Audiência termina sem acordo e greve na Chery completa 25 dias

Terminou sem acordo a audiência de conciliação da Chery com o Sindicato dos Trabalhadores de São José dos Campos realizada na quinta-feira, 30, no TRT da 15ª região, em Campinas, SP.

Com isso, a greve na unidade de Jacareí, SP, completou 25 dias. A unidade responsável pela produção do modelo Celer produz cerca de 25 unidades por dia e emprega 450 trabalhadores.

Em nota, a montadora afirmou que solicitou o novo encontro por estar empenhada em resolver a questão “o mais rápido possível”. No comunicado a empresa afirma que ofereceu reajuste de 54,3% no salário-base, que passaria a ser de R$ 1 mil 850, “valor já aprovado pelos funcionários durante assembleia realizada no último dia 27”.

Como contrapartida a Chery negociava o encerramento da paralisação, com compensação parcial dos dias paralisados no decorrer deste ano. “Os demais pontos reivindicados pelo sindicato seguiriam em negociação”, afirmou a montadora.

O comunicado da Chery considerou que “o sindicato manteve a postura intransigente e mostrou-se mais preocupado em enfatizar seu posicionamento contrário à terceirização, tema alvo de discussões no Congresso e na mídia nacional. Diante disso, a Chery lamenta e fica no aguardo da decisão do TRT”.

O sindicato, por meio de porta-voz, informou que as reivindicações incluem 32 pontos e não apenas o piso salarial. Segundo os representantes dos trabalhadores há necessidade de melhoria nas condições de segurança e alimentação na fábrica, dentre outros pontos citados como críticos pelos metalúrgicos.

Diante da discordância das partes o TRT julgará a greve, em data ainda a ser definida.

Secretaria da Saúde do Piauí compra 30 ônibus Volkswagen

Trinta chassis de ônibus VW Volksbus 9.160 serão responsáveis pelo transporte gratuito de pacientes a serviços médicos no Estado do Piauí. Os modelos farão o transporte a hospitais e postos de saúde públicos de Teresina e de outras cidades próximas para tratamentos de média e alta complexidade.

A estimativa é de que 1,5 milhão de pessoas de mais de 40 municípios sejam beneficiados – em alguns casos a viagem para atendimento médico no Piauí chega a 300 quilômetros.

Os veículos foram adquiridos pela Secretaria de Estado da Saúde do Piauí por meio do QualiSUS, projeto do Governo Federal de qualificação e atenção à saúde, com apoio do Ministério da Saúde e recursos do Banco Mundial.

Com 26 lugares e poltronas reclináveis e ar-condicionado, os veículos passam pelas cidades atendidas e buscam os pacientes em suas casas.

A entrega dos modelos foi realizada pelo Grupo Mônaco, concessionário da MAN Latin America no Piauí, que também fará o atendimento da frota.

Antônio Cammarosano, diretor de vendas nacionais da MAN Latin America, destaca que “o compromisso é entregar veículos de qualidade e também atender demandas que beneficiem a população”.

Quadrimestre confirma retorno aos níveis de 2009

Pela primeira vez desde 2009 o mercado brasileiro de autoveículos não alcançará a marca de 1 milhão de unidades vendidas nos primeiros quatro meses do ano. Segundo as projeções dos varejistas, sequer chegará a 900 mil veículos – ficará muito próximo, porém, retornando aos níveis de seis anos atrás, mantendo a trajetória do trimestre.

A um dia do encerramento do mês as vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em abril somavam 209,6 mil unidades, de acordo com dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData. Em média foram emplacados pouco mais de 11 mil veículos por dia útil.

Fonte do varejo consultada pela reportagem projeta de 11 mil a 16 mil licenciamentos na quinta-feira, 30, último dia útil, fazendo com que abril feche com 220 mil a 225 mil emplacamentos, em torno de 24% abaixo das 293 mil unidades comercializadas no mesmo mês do ano passado. Na comparação com março, de dois dias úteis a mais – 22 a 20 – o resultado será próximo de retração de 5%.

