Vendas caem 25% na primeira quinzena

A primeira quinzena de maio fechou com retração de 25% nas vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus. De acordo com dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData o mercado registrou 110,1 mil licenciamentos até a segunda-feira, 18, quando completaram-se os primeiros onze dias úteis de maio. Há um ano o volume chegara a 148 mil unidades no mesmo período.

Na comparação mensal o saldo também é negativo, embora em menor proporção: com relação à primeira quinzena de abril, quando foram registrados 115,2 mil emplacamentos, a queda é de 4,4%.

A média diária da primeira quinzena alcançou pouco mais de 10 mil unidades, abaixo da média apurada na primeira quinzena de abril, 10,5 mil unidades, e em todo o mês passado, que chegou a 10,9 mil veículos.

O índice médio diário de licenciamentos só supera o de março, que somou 9,6 mil veículos.

Segundo uma fonte ligada ao varejo ouvida pela Agência AutoData a expectativa é de fechar o mês com cerca de 210 mil licenciamentos. Restam ainda nove dias úteis de vendas e, mantido este ritmo da quinzena até o fim de maio, o mercado chegaria a 200 mil unidades – o varejo espera, portanto, ligeira aceleração no ritmo da segunda metade, fenômeno que usualmente ocorre no mercado brasileiro.

Essas 210 mil unidades, caso confirmadas, representariam queda de 28% com relação a maio do ano passado, quando foram emplacados 293,4 mil autoveículos.

O resultado aprofundaria também a queda acumulada do ano, que fechou com 19% de retração no quadrimestre. De janeiro a maio do ano passado foram licenciados 1,4 milhão de veículos. Alcançada a projeção dos varejistas, este período de 2015 somaria 1,1 milhões de unidade, retração de 21%.

Greve na Volvo em Curitiba já é a maior da história

A greve dos metalúrgicos da Volvo na unidade de Curitiba, PR, entrou no oitavo dia na terça-feira, 19. A paralisação já se configurou como a mais longa já ocorrida na fábrica, inaugurada em 1979 – até então o maior período fora de cinco dias.

A montadora apresentou nova proposta aos trabalhadores, mas esta foi rejeitada em assembleias realizadas na manhã da segunda-feira, 18, e terça-feira, 19. A oferta foi por abertura de lay-off para seiscentas pessoas por sete meses – sendo os dois últimos com custos arcados na totalidade pela Volvo –, abertura de PDV, Programa de Demissão Voluntária, com salários pagos até dezembro e mais de um a quatro salários adicionais dependendo do tempo de casa, além do PLR 2015, e retirada dos limitadores mínimos desta, mantendo a referência do ano passado: R$ 30 mil para o volume de produção igual ao de 2014, com adiantamento de R$ 5 mil.

O SMC, Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, dividiu a votação em duas na assembleia da segunda-feira: votaram separadamente os associados ao sindicato e os não-associados. Para o primeiro grupo, a maioria do chão-de-fábrica, o plano foi rejeitado por 54% e para o segundo, formado majoritariamente pelos funcionários administrativos, aprovado por 74%. Depois de divulgado o resultado os não-associados entraram na empresa para trabalhar e os associados continuaram em greve. Na votação de terça-feira, 19, participaram apenas os associados ao SMC.

A discordância principal agora está no valor do adiantamento da PLR. A Volvo oferece R$ 5 enquanto o sindicato pediu R$ 9,5 mil – no ano passado o valor foi de R$ 19 mil. A montadora estima queda de 50% na produção neste ano e, assim, o benefício seria de R$ 15 mil no total, mas segundo porta-voz o valor pode subir caso os volumes fabris também alcancem índices mais positivos. Nova assembleia foi agendada para a manhã da quarta-feira, 20.

MERCEDES-BENZ – Enquanto isso a Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, no ABCD paulista, mais uma vez informou ao sindicato intenção de demitir 500 funcionários, repetindo o ocorrido há um mês, quando greve por cinco dias fez a montadora reverter a decisão. Ali, foi acordado extensão de lay-off para 750 trabalhadores até 15 de junho e abertura de novo PDV até 15 de maio.

O PDV, entretanto, segundo a empresa, obteve menos de cem adesões, o que a fez insistir no corte de quinhentos trabalhadores do grupo que está em lay-off – os demais 250 têm estabilidade assegurada por restrição médica e tem retorno agendado para o fim de setembro.

