Apesar da queda de 41% nas suas vendas de caminhões no acumulado de janeiro a julho, a MAN Latin America não cortou investimentos e ainda conseguiu manter praticamente inalterado seu quadro de mão de obra na unidade de Resende, RJ, a partir de ações adotadas em consenso com seus funcionários. O objetivo, segundo seu presidente, Roberto Cortes, em entrevista exclusiva, é deixar a empresa preparada para a hora da retomada, “que não se sabe quando virá, mas virá”.
Ainda no final do ano passado, quando o PPE, Plano de Proteção ao Emprego, não passava de um projeto, a MAN acertou com o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul-fluminense acordo para redução de jornada e de salários de 10% ao longo de todo o ano de 2015.
“Fizemos um plano-ponte para atravessar a crise sem afetar os trabalhadores”, explica Cortes. A medida vale para a MAN e os oito fornecedores que participam do consórcio modular na unidade, envolvendo ao todo quatro mil funcionários.
“Duas sextas-feiras por mês, desde janeiro, ninguém trabalha. A medida vale até dezembro e dependendo do que acontecer na virada do ano não descartamos discutir o PPE aqui na fábrica”, adianta Cortes. Em vigência desde o início de julho, o plano federal prevê redução de até 30% na jornada, com o governo bancando metade da perda de até 30% nos salários.
Para o presidente da MAN a boa relação com o sindicato local é a principal razão para a montadora atravessar este período de crise sem enfrentar problemas na área trabalhista – no acumulado dos primeiros sete meses a empresa emplacou apenas 11,8 mil caminhões ante 20,3 mil no mesmo período de 2014.
Sem revelar números, garante que as dispensas efetuadas este ano limitaram-se ao PDV, Programa de Demissão Voluntária, com incentivos diversos e principalmente para quem estava próximo da aposentadoria. Em julho a empresa cortou o segundo turno e colocou seiscentos trabalhadores em lay-off por um período de cinco meses, garantindo a volta deles para a fábrica.
“Sabendo que 2015 seria difícil, nos antecipamos à crise e negociamos com o sindicato local antes mesmo da virara do ano. A redução da jornada e dos salários foi aprovada por unanimidade, pois para o trabalhador o mais importante é a manutenção do emprego”, comenta Cortes.
Agora, com a crise prolongando-se mais do que o esperado, o presidente da MAN não descarta um plano B: “Se a retomada não acontecer até o fim do ano na virada para 2016 teremos que discutir novas fórmulas para preservar nossa mão de obra”.
Sem arriscar previsões sobre quando o mercado irá reagir, Cortes diz que a retomada está diretamente relacionada à volta da confiança do consumidor e do investidor no País: “Uma hora ela terá de vir e queremos estar preparados para isso, razão de colocarmos como prioritário a preservação do nosso quadro de funcionários, altamente qualificado”.