Na mais otimista das projeções, de 225 mil unidades, as vendas alcançariam 899,3 mil unidades. Em 2009, última vez que o mercado brasileiro ficou abaixo de 1 milhão de veículos no primeiro quadrimestre, as vendas chegaram a 902,7 mil unidades.

Alcançado este resultado projetado pelos varejistas, os brasileiros consumiriam de janeiro a abril 19% menos veículos do que em igual período do ano passado – que teve 1,1 milhão de licenciamentos. A queda se agrava quando comparado com o primeiro trimestre, em que as vendas retraíram 17% com relação ao período de janeiro a março do ano passado.

Mas no meio de tantos dados negativos, a média diária aponta para o lado oposto. Em fevereiro estava em 10,9 mil unidades, caiu para 10,6 mil veículos no mês passado e deverá fechar abril acima de 11 mil veículos. O fato aponta indício de recuperação, mesmo que ligeira, a partir de maio, confirmando panorama observado na primeira quinzena de abril.

Os dados oficiais da Fenabrave serão divulgados apenas na terça-feira, 5 de maio.

A logística das idas e vindas

Estruturar o recebimento de peças que vêm de outros Estados brasileiros e também do Exterior de modo a não prejudicar a produção e nem acumular estoques foi um dos grandes desafios no processo de instalação do Polo Automotivo Jeep em Goiana, PE, inaugurado oficialmente na terça-feira, 28.

Assim como também não foi tarefa simples organizar a distribuição dos veículos produzidos em Pernambuco para todo o restante do País.

Para esses trabalhos a FCA, Fiat Chrysler Automobiles, criou duas bases: a primeira em São Paulo, que recebe e distribui as peças, e a segunda em Betim, Minas Gerais, que centraliza a distribuição de veículos para o Centro-Sul do País. Os galpões estratégicos para as autopeças, chamados de cross-docks, estão distantes de Goiana em 2,1 mil quilômetros, no caso de Betim, e 2,8 mil quilômetros, em São Paulo.

“A grande maioria dos fornecedores Jeep estão instalados nas regiões Sul e Sudeste. Os caminhões menores sairão carregados dessas empresas e deixarão as peças e componentes nos cross-docks, os responsáveis por reorganizar o material em veículos de maior capacidade”, explica Mauricélio Faria, gerente de logística e distribuição da FCA para a América Latina.

“São estes, em menor número, que farão o transporte das peças para Goiana.”

Segundo o executivo essa operação reduzirá o volume de caminhões nas estradas e as viagens de idas e vindas de Goiana para outros Estados. Há ainda os fornecedores do parque anexo à fábrica da Jeep, que farão a distribuição just-in-time para o Centro de Distribuição de Carga, um galpão de 54 mil m² construído ao lado da unidade.

Ali as peças chegam na mesma ordem em que serão utilizadas na linha da Jeep.

“Esse modelo contribui na redução do estoque de peças, diminui as movimentações internas e, por consequência, o risco de danos aos materiais. É um modelo bem mais eficiente do que o tradicional.”

Também de modo a aproveitar ao máximo a capacidade de transporte de cargas dos caminhões foi estruturada a operação logística de distribuição dos veículos. Quando estiver a todo o vapor a fábrica da Jeep terá capacidade para produzir 250 mil veículos, dos quais 80% terão como destino os Estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

AO CONSUMIDOR – A base de distribuição para as concessionárias dessas regiões será a fábrica de Betim. Os caminhões-cegonha sairão de lá com modelos Fiat para distribuição no Norte e Nordeste e voltarão com os Jeep, aumentando assim a eficiência dos carregamentos.

 “A Fiat vende em torno de 700 mil a 800 mil unidades por ano, das quais cerca de 20% na região Norte e Nordeste. Temos, portanto, caminhões-cegonha suficientes para transportar carros de uma fábrica para a outra sem desperdício de viagens, pois o volume Jeep inicialmente chegará a cerca de 140 mil a 150 mil unidades/ano.”

