GM X Sindicato SJC, uma guerra que parece não ter fim

A guerra há muito declarada de General Motors do Brasil e Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, iniciada em 2008, parece não ter fim. As partes não se entendem e uma nova batalha, uma das mais agressivas, ocorreu na sexta-feira, 14, com troca pública de acusações.

O Sindicato organizou uma manifestação que saiu do portão 4 da fábrica e seguiu pela Via Dutra, na altura do KM 146 da pista Rio-São Paulo. Pelos cálculos dos sindicalistas cerca de 2 mil manifestantes participaram do chamado Ato em Defesa do Emprego na General Motors. Também de acordo com o sindicato cerca de seiscentos trabalhadores da unidade foram demitidos desde o sábado, 8.

Desde a segunda-feira, 10, ocorre greve na unidade. Em comunicado o sindicato considerou que o movimento é uma “mobilização pacífica e legítima”, decidida em “assembleia democrática dos trabalhadores, que recorreram a esse instrumento de luta como forma de pressionar a empresa a reverter o processo de demissão instalado no complexo de São José dos Campos”.

A justiça do trabalho, paralelamente, está envolvida em duas questões. A montadora recorreu ao tribunal da cidade para garantir, via liminar, acesso à fábrica dos funcionários que não desejam participar do movimento – no que foi atendida. E também ajuizou ação de dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho – 15ª. Região, em Campinas, com audiência marcada para a segunda-feira, 17. Para o sindicato, essa iniciativa torna a Justiça do Trabalho de São José dos Campos “incompetente para decidir sobre a greve”.

Por seu lado a montadora disparou nota oficial na qual alega que “a dramática queda de volume do mercado, que começou em 2013, já supera 32% e desde então o volume anual da indústria está encolhendo em 1,2 milhão de unidades, gerando um impacto significativo nos resultados financeiros da empresa”. O comunicado ainda assegura que “nos primeiros seis meses de 2015 a GM da América do Sul reportou prejuízo, sendo o Brasil o principal gerador dos resultados negativos”.

Prossegue o texto a afirmar que “mesmo diante dessa condição a GM esgotou todas as alternativas possíveis antes de reduzir seu quadro de empregados. A empresa usou os recursos de férias coletivas, layoff, banco de horas, programas de desligamento voluntário e outros. Todas essas medidas, porém, não foram suficientes diante da expressiva redução da demanda do mercado”.

A fabricante diz que “especificamente o Complexo de São José dos Campos tem mostrado uma constante deterioração de sua competitividade devido à sistemática rejeição das propostas da GM pelo sindicato dos metalúrgicos. Propostas estas aceitas por todas as demais unidades da empresa no Brasil, que têm melhorado a sua produtividade ao ponto de serem consideradas hoje referências globais de eficiência”.

Para a GM “a greve decretada pelo sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos no dia 10 de agosto não contou com o apoio da maioria dos trabalhadores da fábrica, os quais demonstraram desde o começo o desejo de trabalhar. Para assegurar esse direito e garantir a segurança e a integridade física das nossas pessoas, a Justiça do Trabalho concedeu uma medida liminar determinando que o Sindicato dos Metalúrgicos se abstenha de bloquear vias, bolsões e portões, permitindo a entrada e a saída de pessoas e veículos, assim como se abstenha de invadir a unidade fabril em São José dos Campos e praticar atos de violência contra pessoas e contra o patrimônio da empresa”.

Porém, alega a empresa, “as condições da medida liminar não foram cumpridas, limitando o direito de milhares de empregados e terceiros que se apresentaram livre e voluntariamente para trabalhar na quinta-feira, 13. Além disso, registramos que têm sido feitas ameaças de violência contra trabalhadores e terceiros, que estão sendo disponibilizadas à justiça. Dados estes acontecimentos, e com o intuito de proteger a segurança dos nossos trabalhadores, continuamos colaborando com a justiça para ampliar o alcance da medida liminar”.

O comunicado se encerra a afirmar que “a GM entende que o diálogo é a melhor forma de resolver os conflitos”, enquanto o Sindicato diz que “segue disposto a negociar uma alternativa que preserve os postos de trabalho na montadora”.

