Caixa oferece linhas de crédito especiais para a cadeia automotiva

A Caixa Econômica Federal anunciou condições especiais em linhas de capital de giro e investimento e em uma série de outros produtos oferecidos pelo banco para a indústria automotiva, beneficiando desde micro até grandes empresas.  O convênio foi firmado em conjunto com a Anfavea, Fenabrave e Sindipeças.

Segundo a Caixa, em comunicado, “o objetivo é contribuir para a melhoria do fluxo de caixa das empresas e fornecedores do setor, auxiliando no pagamento de despesas, salários, tributos e reposição de estoques”.

Um dos frutos do convênio é a linha de crédito para antecipação de contratos firmados por fornecedores com montadoras ou sistemistas. Este contrato serve como garantia do empréstimo, que permite suprir a eventual necessidade de capital de giro com a antecipação do valor, ou parte do valor, que o fornecedor tem a receber da montadora ou sistemista.

Os associados do Sindipeças, Anfavea e Fenabrave terão à disposição linhas com taxas a partir de 0,83% ao mês, com prazos de até 60 meses e carência de até 6 meses para a primeira parcela. Ao antecipar recursos, as empresas poderão se programar para o aumento de despesas comuns de final de ano, além de ganhar mais fôlego para investir.

A Caixa oferecerá também a linha de crédito do Programa Pró-Transporte para renovação de frotas, com taxa de juros correspondentes à TR + 9% ao ano e até 96 meses para pagar. Máquinas e equipamentos novos e usados também poderão ser financiados por taxas a partir de 1,5% ao mês + TR, carência de até seis meses e prazos de até 60 meses.

Segundo Luiz Moan, presidente da Anfavea, a ação da Caixa tem grande potencial para impulsionar o mercado e auxiliar a indústria automotiva a superar o momento atual. Em nota, o executivo afirmou que tem “a convicção de que este convênio contribuirá para o fortalecimento da cadeia de fornecedores brasileira, além de oferecer condições para a retomada da confiança por parte de investidores e consumidores”.

Miram Belchior, presidente da Caixa, afirmou no comunicado que a parceria é importante para o setor. “As excelentes condições oferecidas pela Caixa contribuem para apoiar um dos setores que mais empregam, gerando as condições necessárias para garantir suas atividades, equilibrando seus negócios, conforme a necessidade de cada empresa”.

Vem aí série de medidas do governo para o setor automotivo

Demorou, mas finalmente o governo federal reagiu à queda de produção e vendas do setor automotivo. Contrariando uma visão que reinava em Brasília, DF, desde o início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, em janeiro, comandada pelo Ministério da Fazenda – para quem o mercado deve andar com as próprias pernas, sem incentivos –, diversas ações orquestradas nas últimas semanas serão anunciadas nesta segunda quinzena de agosto e primeira semana de setembro como forma de tentar aliviar o cenário de retração e, principalmente, de demissões, que afetam a confiança do consumidor e consequentemente acabam por derrubar ainda mais os números de comercialização.

Não se espera, entretanto, uma medida de fortíssimo e único impacto como a ocorrida há alguns anos, quando o IPI para veículos leves foi reduzido, o que ocasionou redução nos preços finais ao consumidor. A Fazenda não quer nem ouvir falar em desoneração, mas ao menos admitiu que outras formas de incentivar o mercado precisam ser colocadas em prática e liberou os bancos oficiais, como a Caixa e o Banco do Brasil, para fazê-lo.

O entendimento atual do governo é que um conjunto de medidas menores pode, no todo, ajudar o setor automotivo, em lugar de apenas uma, realizada de forma isolada. Espera-se que esta série de iniciativas específicas ao menos estanque a queda dos índices e ajude a recuperar a confiança tanto dos empresários, no caso dos veículos comerciais, quanto dos consumidores, para os leves.

