Enquanto mercado cai, Honda e Toyota crescem

Das dez marcas mais vendidas no Brasil, oito registraram queda nas vendas de janeiro a maio, seguindo a trajetória descendente do mercado nacional. Segundo a Anfavea houve redução de 20% nos licenciamentos dos primeiros cinco meses do ano, para 1 milhão 67 mil unidades. Das líderes, apenas Honda e Toyota não contribuíram para agravar a retração.

O caso da Honda chama mais atenção: com 59,6 mil unidades comercializadas no período, apresentou crescimento de 16,4% e assim ganhou 1,8 ponto de participação com relação ao fim de maio de 2014. Contribuiu para este resultado a inclusão do utilitário esportivo HR-V no portfólio. Desde seu lançamento, em março, já foram 12,3 mil licenciamentos.

Também não há como ignorar o desempenho da Toyota, cujas vendas subiram 2,7% de janeiro a maio, sendo que o último grande lançamento ocorreu há mais de um ano, março de 2014 – a nova geração do Corolla. Sem grandes inovações no portfólio a montadora emplacou 71,5 mil veículos desde o começo do ano e ganhou 1,5 ponto de participação, encostando na Renault e esquentando a briga pela sexta colocação.

A montadora de origem francesa, por sua vez, acompanhou o mercado e caiu 20%. Manteve os 6,9% de participação, mas foi superada pela Hyundai, agora quinta colocada do mercado, com 7,7% das vendas. A fabricante de origem coreana viu suas vendas se reduzirem em 8,4%, menos que a média de mercado, portanto.

Assim como a Hyundai, a Ford ganhou mercado com queda nas vendas abaixo da média. A companhia com sede em São Bernardo do Campo, SP, se manteve na quarta posição do ranking, mas ganhou 1,6 ponto de participação. Suas vendas caíram 5,9% no período.

Outra a comemorar ganho em sua fatia de mercado foi a Nissan, nona colocada do ranking. Evoluiu 0,4 ponto, graças à queda de 2,5% nas vendas, resultado bem melhor que a média.

As três líderes seguem com desempenho inferior ao mercado. A Fiat caiu 31,3%, a General Motors 25,1% e a Volkswagen 28,4%. Somadas, perderam 6,1 pontos de participação de um ano para cá.

Uma dura jornada

Os números de maio do mercado interno de veículos, cujas vendas diárias ficaram por volta das 10 mil unidades, a pior média em cinco anos, reforçaram as dificuldades encontradas pelos fabricantes de veículos em transformar as muitas campanhas e ações de varejo em negócios efetivos. O recuo da ordem de 20% nos primeiros cinco meses do ano, no entanto, pode até não ser o pior dos mundos, dependendo de quem o observa.

A diretoria da operação brasileira da PSA – tenho certeza – até veria com bons olhos esse índice, que mesmo representando uma bela queda como há muito o mercado brasileiro não experimentava, é muito menos atordoante do que o desempenho que Citroën e Peugeot, as duas marcas da empresa, apresentam em 2015.

Grosso modo, Citroën e Peugeot negociaram até maio metade do que conseguiram nos primeiros cinco meses de 2014: 23,9 mil ante 45,1 mil. As duas, respectivamente 11ª. e 12ª. colocadas no ranking das marcas mais vendidas, detiveram apenas 2,25% do mercado de automóveis e comerciais leves, participação menor do que, por exemplo, a da Nissan, 9ª. no ranking com 2,3%.

Em maio até a novata Jeep, com o primeiro mês cheio de vendas do nacional Renegade, ultrapassou ambas e respondeu por 1,6% das vendas, à frente da Citroën, que negociou  2,5 mil veículos, equivalentes a 1,2% de participação, e da Peugeot, com 2,1 mil veículos e 1%.

O carro mais vendido da Citroën no mês, o C3, teve 1,2 mil unidades negociadas, apenas o 42º. posto no ranking dos modelos mais emplacados, enquanto o 208, o líder da Peugeot, somou meras 1 mil unidades, o 47º. lugar.

E são produtos novos e de entrada das marcas. O 208 chegou ao mercado há apenas dois anos como o carro que marcaria a virada da Peugeot no mercado nacional, segundo as próprias palavras de seus executivos, e projeção de vender algo como 2,5 mil unidades mensais. Mais ainda: a Peugeot apresentou há dois meses o SUV compacto 2008 e a Citroën também dispõe de outros produtos modernos e de boa relação custo-benefício, como o C4 Lounge.