O executivo calcula que a estratégia logística poupará 23 mil viagens por ano, o que representa economia de 104 milhões de quilômetros e 42 milhões de litros de diesel, que por sua vez resultariam na emissão de 101 mil toneladas de dióxido de carbono.

A distribuição está nas mãos da Sada Transportes, que já realiza o serviço na unidade de Betim, MG, há muitos anos.

De acordo com Faria todo o transporte será feito por rodovias: “Teremos atenção especial com essa operação, porque precisamos evitar possíveis danos”. A preocupação e o zelo com os veículos são tamanhos que a FCA assumirá a operação no pátio de veículos de Goiana em vez de terceirizá-la para operadores logísticos especializados, como é o usual.

SUAPE – Faria revelou ainda que há previsão de exportação dos primeiros Jeep Renegade para países sul-americanos ainda este ano. Neste caso toda a logística será conduzida a partir do Porto de Suape, em Pernambuco.

“Fizemos um acordo com o governo local para a construção de um pátio de veículos em Suape. Ele está lá e é público, pode ser usado por qualquer montadora. Nós usaremos para exportação e importação de modelos que tiverem como destino as regiões Norte e Nordeste.”

Mais para frente, a depender de regulamentações e questões burocráticas, a FCA pretende fazer operações de cabotagem no porto, onde originalmente foi assentada a pedra fundamental da fábrica da Fiat que, em 28 de abril, foi inaugurada como legítima unidade Jeep.

Caminhões devem encerrar quadrimestre em baixa de 40%

Ainda que o segmento de caminhões alimente estimativas de recuperação de volumes a partir de maio, os índices do segmento em abril e no primeiro quadrimestre não serão exatamente animadores.

De acordo com cálculos preliminares da Agência AutoData baseados em números do Renavam, o volume de caminhões licenciados no acumulado dos primeiros quatro meses do ano deverá ficar muito perto de 25 mil unidades, o que representaria retração de 39,5% ante o mesmo período de 2014, 41,3 mil. Em volumes, a diminuição é de cerca de 16 mil caminhões, sendo que em todo o primeiro trimestre deste ano as vendas chegaram a 19 mil unidades.

A prévia da reportagem indica que abril encerrará com aproximadamente 5,7 mil caminhões emplacados no País – até a terça-feira, 28, foram 5,1 mil, média diária de 285 unidades, um pouco menor que a registrada em março, 295. Se confirmado o resultado representará queda de 48% ante abril de 2014, de 10,9 mil emplacamentos, e de 12% ante março, de 6,5 mil.

Estas 5,7 mil unidades ainda significariam o segundo mês mais fraco do ano até agora para o segmento, melhor apenas que fevereiro e suas 5,1 mil unidades. Até agora janeiro segue com o índice mais favorável, 7,7 mil, seguido por março.

Além disso o resultado de abril, se sacramentado, aprofundará a curva de queda no resultado acumulado de 2015 para caminhões, que ensaiara uma recuperação ao término do primeiro trimestre. Em janeiro o comparativo anual acumulado indicara retração de 29%, que desceu a 39,4% em fevereiro, evoluiu a 36,6% e agora deverá retornar à baixa de 39,5%.

Na segunda-feira, 27, durante evento promovido pela AutoData Editora, executivos das áreas de venda de MAN e Mercedes-Benz previram média de sete mil caminhões vendidos ao mês no País a partir de maio. “Parece pouco, mas se conseguirmos chegar a este patamar já será um bom avanço. Já não existe mais a expectativa de que a taxa do Finame irá cair, o que é bom, uma vez que essa possibilidade estava adiando as compras”, considerou Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN Latin America na ocasião.

ÔNIBUS – Por sua vez os chassis de ônibus devem encerrar o mês de abril com 1 mil 590 emplacamentos, de acordo com os cálculos da Agência AutoData realizados com base nos números do Renavam – até a terça-feira, 28, foram 1 mil 440 licenciamentos registrados para o segmento.

