Via Itália recebe nova habilitação ao Inovar-Auto

A Via Itália, distribuidor oficial no Brasil das marcas de veículos superesportivos de luxo Ferrari e Maserati, recebeu a segunda renovação da habilitação ao Inovar-Auto, o regime automotivo brasileiro. A portaria respectiva, de número 228 do MDIC, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, foi publicado no Diário Oficial da União.

Com isso a importadora pode trazer ao País no período de um ano 74 veículos sem a incidência do IPI majorado em trinta pontos porcentuais, cota esta dividida em dois lotes: 43 unidades de 1º de junho de 2015 até 31 de dezembro de 2015 e mais 31 veículos de 1º de janeiro de 2016 até 31 de maio de 2016. Os termos repetem exatamente aqueles concedidos à Via Itália há um ano.

A cota parece ser mais do que suficiente para a importadora: de acordo com números da Abeifa, à qual a Via Itália é associada, no primeiro semestre deste ano foram comercializadas sete unidades da Ferrari – três 458, duas California T, uma FF e uma F12berniletta –, queda de exatos 50% ante mesmo período de 2014, catorze, e mais oito Maserati, sendo seis do modelo Ghibli, baixa de 27% na comparação com as onze da primeira metade do ano passado. Na soma das duas marcas, portanto, foram 15 unidades no primeiro semestre de 2015.

No total do ano passado a Via Itália comercializou no Brasil 35 Ferrari e 25 Maserati, totalizando 60 veículos das marcas vendidos – restaram, portanto, catorze unidades para que a cota anual da empresa no Inovar-Auto fosse utilizada por completo.

Jeep Renegade é o primeiro nacional cinco estrelas do Latin NCap

Produzido na recém-inaugurada fábrica da Fiat Chrysler em Goiana, PE, o Jeep Renegade conquistou pontuação inédita para um modelo nacional no teste de colisões do Latin NCap, Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe. Em nova rodada de testes divulgada na quarta-feira, 15, o utilitário esportivo alcançou a nota máxima na proteção tanto para adultos quanto para crianças.

As cinco estrelas para os dois quesitos nunca foram alcançadas por um modelo nacional, embora o Volkswagen Golf, ainda importado e vendido nas concessionárias VW brasileiras, já tenha conquistado tal pontuação. O VW Up! é outro nacional com cinco estrelas para adultos, mas para crianças conquistou quatro.

Em comunicado o Latin NCap informou que o Renegade oferece estrutura forte, dois air bags frontais, freios ABS e aviso sonoro de lembrete de cinto de segurança de série em todas as suas versões. O destaque, porém, ficou na segurança infantil, cujas exigências raramente são atendidas por completo nos testes.

Além do Renegade foram avaliados outros dois modelos: o Fiat Novo Palio e o Chery IQ, nova geração do Chery QQ produzida na China e comercializada no Chile.

O modelo da Fiat conquistou quatro estrelas na proteção para adultos e três estrelas para a infantil. Considerou o instituto em comunicado que “o modelo atualizou o sistema de lembrete do uso do cinto para o motorista em todas as unidades desde julho de 2015”.

Já o modelo chinês ficou com a decepcionante nota de zero estrela nos dois quesitos de proteção. Segundo o Latin NCap, o IQ testado – New QQ, Q ou QQ, dependendo do mercado – é oferecido sem air bags e não há recomendação por parte da fabricante para os sistemas de retenção infantil que seriam utilizados nos testes.

“Para o Latin NCap os fabricantes devem ser responsáveis pela segurança de todos os passageiros que viajam em seus carros: adultos e crianças.”

O modelo comercializado no mercado nacional, porém, ainda que da geração anterior, oferece air bags para o motorista e o passageiro, cumprindo, portanto, a legislação brasileira.

O Latin NCap promete divulgar novos resultados de seus testes em setembro, novembro e dezembro.

Simea 2015 terá Cledorvino Belini como presidente de honra

O 23º Simea, Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva, terá como presidente de honra Cledorvino Belini, presidente da Fiat Chrysler Automobiles para a América Latina. O convite foi feito pela comissão organizadora do evento, que tem como presidente Marcos Clemente, e aceito pelo executivo.

Após passar por diversas funções dentro do Grupo Fiat, Belini assumiu a presidência da subsidiária brasileira em 2005. De 2010 a 2013 foi presidente da Anfavea e em 2011 tornou-se responsável pelas operações da FCA na América Latina.