Os modelos da PSA também em nada devem à concorrência no que diz respeito a preço e em especial nível de conteúdo e design. A rede de distribuidores é ampla e bem distribuída, ainda que a empresa promova atualmente fusão de algumas casas que agora passam a atender e vender as duas marcas.

Fica então a dúvida sobre o que, de fato, falta à PSA para avançar no País. Talvez não haja apenas um, mas vários fatores a determinar os dissabores recentes do Grupo, inclusive o rearranjo em curso mundo afora – na Argentina, onde o mercado caiu 25% nos primeiros cinco meses, Peugeot e Citroën registraram queda de 35% e 38%, respectivamente.

Posicionamento de marca, com certeza, é um deles. Peugeot e Citröen se esforçaram para não serem associadas a produtos mais populares. Na outra ponta, porém, também não alcançaram a condição de marcas aspiracionais dos consumidores brasileiros mais endinheirados e que viram nas japonesas e, mais recentemente, nos produtos da Hyundai sua melhor representação.

Os homens de marketing das duas marcas discordarão, mas Peugeot e Citroën ficaram, sim, em zona cinzenta, com um pé lá e outro cá. A conterrânea Renault talvez tenha se deparado com essa mesma adversidade e apelou para os segmentos de entrada para recuperar a participação que perdera – e até a ampliou.

É o que se impõe agora às duas outras marcas francesas como um desafio adicional. Carlos Tavares, CEO da PSA, revelou durante o Salão de Paris, em outubro do ano passado, que espera a volta da lucratividade nas operações sul-americanas até 2017 e que o encolhimento da região poderia representar “perda importante de oportunidades”.

É verdade que desde então correram apenas oito meses, mas o pouco que os mercados brasileiro e argentino mudaram desde então, mudaram para pior.

Novas projeções apontam queda de 20,6% nas vendas em 2015

A Anfavea apresentou na segunda-feira, 8, novas projeções de mercado interno e produção de autoveículos em 2015. Foi a segunda alteração dos índices neste ano: a primeira mudança ocorreu em abril, com o fechamento dos dados do primeiro trimestre. Desta vez, entretanto, a associação preferiu nem esperar o término do semestre.

A mudança nos números estimados foi significativa, e para baixo. Agora a projeção para o volume de licenciamentos no total de 2015 é de 2 milhões 780 mil unidades, o que representaria retração de 20,6% ante os 3,5 milhões de 2014. Em janeiro a estimativa era de estabilidade, corrigida em abril para baixa de 13,2%, ou 3 milhões.

Dentro destes licenciamentos o segmento de leves, pelas contas da Anfavea, deverá fechar em 2 milhões 682 mil, redução de 19,5% – antes, a baixa estimada era de 12,3%. E os pesados, caminhões e ônibus, pelos novos índices devem ficar em somente 97 mil unidades, em queda significativa de 41%. Em abril imaginava-se 113 mil, o que já seria redução de 31,6%.

Estes números, naturalmente, impactaram diretamente também as perspectivas para a produção nacional de veículos em 2015. Agora a Anfavea trabalha com volume de 2 milhões 585 mil unidades fabricadas, queda de 17,8%. Em janeiro a estimativa apontava alta de 4% e, em abril, baixa de 10%.

Na subdivisão por segmentos os leves devem responder, de acordo com as projeções revisadas, por 2 milhões 468 mil unidades fabricadas neste ano, queda de 17% – no fechamento do trimestre imaginava-se redução de 9,3%. Os pesados mais uma vez respondem pela maior queda em porcentual: a nova estimativa aponta 118 mil unidades produzidas, baixa de 32% ante 2014. Em abril estimou-se 134 mil, menos 22,5%.

Luiz Moan, presidente da Anfavea, justificou as novas reduções pelo comportamento do mercado nos cinco primeiros meses do ano. Maio foi decepcionante, por exemplo: “Nos caminhões o ritmo de vendas foi o mesmo de maio de 2003 e o de produção repetiu volumes de maio de 1999”.

De acordo com o dirigente as estimativas de máquinas agrícolas e de exportação, que desta vez foram mantidas, também deverão ter novos números em breve, talvez já no mês que vem, à espera de definição mais clara de cenário após a divulgação completa do Plano Safra e do Plano Nacional de Exportações. Um alento está nos embarques ao Exterior: a nova projeção deverá ser acima da atual, revelou Moan à Agência AutoData.

