Buscando preço competitivo, Honeywell lança linha remanufaturada

A Honeywell lança no mercado brasileiro em outubro a linha de turbos Reman Original Garrett, de remanufaturados. Segundo comunicado do diretor-geral da empresa, Christian Streck, o produto oferecerá às frotas mais antigas um preço competitivo combinado com economia de combustível e preservação ambiental.

Com a linha de produtos a empresa deseja evitar que os proprietários de caminhões, ônibus, picapes e vans recorram a componentes recondicionados sem as especificações técnicas do equipamento original e os mesmos padrões de desempenho.

De acordo com Streck o projeto foi idealizado para atender de forma econômica aos donos de veículos usados, fazendo a manutenção correta e evitando o descarte de peças no meio ambiente de forma inadequada.

“Veículos mais antigos têm um menor valor de mercado. Por isso devemos nos preocupar em dar aos seus proprietários a opção de compra e de instalação de peça de reposição remanufaturada com valor correspondente, mas mantendo as características de um produto novo original, especialmente em termos de eficiência, durabilidade, segurança e prevenção ambiental”.

O executivo disse ainda que a linha Reman Original Garrett é uma iniciativa mundial da empresa.  

Para assegurar confiabilidade e a qualidade dos produtos, a Honeywell realiza o processo na própria fábrica de Guarulhos, SP, que ganhou uma linha exclusiva de produção de remanufaturados. Foram instalados equipamentos e bancadas necessários aos processos de limpeza, seleção e análise de peças originais usadas coletadas pelos distribuidores. O processo de montagem final ocorre nas mesmas linhas onde são produzidos os turbos novos.

Por isso os produtos da linha Reman Original Garrett têm as mesmas especificações e garantia de um turbo novo original, que corresponde a um ano, sem limite de quilometragem.

Para tornar o processo de remanufatura viável, o programa envolve o trabalho conjunto com a rede de distribuição e centros de serviço autorizados para a logística de coleta de turbos usados, que passam pelas fases de limpeza, seleção e análise, identificando quais componentes podem ser remanufaturados e os que devem ser substituídos por peças novas.

Após essa fase de avaliação e análise, a Honeywell substitui as peças não aprovadas, remonta, balanceia, calibra e inspeciona todo o conjunto de acordo com os mesmos desenhos e especificações adotados para um turbo novo.

A linha Reman Original Garrett tem o apoio do Centro Técnico de Treinamento e Assistência da empresa e da rede de vendas e de serviços técnicos, atualmente com cerca de 400 pontos no País. A ação também tem o suporte de programas adicionais da Honeywell, voltados ao mercado de reposição, dentre os quais, o de instalação assegurada, que proporciona cobertura a serviços realizados na rede autorizada.

Fiat confirma: picape de Goiana chamará Toro.

A Fiat divulgou na terça-feira, o nome da picape que a partir do ano que vem será produzida na fábrica da Jeep em Goiana, PE, para toda a América Latina: Toro.

No comunicado, acompanhado de uma imagem escurecida da parte frontal do modelo, a Fiat afirmou que a Toro “representa para o mercado a estreia de um novo segmento – o SUP, Sport Utility Pick-up. Traz todas as características de robustez e força de uma picape e ao mesmo tempo conta com todo conforto e dirigibilidade de um SUV”.

O modelo foi apresentado no Salão do Automóvel do ano passado como conceito de picape média, com o nome de FCC4. Neste ano esteve em outro salão, o de Buenos Aires.

A – ou o, como a Fiat usou em seu comunicado – Toro será o segundo modelo a sair da fábrica do Grupo FCA na Região Nordeste. A unidade foi inaugurada em abril com a produção do Jeep Renegade.

Grupo Volkswagen fará reparos em 11 milhões de veículos adulterados

Depois do escândalo deflagrado há onze dias, o Grupo Volkswagen começa a traçar seu plano para correção de rumo. Após a saída de Martin Winterkorn do comando do grupo o novo CEO, Matthias Müller, afirmou que a montadora fará reparos em cerca de 11 milhões de veículos no mundo.

Os veículos precisarão se adequar corretamente às regras ambientais depois que a EPA, a agência de proteção ambiental estadunidense, denunciou que a Volkswagen usou um software para fraudar os testes de emissão de gás. Os modelos da marca, na verdade, emitem de 10 a 40 vezes mais do que o revelado nos testes.