Recentemente a General Motors anunciou a duplicação de seu programa de investimentos no Brasil, para R$ 13 bilhões – e de cara afirmou que todas as fábricas, exceto a do Vale do Paraíba, seriam contempladas com o aporte. Enquanto isso os metalúrgicos cobram a confirmação de investimento de R$ 2,5 bilhões, adicional a este valor, negociado em 2013 com o próprio sindicato e os governos municipal e estadual, para produção de um novo modelo compacto ali.

Onix é o mais vendido nas duas primeiras semanas de agosto

O Onix tomou a dianteira das vendas por modelo no País até a segunda semana do mês. De acordo com dados preliminares do Renavam publicados pela Fenabrave o Chevrolet acumula até a quinta-feira, 13, 4,5 mil emplacamentos.

Outro modelo com bom desempenho no período é o HB20, vice-líder do período com 4,3 mil unidades licenciadas. O campeão do acumulado do ano, o Palio, fica apenas no último degrau do pódio com 3,9 mil.

E completam os cinco primeiros até a segunda semana de agosto a Strada, com 3,5 mil, e o Ka, 3,1 mil.

O top-10 se forma incluindo, pela ordem, Gol, com 2,7 mil, Fox, 2,6 mil, Sandero e Corolla, empatados com 2,5 mil, e Uno, 2,3 mil.

Na briga particular dos SUVs compactos o HR-V continua o rei: com 2 mil unidades, novamente lidera o segmento – no geral é décimo-quinto. Logo atrás vem o Renegade, 1,6 mil, e o EcoSport, 1,2 mil, à frente do Duster.

Nota-se ainda nas primeiras duas semanas do mês uma batalha muito interessante no segmento de sedãs compactos, ainda que o Corolla esteja à frente desta disputa. Prisma, Siena – incluindo Grand Siena – e HB20S estão embolados da décima-primeira à décima-terceira posições, com o Chevrolet e o Fiat empatados com 2,2 mil e o Hyundai bem próximo, aproximadamente cem unidades atrás. O Voyage, em vigésimo, já se vê distante da disputa com seus 1,4 mil licenciamentos no período.

 

Mercado de usados avança 4,2%

As vendas de veículos usados avançaram 4,2% de janeiro a julho, de acordo com dados da Fenabrave. Foram transferidos 5,9 milhões de veículos no período, ante 5,7 milhões de unidades registradas um ano antes.

Em julho as transferências somaram 963,9 mil unidades, crescimento de 4,2% sobre o mesmo mês do ano passado e alta de 8,6% na comparação com o resultado de junho.

O segmento de automóveis e comerciais leves puxa o crescimento: nos primeiros sete meses do ano foram 5,7 milhões de unidades comercializadas, avanço de 4,4% sobre as 5,5 milhões de unidades vendidas no mesmo período de 2014. Em julho as vendas chegaram a 928,1 mil veículos usados, alta de 4,4% na comparação anual e 8,5% na mensal.

Caminhões registra queda de 9% no acumulado do ano, para 188,7 mil unidades. Em julho foram vendidos 31,8 mil usados no segmento, 0,7% a mais do que no mesmo mês de 2014 e 9,6% acima do volume comercializado em junho.

As vendas de ônibus também registraram queda, de 2,4%. De janeiro a julho foram transferidos 23,9 mil modelos usados, ante 35,8 mil unidades de um ano antes. No mês passado as vendas chegaram a 4 mil unidades, queda de 4,1% na comparação anual e avanço de 16,4% na mensal.

Em motocicletas o cenário é positivo: crescimento de 5,7% no acumulado do ano, para 1,6 milhão de unidades. Em julho as vendas somaram 256,8 mil unidades, avanço de 2,9% na comparação anual e de 8,6% na mensal.

Produção de veículos recua 11,8% na Argentina

A produção de veículos acumula 11,8% de queda no mercado argentino, de acordo com dados divulgados pela Adefa, a associação que representa as montadoras locais. Saíram das linhas de montagem 315,5 mil unidades de janeiro a julho, ante 357,7 mil veículos nos primeiros sete meses do ano passado.

Em julho a produção argentina chegou a 45,2 mil veículos, volume 16,4% inferior a junho e 8,3% abaixo de igual mês de 2014.