O tradicional encontro promovido pela AEA, Associação Brasileira de Engenharia, abre suas portas em 25 de agosto, no WTC Events Center, em São Paulo. Serão dois dias de palestras, painéis e discussões técnicas com base no tema Tecnologia e Conectividade Melhorando a Mobilidade.

Em paralelo haverá a mostra de tecnologia, organizada em parceria com a Automaker, empresa responsável pelo Automotive Testing Show and Expo.

O programa oficial do evento está em fase conclusiva, mas já estão confirmados onze palestrantes nacionais e internacionais nos três painéis principais. A abertura oficial será conduzida pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab, chairman dos eventos, e tem presença confirmada de Luiz Moan, presidente da Anfavea, e Sérgio Pin, conselheiro do Sindipeças.

Participação dos 1.0 nas vendas atinge menor marca em 22 anos

A participação dos automóveis com motor 1.0 no total das vendas do mercado brasileiro continua a cair fortemente e no primeiro semestre deste ano alcançou o nível mais baixo dos últimos 22 anos – o índice se compara apenas àquele do início da popularização deste tipo de veículo no Brasil, também conhecido como Popular, nascido em 1990 com o Fiat Uno Mille.

Nem mesmo a recente adoção de novas e avançadas tecnologias para os motores 1.0, notadamente a de três cilindros – já em uso por fabricantes como VW, Ford, Nissan e Hyundai, por exemplo – parece animar este segmento, que no atual cenário do mercado brasileiro encaixa-se cada vez mais como um nicho. Pesaria a favor dos 1.0 ainda a alíquota do IPI mais reduzida e portanto em tese mais vantajosa em termos de preço final ao consumidor, ainda mais com a recomposição total do imposto ocorrida no início do ano, mas também este fator aparentemente não está fazendo diferença na hora da escolha do consumidor por um 0 KM.

De acordo com levantamento exclusivo da Agência AutoData com base nos números da Anfavea as vendas de 1.0 representaram somente 35% do total de automóveis vendidos no País no primeiro semestre, índice melhor apenas que o registrado em 1993, fase na qual os populares buscavam consolidação no Brasil. Em junho, isoladamente, o total foi ainda menor, de 31,7%. Como comparação, no ano de 2014 a participação dos 1.0 fechou em 36% e seu melhor ano foi 2001, com 70% do total das vendas de automóveis, sempre segundo a Anfavea.

Vários fatores explicam este movimento, contrabalanceado apenas pelos lançamentos recentes desta faixa, como Up!, novo Ka ou novo March, todos com modernos motores de três cilindros. O primeiro é a redução do crédito pelos bancos para compra de 0 KM, que naturalmente atinge com maior força os compradores da base do mercado, que ao descobrirem suas fichas rejeitadas acabam por optar por veículos seminovos.

Outro é a concorrência interna com outro com motor de maior litragem para um mesmo modelo – Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e novo Ford Ka, que também tem oferta de opções 1.4, 1.6 e 1.5 na gama, respectivamente, são ótimos exemplos. Além disso os modelos tradicionalmente bons de venda com oferta exclusiva de 1.0, como os Chevrolet Celta e Classic, o Renault Clio e o VW Gol G4 ou saíram de linha ou deixaram de frequentar a lista dos mais comercializados há algum tempo.

Para ajudar este quadro a se tornar mais agudo os mais recentes lançamentos do mercado nacional, com números atrativos de emplacamentos, são do segmento de SUVs leves, que não conta com representantes dotados de motor 1.0 – apenas a Ford, quando do lançamento da primeira geração do EcoSport, há cerca de 15 anos, tentou equipar o modelo com um motor 1 litro equipado com o chamado Supercharger, mas este não foi bem recebido pela clientela, que preferia, de longe, a versão 1.6.

E, finalmente, a nova tecnologia de três cilindros ainda não conseguiu livrar os 1.0 do estigma de modelo fraco e de pouca potência, alimentada quando da grande popularidade destes modelos, há cerca de uma década, e de fato justificável em alguns casos. Nestes, na maioria das vezes o proprietário foge de outro 1.0 na hora de trocar de carro.