O CEO do grupo sinalizou que haverá um recall dos modelos adulterados. Em comunicado a Volkswagen afirmou que “fornecerá pormenores às autoridades sobre o plano de ação para correção do sistema em outubro. Os clientes afetados serão informados de que seus veículos terão de ser reparados durante as próximas semanas e meses”.

A Volkswagen comprometeu-se a atualizar os portais das marcas de cada país com as informações sobre reparos e evolução nos processos.

A nota da montadora alemã diz ainda que uma avaliação interna concluída na sexta-feira, 25, estabeleceu que o procedimento de serviço será necessário para cerca de cinco milhões de veículos da marca Volkswagen. Além disso, entram na lista 2,1 milhões da Audi, 1,2 milhão na divisão tcheca Skoda e 1,8 milhão veículos comerciais leves. Todos os modelos adulterados são movidos a diesel.

Na esteira do escândalo da Volkswagen, a MAN Latin America divulgou uma nota para se desvencilhar dos problemas. O comunicado reforça que “como fabricante de caminhões e ônibus, as marcas Volkswagen Caminhões e Ônibus e MAN não estão afetadas pela atual discussão sobre a manipulação de determinadas emissões de motores a diesel”.

A nota reforça ainda que “as exigências legais e as normas técnicas para controle de emissões de caminhões e ônibus são muito rigorosas. As marcas Volkswagen Caminhões e Ônibus e MAN cumprem todas as exigências estabelecidas em lei, como confirmado por agentes certificadores credenciados por órgãos governamentais”.

Brasil – Em evento realizado pela revista Quatro Rodas na terça-feira, 29, o diretor de assuntos governamentais da Volkswagen no Brasil, Antonio Megale, afirmou que a investigação interna global também deve ser estendida ao Brasil, embora a companhia comercialize apenas um modelo com motor a diesel no País – a picape diesel Amarok, que é produzida na Argentina com motor importado da Alemanha.

Megale afirmou que a investigação ainda não começou, uma vez que o País proíbe a venda de carros a diesel e não é um dos focos para a apuração da fraude.

Na sexta-feira, 25, o Ibama afirmou que abrirá uma investigação para apurar a conduta da Volkswagen no Brasil e disse que poderia impor multa de até R$ 50 milhões, além de exigir a convocação de um recall dos produtos da marca no País. O executivo afirmou que a Volkswagen ainda não foi notificada oficialmente sobre o assunto.

Volkswagen adere ao PPE na fábrica de motores de São Carlos, SP

Onze dias depois de solicitar a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego, PPE, do governo federal, para a unidade de São Bernardo do Campo, SP, a Volkswagen confirmou na segunda-feira, 28, que vai ampliar o uso do PPE para a fábrica de motores em São Carlos, SP.

Em nota, a montadora disse que “em acordo com o Sindicato e a Representação dos Empregados da unidade de São Carlos, SP, irá solicitar ao Governo a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego para sua fábrica de motores”.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos forneceu os pormenores do acordo que prevê redução da jornada de trabalho e de salários em momentos de dificuldades, e que foi aprovado em uma assembleia realizada durante o final de semana.

De acordo com porta-voz do sindicato, o PPE seguirá o mesmo modelo estabelecido no ABC paulista , que inclui redução de 20% da jornada, com o mesmo porcentual de diminuição dos salários pagos pela montadora. Para os trabalhadores a perda será de 10% nos honorários, uma vez que a outra metade será bancada com recursos do Fundo de Amparado ao Trabalhador FAT, no limite de até R$ 900,84, como prevê a legislação do programa.

O acordo valerá por seis meses, mas o prazo poderá ser dobrado caso a montadora e os trabalhadores achem necessário. A data de início ainda não foi informada, pois depende de trâmites com o governo.

O porta-voz do sindicato afirmou que a Volkswagen comprometeu-se em não realizar demissões sem justa causa em São Carlos durante oito meses – período que pode chegar a 16 meses, caso o plano seja renovado.

Para aceitarem o PPE, os trabalhadores pediram a contrapartida de a montadora preservar o acordo formado em 2012, em que a empresa garante reajuste salarial real de 2,5% a partir deste mês e de 2,3% a partir de setembro de 2016.

