu redor, em busca de redução de acidentes e volume de tráfego. “90% dos acidentes são causados por falha humana, seja na direção, seja em um processo de manutenção não feito a contento.” Neste contexto os veículos atuarão de forma pró-ativa, escaneando todo o ambiente ao redor e indicando suas peças e componentes desgastados, evitando ao mesmo tempo gastos desnecessários com manutenção preventiva e congestionamentos causados por pane e interrupção de faixas de rolamento.

Um protótipo da Volvo já equipado com esta tecnologia é capaz de antecipar em 5 segundos os fatos que ocorrerão à frente tanto com veículos quanto pessoas, como pedrestes ou ciclistas, e agir de forma a evitar, por exemplo, uma colisão – primeiro alertando o motorista e depois, se necessário, tomando o controle do veículo.

Outra tendência para caminhões aguardada para 2030 é a do uso do comboio nas operações rodoviárias, ou platooning, com os veículos trafegando juntos em uma mesma velocidade, formando uma espécie de trem. “A eliminação do arrasto aerodinâmico nesta formação representa economia de combustível de 20% a 25%”, atestou o palestrante.

Outro ponto interessante abordado por Roeder é uma provável polarização dos segmentos de mercado de caminhões, deixando praticamente apenas as duas pontas, a dos leves e a dos pesados: “Os primeiros serão responsáveis pelas entregas urbanas, especialmente à noite, daí a necessidade de serem mais silenciosos e provavelmente dotados de propulsão elétrica, enquanto os pesados farão o transporte de grandes distâncias, de um centro de distribuição a outro”.

Stefan Ketter: missão cumprida.

A mudança já estava nos contêineres e seria da Itália para os Estados Unidos, mas em apenas duas horas o destino mudou. Os contêineres seguiriam agora para o Brasil, mais exatamente Pernambuco. Não necessariamente Stefan Ketter, vice-presidente mundial de manufatura da FCA, Fiat Chrysler Automobiles, precisaria morar no País, mas ao ser nomeado responsável pela construção do Polo Automotivo Jeep em Goiana, não titubeou: “Vir para cá foi uma decisão minha”.

E agora, com a fábrica finalmente pronta, qual será seu destino? “Não sei se a decisão de permanecer aqui será minha”. Brasileiro, pai alemão, o executivo nasceu em São Paulo há 56 anos, formou-se engenheiro na Alemanha e consolidou sua carreira nos Estados Unidos e Itália. Chegou à Fiat em 2004 para comandar a área de qualidade.

Quase dois anos após chegar ao Brasil e com a fábrica pernambucana em operação, Ketter se diz satisfeito com o trabalho que desenvolveu. Afinal, o desafio era grande: sem tradição no setor automotivo e com várias deficiências em infraestrutura, muitos não botavam fé em Pernambuco. Problemas ainda existem, sim: “Seria ilusão dizer que não, mas estamos aqui justamente para resolvê-los”.

Nesta entrevista à Agência AutoData, Ketter fala do parque de fornecedores, da boa surpresa com a mão de obra local e de tudo que envolveu a construção do complexo em área antes tomada por imenso canavial. O uniforme é idêntico para todos os funcionários, do operário ao diretor, inclusive o próprio Ketter quando vai à fábrica: “Não somos obrigados a usar, mas gostamos. Todos querem usar. O importante é que o uniforme tem a marca em cima, que é Jeep. Isso tem seu valor, o de levar a marca no peito”.

Como foi receber o convite para construir uma fábrica no Brasil?

Sediado na Itália, estava com as malas prontas para mudar para os Estados Unidos em junho de 2013 quando fui informado de que seria o responsável pela construção da fábrica em Goiana. Os contêineres com toda a minha mudança estavam prontos e seriam embarcados para os Estados Unidos, e em cerca de duas horas mudei o destino e mandei todos contêineres para o Brasil.

Então não necessariamente o senhor precisaria morar aqui?

Não. Foi uma decisão minha ficar em Pernambuco.

Nesta época o senhor já estava familiarizado com o projeto?

Estávamos trabalhando nele há muito tempo. Nossa equipe daqui estava toda empenhada e naquela época já estávamos na fase de terraplanagem. Aliás, o terreno cedido pelo governo do Estado serviu como uma luva para a fábrica: era absolutamente plano, facilitava nosso trabalho.