Duas delas já são conhecidas: a entrada da Anfir no programa Mais Alimentos, que possibilitará aos empresários do agronegócio, em especial aqueles de menor porte, adquirir implementos rodoviários em condições de financiamento muito mais vantajosas do que as atuais via BNDES, e ação da Caixa, voltada principalmente ao financiamento à cadeia produtiva de veículos. Ambas foram reveladas na terça-feira, 18, sendo que a do banco federal contou com a presença dos presidentes da Anfavea, Luiz Moan, da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., e do Sindipeças, Paulo Butori.

Na quarta-feira, 19, os três se encontram novamente para o anúncio de outras linhas de crédito especiais e dedicadas ao setor automotivo, desta vez via Banco do Brasil, em São Paulo. Fontes asseguram que estas serão mais abrangentes que as da Caixa.

Também de acordo com fonte ligada diretamente às negociações junto ao governo federal ouvida pela Agência AutoData pelo menos mais duas medidas serão anunciadas nos dias seguintes: uma na última semana do mês e outra na primeira semana de setembro. Uma delas deverá ser a oficialização do acordo automotivo com a Colômbia, que poderá acrescentar algo como cerca de dez mil unidades ao ano à produção nacional de veículos – o que se não é grande coisa, pois este é volume que se comercializa em apenas um dia no País atualmente, é melhor do que nada e pode render frutos mais interessantes no médio e longo prazo.

O PPE, Programa de Proteção ao Emprego, anunciado recentemente, foi uma espécie de abre-alas de conjunto de iniciativas menores. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC três fabricantes de autopeças da região aderiram ao plano por enquanto, o que representa cerca de 1 mil metalúrgicos no total. A expectativa do sindicato é a de a Mercedes-Benz também aceitar a proposta – seria a primeira montadora a fazê-lo.

Certo é que representantes das associações ligadas ao setor automotivo, em especial a Anfavea, há muito não viajavam a Brasília, DF, com tamanha frequência: nos últimos dois meses, pelo menos, os encontros têm sido no mínimo semanais. A esperança destes é que estas reuniões de fato desemboquem em cenário um pouco mais animador para a indústria automotiva até o fim do ano, preparando terreno para resultados melhores em 2016.

Futuro nacional, XE deve mais do que dobrar vendas da Jaguar no País

Futuro nacional com produção assegurada na unidade de Itatiaia, RJ, conforme revelou com primazia mundial a Agência AutoData em junho do ano passado, o Jaguar XE chegará às lojas brasileiras, ainda como importado, no início de outubro.

Ao menos a montadora já não nega a produção local do modelo, ainda que continue a tergiversar quando trata do tema. Durante o lançamento, realizado em São Paulo na terça-feira, 18, Terry Hill, presidente da Jaguar Land Rover para América Latina e Caribe, afirmou que “por enquanto o único modelo que podemos confirmar para a fábrica brasileira é o Land Rover Discovery Sport”.

Independente do fato, o novo sedã médio da fabricante britânica já chega com árdua missão: mais do que dobrar as vendas da marca do felino no País – assim a montadora quer aproveitar e achar seu cantinho no excelente momento vivido pelas marcas premium no País, como Audi, BMW e Mercedes-Benz.

De acordo com números da Abeifa a Jaguar vendeu no Brasil no ano passado 381 unidades, crescimento de 30% ante 2013. No primeiro semestre deste ano foram 189, nova alta de 22,7% ante a primeira metade de 2014. Como referência, só do XE a marca pretende comercializar seiscentas unidades em um ano, sendo de 150 a 200 no último bimestre deste 2015, aproveitando o impacto do lançamento.

Serão duas as opções de motor para o mercado nacional: 2.0 quatro cilindros turbo com 240 cv de potência e 3.0 V6 supercharged de 340 cv, ambos acoplados a transmissão automática ZF de oito velocidades. Como concorrentes diretos a Jaguar entende os Audi A4 e A5, o BMW Série 3 e o Mercedes-Benz Classe C.

Os preços vão de R$ 170 mil a R$ 300 mil, dependendo da motorização, versões e acessórios.