Além disso a montadora anunciou férias coletivas para todo o pessoal produtivo da unidade – cerca de 7 mil trabalhadores – de 1º. a 15 de junho.

Em comunicado, a montadora considerou que “há mais de um ano busca junto ao Sindicato gerenciar o excesso de pessoas na fábrica, em razão da forte queda de vendas de veículos comerciais no mercado brasileiro. Para isso adotou medidas como semanas curtas, folgas coletivas, licenças remuneradas e lay-offs com 100% dos custos assumidos pela empresa, além de vários PDVs. No último, que se encerrou no dia 15 de maio, ofereceu o máximo de benefícios financeiros possíveis, porém, teve-se baixa adesão. Diante do exposto e da retração do mercado, a empresa precisa encerrar os 500 contratos de trabalho do grupo hoje em lay-off até o dia 29 de maio”.

A Mercedes-Benz, na nota, também acrescentou que “continuará negociando com o Sindicato medidas para gerenciar um excedente de cerca de 1 mil 750 colaboradores que está dentro da fábrica e reitera que precisa recorrer às medidas para enfrentar o desfavorável cenário econômico”.

Iveco: força em nacionalização, processos e desenvolvimento.

A Iveco pormenorizou os planos para R$ 650 milhões de investimento no Complexo Industrial de Sete Lagoas, MG, até 2016. O objetivo da fabricante de caminhões da CNH Industrial é reforçar sua competitividade no mercado brasileiro por meio do aumento da nacionalização de componentes, aperfeiçoamento de processos com foco na qualidade, além de pesquisa e desenvolvimento.

“As aplicações ocorrem desde o ano passado”, assegura Marco Borba, vice-presidente da companhia para a América Latina. “Devemos ter consolidado em torno de 25% com lançamentos, processos, homologações de fornecedores e campo de provas.”

Do total dos recursos, R$ 250 milhões serão utilizados para o aumento de nacionalização de componentes. A ação, além de fortalecer a eficiência dos processos produtivos, permite minimizar os efeitos da valorização do dólar, segundo Borba. “Os produtos Iveco, em média, já possuem 60% de nacionalização, mas ainda há muitos componentes vindos de fora que atualmente afetam a competitividade.”

De acordo com o vice-presidente, o plano da empresa é aumentar o índice de nacionalização dos veículos até chegar a 80% a 90%, a depender da linha de produto. “No planejamento há duzentos itens para serem localizados, principalmente os de maior valor, como cabines e suspensão.”

Fundamental na busca por maior nacionalização será o início das atividades de condomínio de fornecedores, em terreno de 257 mil m² ao lado da fábrica mineira, em processo semelhante ao que a Fiat fez em Betim, MG, no passado. No empreendimento já foram investidos R$ 16,2 milhões com obras de infraestrutura e, dos vinte lotes disponíveis, oito já estão reservados. Borba prefere ainda não revelar os nomes dos parceiros, mas calcula que “o distrito industrial representará aumento de 10% a 15% no número de fornecedores mineiros e também deverá atrair empresas de fora do País”.

Outra porção do investimento, de R$ 160 milhões, será destinada às melhorias nos processos produtivos com aquisição de novas ferramentas e tecnologias. Estão no pacote bancadas para instalação de chicote, robôs para a cabine de pintura, dispositivos de abastecimento de fluidos que garantem segurança conta vazamentos e, para breve, a inauguração de um campo de provas para validação dos veículos, onde foram aplicados R$ 24 milhões.

“Temos um novo padrão de desenvolvimento de produtos, com capacidade para testar e avaliar toda linha de produtos Iveco, dos semileves aos veículos de defesa.”

Os R$ 240 milhões restantes do investimento total ficam para a área de pesquisa e desenvolvimento. Por esta frente, antes de novos lançamentos a montadora coloca ficha no aprimoramento de seus produtos, no esforço de oferecer modelos mais econômicos e que garantam maior disponibilidade ao transportador. “Diversos itens já estão sendo trabalhados”, conta Ricardo Barion, diretor de marketing da Iveco para a América Latina. “Há muitas oportunidades em produtos vocacionais.” Nesta cesta o diretor lembra novas versões de transmissões e o quarto eixo direcional, “uma tendência de mercado”.

