GM São José: sindicato pede ajuda ao governo estadual.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, reuniu-se na terça-feira, 11, com o secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho, José Luiz Ribeiro, para discutir a situação da fábrica da General Motors em São José dos Campos, SP.

Há duas semanas a GM anunciou pacote de R$ 13 bilhões em investimentos no Brasil, que serão aplicados em todas as suas fábricas locais, com exceção da unidade joseense. Para piorar no fim de semana a companhia demitiu cerca de 250 trabalhadores da fábrica por telegrama – a companhia não confirma o número. O sindicato alega que novas demissões vêm sendo feitas durante a semana, agora por telefone.

Macapá deseja agendar uma reunião com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e pede a intervenção do governo contra as demissões e para que a fábrica de São José receba novos investimentos. O presidente do sindicato pondera que o governo estadual participou de negociações em 2013 e prometeu benefícios à GM para investir R$ 2,5 bilhões naquela fábrica.

Segundo o sindicato o secretário Ribeiro afirmou que buscará contato com a companhia e com o governador para colocar as demissões e os investimentos em discussão.

Essa é mais uma frente do sindicato para tentar pressionar a montadora. Os 5,2 mil trabalhadores da fábrica, incluindo 750 que voltariam de lay off na segunda-feira, 10, estão em greve, protestando contra as demissões. Ao governo federal o sindicato pede a publicação de uma Medida Provisória que garanta estabilidade de emprego a todos os trabalhadores do País.

Mahle Metal Leve: manutenção do lucro no semestre.

A Mahle Metal lucrou R$ 96,2 milhões no primeiro semestre, resultado levemente inferior aos R$ 96,6 milhões de lucro líquido apurado nos seis primeiros meses do ano passado. A fabricante de autopeças divulgou seu balanço na noite de segunda-feira, 10, na Bovespa.

No documento a companhia destacou o equilíbrio das suas fontes de receita, que compensa a queda nas vendas em um segmento, como o de equipamento original nacional, com o aumento nas exportações, por exemplo.

“Ao final do primeiro semestre as exportações de equipamento original e o aftermarket [local e exportação] responderam por 70,4% do total de nossas vendas, o que permite manter um grau de resiliência importante seja em receita ou rentabilidade”, afirmou o comunicado.

Mesmo no segmento de equipamento original regional – a companhia soma Brasil e Argentina – a Mahle Metal Leve apresenta desempenho superior ao da média do mercado. Enquanto a produção de veículos nos dois países caiu 17,6% no primeiro semestre, as vendas da companhia cederam 8,8%, devido a conquistas de novos contratos ao longo de 2014 e pelo fato de fornecer a montadoras que apresentam desempenho superior ao mercado, como Honda, Hyundai e Nissan.

No semestre a Mahle Metal Leve registrou R$ 1,2 bilhão de faturamento, avanço de 3,1% sobre o resultado do mesmo período do ano passado. A valorização do dólar contribuiu significativamente para esse crescimento, uma vez que as vendas para montadoras no Exterior representaram 39,4% do total da receita – um avanço de 16,1% sobre o primeiro semestre de 2014.

A perspectiva para esse negócio segue positiva, de acordo com o documento:

“A contínua evolução dos nossos indicadores de produtividade permitirão trabalhar condições comerciais mais competitivas com as montadoras do Exterior. Além disso a melhora na produção de veículos em mercados como o Nafta e a Europa, aproximadamente 87% das nossas exportações, também deve contribuir para o desempenho das nossas exportações no médio prazo”.

Produção de motocicletas cai 25,2% em julho

A produção de motocicletas na Zona Franca de Manaus, na Capital amazonense, recuou 25,2 em julho, comparado com o mesmo mês de 2014. Dados divulgados pela Abraciclo na terça-feira, 11, apontam que saíram das linhas de montagem 101,7 mil motocicletas, ante 136 mil unidades há um ano. Com relação a junho a queda foi de 13%.

No acumulado dos primeiros sete meses do ano a indústria de motocicletas recuou 12%, para 800 mil unidades. De janeiro a julho do ano passado foram produzidas 908,9 mil unidades.