Novo comando

A Ford Caminhões anunciou oficialmente na segunda-feira, 8, João Pimentel como o novo diretor de operações de Caminhões Ford para a América do Sul. O executivo, com 34 anos de casa, atuava como diretor de compras da fabricante para a América do Sul e assume o lugar de Guy Rodriguez, que segue na companhia no comando da diretoria de marketing, vendas e serviços para automóveis e picapes.

“É um momento desafiador em virtude do desaquecimento da economia. Mas acredito que darei uma contribuição importante no negócio. E também porque apesar das vendas em baixa, a Ford passa por um bom período, registrando crescimento na participação.”

De acordo com Pimentel, as perspectivas de curto e médio prazos para o mercado de caminhões não são nada animadoras, porém, a empresa deve cair bem menos que o mercado total. “A estimativa é de uma queda em torno de 40%, um mercado de 85 mil a 95 mil. A Ford, no entanto, deve encerrar o ano com queda de 15%.”

O tombo menor da fabricante se deve ao seu aumento de participação nos segmentos de semileves e leves, categorias nas quais a empresa obtém melhor desempenho. Baseado nos dados da Anfavea a Ford Caminhões registrou de janeiro a maio 5,9 mil unidades vendidas, 15% a menos na comparação anual. No ano passado, porém, a empresa tinha 13% de participação e, hoje, 18,9%.

Segundo Antônio Baltar, gerente nacional de vendas e marketing da Ford Caminhões, o salto de quase seis pontos porcentuais é resultado direto da estratégia de lançamentos de produtos para os segmentos de semileves e leves ocorridos nos últimos dois anos, como o retorno da série F e do Cargo 1119.

“Os investimentos em produtos que fizemos no passado recente estão se pagando agora, justamente em caminhões de distribuição urbana de carga, os que menos sofrem hoje. Tanto é verdade que estamos conseguindo crescer nossa participação em ambiente que está caindo.”

E apesar da situação complicada do mercado, a política de lançamento da Ford Caminhões segue também esse ano. Segundo Pimentel, a empresa programou seis novidades até o fim do ano. O diretor prefere não adiantar pormenores, mas no pacote estão uma versão 8×2 de fábrica do Cargo 2429 e opção de câmbio automatizado para toda uma família de caminhões, inicialmente para semipesados e pesados e, em seguida nos leves. “O 8×2 será o primeiro a surgir, planejado para o terceiro quadrimestre. A busca é em descobrir espaços em branco deixados pela concorrência.”

Marco – A Ford Caminhões aproveitou o anuncio oficial do novo diretor de operação para celebrar 400 mil caminhões produzidos na fábrica de São Bernardo do Campo, SP. O pesado Cargo 2429 6×2 foi a unidade que representou o volume, contado desde 2001, quando a fábrica de caminhões Ford mudou-se do bairro paulistano do Ipiranga para o ABC paulista. Atualmente, a fábrica tem capacidade para 40 mil unidades/ano, emprega 975 pessoas e produz quatro tipos de cabine na mesma linha, dos semileves aos extrapesados.

Vendas de chassis de ônibus caem 27,9% no acumulado do ano

As vendas de chassis de ônibus encolheram 27,9% de janeiro a maio deste ano. De acordo com números da Anfavea revelados segunda-feira, 8, o mercado registrou 8 mil 218 emplacamentos no acumulado em baixa, portanto, na comparação com os 11 mil 399 no mesmo período de 2014.

Em maio os licenciamentos somaram 1 mil 451 unidades, queda de 35,3% em relação às 2 mil 243 unidades vendidas no mesmo mês do ano passado.

Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, afirmou que há uma série de projetos de construção de sistemas de ônibus BRT parados em todo o Brasil. “Além disso há diversos municípios que não realizaram ainda o reajuste de tarifas, o que afeta a renovação de frotas urbanas.”

A produção acumulada de chassis de ônibus registra 12 mil 66 unidades, decréscimo de 27,6% ante 16 mil 664 de janeiro a maio de 2014.

Em maio saíram das linhas instaladas no País 2 mil 319 ônibus, 31,6% menos que os 3 mil 388 do mesmo mês do ano passado.

Mesmo nesse cenário os ônibus rodoviários tiveram desempenho positivo, ainda que representem volumes baixos. Com 563 unidades produzidas, cresceram 35,3% diante das 416 no mesmo mês de 2014. Os urbanos, porém, somaram em maio 1 mil 756 unidades produzidas, 40,9% menos que as 2 mil 972 no mesmo mês de 2014.