Neste período todo o senhor ficou mais na fábrica ou em Recife?

No começo ficava mais no escritório de Recife. Normalmente ia para Goiana na segunda-feira. Agora [então faltando duas semanas para a inauguração da fábrica] fico lá na terça, quarta, quinta, sexta… Tem muito trabalho que exige a presença física e é importante estar mais no campo do que no escritório. Acompanhar a linha, a limpeza, as instalações. As coisas só se resolvem quando a gente vê de perto, quando as tocamos com a mão.

A FCA apresenta o Polo Automotivo Jeep como inédito. Quais, de fato, são as inovações?

O nosso projeto já nasceu com um parque de fornecedores. Conversamos com eles quase que no mesmo nível de planejamento da fábrica. Entramos em pormenores sobre tudo. E não só da parte técnica: até Recursos Humanos entrou no debate. Todo o fluxo, os carrinhos que levam as peças, tudo foi estudado cuidadosamente dentro do conceito 360º. Pudemos conhecer melhor os fornecedores e planejamos com eles uma integração completa no complexo. Assim, reunimos vários e importantes diferenciais nessa fábrica com relação às demais.

A FCA arcou com algum custo da construção do parque?

Optamos por construir o parque de fornecedores, deixando para eles a parte de instalar as máquinas. Fizemos a casa e os fornecedores colocaram a cozinha, a sala de estar. E vivem lá dentro. Tudo foi estudado para termos a logística mais eficiente de peças chegando à produção. Como os fornecedores nasceram junto com a fábrica, eles já surgem alinhados aos nossos processos. Cerca de 40% das peças que utilizamos saem desse parque.

Qualidade é prioridade nesse processo todo?

Qualidade, flexibilidade e velocidade de produção. Podemos dizer que a prioridade máxima é qualidade. Mas é importante também dizer que o polo reúne as características básicas de uma fábrica flexível e expansível, preparada para crescer no futuro. Com seu layout enxuto e racional, o polo foi pensado para facilitar a rapidez de planejamento e a eficiência na solução de problemas.

Qual a capacidade instalada da fábrica?

A fábrica já está pronta para produzir 30 carros por hora ou 180 mil/ano. Na segunda etapa, a ser concluída em meados deste ano, poderemos atingir até 45 carros por hora, algo como 250 mil por ano.

E quando o complexo poderá atingir a capacidade plena?

Em 2016 já estaremos preparados para chegar a esse número.

E o volume projetado para este ano, qual é?

Este é um grande segredo. Depende do mercado. E não quer dizer que teremos ociosidade se a capacidade plena não for atingida rapidamente. Há uma curva, é sempre assim. Não utilizamos a capacidade instalada de um dia para outro. Como disse, a capacidade máxima deve ser atingida em 2016, mas podemos acelerar a linha conforme a necessidade, torná-la mais ou menos veloz, a depender do andamento do mercado.

Já está tudo funcionando em Goiana ou ainda há entraves?

Temos no parque doze edifícios, dezesseis fornecedores e dezessete linhas. Já está tudo em operação, mas não podemos dizer que sem problemas nesta fase inicial. Seria ilusão. Estamos aqui exatamente para resolver problemas. Nos últimos dias antes da inauguração ainda tínhamos pavilhões em processo de conclusão, dávamos os últimos retoques. Mas já estão todos produzindo. Tudo estará absolutamente concluído em mais um mês, até o encerramento de maio.

A gestão dos funcionários da fábrica e do parque é a mesma?

Há um alinhamento. Como dona dos edifícios a FCA faz parte de todo o processo de recursos humanos. Na gestão do condomínio falamos de todos os aspectos: admissão, energia elétrica, água, serviços, restaurantes, ônibus. Enfim, de tudo.

Algo que chama atenção no polo pernambucano é o fato de todos usarem o mesmo uniforme, do operário ao diretor. Esse seria mais um diferencial?

Em alguns segmentos industriais, como o de eletrônicos, é comum o trabalho uniformizado. Não é de todo inédito, portanto. Acredito que talvez o diferencial no nosso caso é que todos usam o mesmo uniforme.

Todos os diretores utilizam o uniforme, até o senhor. É uma diretriz da empresa?