As vendas no atacado chegaram a 752,7 mil unidades no acumulado do ano, volume 9,3% inferior às 829,7 mil motocicletas faturadas às redes concessionárias de janeiro a julho de 2014. No mês passado foram comercializadas 93,7 mil motocicletas, queda de 17,1% na comparação anual e 7,3% na mensal.

O varejo acumula 10,6% de retração de janeiro a julho, para 794,4 mil unidades. Em julho foram licenciadas 107,7 mil motocicletas, recuo de 11% na comparação com igual mês de 2014 e avanço de 6,6% sobre junho. Porém a média diária foi inferior: em junho 21, dias, chegou a 4 mil 814 unidades, volume que caiu para 4 mil 684 nos 23 dias úteis do mês passado.

Em comunicado Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, justificou o resultado pelas férias coletivas nas fábricas e incertezas no contexto macroeconômico neste começo de semestre, devido ao aumento da inflação, ao medo de desemprego e à baixa oferta de crédito para aquisição de veículos. Mas procurou ser otimista:

“Apesar disso as montadoras permanecem confiantes e realizam lançamentos de produtos. Acreditamos que o Salão Duas Rodas, que ocorrerá de 7 a 12 de outubro no Anhembi, em São Paulo, trará vários atrativos aos consumidores e poderá impulsionar o mercado de motocicletas”.

Vendas de veículos nos Estados Unidos não param de crescer

As vendas de veículos nos Estados Unidos, um dos mercados mais importantes do globo, superaram em julho as expectativas mais otimistas. Com 1 milhão 510 mil unidades comercializadas no mês passado, alta de 5,3% ante mesmo período de 2014, o período anualizado aponta 17,5 milhões de unidades vendidas, melhor ritmo desde 2000, quando o ano encerrou com 17,3 milhões.

O preço do combustível em queda, assim como as taxas de juros, estimularam os consumidores daquele país.

A maior parte das marcas que atua no mercado estadunidense registrou alta acima das previsões nos negócios no comparativo anual, em especial as três locais. A GM vislumbrava vendas apenas 0,6% maiores e viu índice de 6,4%. A Ford esperava 1,8% e fechou em 4,9%, enquanto a FCA Fiat Chrysler previu 4,8% e registrou 6,2%, de acordo com informações de publicações locais.

Outras marcas também tiveram bastante a comemorar: a Nissan terminou julho em alta de 7,8%, a Honda de 7,7%, a Audi 20,8%, a Kia 7,7%, a Hyundai 6% e a Porsche 10%. Um pouco abaixo ficaram Toyota, em elevação de 0,6%, Mercedes-Benz, de 1,2%, e BMW, apenas estável.

No caso da FCA – melhor julho desde 2005 – a maior responsável pelo aumento dos volumes foi a marca Jeep, com crescimento de 23% e nada menos do que 64º. mês seguido de crescimento, sempre na comparação com o mesmo período do ano anterior.

No caso da Ford, com o melhor julho desde 2006, a demanda foi puxada especialmente pelas picapes da Série F, que isoladamente cresceram 23% no mês. Diante do mercado aquecido a fabricante cancelou ou reduziu os dias de férias de verão que seriam concedidas aos trabalhadores em algumas das fábricas naquele país.

Metalúrgicos cruzam os braços na GM São José

Os cerca de 5,2 mil trabalhadores da fábrica da General Motors de São José dos Campos, SP, cruzaram os braços na segunda-feira, 10, em protesto contra a demissão de alguns funcionários no fim de semana. O sindicato local calcula que 250 trabalhadores foram surpreendidos no sábado, 8, com um telegrama informando o desligamento da empresa – a GM não informa o número de demitidos.

Os grevistas exigem a abertura de negociação sobre as demissões, mas a GM, em comunicado, afirmou ter esgotado todas as alternativas possíveis – férias coletivas, lay offs, banco de horas e PDVs – para evitar o corte de postos de trabalho no complexo joseense.

“Essas medidas não foram suficientes diante da expressiva redução da demanda do mercado brasileiro, que registra queda em torno de 30% desde janeiro do ano passado. Os desligamentos realizados têm como objetivo adequar o quadro da empresa à atual realidade do mercado”.

