A General Motors do Brasil está conversando com os sindicatos dos metalúrgicos de São Caetano do Sul, SP, e Gravataí, RS, quanto à possibilidade de adoção do PPE, Programa de Proteção ao Emprego, nestas unidades. A informação é do presidente da montadora, Santiago Chamarro, que sem revelar pormenores das negociações admitiu que ainda há excesso de mão de obra na companhia, apesar de todas as medidas adotadas ao longo do ano, como férias coletivas, lay off e demissões.
Chamarro afirmou na quinta-feira, 3, que no caso de São José dos Campos, SP, não há mais como segurar o atual quadro de funcionários: “Estamos em lay off naquela fábrica e acabando o período, conforme já acertado com os trabalhadores, os 798 funcionários envolvidos no programa serão dispensados, com quatro meses de indenização”.
A GM não divulga o número de funcionários por fábrica, apenas o total, hoje em torno de 18 mil. O presidente da GMB elogiou o PPE – que prevê redução de até 30% da jornada de trabalho com respectiva redução salarial, sendo que o governo banca a metade do salário perdido –, definindo-o como uma “ferramenta eficiente em períodos de crise” como o atual.
A empresa projeta produção de 412 mil unidades para o mercado interno este ano, o que representará queda de 25% em relação a 2014. Já as exportações crescem de 30 mil veículos no ano passado para 50 mil agora em 2015, resultado positivo mas que não compensa as perdas internas. Com participação de 15,5% no acumulado de janeiro a agosto no mercado de automóveis e comerciais leves, a GM quer fechar o ano com fatia de 16%, bem próxima à do ano passado, 16,5%.
O objetivo principal, segundo Chamorro, é manter a liderança nas vendas ao varejo e ser vice-líder no mercado como um todo, considerando também os negócios no atacado. Apesar do ano difícil, com prejuízo no primeiro semestre, o executivo assegura que a empresa está em situação melhor do que algumas concorrentes: “Olhando para o lado, estamos melhor. Mas 2015 está sendo, sem dúvida, um dos piores anos para a indústria automotiva brasileira”.
A boa relação com a rede de concessionários e os fornecedores, de acordo com Chamarro, tem sido fundamental neste período de crise. Também contribui o fato de a GM ter renovado toda a sua linha de produtos nesta década: “Ter portfólio novo neste período de retração foi uma benção. Fizemos bem em investir em produtos e em manter um relacionamento bem próximo com nossos concessionários. Embora sofrendo, como acontece com todos no Brasil, nossa rede tem nos acompanhado e vive situação melhor hoje do que outras”.
A GM também adaptou sua estrutura de custos, cortando todas as despesas desnecessárias, e mantém firme seu projeto de aumentar ao máximo o seu índice de nacionalização. “Estamos cumprindo rigorosamente nosso programa de ampliar em R$ 1 bilhão as compras locais. É um processo que demanda tempo, porque vai da negociação à validação da peça, mas estamos caminhando conforme planejamos.”