A rede, que possuía apenas duas casas – São Paulo e Rio de Janeiro, RJ – há três anos atualmente é de 33, sempre conjugada com a Land Rover, e chegará a 46 até 2017.

Para ajudar o lançamento e “mostrar que um Jaguar pode sim ser acessível”, nas palavras do diretor de vendas Ruben Barbosa, a JLR ofertará para o XE o mesmo plano de financiamento hoje aplicado para alguns modelos Land Rover: entrada de pelo menos 20%, 23 parcelas e a 24ª. como parcela-balão de 50% do total após dois anos, com garantia de recompra deste montante.

Para quem optar por este financiamento a montadora oferecerá manutenção básica – troca de óleo e filtros – gratuita. Aos que pagarem à vista ou em outras condições haverá pacote, válido por três anos, ofertado a R$ 2,7 mil. O seguro também poderá ser adquirido conjuntamente por cerca de R$ 3,9 mil, dependendo do perfil do motorista.

Indústria automotiva mexicana só tem o que comemorar

O México terminou o mês passado comemorando os resultados de sua indústria automotiva: os números registrados foram os melhores da história tanto para julho quanto para o acumulado dos sete primeiros meses do ano em vendas ao mercado interno.

No mês foram comercializados 11,7 mil unidades, alta de 16% na comparação com julho de 2014. E com isso o acumulado do ano chegou a 721,5 mil veículos comercializados, crescimento de 21% ante mesmo período do ano passado.

Os dados são da Amia, associação local correspondente à Anfavea no Brasil. A entidade considera que a forte redução nas importações de veículos usados – de quase 70% neste ano em relação ao ano passado –, estimulada pelo governo local, ajudou a impulsionar os números.

Já os volumes de produção não foram tão bons em julho para a indústria mexicana: com 254,3 mil unidades, o resultado foi 2% inferior no comparativo anual. Mas no acumulado desde janeiro o total é de 1 milhão 982 mil veículos leves ali produzidos, recorde para o período e crescimento de 6,7% ante um ano.

Em julho as exportações de veículos leves mexicanos chegaram a 226,5 mil unidades, queda de 2,3% na comparação com mesmo mês de 2014. Mas o total do ano também é o melhor para o período, com 1 milhão 632 mil unidades embarcadas, em alta de 8,4%, puxada em especial por Europa, Canadá e Estados Unidos, tendência contrabalanceada pela América Latina, África e Ásia.

O Brasil caiu de terceiro para quarto maior comprador dos veículos fabricados naquele país: a redução no ano é de 32,4%, para 45 mil unidades, com 2,8% de participação.

Volkswagen demite em Taubaté

Na segunda-feira, 17, quando 250 trabalhadores retornariam de um lay off de cinco meses, a Volkswagen demitiu funcionários da sua fábrica de Taubaté, SP. O número de desligamentos não foi informado pela montadora e a Agência AutoData não conseguiu entrar em contato com o sindicato dos metalúrgicos da região até o começo da noite.

Sem citar demissões a Volkswagen informou, em nota, que “buscou alternativas junto ao sindicato desde abril, quando abriu processo de negociação para a composição de uma proposta que permitisse a adequação necessária da estrutura de efetivo e custos da unidade, que hoje são os mais altos da VW no Brasil”.

Segundo a companhia todas as medidas de flexibilização foram aplicadas – férias coletivas, lay offs e paralisação da fábrica –, mas não foram suficientes para adequar a produção à demanda do mercado.

O último recurso foi negado pelo sindicato, em assembleia, na semana passada: segundo o jornal Valor Econômico a empresa ofereceu um pacote de medidas que incentivava a aposentadoria e oferecia benefícios em um PDV, para eliminar o excedente. Também previa a adesão ao PPE, Programa de Proteção ao Emprego – mas, em troca, os trabalhadores teriam que trocar o aumento real de 2% acordado há mais de três anos por um abono, não incorporado ao salário, de R$ 8,8 mil.