O cenário de curto prazo não é muito animador para o segmento. Apenas uma novidade pode representar uma possível alteração no quadro: o lançamento do VW Up! Tsi, agendado para a próxima semana. O modelo combina motor 1.0 três cilindros a um bloco de alumínio, injeção direta e turbocompressor, que o leva a 105 cv ante 82 cv das versões atualmente ofertadas. Resta saber se outro estigma, neste caso o da aplicação do turbo, será superado. A própria Volkswagen chegou a oferecer os modelos Gol e Parati com motor 1.0 turbo de 112 cv, lançados em 2001, mas naquela época a aceitação do mercado foi baixa.

Anfir trabalha para minimizar efeitos da queda nas vendas

O cenário do segmento de implementos rodoviários no primeiro semestre não diverge muito do apresentado pela indústria de caminhões. Dados da Anfir, associação que representa as fabricantes de reboques, semirreboques e carrocerias sobre chassis, revelados na terça-feira, 14, apontam queda de 40,4% nas vendas de janeiro a junho, para 45,9 mil unidades – há um ano foram comercializados 77 mil implementos rodoviários.

Na linha leve a redução nas vendas chegou a 35,4%, para 31,2 mil reboques e semirreboques licenciados. No segmento pesado a queda foi de 48,7%, com 14,7 mil emplacamentos.

“O segmento de leves não depende tanto dos financiamentos do BNDES, então a baixa reflete apenas o desempenho da economia. No segmento de pesados retrocedemos dez anos, com vendas nos patamares de 2006”, disse Alcides Braga, presidente da Anfir. “As margens também estão baixas, porque não há como reajustar preços, mesmo com a pressão nos custos.”

O dirigente, porém, evita o discurso do pessimismo e busca alternativas para fazer com que o setor continue caminhando. Segundo ele a Anfir mantém agenda forte com ministros e representantes do governo em Brasília, DF, e no BNDES, no Rio de Janeiro, RJ, onde procura sempre deixar claro quais são as necessidades do setor.

“Não deixamos o governo esquecer a importância do assunto da renovação de frota, pedimos para o BNDES elevar o porcentual de valor financiado do PSI. Mas são pedidos, sem garantia de que sejam atendidos.”

Há maior esperança em dois assuntos: um é a desoneração da folha de pagamento, cuja alíquota ao setor atualmente está em 2,5%. Braga afirmou que há forte indício de que o Senado Federal aprovará 1,5% para os fabricantes de implementos rodoviários.

O segundo é a inclusão dos produtos do setor dentre os financiáveis por meio do programa Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Segundo Braga o anúncio ocorrerá nas próximas semanas e outra associação de classe também será beneficiada. “Será um evento grande. Essa medida dará alento a algumas empresas do setor.”

A inclusão do setor no programa Mais Alimentos, por se destinar principalmente à agricultura familiar, beneficiaria principalmente a linha leve, mas a Anfir trabalha para que alguns produtos do segmento pesado também sejam incluídos nas linhas do BNDES.

Braga também comemorou, com ressalvas, a criação do PPE, Plano de Proteção ao Emprego, anunciado pelo governo na semana passada e que prevê a redução de jornada de trabalho e de salários com ajuda de recursos do FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador. O presidente disse que os associados da Anfir se enquadram nas exigências do governo, que ainda carecem de regulação oficial.

“Mas é preciso tomar cuidado para que essa medida não seja um tiro no pé e ocasione novo desequilíbrio na economia. Não se pode beneficiar um ou outro setor em detrimento de outros.”

Segundo o dirigente o setor de implementos rodoviários, que chegou a empregar 71 mil pessoas direta e indiretamente, cortou cerca de 30% de sua força de trabalho. “Existem [atualmente] 50 mil funcionários, se muito. Precisamos fazer um balanço oficial, mas pelo que os associados nos passam o cenário é esse.”

As empresas também abriram o olho para o mercado externo. Apesar de fechar o semestre com queda de 32% nas exportações, para pouco mais de 1,1 mil unidades, as perspectivas são positivas: “Existe um esforço maior para as exportações e acredito que em 2016 poderemos apresentar volumes um pouco superiores”.

 

Repercussão garantida. Para o bem e para o mal.

O anúncio, na semana passada, de que o governo prepara medidas de incentivo à exportação de veículos e de apoio financeiro aos fabricantes de autopeças é bom indicativo de que pelo menos alguns dos novos ministros da área econômica começam, enfim, a perceber aquilo que os anteriores, os que deixaram os cargos em dezembro, já sabiam muito bem: o setor automotivo precisa – e deve – ser tratado com cuidado.

