GM avalia aderir ao PPE em São Caetano do Sul e Gravataí

A General Motors do Brasil está conversando com os sindicatos dos metalúrgicos de São Caetano do Sul, SP, e Gravataí, RS, quanto à possibilidade de adoção do PPE, Programa de Proteção ao Emprego, nestas unidades. A informação é do presidente da montadora, Santiago Chamarro, que sem revelar pormenores das negociações admitiu que ainda há excesso de mão de obra na companhia, apesar de todas as medidas adotadas ao longo do ano, como férias coletivas, lay off e demissões.

Chamarro afirmou na quinta-feira, 3, que no caso de São José dos Campos, SP, não há mais como segurar o atual quadro de funcionários: “Estamos em lay off naquela fábrica e acabando o período, conforme já acertado com os trabalhadores, os 798 funcionários envolvidos no programa serão dispensados, com quatro meses de indenização”.

A GM não divulga o número de funcionários por fábrica, apenas o total, hoje em torno de 18 mil. O presidente da GMB elogiou o PPE – que prevê redução de até 30% da jornada de trabalho com respectiva redução salarial, sendo que o governo banca a metade do salário perdido –, definindo-o como uma “ferramenta eficiente em períodos de crise” como o atual.

A empresa projeta produção de 412 mil unidades para o mercado interno este ano, o que representará queda de 25% em relação a 2014. Já as exportações crescem de 30 mil veículos no ano passado para 50 mil agora em 2015, resultado positivo mas que não compensa as perdas internas. Com participação de 15,5% no acumulado de janeiro a agosto no mercado de automóveis e comerciais leves, a GM quer fechar o ano com fatia de 16%, bem próxima à do ano passado, 16,5%.

O objetivo principal, segundo Chamorro, é manter a liderança nas vendas ao varejo e ser vice-líder no mercado como um todo, considerando também os negócios no atacado. Apesar do ano difícil, com prejuízo no primeiro semestre, o executivo assegura que a empresa está em situação melhor do que algumas concorrentes: “Olhando para o lado, estamos melhor. Mas 2015 está sendo, sem dúvida, um dos piores anos para a indústria automotiva brasileira”.

A boa relação com a rede de concessionários e os fornecedores, de acordo com Chamarro, tem sido fundamental neste período de crise. Também contribui o fato de a GM ter renovado toda a sua linha de produtos nesta década: “Ter portfólio novo neste período de retração foi uma benção. Fizemos bem em investir em produtos e em manter um relacionamento bem próximo com nossos concessionários. Embora sofrendo, como acontece com todos no Brasil, nossa rede tem nos acompanhado e vive situação melhor hoje do que outras”.

A GM também adaptou sua estrutura de custos, cortando todas as despesas desnecessárias, e mantém firme seu projeto de aumentar ao máximo o seu índice de nacionalização. “Estamos cumprindo rigorosamente nosso programa de ampliar em R$ 1 bilhão as compras locais. É um processo que demanda tempo, porque vai da negociação à validação da peça, mas estamos caminhando conforme planejamos.”

Déficit comercial de autopeças recua mais de 30% em 2015

O déficit comercial do setor de autopeças caiu 32,4% este ano em relação a 2014. Balanço do Sindipeças divulgado na quinta-feira, 3, indica déficit de US$ 3 bilhões 880 milhões nos primeiros sete meses deste ano ante os US$ 5 bilhões 730 milhões do mesmo período do ano passado. De acordo com o presidente da entidade, Paulo Butori, esse recuo é explicado, em parte, pelo aumento nas compras locais pelas montadoras instaladas no País:

“O processo de nacionalização ocorre muito mais pela questão cambial do que pelas exigências do Inovar-Auto. Se o dólar se mantiver no patamar atual, de R$ 3,80, acredito que caminharemos para uma situação de equilíbrio das exportações e importações ao longo do ano que vem”.

As importações de janeiro a julho deste ano atingiram US$ 8 bilhões 410 milhões, total 20,5% inferior ao registrado nos primeiros sete meses de 2014, quando vieram de fora, a partir de compras em 149 países, US$ 10 bilhões 581 milhões. Butori reconhece que o resultado também reflete a queda na produção de veículos no Brasil, mas destaca que a busca por peças locais tem peso na redução das compras externas.