Não tenho necessariamente de usar o uniforme, nem os demais diretores e gerentes. Mas a gente gosta, é uma decisão voluntária. Tem muita gente pedindo para utilizar o uniforme. Essa voluntariedade pode parecer estranha, mas mostra a força de trabalho. Se vê que é um diferencial do polo, todo mundo quer. O importante é que o uniforme tem a marca em cima, que é Jeep. Isso tem seu valor, o de levar a marca no peito.

Os métodos de produção do Polo Automotivo Jeep valem para outras unidades do Grupo?

Todas as empresas do Grupo estão programadas para operar no sistema WCM, World Class Manufacturing, mas em fases diferentes. É um sistema que se avalia, se audita. Em função dos resultados são dadas medalhas de bronze, prata e ouro. Pelos processos instalados e a qualificação o Polo Jeep já seria ouro.

O que ainda falta?

Para ser ouro precisamos comprovar dados históricos, portanto requeremos dois anos de análise, de comprovação que entrou no circulo virtuoso, de melhoria contínua e assim por diante. Por isso falamos em inglês gold ready – pronto para ser um gold, mas falta histórico.

Qual a importância do WCM no Grupo?

É um símbolo da integração Fiat Chrysler, da gestão conjunta. O WCM, que começou com a Fiat, foi transposto para a Chrysler no mundo todo e tivemos a grande vantagem de ter apoio do sindicato dos trabalhadores dos Estados Unidos, cujos representantes visitaram nossas fábricas na Europa e deram total suporte à proposta. Chrysler, Fiat e sindicato fazem em conjunto a gestão de uma academia, a academia de WCM. O sistema nunca foi colocado em dúvida.

Essa parceria com o sindicato existe em outros lugares?

Diria que é única: não conheço outro caso do sindicato de trabalhadores ser parceiro em manufatura.

Goiana já conta com um sindicato de metalúrgicos?

Há um sindicato estadual, com o qual temos ótimas relações. Eles já conhecem todos os nossos sistemas, a nossa moderna gestão de turnos e horários, com flexibilidade.

Como funciona essa flexibilidade?

Em uma fábrica projetada para trabalhar em três turnos pensamos em soluções diferenciadas como, por exemplo, encaixar o serviço de manutenção de forma que a planta não seja forçada a parar para esse tipo de serviço. Também há interação das pessoas que saem e entram nos turnos. Não são grandes coisas, mas são fundamentos que dão bons resultados operacionais e também geram satisfação dos empregados.

Em quantos turnos a fábrica está operando?

No momento em um turno. Acredito que em meados do ano começaremos o segundo.

A FCA escolheu construir uma fábrica em um Estado sem tradição automotiva. Não temeu por dificuldades na qualidade da mão de obra?

No início, de fato, foi uma grande preocupação, mas o que vemos hoje é uma equipe muito bem qualificada e orgulhosa do que faz. Trabalhamos com escolas, incluindo o Senai, principalmente, além de treinamentos internos na área de processo e tudo o mais que envolve o Polo Jeep. Podemos dizer hoje que temos uma equipe sólida.

E a questão da experiência?

É realmente uma equipe muito jovem, sem vasta experiência, mas esta é injetada rapidamente. Quanto mais motivados os empregados são, mais abertos estão às novidades. A gente consegue integrar experiência. E todos já estão produzindo. O potencial de talentos é generoso. Já estamos colocando talentos novos em posições importantes, antecipando o que programávamos para daqui um ano e meio ou mais.

Soubemos que há no quadro de funcionários até pessoas que antes viviam da caça de caranguejo…

No processo de seleção não limitamos a contratação à qualificação escolar. Estávamos muito mais interessados no caráter e na personalidade da pessoa. Em algumas funções exigimos só o nível fundamental.

E como foi partir praticamente do zero e construir um polo automotivo completo onde antes era um grande canavial?

O fato de Pernambuco não ter nenhum vínculo maior com o setor automotivo, praticamente não ter empresas do segmento, nos deu a possibilidade de pensar uma fábrica de uma forma mais pura. No final das contas, o que parecia ser uma grande desvantagem tornou-se um fator positivo: tivemos a possibilidade de fazer o trabalho de forma integrada, com grandes ganhos logísticos e operacionais.

Por ser considerada a mais moderna fábrica do Grupo, Goiana servirá de modelo para outras?