Na segunda-feira, 10, em torno de 750 trabalhadores retornariam ao trabalho após cinco meses de lay off, mas todos aderiram à greve. Nenhum deles deverá ser cortado, uma vez que o acordo da GM com o sindicato garante estabilidade a estes funcionários.

Em nota Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, afirmou que os trabalhadores vão à luta. “Não vamos pagar pela crise criada pelo governo. A saída pela classe trabalhadora é a luta e essa greve mostra que os metalúrgicos estão dispostos a lutar”.

GM e sindicato descartaram, em seus respectivos comunicados, a possibilidade de adoção do PPE na fábrica. A entidade que representa os trabalhadores é contra qualquer redução de salários – reivindica, inclusive, a redução da jornada semanal para 36 horas sem qualquer alteração nos vencimentos.

“A GM lamenta a decisão do sindicato de convocar greve e reafirma sua disposição para o diálogo construtivo no sentido de encontrar alternativas para manter a unidade competitiva em um contexto de grande transformação no mercado brasileiro”.

Há duas semanas a GM anunciou ampliação de seu pacote de investimento de R$ 6,5 bilhões para R$ 13 bilhões nas operações brasileiras até 2018 e descartou qualquer aporte na unidade de São José dos Campos. Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul, alegou falta de competitividade e flexibilidade para acordos trabalhistas na fábrica.

Cortes em setembro – Em São Bernardo do Campo, SP, as demissões ainda não ocorreram, mas a Mercedes-Benz deu um ultimato ao sindicato: as medidas de flexibilização se esgotaram e, salvo alguma reviravolta, novos cortes serão promovidos em 1º de setembro – em junho a fabricante de caminhões demitiu 500 trabalhadores.

Em comunicado a montadora afirmou que possui mais de 40% de ociosidade na fábrica e já adotou lay off, semanas curtas, folgas, férias coletivas, licenças remuneradas e abriu diversos PDVs, dentre outras medidas. Desde a semana passada todos os trabalhadores da área de produção estão em casa em licença remunerada e a fábrica está parada.

Porta-voz da M-B afirmou que 250 trabalhadores em lay off retornam à fábrica no fim de setembro. Mesmo assim existem 1 mil 750 funcionários excedentes na fábrica – o que não significa, necessariamente, que serão 2 mil os demitidos. Há ainda um PDV aberto até a sexta-feira, 14, para horistas e mensalistas da companhia.

A companhia não descarta aderir ao PPE, embora informe que apenas essa ação não seria suficiente para evitar as demissões: “A Mercedes-Benz está disposta a adotar o PPE desde que seja combinado com a aplicação reduzida da inflação na data base de 2016 e outras ações de contenção de custo”.

Antes mesmo da criação do PPE, no começo de julho, a companhia e o sindicato costuraram um acordo de redução de salários e jornada de trabalho, aliados a outras medidas, que foi recusada por 74% dos trabalhadores da companhia em assembleia.

Por meio de seu site na internet o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC convocou os trabalhadores da M-B para uma assembleia no sábado, 15, às 10h, na sede da entidade, para discutir os próximos passos a serem tomados pela categoria.

Governo estuda elevar IPI para autopeças

O governo federal, e em particular o Ministério da Fazenda, estuda elevar a alíquota do IPI, Imposto sobre Produtos Industrializados, cobrada atualmente na venda de autopeças por suas fabricantes, tanto aquelas destinadas ao mercado OEM quanto de reposição.

A informação foi revelada com exclusividade à Agência AutoData por uma importante fonte do setor, e a seguir foi confirmada por outra fonte ligada diretamente à indústria.

De acordo com estas fontes o estudo para aumento da alíquota do IPI das autopeças foi informado pelo próprio ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a dirigentes de associações do setor automotivo, como Anfavea, Fenabrave e Sindipeças, durante reuniões em Brasília, DF.

Na quinta-feira, 6, durante coletiva à imprensa de divulgação dos resultados da indústria automobilística em São Paulo, Luiz Moan, presidente da Anfavea, revelou que o grupo interministerial criado no fim de abril para discutir demandas específicas do setor automotivo tem se reunido com grande frequência, por vezes até semanalmente, para discutir os temas ligados diretamente à indústria de veículos.