De acordo com a Adefa foram comercializados 56,2 mil veículos à rede concessionária em julho, queda de 8,2% na comparação mensal e avanço de 3,7% na anual. De janeiro a julho foram 348,1 mil veículos vendidos, queda de 3,5% com relação ao mesmo período do ano passado.

As exportações caíram 9,4% no mês passado, comparado com julho de 2014. Foram embarcados 21,8 mil veículos – comparado com junho a retração foi de 22,7%.

De janeiro a julho os embarques alcançaram 154,1 mil unidades, recuo de 21,1% com relação a igual período de 2014. O Brasil comprou 51,3 mil unidades a menos nesse período – e, como é o principal cliente dos modelos argentinos, puxou para baixo as exportações argentinas.

78,3% dos embarques argentinos têm como destino o mercado brasileiro. O México, segundo maior cliente, comprou 5% do total dos veículos exportados da Argentina.

Chegam a 600 os demitidos na GM São José

Passaram de 600 os demitidos pela General Motors em São José dos Campos, SP, segundo contabilidade do sindicato dos metalúrgicos local. Desde o sábado, 8, a companhia vem avisando parte de seus 5,2 mil funcionários que seus contratos serão rescindidos devido à falta da reação do mercado brasileiro de veículos.

A quantidade de demissões pode ainda crescer, uma vez que a empresa não informa oficialmente o número de desligamentos.

O sindicato agendou para a manhã de sexta-feira, 14, uma manifestação na cidade, com concentração próxima ao portão da fábrica. Desde segunda-feira, 10, todos os trabalhadores estão em greve. Chamado de Ato em Defesa dos Empregos na GM o protesto reivindica anulação das demissões, abertura de negociações com o sindicato e que os governos federal, estadual e municipal intercedam a favor dos trabalhadores demitidos.

Na quinta-feira, 13, o sindicato desrespeitou uma liminar obtida pela GM na noite de quarta-feira, 12, na Justiça do Trabalho, que determina a desobstrução de vias, bolsões e acessos à fábrica de São José para permitir a entrada e a saída de pessoas e veículos. Segundo porta-voz da montadora os sindicalistas fizeram novos bloqueios na manhã da quinta-feira, 13, mantendo a greve.

“A empresa entende que o diálogo é a melhor forma de resolver conflitos”, afirmou a GM em comunicado.

Fábricas paradas – Além da Mercedes-Benz, cuja fábrica de São Bernardo do Campo, SP, está parada desde a semana passada, a Ford suspendeu temporariamente a produção nas fábricas de carros e motores de Camaçari, BA – onde são produzidos Ka, Ka+ e EcoSport. Segundo o portal G1 os cerca de 3,5 mil trabalhadores da fábrica só retornam ao trabalho na segunda-feira, 17.

As linhas de produção de automóveis pararão de quarta-feira, 12, a sexta-feira, 14. A produção de motores foi interrompida na segunda-feira, 10, e seguirá assim até a sexta-feira, 14.

Em Betim, MG, cerca de três mil funcionários das linhas de produção entrarão em férias a partir de segunda-feira, 24, por vinte dias. É a quarta vez no ano que a montadora toma a iniciativa de colocar parte dos trabalhadores da fábrica em férias coletivas.

Portfólio de produtos: a importância da renovação.

A dinâmica da renovação da linha de produtos é bem conhecida no mundo das empresas que proveem tecnologia, movidas na maior parte das vezes pela inovação. Notadamente a Apple tem se destacado, desde sempre, como uma empresa inquieta no lançamento de novos produtos. O iPhone 6, por exemplo, cujo lançamento se deu no fim do ano passado, deve ceder lugar ao iPhone 7 ainda em 2015. A indústria da moda, como sabemos, renova as coleções anualmente trazendo novos cortes e estampas. Aqui a renovação do portfolio de produtos é parte do jogo. Nas empresas que desenvolvem bens duráveis a renovação da linha de produtos é mais complicada.

Afinal, na maior parte das vezes, além de exigirem tempo no desenvolvimento os montantes a ser investidos são expressivos, exigindo recursos dedicados de engenharia e investimentos nas plantas industriais próprias e de fornecedores. De todo modo essas empresas devem também se preocupar na atualização do portfolio de produtos antecipando-se à concorrência, sempre que possível. Isso se aplica aos fabricantes de veículos leves, com certeza.