As exportações também caíram no período, mas em índice menor. Foram exportados até julho deste ano, para 177 países, US$ 4,54 bilhões, 6,5% a menos do que no mesmo intervalo do ano passado, US$ 4 bilhões 848 milhões.

Na avaliação de Butori as exportações tendem a crescer mais a partir de agora. Em dois meses deste ano, em março e julho, a receita já foi maior do que nos mesmos meses do ano passado. “Com o dólar a R$ 3,80 estamos bem competitivos. E acredito que ele chegue a R$ 4. Com a indústria confiando que essa paridade cambial veio para ficar a tendência é intensificar-se, ainda mais, a busca de novos negócios no Exterior.”

O Sindipeças acaba de concluir estudo sobre as projeções para este ano e o próximo. O faturamento em 2015 deve atingir US$ 19,5 bilhões, em queda de 40% em relação aos US$ 32,6 bilhões de 2014. O quadro de funcionários no setor será reduzido em 29,7 mil postos, baixando de 194,7 mil trabalhadores para 165 mil. As exportações caem 6,5%, para US$ 7,8 bilhões, enquanto as importações recuam 25%, ficando em quase US$ 12,9 bilhões.

O faturamento em 2016 deve continuar em queda, atingindo US$ 18,2 bilhões, 6,7% a menos do que este ano. Já as exportações crescem 5%, para US$ 8,2 bilhões, e as importações caem 10,%, ficando em US$ 11,6 bilhões. Apesar de oficialmente a entidade ainda prever pequeno déficit comercial no ano que vem, Butori não descarta equilíbrio ou até mesmo ligeiro superávit:

“Tudo dependerá de como o dólar se comportará. O que vemos agora é um movimento para ampliar os negócios lá fora, e as empresas de autopeças que conseguirem ampliar exportações e as vendas ao mercado de reposição terão um 2016 melhor do que 2015”.

Varejo puxou vendas de agosto para baixo

A queda de 9% nas vendas de automóveis e comerciais leves em agosto comparadas com julho, reduzindo de 219,4 mil para 199,9 mil unidades comercializadas o volume de um mês para o outro, foi puxada pelo desempenho do varejo.

As vendas diretas, aquelas realizadas para frotistas usualmente com descontos generosos, apresentaram volume semelhante nos dois meses: por esta modalidade foram licenciadas 63,2 mil unidades em julho e 63,8 mil veículos em agosto, de acordo com levantamento da Agência AutoData com base nos resultados divulgados pela Fenabrave na quarta-feira, 2.

Já o varejo perdeu 20 mil unidades de um mês para o outro: caiu de 156,2 mil unidades em julho para 136,1 mil veículos emplacados em agosto – que, cabe ressaltar, teve dois dias úteis a menos. Em porcentagem a queda foi de 12,8%.

Comparando com agosto do ano passado as vendas diretas caíram 19,7%, de 79,5 mil para 63,8 mil unidades, enquanto o varejo cedeu 24,2%, de 179,6 mil veículos para 136,1 mil licenciamentos. Somadas as duas modalidades, os emplacamentos caíram 22,9% na comparação anual.

No acumulado do ano o mercado em geral fechou janeiro a agosto com retração de 20,4%, para 1,7 milhão de automóveis e comerciais leves. Nessa comparação, entretanto, o cenário se inverte: o varejo caiu 20% no período, para 1,2 milhão de veículos, enquanto as vendas diretas apresentaram redução de 21,5%, ou 471,3 mil unidades licenciadas.

Com ampla diferença para o segundo colocado, o veículo mais vendido por meio de vendas diretas em agosto foi a picape Fiat Strada – algo natural, uma vez que comerciais leves normalmente são comprados por comerciantes e empresários para transporte de cargas e mercadorias. Foram 6,6 mil unidades licenciadas nesta modalidade, ante 3,9 mil Fiat Uno e 2,9 mil Fiat Palio.

Campeão de vendas do mês, o Chevrolet Onix registrou apenas 631 licenciamentos por meio de vendas diretas. No varejo, porém, foram 10,4 mil unidades comercializadas, líder também com ampla vantagem para o segundo colocado nas vendas ao consumidor comum, o Hyundai HB20, com 6,9 mil licenciamentos. O Palio ficou na terceira posição, com 6,3 mil unidades vendidas.