De acordo com uma das fontes o governo federal busca formas de compensar o atraso na aprovação das medidas do ajuste fiscal e, consequentemente, do equilíbrio nas contas públicas. O aumento da arrecadação, assim, passou a ser visto como uma das hipóteses para enfrentar este quadro e, neste cesto, o imposto cobrado sobre as autopeças passou a constar da lista de possíveis aumentos de alíquota.

Atualmente o índice do IPI varia muito de acordo com o tipo de autopeça e seu destino – montadoras, sistemistas ou reposição –, mas na grande maioria dos casos vai de 5% a 15%.

As duas fontes revelaram grande preocupação com a possibilidade, mas uma delas, que participa constantemente das negociações com o governo, mostrou-se confiante na manutenção do quadro atual do IPI para peças automotivas. Para ela, e apesar da proposta, há áreas do governo, em especial no MDIC, atentas e sensíveis à atual situação da indústria, em particular do difícil cenário vivido pelas fabricantes de autopeças diante da redução da produção de veículos no País. Haveria, portanto, integrantes do alto escalão federal dispostos a coibir a possibilidade de reajuste no imposto por entendimento de que um novo aumento de custo pressionaria ainda mais para baixo os volumes produtivos, causando efeito contrário ao esperado pela equipe econômica – ou seja, a arrecadação cairia ainda mais em lugar de crescer.

Por outro lado a fonte elogiou a iniciativa da Fazenda de iniciar o processo de unificação do PIS/Cofins, previsto para as próximas semanas. Para ela esta ação representará o princípio de uma completa reforma tributária no País, que deverá reduzir brutalmente a burocracia hoje existente.

A fonte lembrou que as grandes montadoras possuem departamentos com centenas de profissionais dedicados exclusivamente a entender e processar o recolhimento de impostos e que, mesmo com o auxílio de empresas de consultoria especializadas, não são raros os casos de multas aplicadas pela Receita Federal por entendimentos divergentes de valores a serem pagos. Uma possível futura unificação dos impostos simplificaria sobremaneira o processo, contribuindo, assim, para a redução de custos, entende a fonte.

Muitas inovações no horizonte da indústria automotiva

Está ocorrendo agora uma grande transformação na engenharia de produto da indústria automotiva, levando à crença de que em dez ou quinze anos os meios utilizados para a mobilidade das pessoas, notadamente os veículos de uso individual e coletivo, trarão um conteúdo extremamente avançado quanto a alguns pontos fundamentais, como segurança; economia energética, emissões e conforto e dirigibilidade.

Segundo dados publicados pela Strategy&, empresa que sucedeu à Booz Co., as empresas globais mais inovadoras têm investido em pesquisa e desenvolvimento, R&D em inglês, aproximadamente US$ 650 bilhões, 40% dos quais nos Estados Unidos. Em segundo lugar vem a Europa, com quase US$ 194 bilhões, ou 30%, e depois segue o Japão, com investimentos de US$117 bilhões. A China está avançando em P&D e no ano passado publicações indicam US$ 30 bilhões investidos ali.

A análise segmentada desse volume imenso de recurso financeiro na área de P&D mostra em primeiro lugar as áreas ligadas à computação e eletrônicos, com 28%, seguidas de “cuidados com a saúde”, 22%. A indústria automotiva é o terceiro maior segmento em investimentos em P&D, com 16% do total ou pouco mais de US$ 100 bilhões em 2014.

É importante destacar que a empresa global que mais investe em P&D, segundo a Strategy&, é a Volkswagen, com US$ 13,5 bilhões, superando Google, Microsoft, GE, Apple. Sim, o primeiro lugar em investimentos de P&D pertence a uma empresa do setor automotivo.

Na indústria automotiva as empresas que seguem a VW são Toyota, com US$ 9,1 bilhões investidos em P&D, General Motors, com US$ 7,4 bilhões, Ford, US$ 6,9 bilhões, e Daimler, que completa a lista das cinco primeiras do setor, com US$ 5,7 bilhões. A Honda vem em sexto lugar, US$ 5 bilhões.

