Inadimplência para veículos segue estável pelo quinto mês consecutivo

Nem caiu, nem subiu. Pelo quinto mês consecutivo os atrasos nos pagamentos de financiamentos de veículos por pessoas físicas mantiveram patamar de 3,9%, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Desde dezembro do ano passado, quando a inadimplência do setor caiu de 4,1% para 3,9%, não há alterações no índice divulgado pela instituição. E já são onze meses consecutivos sem oscilações para cima no gráfico de atrasos superiores a noventa dias nos pagamentos de financiamentos de veículos.

Com relação a abril do ano passado, quando a inadimplência registrou 4,9% – já em redução na comparação com o mês anterior – houve recuo de 1 ponto porcentual no índice. O patamar atual é mais baixo da vigente série histórica do BC, que contempla os resultados desde 2011.

Já a inadimplência geral do sistema financeiro cresceu 0,2 ponto porcentual de março para abril e alcançou 3%. Com relação a abril do ano passado a alta foi de 0,1 ponto porcentual.

O indicador ficou estável em 3,7% no crédito para pessoas físicas e subiu 0,2 ponto porcentual no segmento de pessoas jurídicas, alcançando 2,3%.

Ford investirá mais US$ 220 milhões na Argentina

O presidente da Ford para América do Sul, Steven Armstrong, reuniu-se com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e a ministra local da Indústria, Débora Giorgi, no fim da tarde da quinta-feira, 28, na Casa Rosada, em Buenos Aires, sede do governo local, e ali anunciou investimento de US$ 220 milhões nas operações da montadora naquele país no biênio 2015-2016. Enrique Alemañy, presidente da operação argentina da Ford, também participou do encontro.

O aporte será aplicado para modernização das linhas na planta de General Pacheco, em especial para produção das novas gerações do Focus e da Ranger, já fabricados em seus modelos atuais naquela unidade. Serão renovadas em particular as áreas de prensa e pintura.

Além disso cerca de US$ 60 milhões serão aplicados em um programa de nacionalização de peças que, segundo o governo argentino, reduzirá em US$ 120 milhões ao ano as importações de peças pela Ford Argentina, em total de 290 componentes que atualmente chegam do Exterior e passarão a ser fabricados naquele país.

Em General Pacheco, além de Focus e Ranger, a Ford produz os motores diesel que equipam a picape.

Os US$ 220 milhões se somam ao programa de investimento de US$ 550 milhões da Ford na Argentina para o período 2011-2015. Assim, considerando-se de 2011 a 2016, este avança para US$ 770 milhões.

Em coletiva de imprensa concedida após o encontro a ministra da Indústria da Argentina afirmou que o setor automotivo em seu país “está sendo afetado pela fortíssima queda do mercado brasileiro, para onde vai 60% da produção local”. Ela ainda acrescentou que “graças ao investimento a Ford pode reorientar seus produtos para o mercado interno” – que encerrou o primeiro quadrimestre em retração de 12,5%.

Armstrong, por sua vez, declarou que “o contínuo fluxo de investimentos deixa evidente o relevante papel destinado à operação argentina no plano global One Ford como fornecedor regional estratégico para os planos de médio e longo prazo”. O executivo acrescentou ainda que “estes aportes em novos produtos e na qualidade da produção são elemento-chave do objetivo de continuar crescendo na região. Dotar a operação local da Ford com as tecnologias de produção mais modernas e com veículos de última geração comprovam nosso compromisso com a Argentina, que se mantém inalterado em 102 anos de presença ininterrupta no país”.

QUASE US$ 1 BI – Este é o terceiro investimento de montadoras na Argentina anunciado em pouco tempo. No início de março a Renault divulgou aporte de US$ 100 milhões para a unidade de Santa Isabel, que passará a produzir os modelos Logan e Sandero no ano que vem – atualmente ali são fabricados o Clio, o Fluence e o Kangoo.