E isto não tem qualquer ligação com aquilo que alguns definem como o poderoso lobby das multinacionais automotivas – que, aliás, é bem menor e limitado do que muitos imaginam, até pelo amplo leque de interesses divergentes que tornam quase impossível se chegar a qualquer posição consensual.

Trata-se, na verdade, apenas da consequência natural do fato de que, por suas características muito particulares, tudo o que envolve a indústria automobilística ganha imediatamente repercussão nacional. Para o bem e, principalmente, tal como acontece neste ano, para o mal.

Há boas e concretas razões para ser assim. A começar pelo fato de o setor automotivo, tomado como um todo, representar cerca de um quarto do PIB industrial do País. E, sobretudo, por estar organizado na forma de uma complexa cadeia produtiva e de comercialização que se espraia por praticamente todos os setores da economia nacional.

No fundamental, ao contrário da grande maioria dos demais setores, nada do que acontece na indústria automobilística se reflete apenas e tão somente no seu próprio universo. Sempre vai além. Muito além.

Vale ressaltar que as entidades de classe que representam as empresas do setor – Anfavea, Fenabrave, Abeifa, Abraciclo, Anfir e Sindipeças – não precisam mais do que cinco dias úteis para tornar público todos os meses, via imprensa de circulação nacional, tudo o que aconteceu no mês anterior em termos de vendas, produção, exportação, contratações ou demissões de funcionários. Segmento por segmento. Veiculo por veiculo. E, mais uma vez, para o bem e para o mal.

Quando os números apresentados são positivos, bingo! É sinal de que a política econômica adotada está no rumo certo. Está gerando segurança em relação ao futuro para consumidores de automóveis, quase todos da classe média, bem como a certeza, para os empresários do transporte, de que o PIB, certamente positivo, garantirá carga para os caminhões transportarem.

Todavia, quando os resultados apresentados a cada início de mês são negativos, cada vez mais negativos, tal como hoje acontece, o efeito é exatamente o inverso.

Há que se levar em conta, também, que este é um setor cercado por sindicatos de trabalhadores muito bem estruturados. Na prática isto significa que ao menor sinal de férias coletivas, lay-off, PDVs ou demissões, a defesa está pronta.

Em poucos minutos greves paralisarão as linhas de montagem, avenidas e estradas terão o tráfego interrompido, a imprensa será convocada e, pronto, a crise do setor e as demissões dela decorrentes estarão nas primeiras páginas de todos os jornais e nos principais noticiários das rádios e das emissoras de televisão.

Em poucos minutos, em síntese, a qualidade da política econômica adotada pelo País estará sendo posta pública e nacionalmente em dúvida. E estará em cheque.

Quem acompanha os meandros da economia sabe que, neste início de ano, as demissões em Manaus, AM, onde está a indústria eletroeletrônica, a das TVs e aparelhos de som, foram bem maiores do que no setor automotivo. Mas, quem sabe disso? Quem sabe qual foi, em julho, a produção e a venda de televisores, geladeiras, fogões e similares? Ou de sapatos, camisas, gravatas?

Em contrapartida, todos sabem quantos automóveis, caminhões, ônibus, motos e máquinas agrícolas foram fabricados e vendidos no mês passado e no acumulado do ano. Bem como quantas pessoas estavam empregadas em torno destas operações. Tudo devidamente comparado com o mês e com ano anterior. Os mais fanáticos, se assim o desejarem, podem acompanhar até diariamente estes números.

Na década de 1970, tempos em que a Volkswagen ainda dominava quase 60% do mercado de automóveis no Brasil – é sério, isto já aconteceu –, nenhuma nova medida econômica era adotada em Brasília sem que se perguntasse, antes, para seu então presidente, Wolfgang Sauer, se aquilo de alguma forma prejudicaria a vida da montadora.

O princípio básico era o de que, por seu porte e peso no PIB industrial, tudo o que afetasse negativamente a VW traria reflexos negativos, também, por decorrência, para o Brasil.

Um pouco de exagero, por certo. Mas não há como negar que, de fato, por seu peso e potencial explosivo, o setor automotivo, no Brasil ou em qualquer outro país, precisa – e deve – ser tratado pelo governo com cuidado e responsabilidade. Muito cuidado.