Essa fábrica foi desenhada por nós a partir das melhorias que temos feitos por muitos e muitos anos em todas as nossas operações. Servirá de modelo para outras fábricas que poderão surgir e também para as existentes. Muitas pessoas de Betim estão trabalhando aqui e as que retornarem para a fábrica mineira certamente levarão as práticas que aprenderam aqui. Alguns ficarão e outros voltarão.

A infraestrutura externa está concluída?

Não, ainda faltam estradas e serviços. Algumas obras estão atrasadas ou em licitação. Uma obra importante, que é federal e ainda será licitada, é a do arco metropolitano, que ligará o Porto de Suape à Região da Mata Norte do Estado. Ela é primordial para o nosso projeto, pois contornará as cidades que hoje estão dentro da BR 101. Sua conclusão deve levar dois anos e até lá temos de sobrevier com as rodovias estaduais. Temos muito caminho para chegar ao nosso objetivo.

A missão do senhor termina com a inauguração?

Vir para cá foi uma decisão minha, mas a de ficar não sei se estará em minhas mãos.

 

Volkswagen coloca mais 120 funcionários de Taubaté em lay-off

Mais 120 funcionários da unidade da Volkswagen de Taubaté, SP, ficarão afastados de suas atividades nos próximos meses. Segundo comunicado do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté o lay-off terá duração de dois a cinco meses – a depender do comportamento do mercado automotivo.

Procurada, a Volkswagen preferiu não comentar o assunto.

Esse é o segundo grupo de trabalhadores da Volkswagen que é colocado em regime de lay-off na unidade de Taubaté neste ano. Outros 250 trabalhadores foram afastados há menos de um mês, em 27 de março, e a previsão é que retornem ao trabalho em 17 de agosto.

Em nota o presidente do sindicato, Hernani Lobato, afirmou que todos os trabalhadores que sairão em lay-off terão o retorno garantido e que não haverá prejuízo financeiro.

“Após negociação com a Volkswagen ficou assegurado aos trabalhadores todos os direitos previstos em lei e ainda benefícios como o recolhimento do FGTS, plano médico, alimentação e transporte. Além disso, ficou estabelecida a garantia do retorno ao trabalho ao fim do período de lay-off.”

Atualmente a fábrica da Volkswagen em Taubaté emprega cerca de 4,9 mil trabalhadores e produz 850 veículos por dia. Da unidade saem os modelos Up!, Voyage e Gol.

Mercedes-Benz – A greve na Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo, SP, chegou ao terceiro dia na sexta-feira, 24, com 100% de adesão segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Os funcionários mantém a paralisação como protesto ao encerramento do contrato de trabalho de quinhentos trabalhadores, anunciado na última semana. De acordo com o sindicato desde a quarta-feira, 22, nenhum veículo é produzido na unidade.

Em nota o coordenador do sindicato, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, afirmou que “o movimento avança agora para um acampamento dia e noite na portaria da fábri­ca. É esta unidade e solidariedade que nos elevará à vitória. Seguimos em vigília”.

Segundo o dirigente, o sindicato aguarda contato da Mercedes-Benz para novas negociações, “mas até o momento nada foi sinalizado”. O sindicato informou ainda que na segunda-feira, 27, haverá novas assembleias na porta da fábrica para orientações e novos encaminhamentos.

Procurada, a Mercedes-Benz informou por meio de porta-voz que não há nenhuma data prevista para novas negociações.

Chery – A greve na Chery em Jacareí, SP, chegou ao 19º dia na sexta-feira, 24. Ainda não foi estabelecida nova data para o andamento das negociações.

Enquanto isso parte da rede de concessionários começa a sentir os efeitos do movimento. O Sindicato dos Metalúrgicos de São Jose dos Campos prepara um levantamento sobre os impactos, mas a Agência AutoData obteve acesso a dados preliminares que dão conta de que cerca de 60% dos concessionários estão sem estoque do modelo Celer, o único fabricado em Jacareí.

Por dia, segundo o sindicato, são produzidos 25 veículos na unidade. Portanto aproximadamente 475 carros deixaram de ser fabricados no período de paralisação.