Taubaté — Na terça-feira, 29, haverá uma assembleia com os funcionários da Volkswagen na unidade de Taubaté, SP. A probabilidade é que o PPE também seja aderido na fábrica que produz o up!.

Segundo o sindicato dos metalúrgicos da região, a adesão ao programa já tinha sido proposta pela companhia e aprovada por trabalhadores no acordo que marcou o encerramento da greve na unidade em agosto.

Renault e Dongfeng farão carro elétrico para o mercado chinês

A Dongfeng Renault Automotive Company, DRAC, começará a produção de veículos elétricos na China. A informação foi divulgada durante a visita de Zhu Yangfeng, presidente do Grupo Dongfeng, ao centro de tecnologia da Renault, o Technocentre.

Segundo nota da montadora, a DRAC produzirá um veículo elétrico baseado na plataforma do Fluence ZE, de zero emissão. O modelo será produzido na unidade localizada na cidade de Wuhan, na China, a partir de 2017, por meio da joint venture da Dongfeng com a Renault.

O comunicado da DRAC diz ainda que o modelo será comercializado sob uma marca local da Dongfeng, sendo destinado apenas ao mercado chinês.

Jacques Daniel, CEO da DRAC, afirmou que “este acordo representa o compromisso da Renault em matéria de proteção do meio ambiente e redução das emissões de CO2”. Disse ainda que por meio deste acordo, os grupos Renault e Dongfeng têm o objetivo de oferecer soluções de mobilidade sustentável.

Aliança – Conhecida por ser uma das montadoras que mais investe em tecnologia de veículos elétricos, a Renault também mantém uma aliança com a Nissan e recentemente atingiu a marca de 250 mil veículos elétricos comercializados no mundo desde 2011.

Atualmente, metade dos veículos elétricos em circulação no mundo foi produzida pela aliança.

Eaton: queda inferior à do mercado.

O retorno dos caminhões Ford Série F ao mercado brasileiro garantiu à Eaton, fabricante de sistemas de powertrain, um 2015 menos complicado. A empresa fornece a transmissão FSO 4505, que equipa os modelos F-350 e F-4000 – incluindo a versão 4×4 –, que juntos somaram 2,5 mil emplacamentos de janeiro a agosto.

“O mercado caiu 40% no geral, mas a Eaton registrou uma queda menor graças à Série F”, disse Ricardo Dantas, diretor de marketing da companhia. Segundo o executivo o mercado de veículos comerciais sofre mais com a crise econômica do País, porque não há demanda nem por modelos zero quilômetro, nem para peças de reposição:

“A frota está ociosa, então não há manutenção. É diferente do segmento de carros de passageiros, em que o cliente não compra um novo, mas conserta o usado”.

Outro canal que tem ajudado muitas fabricantes de autopeças, as exportações, também não resolveu o problema da Eaton, ao menos no curto prazo. Dantas explicou que houve melhora em algumas linhas do aftermarket: “Mas em componentes do powertrain, por exemplo, não costuma ser tão rápido. Os contratos que ganhamos agora só vão gerar lucro daqui a dois anos”.

De todo modo, Dantas concorda que o momento é favorável para as fabricantes brasileiras mirarem o mercado externo. O dólar valorizado ajudou a melhorar a competitividade do produto nacional. “Já fomos competitivos com o dólar na casa dos R$ 3, e agora chegou aos R$ 4. É uma hora boa para exportar”.

O executivo avalia, porém, que a fase do dólar no patamar de R$ 4 deverá ser passageira. Ele calcula que a moeda deverá cair e se estabilizar na casa dos R$ 3. “O que lamento é que o Brasil só é competitivo por causa da taxa cambial. Nós não somos eficientes”.

Dantas projeta um 2016 parecido com 2015 em volumes. Se o resultado não é animador, ao menos indica melhor previsibilidade, algo que pode melhorar o planejamento das empresas e a confiança do consumidor e do investidor. “Mas em 2017 as coisas deverão começar a melhorar”.

