Ardila se despede da GM. E a GM se despede de Ardila.

Cerca de duzentos convidados se reuniram na noite da quinta-feira, 10, no Clube Monte Líbano, na Zona Sul da Capital paulista, por uma boa razão: reconhecer e homenagear Jaime Ardila, durante jantar que marcou uma espécie de último ato antes de sua aposentadoria como presidente da General Motors na América do Sul e apresentação oficial de seu substituto, Barry Engle.

E a plateia era qualificada: toda a alta diretoria da montadora estava ali, a exemplo de Luiz Moan, diretor de assuntos institucionais e também presidente da Anfavea, Santiago Chamorro, presidente da GMB, Marcos Munhoz, VP, Isela Constantini, presidente da GM Argentina, e diversos outros membros da direção da empresa na região. O igualmente aposentado José Carlos da Silveira Pinheiro Neto também foi render suas homenagens, mas a principal representação da importância da despedida ficou a cargo da presença de ninguém menos do que a CEO global Mary Barra.

A rede de concessionários foi representada pelo presidente da Abrac, Jorge Khalil, e a cadeia de fornecedores pelo Sindipeças, na pessoa de seu conselheiro Flávio Del Soldato.

Foram muitos os discursos elogiosos e, em diversas oportunidades, emocionados.

Marry Barra aproveitou a oportunidade para revelar que a viagem ao País serviu também para revisar os planos de investimento e futuros produtos aqui e assegurou estar “mais otimista do que nunca”. A executiva afirmou que hoje a montadora se debruça em “desenvolver modelos e tecnologias que farão a diferença quando o mercado voltar” e ainda se mostrou empolgada com o lançamento do OnStar por aqui, agendado para o mês que vem – trata-se de um sistema de conectividade e segurança já oferecido pela GM em diversos mercados.

Del Soldato, em momento de descontração, lembrou que o homenageado sempre foi querido pelos fornecedores – “mas não pelo preço”, afirmou, arrancando gargalhadas da plateia. E Khalil recordou do difícil momento de 2008, quando a matriz por pouco não foi à bancarrota e a montadora aqui assegurou a saúde da rede mesmo em meio ao furacão.

Barry Engle, apresentado oficialmente como o sucessor de Ardila à frente da América do Sul, não deixou de surpreender ao garantir, em excelente portunhol: “Adoro uma boa crise.” Ele explicou: “Já vivi diversas, em muitos mercados. Nestes períodos nunca trabalhei tanto, mas também nunca cresci tanto e nem me senti tão satisfeito profissionalmente. A crise vai passar e vamos sair dela mais fortes e competitivos. A GM acredita na América do Sul e em seus mercados”.

Munhoz, por sua vez, afirmou que Ardila não deixará ex-colegas na corporação, mas sim amigos. E que deve se preparar para “recebê-los em Miami [onde fixará residência a partir de agora], em especial os brasileiros”.

O dono da festa foi brindado ainda com diversos vídeos enviados por ex e atuais colegas de trabalho, conhecidos e familiares, sempre enaltecendo suas qualidades como administrador e conselheiro. Ao lado da esposa, Martha, colombiana assim como ele – juntos desde que se conheceram na universidade, no fim dos anos 70 –, afirmou que agora dedicará mais tempo à família e aos esportes prediletos, tênis e golfe.

Ardila, que entrou na GM em 1984, acumulou em sua carreira na empresa passagens por Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, México, Chile e Argentina, além de seu país natal. Mas garantiu que em nenhum lugar foi tão bem recebido quanto no Brasil, onde está desde 2007. “O brasileiro é um povo amável, criativo e empreendedor. Nunca percam isso, independente de qualquer situação econômica ou política que vivenciarem. Este país é maior do que isso”, concluiu.

Faturamento de autopeças recua 12,6% até julho

O faturamento líquido da indústria de autopeças acumula retração de 12,6% no acumulado de janeiro a julho, na comparação com os primeiros sete meses do ano passado. Os dados foram divulgados pelo Sindipeças, com base em pesquisa realizada com empresas associadas, que representam cerca de 29,1% do quadro da entidade.

Puxa para baixo o faturamento a receita com as vendas para as montadoras, 22,1% inferior no período. A queda, elevada, foi insuficiente para manter as contas do setor em alta, mesmo com o crescimento de 5,2% nas vendas para o mercado de reposição e de 15,9% nas exportações em reais – em dólares a receita com as vendas externas apresentou recuo de 12,1%.