Para Moraes, a aguardada publicação das normas para serviços de ônibus interestaduais pela ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres, também surtiria efeitos positivos para o mercado. “Seria uma alta gradual, com reflexos não apenas em um ano só.”

No acumulado do ano foram vendidos ao Exterior 2 mil 615 chassis de ônibus, baixa de 2,4% em relação aos 2 mil 680 exportados de janeiro a maio de 2014.

Em maio os embarques representaram 646 unidades, 23,1% abaixo dos 840 realizados no mesmo mês de 2014.

Produção da indústria retorna aos níveis de dez anos atrás

A indústria automotiva brasileira produziu 1,1 milhão automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus de janeiro a maio, queda de 19,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados divulgados pela Anfavea na segunda-feira, 8, se assemelham ao volume produzido nos primeiros cinco meses de 2005, segundo o presidente Luiz Moan.

Em maio as fábricas recuaram 3,4% o ritmo de produção na comparação com abril, para 210,1 mil unidades. Com relação a maio do ano passado, quando saíram das linhas de montagem 281,4 mil veículos, o tombo chegou a 25,3%.

“Voltamos aos níveis de produção de dez anos atrás”, disse o executivo na entrevista coletiva à imprensa em São Paulo. “[Com a indústria automotiva] empregando mais gente”.

Segundo balanço da associação atualmente as montadoras mantêm 25 mil trabalhadores afastados de suas funções, seja por férias coletivas, licenças remuneradas ou suspensões temporários do contrato de trabalho. Ao fim de maio a indústria empregava 138,2 mil pessoas, 1% a menos do que em abril e 9,2% menos do que no encerramento de maio de 2014.

“As empresas estão usando todos os mecanismos possíveis para não demitir, buscando preservar ao máximo o nível de emprego. Mas a situação está complicada, porque voltamos dez anos na produção e existe claramente um excedente de trabalhadores”.

Em maio de 2005, quando a produção estava em ritmo semelhante ao atual, as montadoras empregavam 104,5 mil trabalhadores. Existe, portanto, em torno de 30 mil trabalhadores a mais do que há dez anos produzindo a mesma quantidade de veículos.

Moan defendeu a adoção do Plano de Produção ao Emprego por parte do governo, para que aumentem as opções de flexibilização nos contratos de trabalho. O modelo defendido pela Anfavea prevê a possibilidade de redução de jornada proporcional à redução dos salários. O executivo exemplificou: se a montadora precisar cortar em 20% a produção de determinada área, o salário do trabalhador será reduzido também em 20%, com o governo arcando uma parte desses vencimentos.

O executivo explicou que existem diferenças com relação ao lay-off: no PPE o trabalhador não precisaria ficar 100% afastado de suas funções e há também a alternativa de adotar o procedimento por áreas.

“Chamo isso de seguro-emprego, em alusão ao seguro-desemprego. Mas nesse caso o trabalhador continua empregado e recolhe os tributos, sem influenciar na arrecadação do governo. É inclusive uma alternativa pró-ajuste fiscal”.

O PPE está em discussão no governo e conta com alguma resistência por parte dos sindicatos. Não há previsão de quando, e se, o plano será colocado em prática. No fim do mês passado o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, afirmou que seu lançamento está nos planos do governo.

Produção de caminhões retorna aos níveis de 1999

A produção de caminhões alcançou em maio 6 mil 169 unidades, menor volume para o mês desde 1999, quando saíram das linhas brasileiras 4 mil 752 veículos.

Segundo dados da Anfavea revelados segunda-feira, 8, a queda produtiva em relação a maio de 2014 é de 51,4%, quando foram feitos 12 mil 695 caminhões.

No acumulado anual a produção de caminhões totaliza 36 mil 346 unidades, tombo de 46,4% na comparação com as 67 mil 803 no mesmo período de 2014.

Luiz Moan, presidente da Anfavea, comentou que o desempenho do setor ficou aquém do esperado. “A baixa nos índices de confiança do empresário e do consumidor afetaram drasticamente as vendas. O ajuste fiscal não foi concluído, o que impacta esse cenário.”

Também as vendas retrocederam a níveis antigos. Segundo Moan, o mercado de caminhões deste maio foi o menor desde o mesmo mês em 2003, quando os licenciamentos totalizaram 5 mil 722 unidades.