E cerca de um mês depois novo montante para a mesma fábrica foi revelado conjuntamente pela Aliança Renault-Nissan e pela Mercedes-Benz: US$ 600 milhões para fabricar ali três picapes médias, uma de cada marca, a partir de 2018.

Assim apenas estas três iniciativas somadas – Ford, Renault e Aliança Renault-Nissan com M-B – representam investimento de quase US$ 1 bilhão na Argentina nos próximos anos.

Gol: o modelo mais procurado no Mercado Livre.

Por 27 anos consecutivos líder em vendas no mercado brasileiro, o Volkswagen Gol continua na preferência dos brasileiros mesmo após ser superado pelo Fiat Palio no ranking de modelos 0 KM mais comercializados, no ano passado. De janeiro a abril o automóvel foi o mais buscado pelos consumidores no Mercado Livre Veículos, plataforma do site de vendas on-line especializada em negociações de automóveis, caminhões e motocicletas.

A lista dos mais buscados, que une modelos zero quilômetro e usados, traz algumas surpresas. O Honda Civic, por exemplo, foi o segundo mais procurado pelos internautas no quadrimestre. A picape VW Saveiro, terceira no ranking, teve mais buscas do que sua rival, Strada, que registra mais vendas de 0 KM. Completam os cinco primeiros o VW Golf e o Chevrolet Corsa – este já fora de produção.

O ranking foi divulgado pelo Mercado Livre com exclusividade para a Agência AutoData. O site é o mais acessado pelos consumidores na internet brasileira no segmento de classificados, de acordo com Caio Ribeiro, diretor de classificados e novos negócios da empresa. “Temos o dobro do tamanho do segundo colocado.”

O banco de dados da companhia que tem sede em Buenos Aires, Argentina – o escritório brasileiro fica na região de Alphaville, na Grande São Paulo –, traz muitas informações sobre o gosto do consumidor brasileiro. As tendências são identificadas em intervalos curtos de tempo: Ribeiro cita como exemplo o crescimento de buscas por modelos Honda desde o lançamento do HR-V, em abril – o lançamento do utilitário esportivo impulsionou a procura por todos os automóveis da marca.

É possível identificar os modelos, sejam novos ou usados, mais procurados por Estado e faixa de preço, dentre outras variáveis. Segundo a empresa o site possui mais de 8,6 milhões de anúncios de veículos – automóveis, comerciais, caminhões, ônibus, motocicletas e barcos. Há até a categoria Carros Antigos, muito acessada pelos apaixonados por automóvel.

O ranking de automóveis mais anunciados traz também o Gol na liderança, seguido por Palio e Uno. Por marcas, a lista replica o atual mercado brasileiro: a Fiat lidera, seguida por Chevrolet e VW. Dos 2,6 milhões de automóveis e comerciais leves anunciados, 88% são usados e 12% zero quilômetro.

Muitos dos anúncios são alimentados pelas próprias concessionárias. O Mercado Livre tem um plano especial que permite uma determinada quantidade de anúncios de modelos, usados ou 0 KM. As compras, porém, são fechadas pessoalmente com os vendedores das revendas ou com o próprio anunciante, no caso de pessoa física – para estes, o anúncio é gratuito.

“São 5 mil empresas parceiras, sendo quinhentas de caminhões.”

O Mercado Livre também divulgou o ranking dos caminhões mais buscados de janeiro a abril: o tradicional Mercedes-Benz MB 1620 lidera, seguido pelo Scania 113, M-B 1113, Ford F400 e o M-B 710.

O caminhão mais anunciado pelos usuários nos classificados, porém, é o VW 24.250. O M-B 1620 ficou na vice-liderança.

As informações do Mercado Livre não se limitam a veículos. No Market Place, plataforma de vendas clássica de usuário para usuário com possibilidade de pagamento online, a categoria Acessórios para Veículos foi a segunda mais procurada de março a dezembro do ano passado e manteve o posto no primeiro quadrimestre – só foi superada por telefones e celulares.