“Apesar de a proposta não ter sido aprovada, continua urgente a necessidade de adequação de efetivo e otimização de custos para melhorar as condições de competitividade de Taubaté”.

As demissões na fábrica da VW foram divulgadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, cidade vizinha à Taubaté, que não representa os metalúrgicos da companhia. A entidade informou também que os trabalhadores da VW entraram em greve por tempo indeterminado em protesto contra os cortes.

Em São José dos Campos o impasse é com a General Motors, que demitiu 798 trabalhadores da sua fábrica local na sexta-feira, 7. Empresa e sindicato não chegaram a acordo na audiência no Tribunal Regional do Trabalho na segunda-feira, 17, o que provocou o agendamento de uma nova reunião para sexta-feira, 21.

Segundo o sindicato local o Ministério Público do Trabalho manifestou-se favorável ao pedido de anulação das demissões, baseado na jurisprudência que obriga a empresa a negociar com o sindicato antes de promover cortes em massa. A GM propôs um salário-base para cada trabalhador demitido, mas o sindicato não aceitou.

Em comunicado, a companhia informou que “não houve progresso efetivo nas discussões para solução do impasse. A GM entende que a maioria dos empregados deseja voltar ao trabalho e lamentavelmente estão sendo impedidos pelo sindicato, em descumprimento à liminar da justiça do trabalho de São José dos Campos que determinou o livre acesso ao complexo”.

O sindicato informou também que a situação será tema de audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo, na Capital, na quarta-feira, 19. Foram convidados representantes da GM, da prefeitura de SJC e da Comissão de Atividades Econômicas da assembleia.

Já a situação dos trabalhadores da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo, SP, caminha para um final menos traumático. No sábado, 15, os trabalhadores da companhia aprovaram por unanimidade, em assembleia, que o sindicato dos metalúrgicos local negocie a adesão ao PPE com a empresa – uma proposta parecida foi recusada há pouco mais de um mês, antes da criação efetiva do PPE pelo governo.

Sérgio Nobre, diretor do sindicato, afirmou em comunicado que a companhia informou que fará demissões a partir de 1º de setembro caso não haja alternativa. A possível adesão ao PPE é suficiente para resolver a situação, segundo ele.

“O PPE permite reduzir a jornada em até 30%, com corte proporcional do salário, mas metade dessa diferença seria financiada pelo FAT. Ele reduz o custo para a empresa e dá estabilidade ao trabalhador. Estamos certo de que é suficiente, mas a empresa tem dito que não. Se a empresa insistir em demissões, faremos toda a luta possível. Não aceitaremos essa situação”.

Na sexta-feira, 14, os funcionários da Melling do Brasil, de Diadema, SP, aprovaram a adesão ao PPE – foi a terceira do ABCD Paulista, após Rassini Automotive e Trefilação União.

O acordo da Melling prevê redução de 9,8% na jornada e nos salários dos duzentos trabalhadores por seis meses, mas 4,9% dos vencimentos serão bancados pelo FAT. A empresa produz bombas de água, de óleo e válvulas a frio para Ford, GM e Volkswagen.

Colômbia, o próximo destino

Confirmando a expectativa alimentada pelo presidente da Anfavea, Luiz Moan, durante o evento de divulgação dos dados da indústria à imprensa, realizado em São Paulo no início do mês, os governos de Brasil e Colômbia devem anunciar nos próximos dias acordo bilateral para comércio de veículos.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo, citando fontes em Brasília, DF, a base do acordo já foi fechada e deverá contemplar cota de 10 mil a 12 mil veículos importados sem imposto para cada país.

Moan acreditava no fechamento rápido da proposta – tanto assim que a Anfavea optou por não revisar neste mês os números de exportação, deixando a iniciativa para setembro, após a assinatura do documento por representantes dos dois países.

Quem é – A Colômbia não possui uma associação própria da indústria automotiva. O segmento é representado por uma câmara na Andi, a Associação Nacional de Empresários.