A expansão ou renovação da linha de produtos no setor automotivo é garantia de sucesso e de ganho de maior fatia do mercado para a fabricante que toma a iniciativa? Não necessariamente, pois como sabemos o sucesso da venda na ponta do mercado depende também de outros fatores como proposta de produto adequada à segmentação definida, pesados investimentos na promoção e divulgação do lançamento, marca em boa posição e reconhecida, rede de distribuição sólida e focada no lançamento, linhas de financiamento acessíveis, qualidade no serviço de pós-venda e, sobretudo, depende da decisão sobre o preço – afinal o cliente final precisa enxergar valor no novo produto oferecido.

Uma avaliação histórica das vendas no mercado interno de veículos de passeio dos últimos anos, o acumulado janeiro/julho de 2011 e igual período de 2015, indica grande transformação, com novas marcas e modelos ganhando espaço interessante, como segue:

  • as quatro grandes, Fiat, Ford, GM e VW, representaram nos primeiros sete meses de 2011 70,8% dos licenciamentos de veículos novos no Brasil enquanto nesse ano, para o mesmo período acumulado de sete meses, fizeram 58,4% do total licenciado;
  • a perda de participação das empresas acima listadas se deveu por expansão de Honda, Toyota, Renault, Hyundai e Nissan, que de fato trouxeram novidades ao mercado; e
  • os veículos 1.0 licenciados de janeiro a julho de 2011, que na época significaram 42,4% do total, nesse igual período de 2015 tiveram a representatividade diminuída para 34,8%. Esta é uma mudança importante promovida pela busca dos consumidores por produtos de maior valor agregado.

Não resta dúvida, portanto, que as montadoras interessadas em alavancar os negócios aqui terão de estudar a fundo as novas tendências, além de avaliar as oportunidades por segmento/região vis a vis alternativas internas de produto que possam lançar com preços atrativos. Tudo isso sem se descuidarem do fortalecimento da rede de distribuição, divulgação do novo produto e do pós venda irrepreensível.

Quanto a lançamento de novos produtos já notamos novidades acontecendo num momento de mercado com demanda enfraquecida pela crise econômica e com pouco apetite para compra.

Há, sem dúvida, oportunidade para expandir a presença no mercado de veículos de passeio.

Dentre os lançamentos cabe destacar o do VW Up 1.0 com turbo. A oferta é um produto que alia melhor dirigibilidade com economia no consumo de combustível. Em recente divulgação do ranking de testes da revista Quatro Rodas o VW Up aparece como o mais rápido, claro, mas também ficou em primeiro lugar em frenagem. Na classificação por economia – consumo urbano – o carro fica em terceiro lugar com 13,8 km/l. Nada mal. O preço, contudo, pode inibir a venda do produto em escala superior àquelas normalmente baixas de veículo esportivo.

Na linha de sedãs as novidades vêm tanto da GM como da Honda. O segmento tem ganho importância e a preferência da classe média brasileira merecendo de fato ofertas de valor agregado superior e, acredito, margens melhores às montadoras.

A General Motors sinaliza a oferta num futuro breve do Cruze na versão de motor flex três cilindros, injeção direta, 1.4 com turbo. E com central multimídia que conversa com telefones celulares. Já para a Honda ainda não foi revelada a versão brasileira de motor se com turbo ou simplesmente aspirado.

É possível acreditar que tanto Toyota como a Fiat deverão contrapor com seus sedãs modificados os lançamentos de GM e Honda assim como para enfrentar a Ford, que oferece o Focus reestilizado e com opções de motor 1.5 turbinado.