Bem ao contrário do que aconteceu no primeiro semestre deste ano quando, logo em janeiro, o abrupto corte de uma só vez de um amplo leque de incentivos derrubou, primeiro, as vendas de caminhões, implementos e de máquinas agrícolas e de construção. E na sequência, também a de automóveis.

Edital paulistano anima segmento de ônibus

O segmento de ônibus, tanto chassis quanto carrocerias, recebeu boa notícia neste início de julho – que poderá levar um pouco de ânimo diante do quadro do semestre, em que as vendas de chassis, por exemplo, caíram quase 28% segundo números da Anfavea. A prefeitura de São Paulo publicou a aguardada minuta do edital para o novo sistema de transporte que utiliza este tipo de veículo, licitação estimada em R$ 70 bilhões – a maior deste tipo da história do País.

A proposta estará em consulta pública pelos próximos 30 dias e prevê grandes mudanças no sistema. A remuneração das operadoras, por exemplo, será medida por um índice de qualidade: 40% do valor será ponderado com fatores como o cumprimento das viagens, 10% de oferta de frota disponível e 50% por passageiros transportados. Outra importante alteração é no perfil da frota: os hoje 4 mil miniônibus, também conhecidos como micrões, passarão a menos de quinhentos, enquanto os ônibus articulados de 23 metros, que hoje são menos de quinhentos, passarão para quase dois mil.

Para Antonio Cammarosano, diretor de vendas da MAN Latina America, o edital paulistano representa uma boa chance de novos negócios para a fabricante. “Mesmo se perderemos participação em alguns segmentos, devido à mudança de perfil da frota prevista, poderemos ganhar em outros. Toda mudança é uma oportunidade.”

O executivo lembra que a fabricante já conta com duas unidades de ônibus urbanos low entry em testes nas viações Gato Preto e Santa Brígida, “com ótimos resultados em desempenho e consumo”, e que o modelo articulado da montadora pode ser adaptado para atender às especificações técnicas exigidas pela prefeitura de São Paulo. “Vamos trabalhar neste sentido.”

O edital deve ainda significar a realização de novos negócios também para empresas que fornecem às encarroçadoras: pela proposta, todos os ônibus terão ar-condicionado e internet wi-fi gratuita. Além disso haverá uma nova geração de catracas eletrônicas, nas quais o usuário poderá inclusive realizar recarga do sistema de bilhete eletrônico da cidade.

O texto apresentado prevê que os contratos terão duração de 20 anos, renováveis por mais 20. Após o período de consulta pública a licitação deverá ser apresentada em três editais neste segundo semestre e, pelos cálculos de Cammarosano, a depender do andamento, poderá representar vendas adicionais ainda no final deste ano.

Quem também está satisfeita com a publicação da minuta do edital é a Mercedes-Benz – atualmente dona de cerca de 85% de participação da frota paulistana de ônibus urbanos, segundo as contas de Walter Barbosa, diretor de vendas da divisão de ônibus da fabricante. “É um bom sinal, sem dúvida.”

O executivo também acredita que os primeiros reflexos positivos deverão ser sentidos ainda no fim deste ano. “Estimamos que os vencedores das licitações serão conhecidos por volta de outubro ou novembro, com as primeiras compras ocorrendo em dezembro. De qualquer forma o maior impacto certamente ocorrerá em 2016 e 2017.”

Pelos cálculos do diretor da Mercedes-Benz a licitação da cidade de São Paulo deverá representar a compra de aproximadamente 2,7 mil ônibus, com a possibilidade de entrega de cerca de seiscentos ainda neste 2015.

A Marcopolo, por sua vez, está menos otimista com a iniciativa paulistana. Paulo Corso, diretor de operações comerciais, argumenta que a participação da empresa no mercado paulista não é representativa – segundo apurou a reportagem, a grande maioria da frota paulistana tem a Caio-Induscar como encarroçadora. De qualquer forma, o executivo acredita que “no ano que vem, com as eleições municipais, a expectativa é a de que as vendas de urbanos cresçam no primeiro semestre”.

Governo argentino afrouxa impostos para modelos nacionais

O governo argentino promoveu mudanças na tabela do chamado Impuestazo, tributo criado em 2014 para automóveis de preços mais elevados naquele mercado. Foi estabelecido agora um segundo degrau para os modelos médios e uma tarifa diferenciada, mais vantajosa, para aqueles produzidos na Argentina.