De acordo com dados da Andi a indústria automotiva responde por cerca de 4% da produção industrial colombiana, sendo que 1% é exclusivo do segmento de motocicletas.

Há oito fabricantes de veículos naquele país, excetuando-se as de motocicletas, mas quatro deles abrigam 96% dos índices totais: General Motors Colmotores, Sofasa, que produz veículos Renault, Hino, pertencente à Toyota, e a Non Plus Ultra, fabricante de carrocerias de ônibus.

Há, de acordo com as informações da Andi, também operações da Nissan, Agrale, Daimler e Foton no país.

A capacidade total instalada total é de pouco mais de 300 mil unidades/ano.

O mercado colombiano fechou 2014 com 340 mil unidades vendidas, sendo 109 mil delas nacionais – para esta ano a previsão é de queda próxima de 10% nos dois índices. A melhor marca foi obtida em 2011, 315 mil vendidas das quais 141 mil produzidas localmente.

A General Motors lidera amplamente e há bastante tempo o mercado colombiano de veículos: ponteia por nada menos do que 29 anos e pode completar o trigésimo neste 2015.

Até maio o mercado da Colômbia registra 113 mil unidades vendidas, queda de 6,4% ante mesmo período do ano anterior. Destes, 275 mil são Chevrolet e mais especificamente 6,9 mil do modelo Sail, o mais vendido daquele país.

A GM Colmotores é a maior fábrica de veículos da Colômbia e ganhou novo impulso em 2013, com a transformação da região da fábrica em zona franca. A unidade é antiga, inaugurada em 1957 para produção de modelos Austin, sob licença da matriz inglesa. Foi adquirida pela GM em 1979 das mãos da Chrysler, sua proprietária desde 1965. Desde 2012 a montadora aplicou investimentos próximos de US$ 200 milhões na fábrica.

Ali são fabricados diversos modelos Chevrolet que não estão disponíveis no mercado brasileiro, como o Spark, o Aveo e o Sail.

 

Quinzena manterá o ritmo dos últimos meses

Em dez dias úteis de agosto foram licenciados 98,7 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no mercado brasileiro, de acordo com dados preliminares do Renavam que a Agência AutoData teve acesso. A um dia do fechamento oficial da quinzena – para o período são considerados os primeiros onze dias úteis do mês – o mercado segue o ritmo dos últimos meses: em torno de 10 mil licenciamentos por dia útil.

Tal desempenho foi apurado tanto nos resultados da quinzena, quanto nos do fechamento do mês. Em junho, por exemplo, foram licenciados 108,3 mil veículos nos primeiros onze dias úteis, média de 9,9 mil unidades. No mês passado o volume caiu para 104,1 mil veículos, 9,5 mil por dia útil, porém com um feriado em São Paulo – como o Detran paulista não operou em 9 de julho, não houve licenciamento neste dia para a praça, praticamente reduzindo um dia útil no maior mercado do País.

Em todo junho o mercado consumiu 212,5 mil veículos, média diária de 10,1 mil unidades. Em julho, por sua vez, 227,6 mil unidades foram licenciadas, 9,9 mil veículos por dia útil, também considerando o feriado paulista.

Nesses primeiros dez dias úteis de agosto a média chegou a 9,8 mil unidades e pouco deverá diferir acrescentando os emplacamentos da segunda-feira, 17, para oficialmente termos o número da quinzena. É com essa média inclusive que os varejistas trabalham suas projeções do mês: segundo uma fonte do varejo agosto deverá fechar com 206 mil unidades comercializadas em seus 21 dias úteis.

A comparação com a primeira quinzena de agosto do ano passado, porém, apontará queda de cerca de 19% nos licenciamentos. Também pouco se altera com relação ao desempenho do mercado no acumulado do ano, pois de janeiro a julho a queda nas vendas alcançou 21%.