Inadimplência do setor permanece em 3,9% em março

Pelo quarto mês consecutivo a inadimplência nos financiamentos de veículos por pessoas físicas se manteve em 3,9%, de acordo com dados do Banco Central do Brasil divulgados na sexta-feira, 24. Assim como em dezembro, janeiro e fevereiro, março registrou esse nível de atraso nos pagamentos.

Foi o décimo mês consecutivo sem variação positiva do índice, que desde junho do ano passado oscila de estável para baixo.

Em março de 2014 os atrasos nos pagamentos dos carnês estavam em 5%. Houve, portanto, retração de 1,1 ponto porcentual nos últimos doze meses. No mês seguinte, abril, a inadimplência caiu para 4,9%, subiu novamente para os 5% em maio e desde então sua trajetória foi descendente.

Trata-se do menor nível desde o início da atual série histórica do BC, que data de 2011.

A instituição registrou ainda movimento de estabilidade na inadimplência de todo o sistema financeiro: os atrasos superiores a noventa dias chegaram a 2,8%. No crédito para as famílias houve recuo de 0,1 p.p. no índice, para 3%, enquanto nas operações para as empresas subiu 0,1 p.p, fechando em 2,1%.

Autopeças brasileiras participarão de feira na Colômbia

Dezenove empresas brasileiras fabricantes de autopeças participarão da Expopartes Bogotá, na Colômbia, de 3 a 5 de junho. As companhias integrarão estande coletivo do Sindipeças, em mais uma ação do programa Brasil AutoParts, que é uma parceria com a Apex-Brasil.

A feira bienal é um ponto de encontro de fabricantes e distribuidores de autopeças. A lista de empresas brasileiras que estarão no evento é formada por Bins, Borghetti, Centralsul, Chiptronic, Cinpal, Delkraft, Duroline, Fras-le, Guilherme Busch, HDS Mecpar, Kparts, Luciflex, Max Gear, Metalúrgica Rivertec, Quinelato, Tecfil, Sampel, Univel e Urba-Brosol.

Segundo comunicado do Sindipeças esta será a primeira participação da associação na mostra, e o interesse surgiu porque a Colômbia é considerada porta de entrada para o mercado andino de autopeças.

Em nota Antônio Carlos Bento, conselheiro do Sindipeças responsável pela área de Feiras e Eventos, afirmou que participar da Expopartes Bogotá é um boa oportunidade para encontrar clientes e prospectar novos compradores:

“O mercado externo é muito importante para o nosso setor. Estamos em um momento bastante favorável ao fomento das exportações em virtude do desaquecimento do consumo interno e da desvalorização cambial”.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, revelou em entrevistas recentes grande interesse da indústria automotiva nacional em estreitar as relações comerciais com a Colômbia. Segundo Moan as duas associações que representam as fabricantes de veículos nos respectivos países já chegaram a um consenso sobre propostas comerciais, apresentado aos respectivos governos em busca de acordo bilateral nos moldes daqueles com Argentina e México. Falta agora um parecer oficial para formalizar a possível parceria.

No acumulado do primeiro trimestre o Brasil exportou em autopeças o equivalente a US$ 1,8 bilhão, para 154 países. Para a Colômbia foram enviados US$ 44 milhões, volume 12,5% menor em relação ao mesmo intervalo de 2014.

Nissan eleva índice de vendas diretas

A Nissan está expandindo seus negócios via vendas diretas no País em 2015. Na sexta-feira, 24, a montadora anunciou novo acordo com a Unidas, empresa de locação de veículos, no qual fornecerá lote de oitocentas unidades – são seiscentos New March 1.0 S, produzido em Resende, RJ, e duzentos Novo Sentra, S e SV, importados do México.

A aquisição leva a quase 1,7 mil o total de veículos Nissan adquiridos pela locadora: desde o fim do ano passado a empresa já havia adquirido quatrocentos New March, 370 Livina/Grand Livina e 120 Versa.

Para Alex Ferguson, gerente nacional de vendas diretas da Nissan do Brasil, em nota, “o mercado corporativo, de empresas e locadoras, está reconhecendo o excelente custo de propriedade e a qualidade dos produtos Nissan. A Unidas é um parceiro que apostou também no nosso atendimento diferenciado”.