Caso confirmado este volume, abril fechará para os chassis de ônibus em queda de 29% ante mesmo mês de 2014, de 2,2 mil, e de 12% ante março, de 1,8 mil. No quadrimestre o resultado será próximo de 6,8 mil emplacamentos para o segmento, retração de 26% no comparativo com mesmo período de 2014, de 9,2 mil – no trimestre o índice foi negativo em 25%.

Ford investe US$ 1,3 bilhão para ampliar produção de motores no México

O complexo da Ford em Chihuahua, no México, receberá U$ 1,3 bilhão em investimentos para produzir até 1 milhão de motores por ano – o dobro da capacidade atual e equivalente a cerca de 10% da sua produção total no mundo.

Segundo a companhia, em comunicado divulgado à imprensa mexicana, uma nova geração de motores a gasolina será produzida na unidade, que também terá ampliadas as linhas dos propulsores I-4 e diesel.

Na segunda-feira, 27, houve a cerimônia de assentamento da pedra fundamental da nova fábrica de motores. A Ford não deu pormenores a respeito da nova geração que abastecerá mercados dos Estados Unidos, Canadá, América do Sul e a região Ásia-Pacífico.

 “Serão motores de alto rendimento e grande economia de combustível”, disse no comunicado o presidente e diretor geral da Ford no México, Gabriel López. “O investimento em Chihuahua abrirá novos horizontes, permitindo exportações para mercados onde ainda não tínhamos presença”.

O valor prevê também a ampliação da capacidade de produção dos motores I-4 e diesel, que equipam modelos comercializados nos Estados Unidos. No total serão gerados 1,8 mil postos de trabalho somados os dois projetos, de acordo com a companhia.

Em meados de abril a companhia havia anunciado US$ 2,5 bilhões de investimentos no México, para a ampliação de Chihuahua e a fabricação de transmissões em Guanajuato, que chegará a 800 mil unidades por ano.

O problema é o que vem depois

Há um ponto que emergiu no Workshop AutoData Tendências Setoriais – Caminhões, realizado na segunda-feira, 27, em São Paulo, que merece exame à parte. Trata-se da constatação de que, quando é demais, até incentivo governamental atrapalha.

Houve relativo consenso de que em parte, boa parte, a atual queda de vendas do setor superou todas as projeções e acabou alcançando proporções catastróficas porque, de tão elevados, os incentivos que existiam até o ano passado geraram fortes distorções no mercado.

E distorções tão pronunciadas que, a rigor, conforme também ficou evidente no evento, ninguém sabe mais dizer hoje, com maior dose de certeza, qual seria, afinal, o real tamanho do mercado doméstico de caminhões.

Ninguém acredita que seja tão grande quanto as 160 mil a 180 mil unidades/ano que chegaram a ser registradas em passado ainda nem tão distantes. Mas todos tem certeza, também, de que o número que agora se projeta para este ano, na casa das 80 mil a 90 mil, também é irreal, baixo demais – até porque todos se declaram convencidos de que o pior já passou e que a média diária de vendas tende a subir a partir de maio.

A verdade, conforme comentou um dos participantes do evento, deve estar em algum ponto que vai de um extremo ao outro. A questão é saber hoje qual seria, afinal, este ponto e, mais que isto, quando poderá ele ser alcançado. Em um ano? Dois?

Explica-se: para contornar a dura queda de vendas de caminhões nos dois primeiros meses do ano passado o governo manteve as linhas oficiais de crédito, em especial as ligadas ao PSI, com taxas de juros negativas e possibilidade de financiamento do valor quase que integral do bem.

Funcionou. O mercado, de fato, melhorou a partir do segundo trimestre. Mas, como agora já se sabe, esta melhora só aconteceu às custas de antecipações de compras por parte de transportadoras interessadas em não perder aquela oportunidade financeira. Neste contexto, um tanto da pronunciada queda de vendas que marca este princípio de 2015 explica-se a partir da constatação de que parte das unidades que deveriam ser vendidas agora já está no pátio das transportadoras desde meados do ano passado. Algumas ainda sem uso.

Outro tanto da queda vem a bordo das empresas transportadoras que, embora até tenham se sentido tentadas, acabaram não aproveitando, em 2014, a oportunidade dos juros negativos que foram abolidos pelo ajuste fiscal.