Cabe às montadoras ajustar seus parques industriais ao novo tamanho do mercado brasileiro. Segundo a Anfavea no fim de julho havia 7 mil trabalhadores afastados das linhas de produção. Nesse mês Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, SP, Fiat, em Betim, MG, e Ford, em Camaçari, BA, anunciaram paralisação na produção, lançando mão de folgas remuneradas e férias coletivas, e cresceram este número.

Principais montadoras brasileiras já confirmaram participação no Congresso Perspectivas 2016

A AutoData Editora promoverá nos próximos dias 20 e 21 de outubro, em São Paulo, o tradicional Congresso AutoData Perspectivas, desta vez na versão 2016, que neste ano contará com a presença de importantes executivos de 17 montadoras, cinco sistemistas, três fabricantes de motores diesel e três fabricantes de motocicletas,  além de entidades representativas do setor e consultores especializados.

Esta será a primeira oportunidade neste ano em que esta quantidade de importantes executivos e líderes de grandes empresas do setor automotivo estarão reunidos em um único evento para discutir os atuais problemas do setor e suas perspectivas para o próximo exercício.

E mais: em razão das fortes dúvidas que infelizmente ainda pairam a respeito do futuro de curto e médio prazos do negócio automotivo no Brasil este será, sem nenhuma sombra de dúvida, o mais aguardado evento de análise do nosso setor realizado até este momento neste ano e uma excelente oportunidade para que os empresários e executivos que atuam no segmento possam buscar importantes informações que possam balizar o planejamento futuro dos seus próprios negócios.

Vários importantes executivos e empresários das maiores empresas do setor automotivo brasileiro já confirmaram suas presenças como palestrantes ou debatedores no Congresso  AutoData Perspectivas 2016, com especial destaque, como representantes já confirmados das montadoras, para Jörg Hofmann, presidente da Audi; David Powels, presidente da Volkswagen; Cledorvino Belini, presidente da  Fiat Chrysler Automobiles; Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America; Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz; Carlos Zarlenga, South America CFO da General Motors ; João Pimentel, diretor geral da Ford Caminhões; Marco Borba, vice-presidente comercial da Iveco, Bernardo Fedalto, diretor de caminhões da Volvo; Luiz Gambim, diretor comercial da DAF; Bernhard Kiep, vice-presidente de marketing da AGCO; Rafael Miotto, diretor de produto da CNH Industrial e Massami Murakami, diretor comercial da Volvo Constrution.  

Até este momento mais de 300 pessoas já garantiram sua inscrição para este encontro histórico.  “É importante frisar, no entanto, que o evento poderá ser assistido por somente cerca de 500 pessoas, número este que constitui a capacidade máxima do local de sua realização”, observa Paulo Fagundes, editor de seminários da AutoData Editora e organizador do encontro.

O Congresso AutoData Perspectivas 2016 acontecerá nos próximo dias 20 e 21 de outubro,  na Federação do Comércio de São Paulo, a Fecomércio, em São Paulo. Outras informações poderão ser obtidas pelos telefones (11) 5096.2957 e 98420.9350 ou pelo e-mail seminários@autodata.com.br.

BMW terá fábrica completa até o fim de setembro

Está agendado para 30 de setembro o início das operações de estamparia e pintura da fábrica da BMW em Araquari, SC – exatamente um ano após o primeiro Série 3 nacional sair das linhas de montagem da unidade brasileira da montadora. Um pouco antes o Mini Countryman, último dos cinco modelos na lista dos nacionalizados pelo Grupo BMW, entrará em produção.

Será completado assim, rigorosamente no prazo, o cronograma de instalação da montadora no Brasil. Série 1, Série 3, X1 e X3 já são produzidos nas linhas catarinenses, que recentemente entregaram ao mercado seu modelo de número 10 mil. Com as novas etapas de produção adicionadas a expectativa é que o ritmo de entregas aumente.

“A produção acompanhará o mercado. Conforme ele se desenvolver, ajustaremos a produção”, explica Martin Fritsches, diretor de vendas da BMW do Brasil.