Palio será o mais vendido em maio

O Palio certamente encerrará maio como o modelo mais vendido do País. O hatch da Fiat conseguiu abrir vantagem para os rivais na segunda quinzena e lidera com boa folga, que já lhe permite comemorar a liderança de forma antecipada.

Faltando apenas dois dias úteis para o encerramento do mês – a quinta-feira, 28, e a sexta-feira, 29 – o Palio soma 9,2 licenciamentos de acordo com dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData. O rival mais próximo, o HB20, com 7,6 mil, já está 1,6 mil unidades atrás, margem mais do que suficiente para assegurar ao Fiat a vitória no período.

Maio será o quarto mês de liderança do Palio no ano: perdeu só em março, para a Strada. Assim, caminha a bons passos para repetir a liderança anual obtida em 2014, após batalha épica com o Gol.

A disputa no mês, entretanto, permanece pela vice-liderança. O HB20 – mais uma vez em forte desempenho de vendas – tem pelo menos três rivais diretos: Onix, atualmente em terceiro com 7,2 mil, Gol, em quarto com 7,1 mil, e Ka, em quinto, com 6,9 mil. A picape Strada desceu vários degraus do ranking e é o sexto modelo mais vendido até o dia 27, com 6,3 mil.

Completam os dez primeiros do período o Uno, 5,8 mil, Corolla – primeiro sedã na lista dos mais vendidos –, com 5,1 mil, Fox, 5 mil, e Sandero, 4,7 mil.

Depois vêm Prisma, 4,6 mil, e o HR-V, novamente com registro de índice invejável, 4,3 mil. Com isso o Honda aparece à frente de modelos bem mais populares e baratos, como a Saveiro, 4,1 mil, Siena, 4 mil, e HB20S, 4 mil. A picape S10 também está registrando bom mês com 3,7 mil, o que a coloca à frente de Fiesta, 3,3 mil, Voyage, 3,1 mil, e Up!, 2,9 mil.

Acordo prevê desenvolvimento de baterias de lítio no Brasil

Acelerar a indústria veículos híbridos e elétricos no Brasil: esta é a ambição da Mira, empresa de engenharia, pesquisa e testes de mobilidade, sediada no Reino Unido. Na quinta-feira, 28, a empresa firmou acordo de colaboração com a FPTI, Fundação Parque Tecnológico Itaipu, e a Itaipu Binacional para desenvolver localmente a tecnologia.

A estratégia contempla também a criação de um centro de excelência de pesquisa e desenvolvimento sobre armazenamento de energia no Brasil.

O primeiro projeto em conjunto será o de uma bateria de lítio de arquitetura flexível que poderia ser utilizada pela indústria de transportes, “de motocicletas a caminhões” segundo a empresa. A inovação poderá, ainda, armazenar energia de fontes renováveis, como solar e eólica, e auxiliar na distribuição de energia onde há dificuldade de instalação de torres de distribuição.

Os resultados do trabalho conjunto poderão ser aferidos em dois anos e englobam ainda o desenvolvimento de competências locais e de propriedade intelectual.

De acordo com Armando Canales, gerente geral da Mira Brasil, a expectativa é positiva: “Há três anos temos escritório no Brasil e, durante esse período, nos aproximamos da Itaipu para concepção de sistemas de armazenamento de energia. A ideia é, ao longo do tempo, prosseguir com o desenvolvimento de outros tipos de baterias”.

Canales, contudo, não revela o investimento no projeto: “é um aporte conjunto, que ainda não podemos divulgar”.

Em nota Declan Allen, COO da Mira, afirmou que o Brasil é um território estratégico para desenvolvimento. O projeto, entende ele, “reúne parceiros ambiciosos e capazes de demonstrar a competitividade do Brasil em tecnologias emergentes, com benefícios ambientais associados e contribuições para a economia local”.