A questão é que não são poucos os empresários do transporte a apostar que como as vendas de caminhões estão, agora, até mais fracas do que no inicio de 2014, o governo acabará sendo obrigado a voltar às condições do ano passado. E, assim, adiam a compra.

Para colocar um pouco mais de condimento neste prato, vale ressaltar que, devidamente alimentada por tantos incentivos, a idade média das frotas das grandes transportadoras é hoje relativamente baixa, o que aumenta o fôlego para eventual adiamento das compras. No mínimo até que surjam, no horizonte, sinais bem evidentes de que a economia garantirá cargas a serem transportadas.

E há mais um pormenor: como nenhuma outra modalidade de crédito tinha como competir com os juros negativos do PSI as montadoras, seus concessionários e as próprias transportadoras têm de reaprender a trabalhar com CDCs, leasing e até consórcios. Saindo praticamente do zero. E tendo contra si, como termo de comparação, as condições financeiras utilizadas no ano passado.

Vale ressalvar que, com o ajuste fiscal, inflação alta, aumento do desemprego, projeção de PIB negativa e, de quebra, indefinições de toda ordem na área política, a queda nas vendas de caminhões neste inicio de ano seria inevitável.

É bastante provável, todavia, que sem o impacto simultâneo das distorções geradas pelo excesso de incentivos no ano passado, tudo tivesse ficado mais próximo do que estava projetado: queda suportável, na faixa de um dígito porcentual ou, no máximo, de dois dígitos baixos, não muito além dos 10%.

A dificuldade, agora, é trazer o setor de volta à sua realidade. Afinal, tal como comentou outro participante do evento, quando em excesso incentivo é como droga, tipo cocaína: gera dependência.

Pois é. E como os psiquiatras costumam dizer, o problema de se tratar um dependente de droga, seja ela qual for, é que no momento em que está sendo utilizada a vida do usuário fica uma maravilha. O problema, como aprendeu, agora, o setor automotivo, é o depois. É o que vem depois…

FCA estuda novo investimento na Argentina

A Fiat prepara um aporte na Argentina. Durante a inauguração da fábrica da Jeep em Goiana, PE, o CEO da Fiat Chrysler Automobiles, FCA, Sergio Marchionne, afirmou que haverá um investimento de “grande importância” para a unidade de Córdoba, na Argentina. As informações foram veiculadas pelo Argentina Autoblog.

Marchionne afirmou que os pormenores do investimento serão revelados em cerca de doze ou vinte meses. “Nas últimas 48 horas realizamos reuniões com a liderança da região para concluir a definição do portfólio da América Latina para os próximos anos. Tudo o que posso dizer é que haverá um produto e um investimento muito significativo para a fábrica de Córdoba”, afirmou a representantes da imprensa local o CEO em Goiana.

Recentemente Renault, Nissan e Mercedes-Benz anunciaram investimento conjunto para produzir picapes médias na Argentina. O CEO global negou que o projeto da FCA para a Argentina seja para atender este segmento – uma futura picape média da Fiat está nos planos da montadora, mas esta deverá ser produzida em Pernambuco, na mesma plataforma do Jeep Renegade.

A Argentina tem tradição na produção deste tipo de veículo: a Toyota produz ali a Hilux, a Ford a Ranger e a Volkswagen a Amarok. No Brasil são produzidas a Chevrolet S10, a Nissan Frontier e a Mitsubishi L200 Triton.

Ainda de acordo com o site argentino o Jeep Renegade fabricado em Pernambuco começará a ser comercializado na Argentina apenas em outubro. Durante a inauguração da unidade brasileira o CEO da companhia afirmou ainda que nos próximos dezoito meses dois novos modelos serão produzidos no local – o executivo não ofereceu outros pormenores, mas estes devem ser um segundo produto Jeep e a picape média Fiat.