Este ano a marca deverá comercializar cerca de 16 mil veículos, leve avanço ante os 15 mil vendidos no ano passado. Nem todos são nacionais: toda a cota de 4,8 mil unidades importadas sem acréscimo dos trinta pontos porcentuais de IPI determinada pelo Inovar-Auto é usada pela BMW, que alcançou tíquete médio de R$ 200 mil no mercado nacional.

“Enquanto o mercado nacional de veículos caiu 20% de janeiro a julho o segmento premium apresentou avanço de 18%. Nós crescemos 6%, abaixo de alguns concorrentes, mas nosso modelo de entrada custa R$ 117 mil. Não temos veículos abaixo de R$ 100 mil no portfólio.”

Segundo Fritsches a BMW tem conquistado clientes que antes tinham em suas garagens sedãs médios de marcas japonesas, coreanas e europeias. Os planos de financiamento oferecidos pela marca, com entrada mais baixa, taxas reduzidas de juros e parcela-balão quitada apenas no fim do contrato ajudam a atrair esses consumidores – em torno de duzentas vendas por mês são realizadas com os planos que oferecem esta última oferta, revela o executivo.

A ampliação da rede de concessionárias, que fechará o ano com 52 lojas e com maior capilaridade no território nacional, também contribuiu. Fritsches entende que muitos clientes em potencial das regiões Centro-Oeste e Nordeste desistiam da compra de um BMW pela dificuldade no atendimento pós-venda, muitas vezes distante de suas residências.

A montadora de origem bávara amplia seus negócios também no segmento de vendas corporativas, especialmente para empresas que oferecem os veículos como benefício a executivos. “Esse ano venderemos 1 mil unidades nesse segmento, que cresce a cada ano. Estamos ampliando também os negócios para vendas a órgãos diplomáticos e, agora com a fábrica em operação completa, entraremos nas vendas para portadores de deficiências físicas.”

A busca por novos negócios terá importante ação no sábado, 15, e domingo, 16: a Fazenda Capuava, em Indaiatuba, SP, sediará a etapa paulista do BMW Ultimate Experience, evento que reúne clientes atuais e potenciais. São esperadas mais de 800 pessoas, com previsão de cerca de seiscentos test-drives em diversos modelos do portfólio. A ideia, segundo o diretor, é tornar o evento anual.

Em 2015 o encontro já passou por Londrina, PR, Belo Horizonte, MG, e depois será organizado em Recife, PE, Fortaleza, CE, Salvador, BA, Brasília, DF, Goiânia, GO, Rio de Janeiro, RJ, e Porto Alegre, RS.

Carros de 100 mil quilômetros para a imprensa

De forma pioneira a Jac Motors, representada no Brasil pelo Grupo SHC, do empresário Sergio Habib, apresentou recentemente uma novidade em suas atividades de comunicação corporativa: oferecer carros com alta quilometragem – por volta de 90 mil a 100 mil km – e dois ou três anos de uso para avaliação pela imprensa especializada em veículos.

Enquanto as outras cinquenta e tantas marcas de veículos do País esmeram-se em ceder aos órgãos de imprensa apenas carros novos, com baixa quilometragem e devidamente bem revisados, por que enxergar nesse aparente risco uma oportunidade positiva de aprimoramento de imagem?

Essa história começa em 2011, quando a Jac Motors aportou no Brasil.

Desde o início a marca convive com o ceticismo de parte dos consumidores com o estigma de produto chinês. É bem verdade que, quatro anos depois, a batalha é bem mais amena, fruto, notadamente, da própria qualidade que é percebida no produto e propagada pelos clientes. Àquela época, no entanto, havia poucas referências de marcas chinesas no Brasil – por artigos Made in China conhecia-se basicamente as réplicas de grifes famosas e os brinquedos de baixa qualidade de centros comerciais populares.

A Jac Motors foi a primeira montadora chinesa a ganhar grande destaque na mídia e a auferir considerável volume de intenções de compra. Prova disso é que conquistou 1% de participação de mercado em abril de 2011, seu primeiro mês de atuação no mercado de automóveis do País.