A rede Iveco também não passará incólume ao ciclo de investimento. Um novo Centro de Treinamento da CNH Industrial, em Sorocaba, SP, passa a reforçar a capacitação profissional do pós-venda com cursos técnicos nas áreas comercias e gerenciais. “Nossa meta é reduzir o índice de falhas, além de abreviar o tempo do veículo parado na concessionária”, revela Barion.

O diretor de marketing ainda lembra que a Iveco reestuda o mapa de atendimento da rede, hoje com 96 endereços. “O número de pontos não traduz necessariamente o melhor atendimento”, acredita Barion. “Estamos realizando estudo no sentido de fechar pontos, abrir outros e até passar casas para outros grupos econômicos. Estamos em diálogo com a rede na busca por novas alternativas. O modelo dual brand em casas da CNH é um exemplo.”

Com o investimento o vice-presidente da Iveco acredita em um empurrão na participação da montadora no mercado de caminhões, atualmente em torno de 8%. “A Iveco tem todas as condições de ter 10% ou mais do mercado, pelos produtos e investimentos já feitos. Não é aceitável abaixo disso, portanto, temos uma lição de casa a fazer. A expectativa é até mesmo superar os 10%.”

Desde que reiniciou atividades no País, em 1997, a Iveco persegue os 10% do mercado de caminhões. Embora não possa falar pelo passado recente da empresa, Borba admite uma expectativa de mercado à época muito maior do que se vê hoje em dia.

“Talvez também na pressa de cumprir com os objetivos programados, alguns lançamentos não foram adequados ao momento, não estavam alinhados com as necessidades do cliente. Hoje é diferente, temos condições de entregar o caminhão que o cliente quer.”

EXPORTAÇÕES – O mercado de caminhões não está fácil para nenhum dos competidores. O vice-presidente da Iveco, no entanto, enxerga com olhos mais otimistas o segundo semestre, muito em virtude da competitividade que o produto brasileiro alcançou com a desvalorização do real. Desde o final do ano passado a empresa já encaminha conversas mais firmes com mercados além da Argentina e Venezuela, parceiros tradicionais da fabricante mineira.

Segundo Borba, A partir de 2015 o volume de exportações da Iveco deve chegar a 1 mil unidades/ano fora do eixo Argentina-Venezuela. A expectativa é enviar do Brasil de duzentas a 250 unidades por mês para outros mercados da América Latina. “Quando se consegue equilibrar preço, as oportunidades para os produtos brasileiros surgem. As exportações estão mais elevadas, conquistando fatia importante do produto italiano.”

Adeus ao pedal da embreagem

Os baixos volumes da indústria automotiva neste início de ano não alteraram os planos das fabricantes de transmissões no País para os próximos anos. Convictas de que a automatização das caixas é o caminho natural para a frota brasileira, empresas como a Voith mantêm a meta de crescer, principalmente na fatia que representa os ônibus urbanos.

Rogério Pires, diretor de desenvolvimento de negócios da divisão de veículos comerciais, acredita que até o fim deste ano a fabricante atenderá todas as montadoras de ônibus instaladas no Brasil: “Fornecemos caixas automáticas para Mercedes-Benz, Volvo e, mais recentemente, MAN Latin America. Considerando a alta demanda pelas caixas automáticas e os futuros contratos de fornecimento, nossa projeção é passar das atuais 2 mil caixas/ano para 5 mil/ano” – o executivo não revela o período estimado para atingir este volume, mas o plano é de médio prazo.

O executivo calcula, no entanto, que o atual mercado desaquecido representará queda de produção das transmissões montadas na unidade do bairro do Jaraguá, em São Paulo, neste 2015.

“A baixa não deve ultrapassar 10% frente às 2 mil do ano passado. Ainda assim, ampliaremos nossa participação de 50% para 60% na fatia de ônibus articulados com piso baixo e motor traseiro que ganham os corredores de todo o País.”

O executivo também não revela o atual índice de nacionalização das transmissões, mas afirma que com a demanda crescente o avanço na localização dos componentes utilizados em sua montagem vem a reboque. “A qualidade de vida no transporte público estava fora de propósito, por isso projetos para a melhoria da mobilidade devem se manter, caso do aumento dos corredores de ônibus.”