A empresa trabalha ainda nas indústrias de defesa, aeroespacial e ferroviária. Na área automotiva desenvolve powertrain para veículos elétricos, sistemas de baterias, faz a integração de sistemas em veículos híbridos e elétricos e tem projetos de veículos autônomos em teste no Reino Unido.

Focar além dos espinhos

A atual queda de vendas de veículos encontra suas causas básicas em três problemas simultâneos que, embora distintos, são complementares, o que potencializa seus efeitos e consequências. São eles: crise política, crise econômica e crise de confiança dos consumidores em geral, em particular os de veículos.

Não há muito o que as empresas do setor automotivo, em particular, possam fazer para equacionar qualquer um deles. Daí, aliás, a atual dificuldade para se projetar o futuro de curto prazo do mercado automotivo doméstico, conforme ficou evidenciado no Workshop Tendências Setoriais – Automóveis e Comerciais Leves, promovido pela AutoData Editora na segunda-feira, 25, em São Paulo.

A rigor, dirigentes das montadoras e concessionários presentes ao evento não conseguiram consenso para projetar nem mesmo quais poderiam ser os números finais do mês em curso, já quase no seu final. Quanto mais os de junho. Ou, ainda mais adiante, os do segundo semestre.

Houve certa concordância – talvez o mais correto fosse definir como esperança – de que, tal como costuma acontecer, o segundo semestre deverá ser melhor do que o primeiro. Desta forma, o ano terminaria com vendas um pouco abaixo de 3 milhões de unidades comercializadas: algo em torno de 2,7 milhões a 2,9 milhões.

Todos sempre souberam que este ano deveria ser difícil, fruto da clara necessidade de se promover urgente ajuste fiscal e econômico do País. Mas ninguém esperava que fosse tão difícil.

Na verdade o ponto fora da curva, o dado que ninguém havia projetado, é a envergadura que crise política federal acabou assumindo e seus inesperados efeitos no ajuste da economia.

Há certo consenso de que as medidas que vem sendo tomadas na área da Fazenda estão na direção certa. Com a crise política, todavia, não há como saber se a intensidade será a que seria necessária e, sobretudo, quanto tempo ainda precisaremos para que o ajuste seja feito e a economia do País volte a crescer.

Nas projeções iniciais da maior parte das empresas deste setor, o primeiro trimestre do ano concentraria o grosso das medidas de ajuste e seria, assim, muito difícil. Em algum momento do segundo trimestre, todavia, a curva voltaria a embicar para cima e o segundo semestre se encarregaria de compensar o que fora perdido nos três primeiros meses do ano. Agora já se dá o primeiro semestre inteiro como perdido. Mas ainda se acredita em eventual mudança para cima da orientação da curva em algum momento do segundo semestre.

Em temos práticos, isto significa que enquanto a projeção inicial para este ano indicava empate técnico, no máximo com viés de baixa, agora todos já projetam queda efetiva e significativa neste 2015, com recuperação apenas no próximo ano, talvez até apenas em 2107.

Nem tudo, porém, são espinhos neste cenário. Sérgio Reze, que já presidiu a Fenabrave e hoje lidera a Assobrav, chamou a atenção para o fato de que, apesar dos pesares, o que se venderá neste ano ainda será mais que o dobro que se comercializava há alguns poucos anos. “E todos sobreviviam e ganhavam dinheiro quando se vendia 1,4 milhão de unidades ao ano”, lembrou.

E mais: ainda de acordo com ele, com o aumento da frota que aconteceu nos últimos anos, o mercado de usados e a área de serviços de oficinas, agora chamado de pós-vendas, estão em franca expansão. “A venda de novos está difícil, mas as outras áreas continuam bem”, disse, antecipando o que iria falar para toda sua rede em evento programado para os próximos dias.