Os números mostram avanço da fabricante no segmento de vendas diretas, que oferece menor rentabilidade mas ajuda a elevar os volumes de venda, em especial em momentos de retração do mercado de varejo como o atual. De acordo com dados da Fenabrave compilados pela Agência AutoData a Nissan encerrou 2014 com participação de 1,9% no total das vendas diretas de automóveis e comerciais leves no País, índice que subiu para 2,6% no primeiro trimestre de 2015.

A evolução no ranking de modelos mais emplacados por modalidade de venda direta da Nissan também é notável. No ano passado o modelo melhor colocado da montadora foi o March, 42º. com 2,9 mil unidades. No acumulado dos três primeiros meses deste ano a marca aparece na 27ª. posição com o Sentra, 1,2 mil – o March está em 31º., com 1 mil. Em 2014 o Sentra fora o 45º., com 2,7 mil.

O Livina subiu de 48º. no fim do ano passado, com 2,4 mil emplacamentos, para 34º. neste primeiro trimestre, com 780. A exceção foi o Versa, 44º. em 2014 com 2,8 mil e 49º. em 2015, com 437 – o modelo foi remodelado recentemente e passou a também ser produzido no País.

MWM International homologa primeiro motor de normas MAR-1

A MWM International anunciou na quinta-feira, 23, conclusão da homologação de seu primeiro motor adequado à nova legislação de emissões de ruídos e poluentes específica aos fora de estrada, chamada Proconve MAR-1.

A exemplo do que ocorreu com o Euro 5, regulamentação que demandou uma série de mudanças nos motores de caminhões e ônibus em 2012, fabricantes de equipamentos agrícolas e de construção terão de avançar em tecnologia para reduzir as emissões dentro do cronograma da MAR-1.

Segundo informou em nota, a MWM atenderá à legislação com uma nova linha de motores, resultado da evolução das famílias da Série 229, Sprint 3.2, Série 10 e Série 12, que terão atributos como aumento do intervalo de troca de óleo e redução no consumo de combustível.

O desenvolvimento foi realizado no centro tecnológico da empresa em Santo Amaro, na Capital paulista.

Em entrevista à Agência AutoData Thomas Püschel, diretor de vendas e marketing da MWM International, revelou que apenas neste ano a empresa lançará 33 produtos para máquinas e equipamentos:

“Trabalhamos em mais de cem novos projetos, tanto protótipos quanto motores já em fase inicial de produção. Esse movimento de lançamentos necessários à regulamentação se refletirá ao longo de quatro anos. Isso nos dá uma boa base de crescimento”.

Cristian Malevic, head de engenharia de motores da MWM International, afirmou em nota que “os novos motores garantirão que os produtos da empresa ofereçam mais vantagens competitivas como o alto índice de conteúdo local, atendimento às diferentes necessidades de cada mercado e completa customização dos projetos”.

Deste janeiro de 2015 os lançamentos de equipamentos destinados à construção civil já devem possuir motores que atendam aos níveis de emissões da legislação MAR-1, exigência que depois de um ano se estenderá a todos os produtos do segmento comercializados no País. Para as máquinas agrícolas o calendário estabelece a partir de janeiro de 2017 a obrigatoriedade aos lançamentos e em janeiro de 2018 a toda a gama. Para as máquinas com menos de 102 cv a data é início de 2019.

Brasileiro busca mais opções digitais na compra de veículo, diz estudo

Existe um amplo espaço ainda inexplorado pelas concessionárias brasileiras nos serviços digitais. Uma pesquisa global da consultoria Accenture indica que mais de 80% dos consumidores no País considera adquirir um carro online, sendo que a maior parte deles realizaria todo o ciclo de compra – financiamento, negociação de preços, processos administrativos e entrega em domicilio – de forma virtual, caso houvesse essa possibilidade.

A pesquisa, denominada Automotive Digital Survey: What Digital Drivers Want, foi realizada com 10 mil consumidores de oito países. No Brasil foram avaliadas 1 mil pessoas pelos entrevistadores da consultoria.

A Accenture concluiu que montadoras e revendedores precisam ampliar seu engajamento virtual com os consumidores: mais da metade dos entrevistados destacou a necessidade de melhora nos canais online para facilitar a pesquisa para aquisição de um novo veículo.

“Os consumidores estão especialmente interessados em obter informações personalizadas via internet, acesso a demonstrações virtuais e sites que ofereçam possibilidade de comparar preços”, afirmou a Accenture em nota.