RENOVAÇÃO – Alexandre Marreco, gerente de desenvolvimento de negócios de sistemas de transmissão da ZF, calcula que hoje 80% dos ônibus no País usam transmissão manual e 20% automática. “Em 2000 essas caixas sequer existiam. A certeza é de que essa curva irá se inverter, mas a velocidade com que isso acontecerá depende do ritmo de renovação das frotas.”

Amaury Rossi, diretor de desenvolvimento de mercado da Eaton, vislumbra a retomada do mercado automotivo a partir de 2016. “O mercado está fraco hoje, mas não podemos nos abater. A tecnologia de caixas automáticas e automatizadas virá, não há dúvidas. Tanto que mantemos os investimentos e teremos novos contratos de fornecimento de caixas automatizadas a montadoras em breve.”

Rossi justifica que a falta de motoristas qualificados, mesmo em tempos de economia em baixa, motiva o empresário a optar pelas caixas inteligentes: “A redução de consumo e de desgaste prematuro de componentes reduz o custo operacional, o que sem dúvida é interessante ao frotista”.

Thomas Schmidt, diretor de pesquisa, desenvolvimento e inovação da ZF para América do Sul, destaca que mesmo com os avanços em tecnologias do motor a transmissão é peça fundamental para se aferirem benefícios na operação: “O powertrain hoje automatiza ações que antes eram do ser humano. Tira-se o peso do trabalho mecânico do motorista, que pode dedicar mais atenção à segurança”.

Marreco, da ZF, afirma que no anda-e-para das cidades as caixas automáticas tornam os ganhos mais perceptíveis, enquanto nas aplicações rodoviárias as automatizadas revelam melhores resultados.

A ZF fornece a caixa AS Tronic automatizada para caminhões DAF, Ford, Iveco e MAN Latin America, além da automática Ecolife para ônibus Mercedes-Benz.

“O mercado está retraído neste início de ano, mas tem potencial de recuperação a partir do segundo semestre”, analisa o gerente de desenvolvimento de negócios da ZF. Ele entende que “com mais clareza após os ajustes econômicos, os frotistas retomarão as compras. O custo operacional ainda é preponderante na decisão de compra e, por isso, as transmissões automáticas e automatizadas devem continuar a ganhar mercado”.

Vendas de pneus caem 2% no quadrimestre

O cenário negativo do setor automotivo refletiu nos resultados da indústria de pneus, que fechou o primeiro quadrimestre em queda de 2% nas vendas, comparado com janeiro a abril do ano passado. Segundo a Anip, associação que representa as fabricantes aqui instaladas, foram comercializadas 24,9 milhões de unidades no período, ante 25,4 milhões há um ano.

Nem o bom momento da reposição, que registrou crescimento de 10,9% no período, para 15,7 milhões de pneus, evitou a retração da indústria. Isso porque as vendas de pneus para montadoras cederam 21,5% e a exportação caiu 13,5%, para 5,2 milhões e 4 milhões, respectivamente.

Segundo a Anip os segmentos de pneus para carro de passeio e industriais foram os únicos a apresentar dados positivos no período. As vendas de pneus de passeio cresceram 4,4%, para 12,7 milhões de unidades, e as de pneus industriais avançaram 3%, para 761 mil unidades.

Em compensação o segmento de pneus de carga recuou 17,5%, para 2,5 milhões de unidades, e o de pneus agrícola caiu 8,8%, para 271 mil unidades. Houve queda também no segmento de duas rodas, 5,8%, para 5,3 milhões de unidades, caminhonetes, 5,2%, para 3,2 milhões de unidades, e OTR, 15,3%, para 46 mil unidades.

Em nota Alberto Mayer, presidente da Anip, afirma que a expectativa é ruim para o setor, ao menos no curto prazo. “Estamos vivendo um período de queda geral nas vendas para as montadoras, acompanhando o que acontece na indústria automotiva, e normalmente o mercado de reposição se mantém nessas crises. Quando não se compra veículos novos ocorre a substituição dos pneus e outras peças que se desgastam, mas no setor de cargas isso não está ocorrendo este ano.”

O motivo, de acordo com a Anip, é a redução do fluxo de veículos nas estradas concedidas à iniciativa privada, medido pela ABCR, Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias. Em abril houve redução de 6,1% no tráfego de veículos pesados, cuja produção de novos recuou 47% no mesmo mês, de acordo com a Anfavea.