De fato, também na área de componentes, o aumento da frota deixa seus frutos: na edição de junho da revista AutoData matéria de Décio Costa mostrará os bons resultados que vem sendo alcançados por empresas que estão redescobrindo o potencial desta área de atuação. Sem fugir ou esconder o tamanho do problema atual que o setor está enfrentando, Antônio Megale, que representou a Anfavea e abriu o evento, também optou por dedicar parte de sua apresentação a focar o olhar um pouco além dos atuais espinhos.

Mostrou as várias mudanças de patamar de vendas domésticas que o setor registrou nos últimos vinte anos, cada uma deles o dobro da anterior, e cravou aposta de que, passada fase atual, desagradável fase atual, ainda haverá bom espaço para novas mudanças de patamar.

Para ele a relação habitante por veiculo ainda é muito baixa no Brasil, o que abre espaço para crescimento constante ao longo dos próximos cinco a dez anos, pelo menos.

O software transforma a Bosch

Os encontros bienais da Bosch com a imprensa mundial geram expectativas porque esparramam fartas luzes, novidades e tendências, sobre o futuro do automóvel. Ao fim de mais um grande jamboree, que este ano reuniu turmas de mais de trezentos jornalistas durante três dias, ninguém saiu indiferente. Mas alguns deixaram a Alemanha ainda mais surpresos com a constatação de que empresas como a Bosch deixaram de ser apenas sistemistas de autopeças de altíssimo calibre e se transformaram em companhias pesquisadoras e desenvolvedoras de softwares – uma nova vertente de negócios, um outro patamar de capacitações e competências.

Como disse Rolf Bulander, principal dirigente do negócio de Mobility Solutions, “atendemos a toda e qualquer necessidade de nossos clientes. E até nos antecipamos a elas”. Ele também disse que “bits e bytes fazem carros mais eficientes, mais seguros, mais divertidos, mais alegres”.

Essa constatação aparentemente não implica novidade para os que vivem no redemoinho da transformação, mas intimida – e fascina – as testemunhas, como os jornalistas que passaram por Boxberg de 19 a 21 de maio: até onde chegarão as possibilidades nano?, até onde chegarão as capacidades e competências da engenharia? E os sensores?… Mas certamente encantarão aos consumidores à medida que as pequenas revoluções que vêm ocorrendo lhes cheguem às mãos.

Direção autônoma é uma delas, que causa frenesi em quem prefere telefone e novela na hora de ir e vir. Ou funções de assistência remota no estacionamento, que agrada principalmente a gente preguiçosa ou de braço duro. Ou sistema de alerta para emergências à ré, que agrada a qualquer motorista. O mesmo se pode dizer de sistemas de apoio à direção evasiva e de atenção a veículos circulando na mão errada de direção.

Ou, também, veículos dotados de sistemas commom rail diesel e gasolina, injeção direta, gás natural, transmissões CVT, diesel híbrido com recuperação de energia, motores elétricos para híbridos plug-in. Uma farra.

INTERSECÇÃO – No caso da Bosch essas revoluções abrangem três grandes compartimentos que se interseccionam e que se complementam perfeitamente: automação, conectividade e eletrificação, base de todo o seu processo de pesquisa e desenvolvimento, responsabilidade de 39,5 mil dos 205 mil funcionários do setor de soluções para a mobilidade.

“Somos um fornecedor de sistemas”, disse Bulander, “mas isto significa muito mais do que simplesmente freios e injeções. Fornecemos sistemas para a mobilidade completa, incluindo soluções para a conectividade de carros, outros modais e infraestrutura”.

Em 2014 o setor de soluções para a mobilidade, que é o mais importante nos negócios da Bosch, gerou receita de € 33,3 bilhões, um crescimento de 8,9%, 68% do total da corporação –, “mais do que o dobro do crescimento da produção mundial de veículos. E as vendas de produtos como o sistema ESP [sistema de estabilidade eletrônica], que em quinze anos evitaram 50 mil acidentes só na Alemanha, injeção para gasolina e injeção direta no diesel cresceram por volta de 20%”.