Os consumidores também estão abertos a usar novos canais para adquirir automóveis. No Brasil, por exemplo, 75% dos pesquisados admitiram que poderiam comprar um modelo novo por meio de leilões online.

Mais da metade dos consumidores já inicia o processo de compra no mundo virtual, em especial por mídias sociais, sites de montadoras e de concessionárias. 80% usam alguma forma de tecnologia digital para pesquisar e fazer comparativos dos modelos de sua preferência.

Essas interações estão mexendo com a visita às concessionárias. 60% dos consumidores brasileiros afirmaram ter interesse em poder acessar uma tela interativa que forneça informações sobre os modelos disponíveis enquanto estão no showroom. Outros 43% desejam fazer um test drive virtual na concessionária.

Para o líder da Accenture para a indústria automobilística na América Latina, Carlos Pedranzini, o impacto do cliente digital está rompendo a experiência de compra de veículos e o cenário competitivo.

“O fato de que muitos consideram efetuar todo o processo de compra de um veículo online é uma prova disso. Para ampliar os negócios neste ambiente, as montadoras e os revendedores terão que adotar uma estratégia digital online agressiva no showroom e no pós-venda, enquanto criam uma experiência totalmente integrada para acomodar às necessidades dos clientes.”

A pesquisa identificou também que há um longo caminho a ser percorrido na área do pós-venda, considerado o ponto mais fraco na experiência digital. Segundo a Accenture um reforço nessa área é fundamental, uma vez que ela é fator decisivo para fortalecer ou abalar a fidelidade à marca.

Dos brasileiros pesquisados 21% apontaram o pós-venda como o de pior experiência digital. Mas a oferta de alguns mimos poderia ajudar a mudar essa visão: 57% deles acreditam que a troca de óleo gratuita influenciaria a tomada de decisão pela compra e, por consequência, a adoção dos serviços pós-venda da concessionária.

O estudo completo pode ser acessado por este link.

Consolidação na base

As dificuldades enfrentadas atualmente pelos fornecedores Tier 2 e 3 levaram à criação, pelo Sindipeças, do Conselho Operativo Superior das Pequenas e Médias Empresas, que tem por objetivo justamente ajudar esses fornecedores a superarem os problemas que vivenciam hoje. Este é um elo importante na cadeia automotiva brasileira, razão da sobrevivência da base produtora ser motivo de preocupação dos sistemistas, que dependem dos pequenos e médios para brecar ao menos parte das importações.

Maurício Muramoto, que além de membro desse conselho é diretor da Deloitte do Brasil, aborda as ações do Sindipeças na base da cadeia automotiva: ele vê na consolidação das operações dessas empresas uma das saídas para evitar quebras neste degrau da cadeia produtiva.

“São afiliadas ao Sindipeças cerca de trezentas pequenas e médias empresas, que compõem a base do segmento de autopeças. Uma redução deste número ajudaria a fortalecer aquelas que estão em dificuldade e geraria melhores condições de competitividade no mercado nacional e também no global.”

Mesmo diante de cenário desafiador de globalização das plataformas, em que as montadoras tendem a buscar fornecedores com efetiva presença nos cinco continentes para aquisição de peças padronizadas a serem usadas em diferentes modelos, Muramoto não crê que o segmento Tier 2 brasileiro esteja com os dias contados.

“Fizemos um extenso trabalho de pesquisa, em campo, para identificar a situação real desse degrau da cadeia. Assim como existem de fato empresas com problemas, há muitas com faturamento na faixa de R$ 10 milhões/ano que exportam e têm boa condição de caixa. O mercado não está totalmente destruído. Acredito, portanto, que o processo de consolidação é inevitável para aumentar a produtividade.”

Para Muramoto é hora de os fornecedores aproveitarem o Inovar-Auto e o câmbio, agora apreciado e aparentemente alçado a novo patamar acima de R$ 3, para promover ações de aumento de qualidade e busca por novas tecnologias:

“Sei das dificuldades dos principais executivos das empresas menores, muitas delas com estrutura familiar e dependente da presença diária do corpo diretor. Mas há a necessidade clara de participarem de missões internacionais, para ver o que está sendo feito lá fora e aplicar aqui”.