Outro segmento de importância no mercado brasileiro é o das SUVs, que mostra em 2015 uma modificação dramática comparativamente ao ano anterior, como demonstram números de emplacamentos relatados pela Fenabrave:

  • os cinco maiores em volume de emplacamentos, em ordem decrescente, no período janeiro/julho de 2015, foram Honda HR-V, 22 mil 2 unidades, Ford Ecosport, Renault Duster, Jeep Renegade e Hyundai ix 35, 9 mil 823 unidades. Total de veículos emplacados dos cinco primeiros: 82 mil 770 unidades;
  • a lista dos cinco maiores, em ordem decrescente, no acumulado de janeiro a julho de 2014 ,mostra Ford Ecosport, 31 mil 285 unidades emplacadas, Renault Duster, Hyundai Tucson, Chevrolet Tracker e Hyundai ix 35, 8 mil 572 unidades. O total de emplacamentos dos cinco primeiros colocados no ano passado somou 85 mil 978 unidades.

Como observamos as novidades nesse 2015, representadas aqui pelo Honda HR-V e pelo Jeep Renegade, varreram das primeiras cinco colocações o Hyndai Tucson e o Chevrolet Tracker. Note: as vendas das cinco maiores nesse segmento caíram 3,7%, bem menos do que a média do mercado de veículos leves, que girou ao redor de 20%.

Resumindo: ao tomarem iniciativas na renovação da linha de produtos elegendo plataformas e ofertas adequadas ao mercado as montadoras podem, de fato, abocanhar fatias interessantes de negócios. Claro está que não é permitido descuidar dos outros fatores que ajudam na venda, como a rede de distribuidores, o serviço de pós-venda, a divulgação da marca e do produto.

José Rubens Vicari é administrador de empresas pela FGV com pós-graduação em finanças. Atuou por vinte anos como CEO de empresas metalúrgicas no setor de autopeças. Mentor voluntário para empresas startups pela Endeavour. Seu blog é www.senhorgestao.com.br.

Abeifa pediu ao MDIC o dobro da cota de importação do Inovar-Auto

Em reunião realizada com o titular do MDIC, o ministro Armando Monteiro, há algumas semanas em Brasília, DF, a Abeifa levou como principal pleito a revisão nas atuais cotas de importação do Inovar-Auto. Definidas em 2012, preveem teto máximo de 4,8 mil unidades ao ano, calculada pela média do volume importado de 2009 a 2011. Para as empresas de menor volume que não atingiram o teto, tais como Porsche, Ferrari e outras, vale a média. O que for importado acima disso recolhe o IPI majorado com alíquota de 35%, além do Imposto de Importação.

 O pedido da Abeifa foi para que as cotas sejam dobradas, ou seja: o teto subiria para 9,6 mil unidades ao ano. A informação foi revelada à Agência AutoData pelo presidente da Abeifa, a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores, Marcel Visconde.

 Para o dirigente “esta mudança não alteraria em nada o quadro atual de mercado, em especial no que diz respeito à participação dos importados pelas associadas nas vendas totais, que continuaria na faixa de 3%” – até julho o índice é de 3,7%, mas considerando neste cálculo também a produção nacional de Jeep, BMW, Chery e Suzuki, todas afiliadas à Abeifa. “Não é nada que vá mudar o quadro de forma significativa”, salienta Visconde.

 A Abeifa entende que já é hora de uma revisão nas regras do Inovar-Auto, vez que “sua principal mensagem, a da nacionalização, foi atendida”. Para o presidente da associação um aumento das cotas também ajudaria o País a “evitar ranhuras com a OMC”.

 De acordo com Visconde a proposta foi bem recebida no MDIC, ainda que sem qualquer indicação de aceite. Mas o dirigente se mostrou otimista, em especial pelo que considerou como “boa vontade” do governo em ao menos ouvir os pleitos da Abeifa.

 Outro ponto discutido no encontro foi a continuidade do programa para veículos híbridos e elétricos, que não avançou além da redução de imposto de importação para modelos sem sistema plug-in. Visconde lembrou que “ali o panorama hídrico era outro, e como este evoluiu bem de lá para cá podemos retomar as conversas”.

 Para ele a adoção de medidas de desoneração deste tipo de veículo ajudaria o Brasil a inserir-se no contexto global, além de criar massa crítica de mercado para adaptação da tecnologia ao mercado nacional.

 Resultado – As vendas de automóveis e comerciais leves das marcas associadas à Abeifa chegaram a 55,3 mil unidades nos sete primeiros meses de 2015, volume que representa estabilidade, com ligeiro crescimento de 0,2%, em comparação a igual período de 2014.