Em contrapartida o trimestre encerrou com avanço na produção de pneus: 2,8%, para 24,5 milhões de unidades. Mas a tendência é de reversão do quadro: “Em abril várias empresas diminuíram ou pararam completamente as linhas de montagem. No nosso setor a Pirelli anunciou lay-off”.

Mayer acredita, porém, em reversão do clima negativo que assola o País. Segundo ele, esta é uma fase de ajustes e o crescimento será retomado após esse período.

Motores Diesel: máquinas no caminho.

O ingresso de novas fabricantes de máquinas agrícolas e de construção no Brasil, e o início de nova legislação de emissões específica para o segmento fora de estrada, denominada Programa de Controle da Poluição de Ar por Veículos Automotores para Máquinas Agrícolas e Rodoviárias, mais comumente chamada de Proconve MAR-1 e equivalente à norma Euro 3 de caminhões e ônibus, aceleram os projetos de motores a diesel no País.

A este quadro se somam três novas players de maquinário por aqui: a Hyundai Heavy Industries, instalada em Itatiaia, RJ, a LiuGong, em Mogi Guaçu, SP, e a XCMG, em Pouso Alegre, MG. Todas iniciaram montagem local dos seus equipamentos e buscam aumentar índice de nacionalização com o objetivo de se adequarem às regras do Finame.

Ao mesmo tempo, a exemplo do que ocorreu com a introdução da Euro 5, regulamentação que demandou uma série de mudanças nos motores de caminhões e ônibus em 2012, fabricantes de equipamentos agrícolas e de construção terão que dar um salto tecnológico para reduzir a emissão de poluentes no cronograma Proconve MAR-1.

Nesse cenário três das maiores fabricantes de motores diesel do Brasil, Cummins, FPT e MWM International, ampliam aplicações e novos negócios. E embora as novidades não equacionem a queda no fornecimento às fabricantes de ônibus e caminhões – a Anfavea estima queda de vendas de 31,5% no ano – as oportunidades desenham novos horizontes.

A MWM International, por exemplo, tem programado para este ano 33 lançamentos, a maior parte produtos destinados ao segmento de máquinas e equipamentos. Thomas Püschel, diretor de vendas e marketing, revela: “Trabalhamos em mais de cem novos projetos, tanto protótipos quanto motores já em fase inicial de produção”.

Para o executivo “esse movimento de lançamentos necessários à regulamentação se refletirá ao longo de pelo menos mais quatro anos. Isso nos dá uma boa base de sustentação e de crescimento. Assim, quando ocorrer a retomada de mercado, creio que a partir do ano que vem, estaremos prontos para aumentar nossa participação”.

Prova do que Püschel salienta é a conclusão da homologação do primeiro de uma série de motores da empresa com objetivo de atender ao MAR-1. A companhia, por seus cálculos, foi a pioneira no País a confirmar a adequação do motor às novas regras ambientais junto aos órgãos competentes.

O movimento também é nítido na Cummins, localizada em Guarulhos, SP, que deverá produzir 45 mil motores este ano. Ainda que o volume represente queda de 16,6% ante as 54 mil unidades produzidas no ano passado, Luís Chain, diretor de marketing e vendas, revela estratégia de reforço no portfólio como forma de amenizar o quadro negativo:

“O mercado é uma variável sem controle, cabe a nós apenas monitorar. Já a participação é mais gerenciável, pode crescer com novas aplicações, independentemente de movimentos negativos de vendas. Nossa energia está centrada nisso: avançar em aplicações e novos mercados de exportação”.

Chain destaca que a Cummins já fornece motores para a Hyundai Heavy Industries e negocia atualmente a nacionalização com a LiuGong, igualmente cliente da companhia na China: “Os novos entrantes, junto da MAR-1, devem movimentar o mercado com 1 mil a 2 mil unidades adicionais até 2017”.

Como a Cummins também a MWM International aposta em novos contratos, conta Puschel: “Grupo Sany, de São José dos Campos, e LS Mtron, de Garuva, Santa Catarina, por exemplo, querem aumentar o índice de nacionalização, motivados pelas oportunidades. Sabem que há carência em investimentos em infraestrutura, mas que cedo ou tarde virão, demandando equipamentos”.

A Budny Equipamentos Agrícolas, instalada em Içara, SC, e a Stara, de Não Me Toque, RS, também estão na lista de clientes da MWM International, formada por mais de duzentas empresas, em torno de 160 brasileiras e outras quarenta espalhadas pelo mundo.