Sucesso de vendas desde seu lançamento, o Honda HR-V foi o quarto mais vendido no varejo em agosto: 5,3 mil unidades.

O desafio para manter a fidelidade do cliente

É possível garantir que um cliente conquistado permaneça fiel à marca e/ou produto de uma empresa por longo período de tempo? A resposta pode ser sim, mas é inegável que dá muito trabalho e que o tema precisa ter presença na agenda estratégica dos negócios. Nos mercados oligopolizados, então, o desafio é enorme.

No setor de bens duráveis, onde o mercado em geral é disputado por um número pequeno de empresas e a entrada de novos participantes é mais complicada em função dos altos investimentos requeridos e do domínio da tecnologia, o risco de perda do cliente parece ser menor, porém aqui também a manutenção de sua fidelidade exige atenção e recursos para preservar o espaço conquistado.

Não é diferente no segmento automotivo: em 1980, nos Estados Unidos, as três das montadoras locais – Chrysler, Ford e General Motors – representavam 74% do volume de vendas no mercado interno. Só a GM detinha 44% de participação. Esse quadro apresentou modificação importante no ano 2000: quando somadas, as três companhias atingiram 64,8% do total vendido e a General Motors, ainda em primeiro lugar, viu sua participação diminuída para 28%.

A queda no volume de vendas desse grupo de empresas só não foi maior porque a Chrysler ocupou um espaço maior – sua participação subiu de 9,5% em 1980 para 14,2% em 2000 –, com o sucesso obtido na oferta das SUVs que caíram no gosto dos estadunidenses.

No ano passado o perfil de participação no mercado automotivo mostrou um quadro ainda mais curioso: empresas asiáticas abocanharam quase vinte pontos porcentuais. Ainda em primeiro lugar, a GM ficou com 17,8%, seguida da Ford, 14,9%, Toyota, 14,4%, Chrysler, 12,7%, Honda, 9,3%, Nissan 8,2%, Hyundai 4,3% e Kia 3,4%. As coreanas, assim, já estão perto de dez por cento daquele mercado.

Essas mudanças ocorridas nos últimos 35 anos na disputa pelo mercado de automóveis nos Estados Unidos demonstram claramente que lá o cliente experimentou outras propostas de produto e marca e comprou aquilo que lhe pareceu ser a melhor alternativa. Mas não é tão simples assim: muita água passou debaixo da ponte, porém está claro que não é permitido errar caso uma empresa deseje manter crescimento contínuo e superior ao mercado.

O tema da preservação do espaço no mercado tem várias faces:

a)     Validar o perfil do cliente: observação e pesquisa profunda das mudanças de comportamento do consumidor ao longo do tempo é questão de sobrevivência. O que de fato o cliente valoriza na hora da decisão de compra? Preço? Produto? Qualidade? Assistência técnica? Desempenho? Segurança? Estilo/desenho? Conforto? Consumo de combustível? Nível de emissões? É tudo misturado? Não necessariamente. Nessa indústria a segmentação de mercado e o desenvolvimento de soluções que atendam ao perfil bem definido valem ouro. O pioneirismo da Chrysler com a oferta de SUVs foi, no seu tempo, um caso bem sucedido;

b)    velocidade na oferta de produtos mais modernos: faz muita diferença estar à frente dos outros oferecendo veículos de maior valor agregado, sem que o cliente precise pagar mais por isso. A estrutura de engenharia precisa ser ágil e eficaz no desenvolvimento de novos veículos, oferecendo itens à prova de defeito. E tão importante quanto rapidez no desenvolvimento de novos produtos é a tecnologia oferecida;

c)     fabricando com custo baixo: é fato que as montadoras estadunidenses fizeram grande esforço no aprimoramento do chão de fábrica, mas foram as japonesas que deram a receita da produção enxuta e da qualidade total. O produto de engenharia japonesa acabou se mostrando confiável. Além disso, como construíram suas fábricas mais recentemente, as asiáticas puderam escolher outras regiões dos Estados Unidos, pagando menos pela mão de obra e sem incorrer nos maiores compromissos custosos com os sindicatos locais;