Completam os dados o valor faturado com as vendas intrassetoriais, aquelas realizadas de fornecedor para fornecedor. De janeiro a julho houve queda de 21,4% nessa modalidade, reflexo do desaquecimento da indústria e da economia em geral.

Segundo o Sindipeças o nível de emprego do setor recuou 11,3% de janeiro a julho, comparado com igual período de 2014, e a capacidade ociosa bateu 39,6% no fim de julho.

Em volume de produção as indústrias de autopeças recuaram 10,6% no acumulado, bem abaixo dos 20,2% de queda na fabricação de veículos – os dados usados pela entidade são os do IBGE.

O Sindipeças agora trabalha para, se não reverter, ao menos aliviar os resultados negativos do ano. Na segunda-feira, 14, e terça-feira, 15, a entidade organiza em sua sede, na Zona Sul de São Paulo, a 7ª edição do Projeto Comprador, parte do programa Brasil Auto Parts coordenado em parceria com a Apex-Brasil.

Compradores internacionais e fabricantes brasileiros participarão de rodadas de negócios para alavancar as exportações de peças nacionais. O evento se repetirá na quinta-feira, 17 e sexta-feira, 18, em Caxias do Sul, RS. Mais informações podem ser encontradas em http://www.sindipecas.org.br/sindinews/PorDentroSetor/2015_Setembro_VII_Projeto_Comprador.pdf.

Após demissões, trabalhadores da Ford entram em greve

Os trabalhadores da Ford aprovaram, por unanimidade, cruzar os braços por tempo indeterminado em protesto às duzentas demissões que a montadora anunciou na quarta-feira, 9, na fábrica do Taboão, em São Bernardo do Campo, SP. Eles desejam que a companhia readmita os metalúrgicos demitidos e discuta a adoção do PPE, Programa de Proteção ao Emprego, na fábrica.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC indica que a greve seguirá até que a montadora abra negociações. Em entrevista à Agência AutoData o presidente Rafael Marques afirmou estar surpreso com a decisão da empresa. Segundo ele havia um acordo fechado em março que garantia estabilidade de emprego dos metalúrgicos até 2017.

Na ocasião foi aberto um PDV, que recebeu 230 adesões, e acertada a terceirização do setor de logística, para que a empresa reduzisse seu custo e mantivesse os empregos. Há um mês o PDV foi reaberto e mais 130 trabalhadores saíram com o acordo – a meta era 330 pessoas. A diferença veio com as demissões da quarta-feira, 9.

Em comunicado a Ford alegou estar adequando a produção à desaceleração da demanda automotiva. “Como parte desse esforço, a montadora está reduzindo sua força de trabalho na fábrica de São Bernardo do Campo”.

Marques afirmou que a empresa alega ter mais 280 trabalhadores em excesso e programa nova redução no ritmo de produção a partir de fevereiro do ano que vem – na fábrica do Taboão são produzidos caminhões e o New Fiesta hatch. Para ele o melhor caminho para resolver a situação é o PPE:

“Não dá para contradizer a empresa porque ninguém tem certeza de que a economia vai melhorar. Mas, se não quiseram discutir naturalmente, o farão por causa da greve. Caminhamos para a negociação de um PPE”.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC afirmou que cinco acordos já foram fechados na base do sindicato, que tem 87 mil trabalhadores – desde janeiro, afirmou, foram demitidos 5 mil metalúrgicos da base. Marques estima que até o fim do ano serão vinte os acordos de PPE, que abrangerão 50% dos trabalhadores representados pelo sindicato.

Um acordo que está em negociação há duas semanas é com a Volkswagen Anchieta, também em São Bernardo do Campo. Atualmente 2,6 mil trabalhadores estão em lay off e a tendência é que eles retornem, em novembro, já com jornada e salários reduzidos devido ao acordo. Mas o sindicato não tem pressa: há com a empresa acordo de estabilidade de emprego na fábrica até 2019.

Essa estabilidade começou em 2013 e iria até 2017, mas foi prorrogada porque no começo do ano a empresa chamou o sindicato para negociar novas condições. Na ocasião foi aberto um PDV que alcançou 790 adesões e foi estabelecida uma cláusula que previa a adoção do PPE caso o mecanismo fosse criado pelo governo.