 Entretanto este índice só foi obtido graças ao aumento da produção nacional de algumas empresas afiliadas, em especial Jeep e BMW, além da Chery.

 Se isolados os modelos nacionais e considerados apenas os veículos importados pelas empresas coligadas à Abeiva o resultado é bem diverso: 38,2 mil unidades, queda de 29% no mesmo comparativo – em 2014, de janeiro a julho, as associadas comercializaram 55,2 unidades, todas trazidas do Exterior, vez que ali nenhuma das empresas da Abeifa contava com produção local.

Em julho o índice de crescimento chegou a 39,7% no volume de vendas ante mesmo mês do ano passado, com 10,6 mil ante 7,6 mil. Porém, do total de julho, metade é de veículos nacionais. Visconde reforça que “em 2015 as associadas devem registrar crescimento nas vendas totais, mas temos de contextualizar que esse resultado refletirá a chegada dos modelos produzidos no País por marcas que iniciaram a operação local”.

Para ele, “considerando somente os veículos importados registramos até agora uma forte queda de 29% na comparação com 2014, e a tendência é uma piora ainda mais significativa, avaliando o reflexo da valorização do dólar, que impacta diretamente os negócios”.

O dirigente acrescentou que apesar da elevação da taxa da moeda estadunidense as montadoras que trabalham apenas com importações ainda não promoveram reajustes significativos em suas tabelas, como forma de não prejudicar ainda mais os volumes comercializados.

 

Sandero R.S. chega em setembro às concessionárias

A Renault anunciou que o Sandero R.S. começará a ser vendido na primeira quinzena de setembro. O compacto esportivo, topo de linha da gama Sandero, traz motor 2 litros aspirado que alcança até 150cv associado à transmissão manual de seis velocidades e sairá por R$ 58,9 mil, com opção de adicionar rodas de 17 polegadas por mais R$ 1 mil.

Apresentado oficialmente no Salão do Automóvel de Buenos Aires, na Argentina, em junho, o modelo produzido na fábrica de São José dos Pinhais, PR, tem alterações mecânicas e estéticas – seu design foi desenvolvido pela Renault Sport, na França, em conjunto com o Renault Design América Latina e Renault Tecnologia Américas.

Trata-se do primeiro modelo com a grife Renault Sport, ou R.S., fabricado na América Latina. O chassi, o motor, a suspensão e a direção foram retrabalhados na versão esportiva que, segundo a montadora, alcança até 202 km/h e acelera de 0 a 100km/h em 8 segundos.

No fim de setembro será a vez do grande lançamento da marca do ano: a picape Duster Oroch. Também apresentado no Salão argentino, o veiculo será posicionado no meio termo das picapes compactas e médias, para uso misto de lazer e trabalho. Sua produção também ocorre na fábrica paranaense da Renault.

Implementos rodoviários poderão ser financiados pelo Mais Alimentos

O programa Mais Alimentos, uma linha de crédito destinada à agricultura familiar, passará a permitir o financiamento de implementos rodoviários. O contrato será assinado na terça-feira, 18, pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e representantes da Anfir, associação que representa os fabricantes de reboques, semirreboques e carrocerias sobre chassis.

A inclusão dos produtos do setor dentre os itens financiáveis da linha de crédito foi anunciada por Alcides Braga, presidente da Anfir, no mês passado. Na ocasião, quando foram divulgados também os resultados do setor no semestre, o empresário afirmou que o anúncio ocorreria nas próximas semanas em um evento grande.

“A medida dará alento a algumas empresas do setor”, disse Braga em julho, durante a coletiva à imprensa.

De janeiro a julho foram comercializados 54,3 mil implementos rodoviários, volume 40,5% inferior ao resultado dos primeiros sete meses do ano passado, quando foram registrados 91,3 mil reboques, semirreboques e carrocerias sobre chassis.

O Mais Alimentos oferece taxas de juros de 2,5% a 5,5% ao ano, dependendo do valor da linha contratada, com prazos de 5 a 10 anos e até três anos de carência. Para adquirir uma linha de crédito do programa é preciso estar cadastrado no MDA.

A assinatura do termo de cooperação do MDA com a Anfir ocorrerá na tarde de terça-feira, 18, na sede da Abimaq, em São Paulo. No mesmo evento será assinado também um convênio do ministério com a Abimaq, que beneficiará alguns associados da entidade.