Os investimentos em inovação da indústria automotiva global decorrem de iniciativas ligadas à estratégia de crescimento e de diferenciação de produto, mas também visam a atender a leis e regulações impostas ao mercado quanto à economia de combustível, diminuição do nível de emissões e segurança. Muitos de nós sabemos que esses fatos externos à indústria exercem grande influência. Para tanto é só lembrarmos o advogado estadunidense Ralph Nader, que ao fim dos anos 1960 e início da década de 1970 defendeu com vigor a proteção de segurança aos usuários de veículos: a partir dali a instalação de air bags nos veículos em território daquele país tornou-se usual.

Outro fato relevante que  empurra a indústria para a inovação tem relação com a internet das coisas, ou internet of things – jargão criado para associar a influência de aplicativos desenvolvidos em comunicação e a exploração de banco de dados que têm transformado dramaticamente a sociedade mundial. De fato as novas gerações são constituídas de consumidores diferentes e criados em ambientes digitais que ficam ao alcance das mãos, ou às vezes, até sem elas.

Um ponto importante a ser mencionado é ligado também à geração atual, que em grande parte defende ardorosamente temas ligados a meio ambiente e à responsabilidade social. Empresa que se preza não pode ignorar esse público e suas demandas.

A indústria automotiva tem, então, de dirigir recursos em novos produtos para não só atender às exigências legais como, também, para oferecer produtos inovadores que atendam às expectativas e exigências de um novo tipo de consumidor. É, ou será, uma questão de sobrevivência.

Quando avaliamos as iniciativas da indústria em P&D, até então divulgadas, podemos listar:

  • motores com o mínimo de emissões e reduzido consumo de combustível e outras soluções que eliminam o uso de derivados do petróleo, como célula de hidrogênio, energia solar, híbridos;
  • materiais e ligas mais leves;
  • sensores para identificação de riscos de acidentes;
  • sistema de iluminação externa inteligente e a laser;
  • mecanismos eletrônicos para estacionamento sem interferência do motorista;
  • monitoramento das condições de saúde do motorista: batimentos cardíacos, movimentos dos olhos e atividade cerebral;
  • comunicação dos veículos para inibir colisões;
  • painel inteligente e que funcione com toques;
  • informações sobre condições do tempo e do tráfego;
  • air bags externos;
  • avaliação dos hábitos do motorista e programação automática de rotas; e
  • veículos dirigidos sem a figura do motorista.

Algumas dessas iniciativas estão mais avançadas, outras nem tanto, mas elas virão. Só resta saber como e quando toda essa inovação será economicamente viável, pois o grande desafio é como prover a tecnologia sem encarecer o produto final. A escala, ou o tamanho dos negócios, é que, afinal de contas, tornará viável a oferta definitiva de muitas dessas ideias hoje em teste ou estudo.

O que essa onda inovadora provocará na cadeia de fornecimento às montadoras? Esse é um ponto relevante, sem dúvida. Muitos dos fabricantes de autopeças serão chamados a prover as soluções e a desenvolver processos de manufatura para entregar as encomendas de produtos mais nobres e com muito mais tecnologia sem modificar substancialmente o custo final da solução. Bom desafio e boa oportunidade para fazer negócios. De fato os grandes sistemistas globais terão de orientar esforços para materializar as inovações em escala comercial.

Quando toda essa inovação chegará ao Brasil? É difícil prever, mas com a atual engenharia integrada das montadoras e a padronização global do desenho e especificação dos veículos, o tempo para a transferência de soluções tecnológicas do país-sede para outras regiões está mais reduzido. O desafio aqui é saber como se dará o fornecimento por parte do sistemista: será com produção local?, há escala que faça as fábricas locais competitivas?, haverá abertura comercial para trazer de fora essas soluções?

Todas essas são boas questões, mas trazem certo grau de incerteza quanto ao futuro da indústria brasileira. Porém não podem e não devem ser negligenciadas jamais no planejamento estratégico das empresas.

José Rubens Vicari é administrador de empresas pela FGV com pós-graduação em finanças. Atuou por vinte anos como CEO de empresas metalúrgicas no setor de autopeças. Mentor voluntário para empresas startups pela Endeavour. Seu blog é www.senhorgestao.com.br.

Adeus, Anhembi: Salão do Automóvel 2016 será no São Paulo Expo.