Em relação aos 5 mil 790 caminhões comercializados em abril, porém, há leve alta de 3,9%.

Nos cinco primeiros meses do ano os emplacamentos somaram 31 mil 114 unidades, decréscimo de 42,4% ante os 54 mil 55 no mesmo período de 2014.

O segmento mais afetado é o de caminhões pesados. Com 7 mil 625 licenciamentos, encolheu 62% no acumulado do ano na comparação com os 20 mil 49 vendidos até maio de 2014.

Os semileves, por sua vez, caíram 5,4%, com 1 mil 565 vendas neste ano e 1 mil 654 no ano passado, menor baixa dentre os caminhões.

Já as exportações são um alento. Em maio, isoladamente, as vendas ao Exterior totalizaram 2 mil 154 caminhões, alta de 35,5% em relação às 1 mil 590 do mesmo mês em 2014.

De janeiro a maio embarcaram 8 mil 212 unidades, alta de 5,9% frente às 7 mil 752 do ano passado.

Exportações crescem em maio e superam US$ 1,2 bilhão no mês

Em contraste com os demais indicadores do setor automotivo as vendas externas tiveram desempenho positivo em maio, com 40,7 mil unidades embarcadas, crescimento de 16,5% em relação às 34,9 mil do mesmo mês de 2014 e de 41,7% comparativamente às 28,7 mil de abril. As exportações atingiram em maio US$ 1 bilhão 262 milhões, o maior valor desde novembro de 2013, quando chegaram a US$ 1 bilhão 323 milhões.

Ao divulgar os dados na segunda-feira, 8, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, disse que vários fatores contribuíram para o desempenho positivo na área externa. Dentre eles a desvalorização do real frente ao dólar e a prorrogação do acordo com o México, mercado que está aquecido e, com isso, tem favorecido novos negócios:

“O novo acordo, com duração de três anos, foi assinado em março e com previsibilidade fica mais fácil trabalhar. No comparativo de maio deste ano com idêntico mês de 2014 as vendas para o México cresceram 75%, passando de 10,7 mil para 18,8 mil unidades”.

De acordo com Moan vários acordos bilaterais estão sendo negociados no momento pelo governo brasileiro. A renovação do tratado com a Argentina deve sair em breve e estão em andamento acertos com o Equador e Colômbia, assim como também com o Peru. “No que diz respeito à União Europeia a posição do governo brasileiro é clara. A ideia é colocar uma proposta do Mercosul, o que deve ocorrer dentro dos próximos trinta dias, e negociar como um bloco.”

Também deverá ajudar nos negócios do setor o Plano Nacional de Exportações, que trará medidas de incentivos para a indústria brasileira como um todo e está sendo aguardado para breve, segundo Moan: “Acreditamos que sua divulgação ocorrerá ainda este mês”.

Até maio – No acumulado dos primeiros cinco meses a indústria automotiva brasileira exportou 149 mil 280 veículos, o que representou alta de 3% sobre as 144 mil 869 unidades embarcadas no mesmo período do ano passado. Em valores totalizaram US$ 4 bilhões 529 milhões de janeiro a maior, valor que ficou 12,1% abaixo do registrado em idêntico período de 2014 [US$ 5 bilhões 150 milhões].

O contraste do desempenho positivo em unidades com o negativo em valores decorre da mudança do mix de exportação do setor. De acordo com o presidente da Anfavea, as vendas externas de automóveis crescem enquanto as de caminhões e máquinas agrícolas caem, o que gera tal distorção: “Os pesados têm maior valor unitário e por isso o decréscimo de suas vendas tem maior peso na receita”.

Em maio, de qualquer forma, foi expressivo o desempenho das exportações em valor. O total de US$ 1 bilhões 262 milhões representou crescimento de 50,9% em relação a abril [US$ 836,1 milhões] e de 12,6% no comparativo com maio do ano passado [US$ 1 bilhão 120 milhões].

Ao contrário das previsões para o mercado interno, que foram revistas para baixo, por enquanto a Anfavea mantém a previsão de crescimento nas exportações em torno de 1% tanto em unidades como em valores.

Com resultado “aquém do esperado”, maio tem vendas 27,5% menores

Os resultados observados em maio ampliaram a tendência de queda da indústria automotiva nacional. Com 212,7 mil unidades comercializadas o patamar equivale ao pior resultado para o mês nos últimos oito anos, segundo dados divulgados pela Anfavea na segunda-feira, 8.