d)     a imagem do produto e da marca: o cliente/usuário de veículo, talvez mais que qualquer outro, leva a sério o desempenho do produto e sua segurança. A indústria automotiva, até por exigência e imposição da lei de proteção ao consumidor, está atenta a qualquer defeito de campo e toma rápidas providências para, caso ocorra, sanar de vez o problema. Isso custa caro, sem dúvida, mas qual seria o impacto financeiro associado a indenizações? E os efeitos negativos na imagem do fabricante e da marca? Por certo este é um ponto relevante na indústria e, se bem cuidado, ajuda a manter a fidelidade;

e)     precificação: No segmento automotivo, sobretudo nos mercados mais maduros, o alinhamento de preço e valor atribuído pelo cliente é chave para ganhar fatias da concorrência. Não parece ser o caso de demasiada oferta de bônus na venda de veículos novos, como ocorre às vezes, distorcendo a referência de preços e, principalmente, dilapidando a margem do negócio. É importante o ajuste fino de preço, oferta de valor e rentabilidade;

f)      distribuição e assistência técnica: Em territórios imensos como nos Estados Unidos, China e Brasil, a estrutura de distribuição e postos de assistência técnica deve ser sólida e contar com padrões de atendimento que façam a diferença.

Sem dúvida manter a fidelidade é matéria complexa que exige foco, dedicação, muita energia e recursos – não só financeiros mas também de melhores práticas no chão de fábrica, de talentos na engenharia, vendas e marketing e outras.

Michelin tem novo presidente para América do Sul, Central e Caribe

O francês Nour Bouhassoun é o novo presidente da Michelin América do Sul, Central e Caribe, substituindo Jean-Philippe Ollier, que terá novas responsabilidades no grupo em Clermont-Ferrand, França.

Na Michelin desde 1985, onde iniciou sua carreira como responsável técnico-comercial na França, Bouhassoun passou por países como Espanha, Taiwan e Argentina e já trabalhou no Brasil de 2002 a 2010. Chegou ao País como diretor comercial de pneus de ônibus e caminhões, assumindo posteriormente a responsabilidade por marketing e vendas para toda a região América do Sul, Central e Caribe.

Há cinco anos foi convidado para assumir cargo similar ao que ocupava por aqui na Michelin América do Norte e, posteriormente – de 2013 até agora –, presidiu a Michelin África, Índia e Oriente Médio.

O comunicado sobre a mudança na presidência da Michelin América do Sul, Central e Caribe foi feito na quarta-feira, 2, com uma nota sobre a expectativa de Bouhassoun em relação ao seu novo cargo no Brasil:

“Estou feliz em retornar a este continente, onde vivi grandes experiências profissionais e com o qual tenho uma ligação pessoal. Estou confiante de que poderei contribuir para o desenvolvimento da Michelin América do Sul, Central e Caribe, onde queremos ampliar a nossa presença de forma sustentável, com uma visão de longo prazo”.

Com liderança de agosto, Onix conquista feito inédito

A vitória do Chevrolet Onix nas vendas em agosto – antecipada pela Agência AutoData ainda na sexta-feira, 28 – tem duplo mérito. Além de representar um fato inédito para o modelo, que jamais liderara o ranking mensal, este foi obtido essencialmente por meio de unidades comercializadas no varejo, ou seja, diretamente aos consumidores pessoa física nas concessionárias.

De acordo com dados da Fenabrave divulgados na quarta-feira, 2, dos 11 mil licenciamentos do Onix registrados no mês passado apenas 631 unidades foram por venda direta – míseros 6% do total. Como referência o Fiat Palio, vice-líder do mês e ponteiro no acumulado do ano, em agosto viu índice de vendas diretas de 31,5%.

O mês também foi bom, novamente, para o Hyundai HB20, que fechou o pódio – seu índice de vendas diretas no período foi de 25% –, à frente, mesmo que por pouco, da Strada, a primeira picape e único modelo não hatch compacto do top-5, uma vez que este se completa com o Uno.

Desta forma a Fiat conseguiu emplacar três modelos na lista dos cinco primeiros, ainda que o Palio tenha perdido a ponta de agosto. Já a Volkswagen tem seu primeiro modelo apenas na oitava posição, o Fox, adicionado do CrossFox. A Ford conseguiu emplacar o sexto posto com o Ka e a Renault o sétimo, como o Sandero.