Marques disse que a VW alega ter 2,6 mil trabalhadores em excesso – exatamente a quantidade que está em lay off – e crê que tudo caminha para um acordo de PPE. “Vamos negociar com calma. Mas podemos fechar algo antes mesmo do retorno do lay off”.

Mercado de usados recua em agosto, mas mantém crescimento acumulado

Os dois dias úteis a menos de agosto com relação a julho ajudam a explicar a retração de 5,8% nas transferências de veículos usados de um mês para o outro. Dados divulgados pela Fenabrave indicam que em agosto foram comercializados 908 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus usados, ante 963,9 mil unidades em julho – na média diária o ritmo até cresceu, passando de 41,9 mil em julho para 43,2 mil em agosto.

Com relação a agosto do ano passado o mercado de usados recuou 0,2%. No acumulado do ano, porém, as transferências de veículos cresceram 3,6%, para 6,9 milhões de unidades – uma média de 4,4 unidades usadas comercializadas para cada modelo zero quilômetro.

O crescimento é puxado pelo segmento de automóveis e comerciais leves, com alta acumulada de 3,8%, para 6,6 milhões de veículos – e a mesma proporção de 4 x1 de usados x novos. Em agosto as transferências recuaram 0,1% na comparação anual e 5,7% na mensal.

Em caminhões os dados são negativos em todos os comparativos: queda de 8,2% em agosto na comparação mensal e 1,6% na anual, para 29,2 mil unidades. No acumulado do ano, recuo de 1,5%, somando 217,9 mil transferências.

No segmento de chassis de ônibus o mercado recuou 8% em agosto na comparação mensal, mas cresceu 2,7% na anual, somando 3,7 mil unidades. De janeiro a agosto foram comercializados 27,7 mil chassis, queda de 7,6%.

O mercado de motocicletas usadas somou de janeiro a agosto 1,9 milhão de transferências, crescimento de 5% com relação ao mesmo período do ano passado – ou 2,5 motocicletas usadas vendidas para cada modelo zero quilômetro comercializado. Em agosto as vendas avançaram 0,8% na comparação anual, mas recuaram 3,4% na mensal, para 248 mil unidades.

AutoData Editora em novo endereço

A AutoData está de casa nova. Depois de 11 anos instalada na R. Verbo Divino, na Chácara Santo Antônio, Zona Sul de São Paulo, a editora retorna à Rua Pascal, desta vez no numeral 1 693, no bairro do Campo Belo, na mesma região da cidade.

A mesma Rua Pascal já abrigara a sede da AutoData Editora por muitos anos, antes da mudança para a Chácara Santo Antônio – a nova casa está localizada cerca de 200 metros daquela, no mesmo quarteirão.

Devido aos prazos solicitados pelos fornecedores de serviços telefônicos, temporariamente o tradicional número do PABX da editora, o (11) 5189.8900, está desabilitado. Há, entretanto, três números disponíveis para quem deseja entrar em contato por este meio: (11) 5096.2957, (11) 98420.9350 e (11) 98420.9307.

Os e-mails continuam os mesmos, sem quaisquer alterações.

Indústria de implementos recua 41% no ano

As vendas de implementos rodoviários acumulam queda de 40,9% de janeiro a agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com a Anfir, associação que representa os fabricantes do setor, foram entregues 61,5 mil reboques, semirreboques e carrocerias sobre chassis nos primeiros oito meses do ano.

A maior queda ocorreu no segmento de pesados: 47% menos reboques e semirreboques comercializados, para 20 mil unidades. No setor leve, de carrocerias sobre chassis, o recuo foi de 37,5%, para 41,4 mil unidades. Com exceção da categoria Transporte de Toras, todas as dos segmentos leve e pesado apresentaram resultado negativo.

Em comunicado o presidente da Anfir, Alcides Braga, afirmou que o setor precisa fazer mais parcerias para ajudar a criar oportunidade de negócios. No mês passado a associação assinou um acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário que incluiu os implementos rodoviários no programa Mais Alimentos, que oferece linhas de financiamentos com juros subsidiados para agricultores familiares.

O empresário busca agora a inclusão dos fabricantes de implementos rodoviários na lista de empresas com potencial para exportar produtos, dentro das missões internacionais da Apex, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. Isso abriria oportunidades para ampliar as exportações do setor, que de janeiro a julho fechou com queda de 17,8%, para 1,8 mil unidades.

Segundo Braga, a expectativa para a economia brasileira é de retração este ano, em função dos ajustes que o governo vem promovendo. “As avaliações dos especialistas indicam que o ano que vem também será difícil para o setor”.