Na comparação com maio de 2014, quando foram emplacados 293,4 mil autoveículos, a queda chegou a 27,5%. Já na relação com abril, quando foram licenciadas 219,4 mil unidades, a retração foi de 3%.

Em maio foram comercializados 205,2 mil automóveis e comerciais leves, 6 mil caminhões e 1,4 mil ônibus.

No acumulado do ano as vendas de autoveículos somam 1,1 milhão de unidades, montante 20,9% menor em relação ao período de janeiro a maio de 2014. Já as vendas anualizadas contabilizam 3,2 milhões, queda de 13,1% em relação aos doze meses imediatamente anteriores.

Segundo Luiz Moan, presidente da Anfavea, o resultado do mês de maio ficou “aquém do esperado”. “Nós estávamos prevendo ao menos uma estabilidade em relação a abril, mas infelizmente o resultado não veio como o esperado”, diz.

O presidente voltou a afirmar que a escassez de crédito é o grande impeditivo para o avanço do mercado. Segundo ele os bancos continuam mais restritivos e a aprovação de novos financiamentos não alcança o ritmo desejado. “Ainda vivemos esse movimento de restrição do crédito”.

Moan ressaltou que as iniciativas do setor, como o Festival do Consórcio Contemplado, que oferece vantagens especiais e exclusivas para clientes com uma carta de consórcio de veículo contemplada, ainda geram expectativa positiva. “Na última semana a International aderiu ao programa e já são 25 marcas participando. O balanço dessa primeira fase deve ser divulgado em breve”.

Os estoques do mês de maio avançaram um dia na comparação com o número observado em abril. Segundo os dados da Anfavea o mês terminou com unidades suficientes para 51 dias de vendas.

Em números reais houve uma redução de 6 mil veículos na comparação com abril e há 361,1 mil autoveículos em estoque. A maior parte deles, 224,9 mil, está sob responsabilidade dos concessionários, ao passo que as montadoras respondem pelos 136,2 mil restantes.

Vendas de máquinas em maio retornam a patamar de 2009

As vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias registraram nova retração em maio, de acordo com dados divulgados pela Anfavea na segunda-feira, 8. Com 4,1 mil unidades comercializadas no último mês, a baixa anual chega a 32,6%. Na comparação com abril, quando foram vendidas 4,3 mil unidades, a queda foi menos acentuada, de 2,6%.

Segundo Ana Helena de Andrade, vice-presidente da Anfavea, os índices observados em maio colocam a indústria nacional de máquinas no mesmo patamar de seis anos atrás. “Os números são equivalentes aos observados em maio de 2009 e refletem a falta de confiança dos consumidores para a realização de novos investimentos.”

Os tratores de esteira foram responsáveis pela maior queda em maio, na comparação anual. Com 34 unidades vendidas no mês a retração chegou a 53,4%. Em contrapartida a venda de colheitadeiras apresentou avanço de 39% no período, com 236 unidades comercializadas.

No acumulado do ano a queda do setor chega a 25,2% com 27,1 mil máquinas agrícolas e rodoviárias comercializadas.

A produção de máquinas apresentou recuo de 26,8% em maio, em relação ao mesmo mês de 2014. Foram fabricadas 5,5 mil unidades no último mês, ante 7,6 mil um ano antes.

As exportações acompanharam a tendência de queda e apresentaram retração de 32,4% na comparação anual. Em maio 965 máquinas deixaram o País, ante 1,4 mil no mesmo mês de 2014.

Em valores o decréscimo foi ainda maior e chegou a 50,5% com receita de R$ 139,8 milhões.

Segundo a vice-presidente da Anfavea a tendência para os próximos meses é que haja uma retomada, mesmo que ligeira, na confiança dos consumidores. Um dos motivos é que na última terça-feira, 2, as novas regras do Plano Safra foram anunciadas. “Apesar de as condições não serem as mais atrativas é muito importante contar com a previsibilidade, uma vez que as novas regras valem até junho de 2016”, diz.

Os efeitos do novo anúncio de estímulo do Governo Federal só deve começar a ser observado em agosto, uma vez que as novas regras passam a valer em julho.

“O novo Plano Safra para a agricultura familiar será anunciado nos próximos dias e deve trazer uma dose extra de confiança para os compradores”, afirma Ana Helena.