Na Paulista – Na manhã de quinta-feira, 13, empresários e trabalhadores se reunirão no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, em São Paulo, para o Grito em Defesa da Indústria e do Emprego. O ato, organizado pela Abimaq e por centrais sindicais, não é contra o governo, conforme explicou, em comunicado, o presidente da associação, Carlos Pastoriza:

“Vamos fazer um movimento apartidário com o objetivo de chamar a atenção para o que vem ocorrendo com a nossa indústria e clamar por medidas emergenciais que possam contribuir para a retomada da atividade industrial”.

De um jeito ou de outro, honra ao mérito

Uma marca cujo carro mais importante foi lançado há quase cinco anos e que tem pelo menos quatro de seus veículos em fim de carreira aqui. Esse quadro pode sugerir uma fabricante com vendas quase marginais, mas se trata da Fiat, líder de mercado brasileiro há mais de uma década e que dificilmente perderá essa condição em 2015.

Há quatro ou cinco anos, somadas estas e aquelas deficiências, estes e aqueles atributos dos produtos da empresa e dos da concorrência, dava até para entender como se mantinha líder até com merecida margem à frente das demais.

Mas desde então o mérito da Fiat parece ter se concentrado em outros aspectos como preço, vendas diretas e uma rede eficiente de concessionárias. Afinal, em um mercado movido por novidades e com uma avalanche de lançamentos da concorrência, uma linha envelhecida seria natural passaporte para o fracasso.

Em conversa informal durante o Salão do Automóvel de São Paulo de 2012, Cledorvino Belini, principal executivo da empresa, admitira que o estande da empresa tinha poucos atrativos e nenhum grande lançamento. Ainda assim, ao ser indagado sobre o provável desempenho da Fiat com aquele portfólio no ano seguinte, disparou convicto: “Manteremos a liderança”.

Não errou. A empresa seguiu na ponta com folga, assim como em 2014 e também neste ano. Mais: depois fez do Palio o carro mais vendido do Brasil, quebrando a hegemonia de quase três décadas do Volkswagen Gol.

É certo que a Fiat tem se sustentado muito em função do desempenho do próprio Palio, negociado com carroceria renovada e sobretudo com a antiga, batizada de Fire.  Além dele, se vale também da picape compacta Strada, eterna líder do segmento, e do Novo Uno, o último lançamento de peso, no primeiro semestre de 2010.  São seus únicos modelos na lista dos dez mais vendidos do Brasil.

Após o Uno apresentou somente o médio Bravo, ainda em 2010 e desde sempre um coadjuvante no segmento e no portfólio da marca, e o Grand Siena, sedã compacto que gerou algum atrativo somente nos primeiros meses após seu lançamento, em 2012. E só! Palio Weekend, Idea, Linea e Punto, quando muito, não mereceram mais do que retoques nesse período e hoje vegetam nas linhas de montagem da fábrica de Betim.

Sim, é verdade: embora a liderança continue a participação da Fiat é cada vez menor, na casa dos 18% de janeiro a julho – três pontos porcentuais a menos do que em igual período do ano passado. Mas a das principais concorrentes, como General Motors, com uma linha totalmente nova, e Volkswagen, também retraem na mesma velocidade.

Méritos, assim, para a montadora italiana que, a despeito de qualquer crítica – se valendo muito ou não de ações no mercado de frotistas, por exemplo –, soube manter sua posição em período adverso, de investimentos restritos em produtos e com as concorrentes mais diretas insufladas por novidades.

E a missão delas daqui para frente – caso queiram, de fato, roubar o primeiro lugar no pódio do mercado interno – será um tanto mais árdua. O trem para o topo pode ter passado.

Ao mesmo tempo em que colocará um ponto final na trajetória dos modelos mais velhos a Fiat lançará dois produtos em 2016.  E em novos segmentos, com uma inédita picape de maior porte, dotada até de tração 4×4 e opção de motor diesel, e um subcompacto que assumirá a condição de carro de entrada da marca, que cada vez mais, após a união com a Chrysler, se dedicará a modelos compactos – aqui e no mundo.