Por segmentos a batalha nos SUVs compactos está cada vez mais definida, com o HR-V uma vez mais se sagrando vencedor – décimo-primeiro em agosto, deixando o Renegade em décimo-quinto. O EcoSport amarga o quarto posto do período, em vigésimo-segundo, uma posição atrás do Duster. O Renault, aliás, já ameaça seriamente a vice-liderança do Ford no acumulado do ano.

Decepcionante é, pelo menos até agora, o desempenho do 2008: o Peugeot registra média próxima de setecentas unidades/mês, quando a projeção da fabricante era chegar a 1,1 mil/mês desde junho.

Nas picapes médias novamente a Hilux triunfou sobre a S10: vigésima-quinta e trigésima-quarta posições, respectivamente. No acumulado do ano a Toyota se aproxima cada vez mais da Chevrolet e pode lhe tomar a coroa até dezembro.

E nos sedãs médios segue absolutamente imbatível o Corolla, com desempenho para lá de invejável: além de completar o top-10, mais uma vez foi o sedã mais vendido do País em agosto, superando todos os modelos compactos com este tipo de carroceria: o Toyota não deu chances nem para Siena, Prisma e HB20S, que dirá para a concorrência direta – o mais próximo foi o Civic, em vigésimo-sexto.

Agosto fecha com 207,3 mil licenciamentos

Os licenciamentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus somaram 207,3 mil unidades, queda de 24% com relação ao mesmo mês do ano passado, quando as vendas alcançaram 272,4 mil veículos. Com relação a julho houve redução de 9% nos emplacamentos, de acordo com dados divulgados pela Fenabrave na quarta-feira, 2.

A queda acumulada de janeiro a agosto, comparado com os primeiros oito meses do ano passado, chegou a 21,4%, para 1 milhão 753 mil veículos. A expectativa de Alarico Assumpção Júnior, presidente da associação que representa o setor de distribuição automotiva, é encerrar o ano com 1 milhão de veículos vendidos a menos do que em 2014 – somados todos os segmentos, motocicletas incluso.

O segmento de automóveis e comerciais leves fechou agosto com queda de 22,9% na comparação anual, para 199,9 mil unidades. Com relação a julho a queda foi de 8,9%. No acumulado do ano as vendas cederam 20,4%, para 1 milhão 689 mil veículos.

Em caminhões a queda chegou a 46,1% no mês passado, ou 5,8 mil unidades – 10,4% abaixo de julho. De janeiro a agosto o segmento apresenta retração de 43,3%, com 49,7 mil unidades comercializadas.

As vendas de ônibus caíram 37% em agosto com relação ao mesmo mês de 2014, para 1,6 mil chassis, 7% abaixo de julho. Nos primeiros oito meses do ano a queda chegou a 27,7%, com 15 mil chassis de ônibus comercializados.

A queda em motocicletas alcançou 10,6% no acumulado do ano, para 849,5 mil unidades. Em agosto foram comercializadas 99,9 mil motocicletas, recuo de 24% com relação há um ano e 7,3% na comparação com julho.

Fenabrave: 691 concessionárias fechadas em oito meses.

De janeiro a agosto 691 concessionárias de automóveis e comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus, motocicletas e máquinas agrícolas fecharam as portas, em decorrência do mau desempenho do setor automotivo – a queda nas vendas, somados todos esses segmentos, chegou a 18% no período, segundo informações da Fenabrave.

Alarico Assumpção Júnior, presidente da associação que representa o setor de distribuição automotiva, informou que o saldo está negativo em 347 pontos de vendas, uma vez que no mesmo período foram abertas outras 344 revendas, a maior parte de marcas que ampliam sua presença no País – Audi, BMW, e Jeep foram citadas pelo empresário.

O setor começou o ano com 8 mil pontos de vendas. Encolheu, portanto, em torno de 5% em volume de casas, além de cortar cerca de 17 mil postos de trabalho. No segmento de motocicletas, por exemplo, foram fechadas 214 revendas, além de outras 67 abrirem as portas.

O cenário esperado pelo empresário no curto prazo não é dos mais animadores. Assumpção Jr. projetou uma piora no índice de inadimplência, hoje na casa dos 4%, até o fim do ano: “O desemprego vem se acentuando nos últimos meses e deve apresentar um crescimento em setembro e outubro. Atualmente a inadimplência está em um patamar tolerável, mas projetamos um aumento de agora em diante”.