VW amplia receita com exportação em 44%

No embalo da desvalorização do real e também do início da venda para outros países do seu compacto up!, que agora está também no México, a Volkswagen do Brasil ampliou suas exportações este ano. No acumulado até agosto atingiu 77,5 mil unidades embarcadas para o Exterior, com crescimento de 25% em relação às 62,5 mil dos primeiros oito meses de 2014. Em receita a expansão é ainda maior. De janeiro a julho suas vendas externas atingiram US$ 848 milhões, 44% a mais do que o valor registrado nos primeiros oito meses de 2014.

As informações são do presidente da Volkswagen do Brasil, David Powels, destacando que os bons resultados nessa área compensam apenas em parte as perdas no mercado interno, mas sinalizam retomada nos negócios externos – o que é importante para a empresa, que mantém o título de maior exportadora do setor.

A expectativa da montadora é encerrar o ano com crescimento de 25%, atingindo de 116 mil a 117 mil veículos exportados. Na opinião de Powels, em 2016 haverá espaço para pequeno crescimento, chegando-se a algo próximo de 120 mil unidades.
O principal mercado da empresa é a Argentina, que comprou até agosto 48 mil veículos da Volkswagen do Brasil, 34% a mais do que nos primeiros oito meses de 2014.

O modelo mais exportado para o país vizinho é o Gol, com 36 mil unidades embarcadas nos primeiros oito meses deste ano. O up! também está sendo comercializado na Argentina desde o primeiro semestre do ano passado, tendo atingido em junho a marca de 14 mil unidades comercializadas lá. Em junho o compacto da Volkswagen chegou ao Uruguai e mais recentemente está indo também para o México. “E há boas perspectivas para vendê-lo em outros países sul-americanos, como Chile e Colômbia”.

Com relação ao mercado interno o presidente da Volkswagen admite que 2015 está sendo um ano extremamente difícil para o mercado e a marca, mas diz que o potencial do País se mantém e define o momento como cíclico. Em função de lançamento do Golf neste final de ano e outros que virão em 2016, sobre os quais não quis tecer comentários, Powels acredita que a empresa terá oportunidade de retomar participação no ano que vem:

“Não estamos parados. Investimos em produtos e temos novidades que vão permitir ganhos de market share em 2016. O importante é manter competência para a hora que o mercado melhorar.”

Segundo dados da Fenabrave a Volkswagen vendeu internamente 256,4 mil veículos no acumulado até agosto, com queda de 31,8% em relação às 375,9 il unidades do mesmo período do ano passado. Mantém-se na terceira posição do ranking nacional, com 15,2% de participação, bem próxima da vice-líder General Motors, com 15,5%.

VW deverá ser obrigada a convocar recall da Amarok no Brasil

A Volkswagen deverá ser intimada nos próximos dias pelo Ministério da Justiça a convocar recall para as 17 mil unidades da picape Amarok vendidas no País que utilizam software que frauda os resultados dos testes de emissão.

A informação foi divulgada com exclusividade à Agência AutoData por uma fonte do governo federal próxima ao caso.

Até o momento a montadora reconheceu a existência do caso também no País, mas a ação é voluntária. Em comunicado enviado à imprensa no dia 21, a VW afirmou que iniciaria atualização do software das picapes, ano 2011 e 2012, a partir do primeiro trimestre de 2016, e que avisaria os proprietários dos veículos por carta.

Este procedimento é diferente do adotado nos casos de recall, quando a ação da montadora deve ser imediata, mesmo que ainda não exista resolução efetiva para o caso – como ocorreu, por exemplo, com os airbags de Toyota Corolla e Honda Civic –, além da necessidade de realização de campanhas publicitárias alertando para o fato, também de efeito imediato.

O custo de uma campanha de recall, quando comparada à de uma iniciativa voluntária, também é mais elevado.

Em sua nota a Volkswagen afirmara que “tecnicamente a aplicação desse software não afeta a segurança nem a funcionalidade do veículo”, o que, em tese, eliminaria a necessidade de recall. Mas o entendimento do Ministério da Justiça, segundo a fonte, é o de que as emissões de óxido de nitrogênio em índices além dos permitidos pela legislação ambiental vigente à época podem causar risco à saúde e que, assim, o recall deve ser convocado.

Além disso, a obrigação de um recall daria controle oficial ao órgão quanto ao volume de modelos que receberão a atualização do software, vez que a montadora seria obrigada a informar o andamento do processo. Em caso de iniciativa voluntária, este controle ficaria sob responsabilidade apenas da fabricante.