Amauri Parizoto, diretor de vendas e marketing da FPT na América Latina, conta que 49 novas versões de motores entrarão em linha de produção para atender ao MAR-1: “São lançamentos voltados tanto para as empresas do Grupo CNH Industrial quanto para as companhias de fora, que chamamos de mercado aberto”.

Segundo ele a estratégia de vendas a outras empresas é mundial e deverá ganhar espaço na região latino-americana: “Globalmente 47% das vendas são para fora do Grupo. Na América Latina esse porcentual é de 7%, ou seja: temos muito campo para crescer fora do cliente cativo”.

Embora enxergue perspectiva de crescimento no curto prazo, Parizoto estima volume estável de vendas na região da América Latina para este ano na comparação com 2014: “Nossa projeção é por volta de 56 mil motores. Não sabemos ainda como será o segundo semestre, mas acreditamos que ao menos a partir do próximo ano o mercado volte a crescer”.

EXPORTAÇÕES – Os embarques de motores representavam fatia de 8% dos volumes produzidos pela MWM International e neste ano devem saltar a 11%, segundo os cálculos de Püschel.

O executivo, que prevê alta de 4% nas exportações, destaca as vendas ao Egito: “Esse mercado cresceu 170% no ano passado e em 2015 a alta deve superar 20%”.

Chain, da Cummins, enumera as vendas para Colômbia, Peru e Chile:
“São mercados que demandam motores a gás natural para caminhões e ônibus, já que nessas regiões o preço do combustível é bastante atrativo”.

O diretor da Cummins conta ainda que o planejamento da companhia prevê no cenário geral para 2015 queda de vendas de caminhões, no Brasil, da ordem de 25% a 30% e para máquinas agrícolas e rodoviárias de 5% a 10%. O negócio de reposição, assim, ganhará mais destaque nos volumes da empresa: “O pós-venda começa a despontar novamente. As vendas estiveram aquecidas nos últimos anos, o que gera demanda maior de reposição”.

No Brasil os postos de atendimento da Cummins somam duzentos e até o fim do ano outros quarenta deverão ser inaugurados: “Continuamos crescendo para ter capilaridade”.

Parizoto, da FPT, revela que a empresa empreende um sistema de sinergia com a rede do Grupo: “Usaremos a estrutura das revendas Iveco para prestar atendimento específico, personalizado aos clientes FPT, em área dedicada”.

Segundo o diretor o faturamento do segmento de reposição crescerá 27% neste ano, “o que é um bom reflexo dos últimos anos”.

Uma oficina, várias marcas

Uma oficina única para três marcas: com esse propósito o Grupo Ramasa, representante das bandeiras Nissan, Peugeot e Toyota em Goiás, criou o Lince All Service, um centro de funilaria especializado em veículos das três montadoras.

Rogério Braz, gerente de pós-vendas, explica que os clientes deixam os veículos nas próprias concessionárias para o reparo – são seis casas no Estado, distribuídas nas cidades de Goiânia, Itumbiara e Rio Verde.

“O veículo a ser reparado é guinchado de cada revenda até o centro de funilaria, que fica no Polo Empresarial de Goiânia, a 20 quilômetros do centro da Capital. Ou seja: para o cliente não há mudança em sua rotina. Mesmo com esse custo a mais de transporte a operação é mais viável: antes terceirizávamos o serviço, mas decidimos centralizar em oficina própria.”

O centro de funilaria fica em área total de 10,2 mil m² e tem capacidade para atender seiscentos veículos por mês. “O investimento em equipamentos foi de R$ 5 milhões e compensou: nosso faturamento mensal passou de R$ 200 mil para R$ 900 mil, com picos de mais de R$ 1 milhão.”

Braz conta que 70% dos reparos realizados na unidade são via companhias de seguro. “Com a centralização conseguimos unir mão de obra especializada, preço e a confiança do reparo de concessionária, o que fideliza o cliente”.

A equipe, inicialmente de vinte pessoas, passou para 47. “Vamos ampliar a estrutura de pintura com uma terceira cabine para atender ao aumento da demanda.”

Para Alarico Assumpção Junior, presidente da Fenabrave, acredita que casos como o da Lince All Service devem se tornar cada vez mais frequentes:

“Grandes grupos de diversas bandeiras ou com muitas casas de mesma marca optarão por showroom em lugares de maior visibilidade, próximos aos grandes centros urbanos, portanto mais caros, e áreas dedicadas ao pós-venda, que exigem maior espaço, mais distantes”.