A mais tradicional mostra do setor automotivo brasileiro e uma das mais importantes do mundo, o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, está de malas prontas. A 29ª. edição, que acontecerá no ano que vem, sai do Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi, na Zona Norte da Capital paulista, e se muda para o São Paulo Expo, antigo Centro de Exposições Imigrantes, na Zona Sul da cidade.

A promotora do evento, a Reed Exhibitions Alcantara Machado, já está realizando reuniões com montadoras e associações do setor automotivo que participam da mostra para comunicar a mudança.

A informação foi revelada por duas fontes diretamente ligadas a empresas do setor automotivo a dois jornalistas da AutoData Editora, em momentos distintos, e ambos os casos com exclusividade. Procurada, a Reed Exhibitions limitou-se a afirmar por meio de sua assessoria de imprensa na quarta-feira, 9, que “o Salão do Automóvel está confirmado para o Anhembi”.

A arrendatária do São Paulo Expo, a GL Events, não retornou pedido de entrevista feito pela Agência AutoData.

A mudança não ocorre à toa: há anos expositores e especialmente o público reclamam da infraestrutura do Anhembi para receber a mostra. O espaço reduzido, em particular do estacionamento, além do calor no interior do pavilhão, que não conta com ar-condicionado, são alvos de críticas há anos.

Além disso houve uma confluência global: a Reed Exhibitions, de origem britânica, é a maior parceira internacional da GL Events, empresa fundada na França. No Brasil essa parceria inexistia até então para o Salão do Automóvel, um dos maiores eventos da Reed no País, vez que o Anhembi é administrado pela São Paulo Turismo, empresa da prefeitura.

A mudança também é fruto de uma grande reforma que está em andamento no novo local da mostra – alteração que envolveu até o nome do estabelecimento. O agora São Paulo Expo teve a pedra fundamental de suas obras de expansão assentada em junho. O projeto prevê investimentos de R$ 300 milhões, com término em 2017. Está em andamento a modernização do espaço, com reforma do pavilhão existente de 40 mil m² e construção de mais 50 mil m² de área de exposição e 10 mil m² de centro de convenções, além da construção de um edifício garagem com 4,5 mil vagas, que segundo os organizadores será o maior estacionamento coberto do Brasil, este com previsão de entrega ainda no fim deste ano.

Como comparação, a área do Pavilhão de Exposições do Anhembi conta com 76 mil m2.

O grupo GL events assumiu a concessão do centro de convenções em 2013, por período de 30 anos, assinada pelo Governo do Estado de São Paulo, proprietário da área. Estão previstas ainda melhorias no entorno, incluindo construção de nova alça de acesso para o complexo.

Os organizadores, segundo as fontes, elencam como vantagens do novo endereço do Salão do Automóvel de São Paulo facilidade de acesso para o público, dada a proximidade do Aeroporto de Congonhas e da estação de metrô Santos-Imigrantes, da linha 2-Verde, climatização total do pavilhão e serviço de internet wi-fi.

A alteração do endereço causou também mudança na data do evento: a mostra agora acontecerá de 10 a 20 de novembro de 2016.

A 28º. edição do Salão, realizada durante 11 dias em outubro e novembro do ano passado no Anhembi, reuniu 756 mil pessoas – limite máximo da mostra, já registrado em 2012. Foram 84 expositores, representando 41 marcas, com 547 veículos expostos, sendo 150 deles lançamentos.

Esta será apenas a segunda mudança de endereço do Salão do Automóvel de São Paulo, que nasceu em 1960 no Parque Ibirapuera. A primeira edição no Anhembi ocorreu em 1970 e desde então o local permaneceu como a sede do evento.

Apenas Ford, Hyundai e DAF têm o que comemorar nos caminhões

No mercado brasileiro de caminhões até julho são poucas as fabricantes que têm o que comemorar, mas há, sim, estes casos, que valem para Ford, Hyundai e DAF. A primeira caiu bem menos que a média de mercado e assim ganhou preciosos pontos de participação, enquanto as duas últimas, ainda que com volumes muito menores, registram volumes de mais que o dobro do ano passado.

A Ford vendeu no acumulado dos sete primeiros meses do ano 8,3 mil caminhões, ajudada em muito pelo retorno da Série F. Como no mesmo intervalo do ano passado foram 10,3 mil, sua queda é da ordem de 19% – resultado bem melhor que a média do mercado, em retração de 43%. Desta forma saltou de 13,4% para 19,1% de fatia das vendas totais, solidificando seu retorno à terceira posição do ranking.