Bulander diz que a Bosch pretende, sempre, enxergar o mundo além dos capôs, e que é necessário ver o paralelismo das tendências sociais e tecnológicas:

“Projetar a linha básica das mudanças de longo prazo é apenas metade da questão. A outra é nos prepararmos para a volatilidade em nossos mercados, como demonstrado pelas crises recentes. Há dois cenários: o da globalização do prazer de dirigir com música na nuvem e a globalização ecológica, que deseja o mundo mais verde e adotando legislações de maior rigor”.

Ou seja: os dois cenários levam a dois extremos da escala, uma ecológica e outra uma perspectiva emotiva do ato de dirigir um carro – “e as suas respostas tecnológicas são idênticas”.

Num mundo tão diverso a base do consumo já é dual, então: inovações em mercados maduros e novos padrões nos outros mercados, notadamente os emergentes.

Para tornar isso tudo real, inclusive do ponto de vista comercial, Rolf Bulander recorda que a eletromobilidade “já está aí, às portas”, e que o custo das baterias deverá ser cortado à metade até 2020, “com 3 milhões de pontos de recarga instalados no mundo” – dez vezes mais do que em 2013. E que em 2025 pelo menos 15% dos novos veículos terão motor elétrico. Mas é preciso reduzir os consumos, 10% pelo menos no caso do diesel e 20% no da gasolina.

E observa que a automação se mostra com clareza nos sistemas de assistência à direção, a condução automatizada. Isso significa, segundo ele, “radares e sensores, e é bom lembrar que em 2014 vendemos, pela primeira vez, mais de 50 milhões de sensores num ano só para sistemas de direção assistida”. Este ano o campo de aplicações cresceu: agregou estacionamento remoto, ações em congestionamentos, ações evasivas e diante de tráfego na contramão.
E até o fim do ano haverá a possibilidade de coletar e transmitir informações por meio de ECUs, unidades centrais eletrônicas, para gerar observações visando à manutenção preventiva ou a indicações de maneiras de dirigir mais econômicas – serão pelo menos 200 mil veículos conectados.

“Estaremos presentes, sempre, atendendo a um novo consumidor com novos produtos, que estarão além do próprio carro, como os referentes aos serviços de transportes urbanos.”

Será, isto tudo, suficiente para dar conta das 50 bilhões de, digamos, coisas interconectadas em 2020, de acordo com as projeções da Bosch?

FCA atrai mais onze fornecedores a Pernambuco

O processo de pernambucanização da cadeia de fornecedores proposto pela Fiat Chrysler próximo à fábrica de Goiana deu mais um passo importante: empreendedores locais apresentaram projetos para instalar dois parques industriais em um raio de vinte quilômetros e abrigarão ao menos onze empresas, que já abastecem o Polo Automotivo Jeep por meio de unidades em outros Estados.

Autometal, Baterias Moura, Belga Matrizes, Benteler, Comau, Hexagon Metrology, Hutchinson, Nakayone, Sofir, Sulbras e Usimequi demonstraram interesse em se transferir para a Zona da Mata Norte de Pernambuco. Somadas investirão cerca de R$ 300 milhões em equipamentos e gerarão mais de 1,5 mil empregos diretos até o primeiro trimestre de 2017, quando todas já deverão estar em plena operação.

As empresas alugarão galpões dos condomínios industriais que serão construídos pela Armazenna Itapissuma e pela Cone Goiana, duas sociedades imobiliárias locais que investirão mais R$ 150 milhões nas áreas que receberão os fornecedores.

Segundo Antonio Damião, diretor de gestão de projetos estratégicos da FCA, a iniciativa dos investidores atendeu às necessidades das três partes: FCA, fornecedores e investidores.