Já em operação desde o segundo semestre do ano passado, mas oficializado pelo Sindipeças apenas em março, o Conselho Operativo Superior das Pequenas e Médias Empresas dá suporte – gratuito – a essas indústrias, com indicação de ações que as incentivem a superar este momento difícil e buscar qualidade e tecnologia adequadas ao novo patamar do setor automotivo brasileiro.

Uma chance para transformar 240 mil clientes em compradores

Três associações, sendo duas do setor automotivo, se reuniram para assinar na manhã da quinta-feira, 23, em São Paulo, acordo que representa iniciativa inédita: promoção conjunta de ação de vendas que busca trazer ao mercado automotivo nada menos do que 240 mil clientes – e transformá-los em efetivos compradores de veículos.

Denominado Festival do Consorciado Contemplado, o programa visa oferecer àqueles que já têm em mãos uma carta de consórcio de veículo contemplada – o que na prática significa dinheiro na mão para adquirir um modelo 0 KM, leve ou pesado – vantagens especiais e exclusivas. “É uma proposta para aumentar a disposição do consumidor em efetivar o negócio”, atesta Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave, uma das associações envolvidas. As outras são Anfavea e Abac, Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios.

Pelos cálculos do presidente da Abac, Paulo Roberto Rossi – ele mesmo bom conhecedor do mercado automotivo por sua conexão familiar direta com tradicional concessionária VW, a Primo Rossi, que encerrou operações há alguns anos – há atualmente 225 mil consorciados contemplados para veículos leves e 15 mil para pesados que não demonstraram interesse em faturar o bem, pelas mais variadas razões. De acordo com as regras da modalidade não há prazo para que isso ocorra, e há rendimentos pelo período, o que torna na prática a carta contemplada uma aplicação financeira, e muitas vezes bastante rentável.

De acordo com Luiz Moan, presidente da Anfavea, o acordo triparte está sendo costurado há pelo menos dois anos – ou desde o início de sua gestão à frente da associação das montadoras. Ainda que não se revelem metas do programa, o dirigente recorda que “240 mil unidades representam um mês de vendas pelo ritmo atual do mercado”.

Todas as associadas da Anfavea foram convidadas a participar, sendo que doze já toparam: Audi, DAF, FCA Fiat Chrysler, Honda, Grupo Caoa, Iveco, General Motors, MAN Latin America, Mercedes-Benz, Scania, Toyota e Volkswagen. “Mas outras deverão unir-se nos próximos dias”, estima Assumpção Jr.

O Festival do Consorciado Contemplado ocorrerá durante 45 dias, de 1º. de maio a 15 de junho, na própria rede de concessionárias de cada marca participante e, eventualmente, nos feirões que algumas delas venham a realizar neste prazo. As condições especiais também serão definidas livremente por cada marca. Enquanto a Fenabrave acionará as associações de marca para que estimulem as redes a comunicar a iniciativa aos clientes, a Abac fará o mesmo para suas cerca de 130 administradoras de consórcios afiliadas.

O total de contemplados representa aproximadamente 8% da carteira geral de consorciados de veículos leves e pesados no País, de acordo com a Abrac. “A maior parte dos grupos é de 50 a 60 meses, mas há administradoras que já trabalham com 80 meses”, revelou Rossi. Moan complementa: “É a única modalidade [de crédito] que está crescendo no setor automotivo. São cerca de 75 mil a 80 mil novas cotas por mês”. No caso dos pesados, 25% das vendas em 2014 foram geradas pela modalidade.

Algumas das vantagens do consórcio são ausência de entrada e de juros, além do prazo mais elevado, o que leva as parcelas para valores muito reduzidos na comparação com outras linhas de crédito, como o CDC.

Chamou atenção, entretanto, a ausência da Abraciclo no acordo – as vendas de motocicletas têm no consórcio sua principal modalidade de crédito. Segundo o presidente da Fenabrave a associação que representa a indústria de duas rodas foi convidada a participar e “deverá se juntar em uma segunda fase do programa” – forte indício de que a iniciativa não terminará aqui.

Na semana passada outra iniciativa comum de Anfavea e Fenabrave para alavancar as vendas ocorreu: a Semana Auto Caixa, em parceria com o banco estatal, que ofereceu plano com taxas reduzidas em até 60 meses, com no máximo 90% do valor financiado, exclusivo para clientes da instituição financeira.