O Grupo Caltabiano, em São Paulo, adota a mesma estratégia e centralizou a reparação dos modelos Chrysler, Land Rover, Mercedes-Benz, Mini e Toyota em uma mesma oficina, no bairro da Barra Funda. Roberto Lyra, gerente de pós-venda do Centro de Reparação do Grupo Caltabiano, conta que antes cada loja tinha uma estrutura de reparo própria:

“Isso demandava muito espaço. Agora todos os equipamentos e ferramentas estão centralizados em uma só estrutura. A concessionária mais distante fica a 12 quilômetros, o que não atrapalha em nada a operação”.

Assumpção Jr. endossa: “Atender em pequenas oficinas dentro das concessionárias torna-se inviável por questões de custo e de difícil manutenção de mão de obra especializada. Acredito, inclusive, que a unificação de reparo mecânico também deverá ocorrer. É um passo mais difícil, mas não impossível”.

Em Brasília, DF, o Grupo Saga unificou a funilaria das marcas Citroën, Hyundai, Jeep, Peugeot, Toyota e Volkswagen. Leandro da Silva Diniz, gerente de serviços do CRT, Centro de Reparo Técnico, conta que o faturamento mensal do negócio passou de R$ 300 mil em 2008 para R$ 3 milhões atualmente.

“É uma prática muito rentável. A mão de obra qualificada é difícil de ser encontrada e o grupo enxergou na unificação dos serviços uma oportunidade. A tendência é de que o pós-venda represente parcela cada vez maior no faturamento das empresas.”

O Grupo Saga tem também um CRT em Goiânia e vai inaugurar outro em Cuiabá, MT, com investimento de R$ 2 milhões e equipe com cerca de oitenta pessoas.

Segundo o presidente da Fenabrave, embora o sistema de distribuição automotiva não tenha uma uniformidade, caminha a passos largos para a profissionalização e adoção de modelos operacionais com foco direcionado principalmente à excelência da área de pós-venda.

“Há pequenos, médios e grandes concessionários em todo o País, abrangendo diferentes grupos econômicos, sendo que 90% ainda são empresas de origem familiar. A gestão tem se modificado em termos de profissionalização e qualidade.”

Nova proteção balística promete reduzir peso de carros blindados

As mantas de aço tradicionalmente utilizadas na blindagem automotiva ganharam concorrência. A Ser Glass, empresa que produz vidros blindados, ampliou sua atuação no País com a um novo material de mantas de compósitos, o Udura, que cumpre as homologações exigidas pelo Exército Brasileiro segundo a fabricante.

Feito com fios de aramida e compósitos semelhantes à fibra de carbono, o material teve investimento de R$ 3,5 milhões para desenvolvimento e produção em nova fábrica, localizada em Pouso Alegre, MG.

Antonio Bertagnoli, diretor-geral da Ser Glass, afirma que o novo material é nove vezes mais resistente que as mantas de aço comumente usadas e tem garantia de dez anos.

“A tecnologia sem tecidos laminados reduz em média 50 quilos no peso do veículo, o que minimiza desgaste de componentes como pneus e suspensão.”

De acordo com Bertagnoli a instalação também é mais fácil: atualmente, a blindagem tradicional demora em média 40 dias para ser entregue e com o Udura esse prazo pode cair para 15 dias. “O método de instalação é mais rápido, limpo e seguro”, assegura o dirigente.

O executivo explica que peças prontas e modeladas são projetadas com sobreposições e encaixes, o que acelera o processo. “Já temos dezoito kits para blindagem e alcançaremos cinquenta.”

Na lista dos modelos com kits Udura já disponíveis estão Toyota Corolla, VW Tiguan, Ford Fusion, Land Rover Evoque, Jeep Grand Cherokee, BMW Série 3, Mercedes-Benz Classe C e Toyota Hilux.

“Os ruídos internos também são minimizados, pois os compósitos são mais maleáveis que as peças de aço inoxidável.”

Atualmente a Udura tem capacidade produtiva de 60 kits de blindagem/mês na fábrica de Pouso Alegre. “A meta é ampliar mensalmente a produção em 20%.”