Esse aumento, porém, não deverá mexer muito com o apetite dos bancos para financiamentos de veículos. O presidente da Fenabrave ponderou que a lei que facilita a retomada do bem, aprovada no ano passado, dará mais confiança aos bancos – que, no entanto, seguirão rigorosos na aprovação de novos financiamentos: segundo o empresário de cada dez fichas apresentadas por concessionárias de automóveis e comerciais leves, apenas três são aprovadas. “Em motocicletas não chega a duas”.

Assumpção Jr. evitou falar em retomada do setor, embora tenha citado alguns pontos positivos que poderão ajudar a reduzir as quedas nos próximos meses, como os acordos com bancos estatais para financiamentos de veículos e a nova safra agrícola divulgada pela Conab, que, segundo ele, poderá ajudar a alavancar as vendas de caminhões e máquinas agrícolas.

Vendas não caem em 2015, mas sim mudam de perfil

A míngua oferta de veículos 0 KM com preços inferiores a R$ 30 mil nas concessionárias brasileiras tem ampla contribuição para a retração de 20,4% nos licenciamentos de automóveis e comerciais leves de janeiro a agosto na comparação com o mesmo período do ano passado: a maior parte dos clientes dessa faixa de preço migrou para o segmento de veículos seminovos e usados.

Nos primeiros oito meses do ano o mercado de veículos de segunda mão seguiu a contramão da indústria – e da economia em geral – e apresentou avanço de 3,8% no mesmo comparativo. Enquanto as vendas de novos caíram 432,4 mil unidades, as de usados ganharam incremento de 242,7 mil veículos em igual período.

Somados os dois segmentos a retração chega a apenas 2,2%. De janeiro a agosto do ano passado foram comercializados 8,5 milhões de automóveis e comerciais leves seminovos, usados e 0 KM, enquanto nos primeiros oito meses deste ano o volume chegou a 8,3 milhões.

Dados da Fenabrave indicam que os brasileiros compraram 189,7 mil automóveis e comerciais leves a menos em 2015 comparado com 2014. O volume equivale a menos de um mês de vendas de 0 KM – em agosto os licenciamentos somaram 200 mil unidades.

“Hoje o verdadeiro carro popular brasileiro é o carro usado”, sacramentou Guilherme Afif Domingos, ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, durante o 25º Congresso Fenabrave.

Já Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, culpa as montadoras pelo sumiço dos modelos mais baratos do mercado. “Elas não oferecem mais opções nessa faixa de entrada.”

De fato nos últimos anos sumiu dos showrooms das concessionárias a ampla oferta de veículos com preços abaixo de R$ 30 mil. Há dois anos, antes da obrigatoriedade do air bag e dos freios ABS em 100% da frota comercializada, era possível encontrar ao menos um modelo de cada marca com grande volume de vendas por esse valor. Chevrolet Celta, Fiat Uno Mille, Ford Ka da antiga geração e Volkswagen Gol G4 eram alguns exemplos, sempre com bons desempenhos no mercado.

Segundo levantamento da Agência AutoData, com base no preço de tabela do Datafolha Veículos, restaram poucas opções 0 KM abaixo dos R$ 30 mil. Apenas o Palio ainda tem oferta, mas da versão Fire, duas gerações anterior à mais nova. O Celta não é mais produzido, assim como o Mille e o Gol G4 – neste caso o modelo novo parte de R$ 31,2 mil. O Ka de nova geração agora parte de R$ 39,4 mil enquanto o Clio mais acessível é sugerido por R$ 34,9 mil.

Apenas dois modelos chineses podem ser encontrados abaixo da barreira dos R$ 30 mil: o Chery QQ, por R$ 25,6 mil, e o Geely GC2, por R$ 29,9 mil.

As montadoras se defendem e afirmam que os preços dos automóveis são reajustados abaixo da inflação, algo que não ocorre com os custos trabalhistas e produtivos. Alegam também que os modelos ganharam novos componentes obrigatórios, como os ABS e air bag, o que os tornou mais custosos.