Em outras palavras, segundo informações da publicação local Clarín, o governo beneficiou Citroën C4 Lounge, Ford Focus, Peugeot 308 e 408 e Renault Fluence. São modelos produzidos na Argentina, que possuem versões na faixa de 340 mil pesos a 455 mil pesos – preço final ao consumidor – e que serão taxados em 10%.

Em compensação Honda Civic e Toyota Corolla, produzidos no Brasil, e Nissan Sentra, importado do México, que possuem versões nas mesmas faixas de preço, incidirá imposto adicional de 30%.

Essa medida provoca algumas distorções e deixa os produtos importados menos competitivos no mercado argentino. A decisão, publicada no Diário Oficial daquele país na sexta-feira, 3, saiu poucos dias após a renovação do acordo comercial bilateral do Brasil com a Argentina, cujas bases de livre-comércio foram mantidas.

O Impuestazo pega também faixa de preço superior a 455 mil pesos. A esse modelo são acrescidos 50% de imposto, ou 30% no caso de produção local. O Toyota SW4, que sai das linhas de Zárate, é um exemplo de modelo atingido por essa tarifa.

Mercado de usados se mantém em alta

Diferentemente do que ocorre com o mercado de veículos novos, com queda nas vendas superior a 20% no acumulado do primeiro semestre, os negócios no segmento de usados parecem seguir incólume à crise do País. De acordo com relatório da Fenauto, Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores, nos seis primeiros meses do ano foram negociados 6,4 milhões de veículos usados, crescimento de 4,8% ante mesmo período de 2014.

Somente no mês de junho as vendas de usados registraram evolução de 18,5% em relação há um ano.

Em comunicado Ilídio dos Santos, presidente da federação, confirma que o ritmo dos negócios se mantém em positivo apesar do desaquecimento econômico pelo qual atravessa o País.

“A Fenauto está satisfeita com os resultados obtidos, em meio a um cenário econômico difícil, enfrentado por praticamente todos os segmentos da sociedade.”

Ainda de acordo com os dados da federação os veículos seminovos – aqueles com até três anos de uso –, se apresentam como a escolha preferida dos consumidores. No primeiro semestre os negócios nesta parcela do mercado de usados registrou alta de nada menos do que 38,2%.

Produção de veículos cai 12,4% na Argentina

As fabricantes de veículos produziram 270,3 mil unidades de janeiro a junho na Argentina, volume 12,4% inferior ao do primeiro semestre do ano passado, segundo dados divulgados pela Adefa, a associação das montadoras instaladas naquele país.

Em junho a queda da indústria argentina foi amenizada com o aumento de 6,3% no ritmo das fábricas, comparado com o mesmo mês de 2014, para 54,1 mil veículos. Com relação a maio a produção local apresentou um avanço de 7,7%.

A queda de 22,8% nas exportações ajuda a explicar o recuo na produção. No primeiro semestre a Argentina registrou 132,2 mil embarques, dos quais 104,8 mil para o Brasil, seu principal cliente, com 79,2% do total das exportações. O mercado brasileiro, porém, reduziu em 31,1% suas compras com relação aos primeiros seis meses do ano passado.

Em junho as exportações voltaram a cair: 18% com relação a igual mês de 2014, para 28,2 mil unidades. Na comparação com maio houve incremento de 25,7% no volume de embarques.

As vendas no atacado recuaram 4,8% na primeira metade do ano, para 291,8 mil unidades. Em junho o mercado registrou avanço: 15,2% com relação ao mesmo mês do ano passado e 14,9% na comparação com maio, para 61,2 mil unidades.

Os licenciamentos, que correspondem aos dados do varejo, caíram 17,6%, para 315,5 mil unidades, segundo informações do Tiempo Motor, parceiro editorial da Agência AutoData no país vizinho.

Mais divisas – Na sexta-feira, 10, o governo argentino liberou novo contingente de dólares para as montadoras. O novo pacote de US$ 283,9 milhões, válido de 15 de julho a 31 de setembro, supera em 22,5% a cota liberada em fevereiro – a quantia era considerada insuficiente pelas empresas.

Segundo o Tiempo Motor cerca de US$ 200 milhões desta cota serão destinadas a cumprimento de obrigações comerciais. Os cerca de US$ 85 milhões restantes serão usados pelas montadoras para prosseguir com os seus planos de investimento.