As linhas de vidros blindados Ser Glass continuam em São Bernardo do Campo, SP. “No último ano ampliamos as entregas em 30%, pois o mercado cresce e nossa participação também.”

Os clientes são empresas de blindagem como Hight Tech Blindagens, W.Truffi, GR Blindados, MG Blindados e outras.

Abraciclo entra no Festival do Consorciado Contemplado

A Abraciclo agora também participa do 1º Festival do Consórcio Contemplado, lançado em parceria da Anfavea com Fenabrave e Abac e em vigor desde o começo do mês. A associação que representa as fabricantes de motocicletas, segmento em que os consórcios respondem por cerca de 40% das entregas, anunciou sua adesão na segunda-feira, 18.

Durante o anúncio do programa, no fim do mês passado, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., antecipara à Agência AutoData que a Abraciclo fora convidada e deveria juntar-se a uma segunda etapa do programa. Sua decisão, porém, foi antecipada, como explica o presidente Marcos Fermanian em comunicado.

“Avaliamos as possibilidades da iniciativa, considerando as incertezas do mercado. Esperamos um crescimento na demanda de motocicleta com a efetivação dos negócios com os cotistas já contemplados.”

O executivo estima que existam cerca de 100 mil cotas contempladas para a aquisição de motos cujos proprietários ainda não efetivaram a compra. O festival oferece condições especiais para os clientes com cartas de crédito contempladas até 15 de junho.

As vendas de motocicletas recuaram 10,7% no quadrimestre, mas, ao menos, mantiveram o ritmo médio diário de licenciamentos na primeira quinzena de maio, quando comparado com igual período de abril. Segundo a Abraciclo foram licenciadas 5 mil 449 motocicletas por dia útil até a sexta-feira, 15, ante 5 mil 453 unidades/dia na primeira quinzena de abril.

Com relação à primeira quinzena de maio do ano passado a queda foi de 10,5%, de acordo com dados da associação revelados na segunda-feira, 18.

Palio, HB20 e Onix continuam a disputar a ponta em maio

Repetindo o ocorrido em abril, a disputa pela liderança de vendas por modelo continua acirrada em maio. A diferença é que três modelos se descolaram na ponta, abrindo margem para a Fiat Strada, que também brigou pela primeira posição da tabela no mês passado.

De acordo com dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData até a sexta-feira, 15 – faltando um dia, a segunda-feira, 18, para completar a primeira quinzena do mês, equivalente aos onze dias úteis iniciais do período – o Fiat Palio é o primeiro colocado, com 4,9 mil licenciamentos. A seguir está o Hyundai HB20, com 4,5 mil, enquanto o Chevrolet Onix fecha o pódio com 4,4 mil.

O ritmo de vendas dos líderes segue bem parecido com o da primeira quinzena de abril em termos de volume. Nos onze primeiros dias do mês passado o HB20 tinha 5 mil, o Onix 4,6 mil e o Palio 4,5 mil.

A distância dos três já é razoável para o quarto colocado, o VW Gol, com 3,7 mil. Mas o resultado é razão de comemoração para o modelo, sétimo em abril – aparentemente comprovando bons índices de recente campanha de varejo para o modelo, que ofereceu R$ 5 mil de desconto ou até R$ 7 mil no caso do Festival do Consorciado Contemplado.

Fecha os cinco primeiros, a aproximadamente uma dezena atrás do Gol, o Fiat Uno, igualmente na casa de 3,7 mil. E em sexto, somente cerca de 20 unidades atrás, está a Strada, que no mês passado fechou em quarto mas brigou pela liderança até o último dia.

E os dez primeiros da metade inicial de maio, pela ordem, são completados com Ford Ka, 3,1 mil, e Toyota Corolla, VW Fox e Chevrolet Prisma – os três todos tecnicamente empatados da oitava à décima posições na faixa de 2,8 mil unidades licenciadas no período.

O Renault Sandero aparece fora do Top 10, ainda que imediatamente a seguir, na décima-primeira posição, 2,6 mil, seguido por Hyundai HB20S, VW Saveiro, Fiat Siena e, novamente com ótimo desempenho, o Honda HR-V, 2,3 mil. Assim lidera mais uma vez o segmento de SUVs compactos e vê o concorrente mais próximo, o EcoSport, 1 mil unidades atrás. Os separam a Chevrolet S10, os VW Voyage e Up, Ford Fiesta, Toyota Etios hatch e o Honda Civic.