Segundo o Argentina Autoblog o modelo Fiat é chamado internamente de Projeto 226, e representa uma picape de porte intermediário da S10 para a Strada – ou seja, similar à futura picape Renault, apresentada como o conceito Oroch –, com capacidade de carga para até uma tonelada.

Atualmente a unidade argentina da Fiat em Córdoba produz os modelos Palio e Siena, destinados especialmente àquele mercado.

Nascimento planejado

Erguer uma fábrica de automóveis em meio a um grande canavial, em região sem tradição industrial e, consequentemente, sem nenhuma base fornecedora por perto, certamente não era tarefa fácil. O desafio era imenso: tudo tinha de partir do zero.

Mas com a inauguração do Polo Automotivo Jeep, efetivada na terça-feira, 28, os envolvidos no projeto avaliam que aquilo que a princípio parecia ser uma grande desvantagem acabou tornando-se um fator competitivo. A fábrica de veículos e seu parque de fornecedores foram concebidos juntamente, um diferencial que trouxe importantes ganhos logísticos e operacionais, de acordo com Stefan Ketter, vice-presidente mundial de manufatura da FCA, Fiat Chrysler Automobiles, responsável para construção do complexo industrial pernambucano.

Da padronização do uniforme, que veste sem distinção desde o operário do chão de fábrica aos diretores e a todos os envolvidos no projeto, ao maquinário de última geração com uso intensivo de robôs, o novo polo de Goiana, PE, é realmente inovador.

Seu parque de fornecedores é formado por dezesseis empresas que ocupam doze edifícios em área total construída de 270 mil m², responsáveis por dezessete linhas estratégicas que respondem por 40% da demanda de componentes.

O SUV compacto tem hoje 70% de nacionalização, índice que chegará a 80% dentro dos próximos meses. Os demais componentes vêm principalmente de Minas Gerais, São Paulo e Pernambuco. Para integrarem-se ao parque os sistemistas tiveram de cumprir uma série de exigências, dentre as quais a compra de maquinário novo.

Ao fim o investimento total foi superior a R$ 2 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão da FCA em obras civis e suporte de infraestrutura do parque de fornecedores, e mais de R$ 1,1 bilhão dos sistemistas em equipamentos. As obras começaram em janeiro de 2014 e as empresas fornecedoras iniciaram a pré-produção em Goiana no início do primeiro trimestre deste ano.

Atualmente o parque emprega 2,3 mil trabalhadores, número que até o fim deste ano – quando a produção estiver em ritmo pleno – atingirá 3,2 mil pessoas. A meta é produzir componentes ao ritmo de 30 veículos/hora, com projeção de chegar aos 45/hora ainda neste semestre.

De acordo com o diretor de gestão de projetos estratégicos da FCA, Antônio Damião, a estruturação do parque de fornecedores envolveu processo totalmente inédito:

“Ao contrário de como costuma ocorrer, primeiro foram definidas as linhas estratégicas de produtos e seus respectivos processos. Só depois partimos para a escolha dos fornecedores, elencando dezesseis dentre 29 candidatos, definindo na sequência e, em conjunto com os eleitos, os fluxos logísticos e leiautes para dimensionar seu tamanho”.

Dos cerca de dois mil novos itens que serão demandados pela montadora 450 serão fornecidos a partir do parque de fornecedores, o que representa, segundo Damião, “fluxo anual de mais de 27 milhões de operações logísticas do Supplier Park para a nova planta”.

CONDOMÍNIO – Como forma de garantir a harmonia do polo algumas áreas como relações trabalhistas, alimentação, segurança e assuntos legais são comuns. Um item inovador em todo esse processo foi a de uniformização dos funcionários: todos têm a mesma vestimenta, sendo impossível identificar nas linhas quem é operário ou engenheiro, por exemplo, apenas pela roupa.

Na fábrica do Jeep Renegade todos vestem calça e camisa polo na cor cinza, com um acabamento em branco com destaque para o logotipo Jeep. A proposta estende-se aos funcionários do parque dos fornecedores, que também se vestem de cinza – só que com o complemento de outras cores em substituição ao branco, na parte superior da blusa. No caso da Pirelli, por exemplo, é o vermelho, em outro fornecedor o azul ou verde e assim por diante.