Iveco Bus consolida negócio com aumento das vendas

A Iveco Bus, unidade de ônibus da fabricante de Sete Lagoas, MG, completou um ano de operação no País – a empresa oficializou a estreia da marca na FetransRio 2014 com o lançamento do chassi 170S28. Pelo desempenho do período a empresa dá como certo a consolidação do negócio. De acordo com as estatísticas da Anfavea, somente no primeiro semestre do ano as vendas da empresa cresceram 106,5%. Foram 795 unidades negociadas nos primeiros seis meses contra 385 de um ano antes.

“Com a marca Iveco Bus estabelecida no fim de 2014, criamos uma nova estrutura de negócio para cuidar da operação”, conta Humberto Spinetti, diretor de negócios da Iveco Bus para a América Latina. “Entendemos que o negócio de ônibus é diferente do de caminhões, com outras demandas e necessidades.”

Pelas contas da fabricante, a participação da Iveco Bus no primeiro semestre foi de 7,3% na categoria denominada M3, faixa que reúne os chassis acima de 5 toneladas, em mercado de 9,6 mil unidades em queda de 27% a 28%. No mesmo período do ano passado a empresa tinha fatia de 2,7%. Na categoria M2, onde estão classificados os veículos de passageiros de 4,1 toneladas até toneladas, a empresa se mantém com 11,7% em um mercado por volta de 1,8 mil unidades no primeiro semestre do ano.

Segundo Spinetti, os modelos Daily Minibus e Iveco Cityclass já gozavam de boa aceitação do mercado e o 170S28 chegou para complementar a linha com produto especialmente desenvolvido para atender às necessidades e às características do mercado nacional, o que ele atribui como um dos “pilares para o sucesso do negócio.”

Com a nova estrutura, Iveco Bus passou a tratar o negócio pela segmentação do transporte de passageiros. “Dessa maneira, podemos oferecer o produto de acordo com a aplicação e entregar vantagens ao nosso cliente”, observa Gustavo Serizana, gerente de marketing do produto. “Os veículos, por exemplo, podem ser encarroçados de fábrica, o que facilita o financiamento. O cliente que preferir fazer fora tem toda liberdade para isso.”

A partir desse novo modelo, a Iveco Bus aproveitou para ampliar a sua oferta. O City Class, por exemplo, modelo que acumula mais de 6 mil unidades vendidas, especialmente para o programa Caminhos da Escola, passou também a ser oferecido no varejo e, agora, também em versão chassi, denominada 170C17. “É um mercado muito customizado e precisávamos entregar outra opção”, justifica Serizana e adianta: “Em breve também estenderemos parceria com novo encarroçador, além da que temos com a Neobus.”

Do total vendido pela Iveco Bus no primeiro semestre, 135 unidades são do chassi 170S28. Disponível nas versões urbana e fretamento com capacidade para 17 toneladas, a maior fatia do mercado nacional de ônibus, o modelo tem como ponto forte o baixo consumo de combustível e a robustez, conforme aponta o gerente de marketing: “O equipamento foi preparado para atender demandas severas de transporte de passageiros e para entregar lucratividade em todas as etapas da operação.”

Segundo a fabricante, o 170S28 tem surpreendido o mercado. De acordo com Daniel Moreira, coordenador do pós-venda, o veículo vem mostrando resultados de consumo melhores que a concorrência tanto em modelos de 6 cilindros quanto de 4 cilindros.

“Baseados nas planilhas dos clientes, a redução de consumo, em média, é 5%, além de oferecer maior disponibilidade de uso. Ao longo de 500 mil quilômetros rodados, o chassi Iveco é o que precisa de menos paradas preventivas, 12% em ciclos urbanos e 18% nas aplicações de fretamento.”

Motor – Os argumentos de menor consumo e maior resistência, conforme garante a Iveco Bus, são resultados do desenvolvimento do produto em parceira com a FPT Powertrain, a fabricante de motores do grupo. O motor N67 foi especialmente projetado para a aplicação em ônibus e demandou investimento de R$ 2,5 milhões.

O bloco de 6 cilindros com 280 cv e 950 Nm a 1 250 rpm, o mais potente da categoria, segundo a montadora, foi desenvolvido a partir do conceito chamado downspeeding. Em resumo significa que as mais de 7 mil horas de testes e outras 400 horas em bancada utilizadas no desenvolvimento foram para fazer com que o motor trabalhe em baixas rotações sem perder o desempenho.