Os tempos mudaram: as sensíveis alterações impostas na tributação do segmento de importados no Brasil, que ocorreram naquele mesmo 2011, interferiram diretamente no negócio. Para conter os aumentos de custo, onde também se inclui a apreciação do dólar e o estabelecimento de cotas limitadas em 4,8 mil unidades anuais para importação sem IPI majorado, a marca readequou sua operação no Brasil, por intermédio de uma significativa redução nos investimentos de marketing, bem como na renegociação de preços com a matriz.

E como continuar despertando a atenção e o interesse do público quando se é um novo player em um segmento extremamente competitivo, composto por concorrentes consolidados? Ou, em outras palavras, como competir com as grandes montadoras sediadas no País quando se é uma marca nova e que raramente empreende campanhas maciças de publicidade?

O caminho traçado foi simples: ações de marketing pontuais, principalmente na internet, muita guerrilha nos PDVs e criatividade para vencer paradigmas. Ainda que o termo pareça desgastado, o caso específico dos veículos de 100 mil quilômetros da frota de imprensa da importadora prima por ser exceção à regra: pela primeira vez em quase 60 anos de mercado automotivo alguém aposta firmemente na profusão de boas notícias herdadas de seus usados.

De acordo com pesquisas realizadas de forma rotineira com clientes, ou mesmo com consumidores que foram à concessionária e decidiram por não adquirir um veículo Jac Motors, identificou-se que a aceitação dos modelos chineses 0 KM era bem mais célere que no caso dos seminovos – inclusive porque o comprador do usado é mais conservador.

Como uma boa campanha de marketing e/ou comunicação não perdura se o produto não entregar o que dele se espera, a Jac Motors aproveitou-se de um de seus maiores diferenciais: a garantia de 6 anos. Por que não promover os carros usados, mesmo os mais rodados, considerando que todos permanecem dentro do período de garantia?

Basta lembrar que o primeiro veículo Jac Motors vendido no País, se tiver cumprido todo o plano de manutenção programada, ainda possui cerca de 20 meses de garantia.

Para buscar o objetivo primordial, que é constituir menores índices de depreciação e monetizar os estoques de seminovos da rede de concessionários, a importadora resolveu trabalhar inicialmente com os formadores de opinião – os jornalistas. Caso algum deles ainda persista na sensação de que um carro chinês com 100 mil quilômetros rodados estará em estado pior que o de seus rivais, a oportunidade de quebrar o paradigma ao guiá-lo por alguns dias, bem como a liberdade de avaliá-lo tecnicamente – inclusive com apoio de mecânicos e engenheiros que atestem o estado do modelo, caso desejado –, poderá persuadi-lo a narrar uma provável boa experiência junto aos seus leitores.

A empresa espera então que essa massa crítica de narrativas positivas sustente, mais adiante, campanha de marketing que enalteça as virtudes de seus modelos seminovos e atenda aos objetivos propostos.

Para atestar a credibilidade do que foi proposto a Jac Motors buscou na sua rede autorizada veículos oriundos de clientes finais, ou seja, modelos que foram negociados na troca por um 0 KM – portanto estes não são carros da frota interna. Além disso somente veículos que fizeram rigorosamente todas as revisões em dia e que não tiveram nenhuma ocorrência anormal foram selecionados para tomar parte nesta iniciativa. E nenhum tipo de preparação foi realizada – até mesmo pra ratificar a isonomia do estado de uso de cada modelo.

Tudo feito com lisura e confiança nos próprios produtos.

A Jac Motors se orgulha muito dessas filosofias e, ao lembrar que os modelos japoneses, nos anos 90, e coreanos, nos anos 00, já tiveram imagens deficientes no mercado nacional, espera igualmente reverter essa impressão – porém bem mais rápido do que eles.

Eduardo Pincigher é diretor de assuntos corporativos da Jac Motors do Brasil e do Grupo SHC