MÃO DE OBRA – Assim como a FCA também os fornecedores têm priorizado a contratação de mão de obra local. Muitos dos contratados fizeram estágios nos países-sede das empresas para compartilhar conhecimento dentro das fábricas. De acordo com Alfredo Fernandes, diretor do parque de fornecedores, 63% da mão de obra local é de pessoas do Nordeste, a maioria de Pernambuco e da Paraíba, neste caso principalmente João Pessoa.

A previsão é a de que até 2016 os sistemistas empregarão perto de 5 mil funcionários.

Na fábrica da Jeep as mulheres respondem por 16% da força de trabalho, índice que chega a 24% nos fornecedores. Dentre as empresas que têm maior participação das mulheres a Lear mostra a forte presença delas na área de costura dos bancos. Além de entregarem peças e conjuntos diretamente para a fábrica do Renegade alguns sistemistas também têm intercâmbio de componentes.

Dentre as doze empresas presentes no parque estão a Adler Pelzer [componentes de acabamento interno e de isolamento acústico], Brose [sistemas das portas], Denso [sistemas térmicos], Lear [bancos], Pirelli [pneus], PMC [conjuntos soldados estruturais de chassis e das estruturas dos bancos], Revestcoat [tintas], Saint-Gobain [vidros] e Tiberina [conjuntos soldados estruturais de chassis].

As demais unidades produtivas, num total de dezesseis, são do Grupo Magnetti Marelli: MMH PCMA [soldagem e montagem de sistemas de produção, tanques plásticos, montagem do conjunto de pedais e sequenciamento do sistema de exaustão], MMH Suspension Assembly, MMH Suspension Welding, MM Stamping [estampagem de componentes estruturais e de suspensão] e MM Welding [soldagem de subchassi], além das joint ventures com a Faurecia [FMM] e com a Sole Prima [SPMM].

Michelin produzirá marca 25% mais barata no País

A Michelin trará uma nova marca de pneus radiais para ônibus e caminhões ao Brasil e aposta em preços 25% menores para atrair consumidores. A BFGoodrich, braço estadunidense da companhia de origem francesa, chega para tentar ganhar espaço fora do mercado premium, onde a Michelin continuará atuando.

A linha de pneus, que conta com três produtos, será importada da Polônia em um primeiro momento. Mas, de acordo com Feliciano Almeida, diretor de marketing e vendas de pneus de caminhão e ônibus da Michelin para América do Sul, a partir do segundo semestre dois modelos serão produzidos na fábrica de Campo Grande, RJ.

“Nos últimos anos preparamos a unidade da Michelin para fabricar a nova marca. Não precisaremos contratar mais funcionários, pois eles foram chamados gradativamente nos últimos meses para serem treinados. Desta forma ganharemos flexibilidade na unidade, o que é importante em momentos de retração do mercado como o que estamos passando.”

Ao menos no início a produção brasileira servirá para abastecer apenas o mercado local. “As exportações para a América Latina não estão nos planos por enquanto, uma vez que as configurações e tamanhos são diferentes.”

Almeida afirmou que o investimento para nacionalizar a marca BFGoodrich e produzir os pneus em solo nacional está dentro do pacote de € 1 bilhão anunciado pela Michelin para o Brasil no período de 2011 a 2016.

Segundo o executivo o principal chamariz para a nova marca está nos menores preços em relação aos Michelin. “Queremos atrair novos clientes, que podem usar a BFGoodrich como porta de entrada e acabar migrando para a Michelin em um segundo momento.”

Almeida afirmou que a maior parte dos novos clientes devem ser transportadores autônomos e frotistas pequenos e médios, que buscam produto com bom desempenho aliado a um baixo valor inicial. O executivo não revelou a durabilidade dos produtos e disse que a empresa ainda não realizou testes no Brasil.

“A BFGoodrich é conhecida por ser uma marca tradicional em competições. Nosso objetivo é trazer esse boa desempenho para os desafios das estradas brasileiras.”