“Desenvolvemos o motor para competir no mercado nacional”, revela Maurício Neto, do portfólio application da FPT. “Por isso, além de consumo, tínhamos o objetivo de entregar um motor elástico para trabalhar com folga em qualquer condição.”

Renault espera mais do que vendas com Sandero R.S.

A Renault está diversificando – reforçando – a oferta de versões Sandero no Brasil. A partir deste mês a rede de concessionárias da marca oferece mais duas: a R.S. 2.0, por R$ 58,9 mil, e a GT Line, que custa R$ 49 mil. Agora o consumidor tem cinco opções do hatch, modelo mais vendido da marca aqui, com 51,9 mil unidades negociadas de janeiro a agosto.

O Sandero, sozinho, representou mais de 40% de tudo que a Renault vendeu no período, somados inclusive os veículos comerciais. É, assim, o grande responsável pelo bom desempenho da marca, que avançou 0,2 ponto porcentual em um mercado que recuou cerca de 20,4% de janeiro a agosto – as vendas da marca caíram 18,1% no período.  

Desde que foi apresentado, no fim de 2007, e em especial a partir da sensível reformulação pela qual passou no ano passado, o Sandero ganhou papel cada vez mais relevante na Renault, superando rapidamente o envelhecido Clio, modelo de entrada, e o Logan, hatch pioneiro da família do Sandero. Mexer com ele, portanto, requer agora mais cuidado por parte da montadora.

Não por outro motivo o departamento de marketing escolheu o hatch para lançar agora no Brasil sua tradicional divisão R.S. – Renault Sport –, criada na primeira metade da década de 70 com a fusão dos departamentos de competição da Alpine e da Gordini e que desde então responde pelo desenvolvimento das versões esportivas dos carros da marca.

O Sandero R.S., fabricado no Paraná, é resultado do trabalho conjunto do time francês da divisão com a engenharia e o departamento de design da Renault na América Latina. Motor de 150 cv e transmissão mecânica de seis velocidades são importados e levam o hatch a acelerar da imobilidade a 100 km/h em 8 segundos e a atingir 202 km/h d velocidade máxima.

Sem opcionais, a não ser um conjunto de rodas de 17 polegadas por R$ 1 mil, o Sandero R.S. tem, mais do que vendas adicionais, a missão de reforçar para os brasileiros a imagem de desempenho e tecnologia da marca que vem sendo trabalhada há anos no campo esportivo, em especial pela constituição de equipes ou fornecimento de motores para a Fórmula 1.

Tanto que Bruno Hohmann, diretor de marketing, acredita que a nova versão deverá responder por vendas mensais da ordem de apenas 150 a duzentas unidades, contra cerca de trezentas da GT Line, que não dispõe de qualquer opcional, mas oferece todos os principais conteúdos de segurança e conforto, incluindo ar-condicionado digital e sistema multimídia e navegação. Se assim for, a R.S. responderá por nem 3% das vendas do Sandero.

O esportivo, contudo, pode amealhar alguns bons clientes fora do País. A Renault já tem como certa sua exportação para a Argentina este ano e, um pouco mais adiante, para os demais países latinoamericanos . E estuda até enviá-lo para o México, revela Hohmann, que admite que a divisão RS – cuja primeira experiência na América Latina é exatamente agora com o Sandero – pode desenvolver outros produtos para a região. 

Não se trata de mero trabalho cosmético, assegura a fabricante. Para receber os logotipos R.S. a divisão esportiva trabalhou no motor, suspensões, freios e, claro, no design do Sandero. Os sistemas de admissão e exaustão – com ponteira dupla no escape – foram ampliados e os freios agora têm disco nas quatro rodas. O esportivo é o primeiro Sandero a dispor de ESP e sistema de direção eletro-hidráulica (EPHS), além dos três modos de condução selecionados por botão no painel.

Não faltam, claro, adereços estéticos específicos como saias, defletores e spoilers, além de grades e lanternas exclusivas. Os para-choques dianteiro e traseiro também são foram modificados e o interior segue a fórmula de bancos envolventes, acabamento mais chamativo e pedaleiras em alumínio.