“Temos interesse em atrair mais fornecedores a Pernambuco, mas seria complexo investir em outro parque, uma vez que aplicamos muito dinheiro nos últimos anos. Por outro lado, há fornecedores interessados em produzir no Estado e nos perguntavam onde poderiam se instalar. Esses empreendedores enxergaram a oportunidade e aí juntamos a fome com a vontade de comer”.

Damião explicou que a Cone Goiana e a Armazenna Itapissuma não serão exclusivos FCA. Buscam também outras empresas, como hotéis, centros logísticos, restaurantes, para ocupar seus condomínios. Também, é claro, outros fornecedores – mas não há limite: “Quanto mais fornecedores, melhor”.

O executivo lembra que iniciativa semelhante ocorreu há cerca de 25 anos em Minas Gerais, onde a Fiat promoveu um processo de mineirização e atraiu muitos fornecedores a áreas próximas ao complexo industrial de Betim. “Hoje 61% das compras da fábrica chegam de um raio de 150 quilômetros. Em Goiana começamos com 40% dentro do polo e agora vamos expandir em distâncias menores.”

O Cone Goiana ficará a 13 quilômetros dos portões da fábrica da Jeep. Já o Armazenna Itapissuma, município vizinho, a 18 quilômetros da entrada do complexo.

O diretor da FCA disse que as mesmas diretrizes adotadas no parque interno, como os uniformes padronizados, deverão ser usadas nos demais fornecedores. As primeiras empresas deverão ligar suas máquinas já no segundo semestre do ano que vem.

Centro de serviços Hyundai Caoa abre as portas em 1º de junho

A Hyundai Caoa abrirá segunda-feira, 1º de junho, as portas de seu centro de manutenção e reparos em Moema, área nobre da Capital paulista – iniciativa revelada com exclusividade pela Agência AutoData em 15 de abril. A estrutura destina-se apenas aos serviços de pós-venda e contou com investimento de R$ 25 milhões, aplicados em adequações, obras e ferramental.

Batizado de Caoa Hyundai Premium Services, o espaço é grandioso: são 7 mil m² de área construída, em total de 10 mil m². Nas palavras de Rogério Gonzaga, diretor de pós-venda da Caoa, trata-se de uma vitrine de serviços. “Nosso foco é tornar a operação referência na prestação de serviços e satisfação do cliente e levar, gradualmente, esse padrão a outras unidades no Brasil.”

Dentre os esforços está o aumento de 26% no quadro total de funcionários da rede, que deve passar, somadas as unidades em todo o País, de 1 mil 981 colaboradores para 2,5 mil até o fim de 2015.

“No primeiro trimestre as passagens nas oficinas da rede caíram 3%, de 136,5 mil para 132,6 mil. Na mesma comparação as vendas tiveram queda de 6%, de 150,6 mil para 142,2 mil. Ainda assim ampliamos nossa capacidade operacional com vistas a alcançar o patamar de satisfação das redes de marcas japonesas.”
Segundo Gonzaga a nova estrutura sediará a direção do pós-venda Caoa: “Nada melhor que estar no dia-a-dia, viver a operação”.

A nova estrutura conta com 80 funcionários, três mil itens no estoque de peças e tem capacidade para receber três mil clientes por mês.

“Começaremos com 1 mil passagens/mês e estimamos tíquete médio de R$ 600 nos serviços.”

A oficina é dedicada apenas aos modelos Hyundai, contemplando além dos importados aqueles produzidos em Anápolis, GO, e a linha HB20, feita em Piracicaba, SP. Outras bandeiras do Grupo, tais como Ford e Subaru, estão excluídas da iniciativa.

“Com a nova unidade ampliamos a nossa capacidade operacional em 10% a 15%, chegando à capacidade de 24 mil passagens/mês em São Paulo.”