Para Luiz Moan, presidente da Anfavea, o preço dos carros voltou ao patamar defendido pelo ex-presidente Itamar Franco há vinte anos. “Voltamos a oferecer carros por US$ 7 mil, mesmo com toda a inflação do período.”

Mas não é só isso: o perfil do consumidor também mudou. Para o brasileiro não basta mais ter o carro ‘pé-de-boi’, como ficaram conhecidos os automóveis sem opcionais. Ar-condicionado, bluetooth e outros itens de conforto e segurança pesam na hora da decisão, segundo o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.

“Antes tínhamos mais modelos na faixa de R$ 25 mil a R$ 30 mil e hoje os veículos de entrada estão acima de R$ 35 mil. Isso gera uma migração para os seminovos. As montadoras mudaram o perfil de oferta porque o consumidor mudou: ele não quer mais carro pelado.”

A busca por financiamentos também reflete esse cenário. Segundo a Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames, foram financiados 990,3 mil automóveis e comerciais leves novos de janeiro a agosto, queda de 22,7% com relação ao mesmo período do ano passado, enquanto no segmento de usados houve recuo de apenas 3%, para 1,8 milhão de unidades.

Isolando-se os modelos com quatro a oito anos de uso os financiamentos cresceram 1,5%, para 993,9 mil unidades. Um Toyota Corolla 2007, por exemplo, com muitos itens de segurança e conforto, pode ser encontrado por menos de R$ 30 mil – foi o décimo-segundo usado mais vendido no mercado brasileiro em agosto.

Segundo Marques o consumidor brasileiro não deixou de comprar automóvel. “O mercado [de novos somados com usados] existe e segue praticamente no mesmo tamanho do ano passado”.

O metalúrgico lembra que as vendas de usados caíam enquanto as de 0 KM cresciam até 2012. No ano seguinte os dois mercados ficaram estáveis e desde o ano passado, quando a obrigatoriedade do ABS e do air bag começou a vigorar e alguns modelos foram descontinuados, os desempenhos se inverteram. Neste ano, com o fim do IPI e novo reajuste de preços, a curva dos usados para os novos se distanciou.

O diagnóstico de Marques resume o cenário atual: “O consumidor está aí e não deixou de adquirir veículos. Apenas mudou seu perfil de compra”.

Estados Unidos: vendas recuam 0,6% em agosto.

As vendas de veículos leves nos Estados Unidos recuaram 0,6% em agosto, ainda acima das expectativas de queda de 3,3% dos varejistas, segundo informações de agências internacionais. Os cidadãos estadunidense consumiram 1 milhão 577 mil unidades no mês passado, ante 1 milhão 586 mil veículos um ano antes.

Segundo analistas ouvidos pela agência Bloomberg, em agosto foram apenas 26 dias úteis de vendas, ante 27 dias um ano antes – os sábados são considerados dias úteis no mercado estadunidense. Na comparação com julho as vendas cresceram 4,5%.

Apesar do deslize no mês, o saldo acumulado do ano ainda segue 3,8% positivo, com 11,6 milhões de automóveis e comerciais leves comercializados de janeiro a agosto. Analistas projetam superar a marca de 17 milhões de veículos vendidos no mercado doméstico pela terceira vez na história.

Nos últimos doze meses foram vendidas 17,8 milhões de unidades, o melhor ritmo desde julho de 2005. Este índice superou a marca de 17 milhões de unidades em cinco dos oito meses do ano.

As montadoras de Detroit ganharam a disputa interna com as marcas japonesas no mês passado. Honda, Nissan e Toyota fecharam o mês com queda nas vendas – 6,9%, 2% e 8,8%, respectivamente –, enquanto Fiat Chrysler e Ford fecharam com crescimento de 1,7% e 5,7% e a General Motors apresentou retração de 0,7% no volume comercializado.

No acumulado do ano o mercado é liderado pela General Motors, com 2 milhões de veículos vendidos, alta de 3,2% sobre os primeiros oito meses do ano passado. A Ford, com 1,7 milhão de veículos, aparece na vice-liderança, aproveitando o crescimento de 5,4%, seguida pela Fiat Chrysler, com alta de 5,5%, para 1 milhão 461 mil unidades – mas que é seguida de perto pela Toyota, cujas vendas chegaram a 1 milhão 418 mil veículos, descontados os Lexus e Scion, um crescimento de 2,3%.