O avanço da Hyundai, focada em leves, é notável: nada menos do que 445%, ou de 150 unidades vendidas há um ano para oitocentos neste. Sua participação foi de 0,2% para 2%, de longe o maior avanço do ranking em 2015.

E a DAF mais que dobrou seu volume: saiu de cem para mais de duzentos, ou de 0,1% do mercado para 0,5%, ultrapassando Agrale e International e abocanhando assim a oitava posição.

Já MAN e Mercedes-Benz obtiveram resultados timidamente melhores que a média: a líder caiu 41,4% e a vice-líder 42,8%, mantendo suas posições. Mas a disputa está acirrada e a diferença em fatia é de apenas um ponto porcentual, equivalente a pouco mais de quatrocentos caminhões em volume.

Situação mais crítica continua sendo a das fabricantes centradas no segmento de pesados: a Volvo, quarta, vê resultado 55% menor e a Scania, quinta, ainda mais, 63%. Por sua vez a Iveco, com linha mais abrangente, também está relativamente em linha com a média, em sexto com retração de 46,7%.

Dramática é a situação da International, agora a lanterna do ranking, com diminuição de 94,2% nos negócios, ou apenas 50 caminhões vendidos em todo o ano ante 868 de janeiro a julho de 2014. Já a Agrale, uma posição à frente, vê índice um pouco melhor que a média, em baixa de 32%.

ÔNIBUS – Nos chassis de ônibus quem ainda pode considerar 2015 como um ano relativamente bom é a líder Mercedes-Benz, que registra negócios 15% menores, porcentual bem mais interessante que a média de mercado, em baixa de 28,6%. Com isso a marca da estrela de três pontas domina nada menos do que 51% do total das vendas.

Mas as duas únicas com índices no azul são Iveco, com relevantes 106,5% de aumento na comercialização, saltando de 385 unidades no acumulado dos sete primeiros meses de 2014 para quase oitocentas neste, o que lhe garantiu salto de 2,5% para 7,2% em participação – saindo da sexta para a quarta colocação, à frente de Volvo e Scania – e International, 16%, de 25 para 29 ônibus.

A vice-líder MAN terminou o período em baixa de quase 43%. A Volvo foi um pouco melhor, em retração próxima a 40%, deixando a maior redução para sua conterrânea Scania, de aproximadamente 74%, passando de 539 chassis em 2014 para apenas 142 neste 2015.

Implementos: queda de 40,5% nas vendas até julho.

Dados divulgados pela Anfir, Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários, na sexta-feira, 7, indicam queda de 40,5% nos emplacamentos do segmento nos sete primeiros meses deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, mantendo resultado praticamente estável ante aquele registrado no fechamento do primeiro semestre, retração de 40,4%.

Foram licenciadas, de acordo com a associação, 54,3 mil unidades de janeiro a julho ante 91,3 mil em 2014.

No segmento Pesado, que engloba os reboques e semirreboques, o recuo foi de 46,9% com relação a 2014 – de janeiro a julho foram emplacados 17,7 mil unidades ante 33,3 mil. No de Leves, ou carroçeria sobre chassis, o prejuízo é um pouco menor: 36,8%, com 36,6 mil para 58 mil.

As exportações também estão em baixa, apontou a associação, ainda que com resultados levemente melhores do que os do mercado interno: até julho foram enviados ao exterior 1 mil 445 implementos ante 2 mil 149 no mesmo intervalo de 2014, ou queda de 32,7%.

Em comunicado o presidente da Anfir, Alcides Braga, considerou que “o desempenho negativo do setor de implementos rodoviários reflete as dificuldades vividas pela indústria este ano. A realização da Fenatran em novembro poderá ser a oportunidade da indústria realizar negócios que diminuam a queda” – serão mais de 40 empresas associadas presentes, pelos cálculos do dirigente.

Mas para Mario Rinaldi, diretor executivo, também na nota, “para reduzir as perdas no segundo semestre será necessário algum tipo de incentivo que reaqueça os negócios em diversos setores”.