Dentre os serviços oferecidos na nova unidade estão cinco boxes para atendimento rápido: em alguns casos, mais simples, o tempo de realização de reparos é de 10 minutos. Serviços de pintura, troca de óleo e todos aqueles destinados à mecânica e pintura fazem parte das ofertas do espaço, incluindo lavagem a vapor.

Para os clientes há área de conveniência, espaço para crianças, lanchonete e rede wi-fi para aguardo dos serviços. Inicialmente as oficinas funcionarão de segunda a sexta-feira.

Tupy dribla baixa de mercado com produtos de maior valor agregado

O primeiro trimestre passou e a Tupy trouxe boas notícias para seus acionistas: a despeito do mau desempenho do mercado brasileiro de veículos e da própria economia, o lucro líquido da companhia, de capital aberto na Bovespa, dobrou com relação ao período de janeiro a março de 2014.

A forte presença no mercado externo, de onde vem mais de 70% da receita, combinada com a valorização do dólar, contribuiu para o resultado positivo. Outro importante fator foi o recorde de vendas de blocos com tecnologia embarcada: das 128,2 mil toneladas comercializadas no período, 16% foram de produtos usinados e 13% de CGI, sigla em inglês para produtos em ferro vermicular.

“Podemos esperar mais recordes nesses produtos para os próximos trimestres”, assegurou Fernando Cestari de Rizzo, vice-presidente da unidade de negócios automotivos da Tupy, em entrevista à Agência AutoData. “A indústria demanda mais desses produtos, uma vez que tem novas tecnologias aplicadas em seus produtos.”

Segundo o executivo a companhia se especializou na fundição de blocos e cabeçotes de motores em ferro fundido e na sua aplicação na indústria automotiva, atendendo às diferentes legislações de controles de emissões de poluentes. “Contribuímos desde o início no desenvolvimento de novos projetos, ao lado dos nossos clientes.”

Nos últimos anos a Tupy ampliou sua capacidade em usinagem, parcial ou total, de produtos fundidos em diversas ligadas metálicas, segmento em crescimento. O mesmo ocorreu com os CGI, ou ferro vermicular, cujas propriedades permitem a redução de peso e contribuem para a produção de motores mais eficientes. De acordo com Rizzo a Tupy lidera a produção e desenvolvimento desses blocos globalmente.

Esse é um dos motivos do desempenho da companhia no Exterior. Outra razão foi nunca deixar de lado as oportunidades para exportar: mesmo quando o dólar baixou para patamares inferiores aos R$ 2, a Tupy manteve sua política mandar para o Exterior em torno de 45% a 55% de sua produção.

Para entender melhor esse fenômeno é preciso voltar doze anos: “Até este período dependíamos de uma base pequena de clientes, o que promovia muitas oscilações de resultados. Abrimos o leque e buscamos novos setores e clientes. Hoje temos contratos firmes de longo prazo na Itália, Inglaterra, Alemanha e China, em diferentes segmentos. Nossa carteira pulverizada permite menor exposição ao risco”.

A dependência do mercado externo nos resultados cresceu a partir de 2012, quando a companhia adquiriu duas fundições do México, mas as exportações continuam fortes a partir de Joinville, SC. “A Tupy é a empresa que mais contribui para a balança comercial de autopeças. Embora sejamos o terceiro maior exportador do setor, não importamos nada.”

As buscas por novos clientes lá fora não param. Com escritórios nos Estados Unidos e na Europa, além das fábricas mexicanas, o objetivo é estar sempre próximo das grandes montadoras, alguns de seus principais clientes.

A fábrica no México, porém, não deverá reduzir a produção de Joinville para o Exterior. Segundo Rizzo a produção é bem dividida e cada unidade especializada em determinados tipos de produtos.

A redução de 26% nos investimentos no primeiro trimestre é explicada pelo diretor: nos últimos cinco anos os aportes foram volumosos em novas fábricas, ampliação de usinagem e aquisições. Os valores, agora, são aplicados em pesquisa e desenvolvimento e na manutenção do parque fabril.