Produção argentina de veículos cresce em agosto

A produção de veículos na Argentina apresentou crescimento na comparação anual pela segunda vez em 2015, de acordo com informações do Tiempo Motor, parceiro editorial da Agência AutoData naquele país, com base nos dados da Adefa, a associação das montadoras locais. Foram produzidas 49 mil 48 unidades em agosto, volume 7,1% superior às 45,8 mil unidades fabricadas no mesmo mês de 2014.

O momento positivo do mercado doméstico argentino contribuiu para o crescimento da produção das fábricas locais, uma vez que o principal parceiro comercial do país vizinho, justamente o Brasil, passa por crise econômica e política. De janeiro a agosto o mercado brasileiro caiu 21,4%, ou 476,2 mil unidades com relação ao mesmo período do ano passado – volume superior ao produzido pela indústria automotiva argentina.

De janeiro a agosto as montadoras instaladas na Argentina entregaram 364,5 mil unidades, um recuo de 9,7% com relação aos primeiros oito meses do ano passado, quando a produção alcançou 403,5 mil unidades.

As exportações recuaram 21,3% no período, para 175,5 mil unidades – nos primeiros oito meses do ano passado foram enviados a mercados no Exterior 222,9 mil veículos. Em agosto a queda foi de 22,2%, para 21,4 mil unidades.

O Brasil é o principal comprador dos veículos argentinos, com 77,3% do total as exportações. México, com 4,7%, e Austrália e Nova Zelândia, com 3,5%, são outros mercados relevantes para as montadoras locais.

Em agosto as vendas de veículos no atacado cresceram 16,6% na comparação anual, para 59,6 mil unidades – foi o quarto mês consecutivo de avanço. No acumulado do ano, porém, registra-se recuo de 1%, para 407,7 mil unidades comercializadas.

No varejo o cenário muda um pouco: em agosto a queda chegou a 6,4%, para 54,7 mil veículos. Comparado com julho, recuo de 9,9% – a média diária de licenciamentos, porém, subiu para 2 mil 733 unidades/dia em agosto, contra uma média de 2 mil 686/dia em todo o ano.

No acumulado do ano os argentinos compraram 432,4 mil veículos, queda de 14% com relação ao mesmo período de 2014.

Mesmo com queda de mercado, líderes ganham participação

A queda de 43,5% nos licenciamentos de caminhões e ônibus não impediu que as duas líderes do mercado, MAN Latin America e Mercedes-Benz, ganhassem participação no acumulado de janeiro a agosto. As duas marcas registraram retração inferior à média do segmento e avançaram 0,5 ponto porcentual cada – comparado com o resultado acumulado até agosto do ano passado –, para 27% e 26,5%, respectivamente.

Apesar desse avanço de market share, os volumes das duas marcas caíram quase pela metade – na MAN a queda nos licenciamentos chegou a 42,4%, um pouco maior na M-B, 42,5%.

O retorno dos modelos da Serie F ao portfólio da Ford Caminhões contribuiu para a marca ganhar uma posição no ranking, passando da quarta colocação do acumulado até agosto do ano passado para a terceira no mesmo período deste ano. A queda nas vendas foi de 20%, a metade da média do mercado, e a participação saltou de 13,4% para 19%.

A Ford superou a Volvo, agora quarta no ranking, com 11,6% de participação – há um ano fechou com 14,7%. A queda nos licenciamentos dos suecos foi de 55,4%.

Pior foi para a Scania, cujas vendas cederam 63,2% e a participação caiu de 10,4% para 6,8%. A marca manteve a quinta posição, mas vê a Iveco se aproximar – a fabricante de Sete Lagoas, MG, fechou com 6,2% de participação.

Hyundai CAOA e DAF apresentam desempenho contrário ao mercado e registraram crescimento de 327,7% e 122,4%, respectivamente, na sétima e oitava posição. Completam o ranking Agrale e International.

Chassis de ônibus – Os licenciamentos de chassis caíram 29,9% nos primeiros oito meses do ano, mas a líder M-B conquistou 6,7 pontos de participação no período, saltando de 44% para 50,7% de market share. Suas vendas cederam 19% no período, abaixo da média do mercado.

A MAN, vice-líder, caiu 43,2% e fechou o período com 21,2% de participação. A Agrale, terceira colocada, teve queda de 46,6% e ficou com 13,7% de market share.

O desempenho oposto à média foi registrado pela Iveco, cujas vendas de chassis de ônibus cresceram 120,4% no acumulado de janeiro a agosto, para 895 unidades – ou 7,2% do total comercializado no mercado brasileiro.