Na Alemanha a montadora foi obrigada pelo KBA, o órgão local de segurança de trânsito, a convocar recall para 2,4 milhões de veículos – antes a montadora fizera pedido para conduzir ali campanha voluntária. Diante da decisão a montadora se antecipou à provável repetição da iniciativa por outros países do bloco e estendeu o recall para toda Comunidade Europeia, envolvendo 8,5 milhões de unidades.

Em entrevista à Agência AutoData o Gerente Técnico do Idec, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Carlos Thadeu, defendeu a possibilidade do Ministério da Justiça obrigar a montadora a convocar um recall. “Se ficar tecnicamente comprovado que o nível de emissões ultrapassa os níveis permitidos, é sim o caso de recall, pois coloca-se em risco a saúde do consumidor.”

Ele entende que “quando o Ibama estabelece índices máximos de emissões de poluentes está levando em conta a saúde da população, e a adequação à norma é obrigatória. Do contrário, o veículo é ilegal do ponto de vista da homologação”.

O porta-voz do instituto reforça que “a decisão cabe ao Ministério da Justiça” – o Idec é uma associação independente, sem ligações com empresas ou órgãos públicos, que busca defender os interesses dos consumidores em diversos temas.

Manufatura enxuta? Sim. Administração enxuta? Também.

Percebemos na prática que os ganhos de produtividade são parte importante do sucesso no mundo empresarial e que, em consequência, promovem o crescimento sustentado da economia. Em outras palavras a expansão dos negócios com lucratividade tem vida curta se não estiver apoiada por reais avanços na produtividade. Simples assim.

Já é voz corrente atribuir-se os atuais desafios da economia brasileira – e aqui evito utilizar a palavra crise – aos modestos avanços nos indicadores relativos à questão da produtividade que transformaram a atual situação em algo mais dramático e difícil de resolver no curto prazo.

E, afinal, como se mede a produtividade? Não cabe aqui entrar no pormenor técnico ou na metodologia da medição, porém um dos meios de que os economistas se valem para medir a produtividade resulta da divisão do produto gerado pela mão de obra empregada em horas de trabalho. Por outro lado, como essa fórmula tem lá suas limitações, devido a implicações e tecnologia, da qualidade e da intensidade do capital utilizado no processo de produção, faz-se uso, também, do conceito de produtividade total de fatores de produção, ou PTF. De qualquer modo em qualquer dos indicadores adotados os estudiosos observaram que nosso País, na média, tem apresentado avanço abaixo do de outras regiões. Ponto contrário para nossa competitividade e que inibe o crescimento robusto e sustentado do PIB.

Tomando a medida de dólar produzido por trabalhador observe nosso desempenho no período de 1960 a 2011:

Quando a medição se dá no conceito PTF, segundo dados que tive acesso em estudo do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, no período de 1970 a 2011, os Estados Unidos apresentaram crescimento de 38% enquanto o Brasil registrou negativos 10%. Isso retrata, sem dúvida, o tímido investimento de capital fixo relativamente ao PIB e também à qualidade do investimento, além da questão da produtividade por mão de obra empregada.

Dentre as diversas questões discutidas pelos especialistas com relação ao pobre desempenho da produtividade no Brasil são listadas a carência de educação de bom nível e a capacitação dos trabalhadores, o avanço modesto da tecnologia e da inovação em processos de produção, comercialização e distribuição, burocracia excessiva no ambiente de negócios e a infraestrutura deficitária. Todos esses pontos são relevantes na discussão, mas nenhum deles, de fato, é de fácil solução e, pior, não serão resolvidos no curto prazo.

Com muito recurso, esforço, foco e determinação poderemos avançar nessas frentes no período de dez a vinte anos. Você acredita?

Falando especificamente do setor industrial brasileiro a pergunta em sequência é: há algo que se possa fazer no curto prazo para a indústria nacional evoluir mais aceleradamente aumentando a produtividade, ou seja, produzir mais com menos recurso ou o mesmo com menos recurso?

Minha resposta: não tem outro jeito. Temos que redobrar os esforços para colocarmos em prática, nas empresas, iniciativas que permitam avanço significativo na produtividade. E aqui não falo só do chão de fábrica mas também das áreas de apoio à produção, dos escritórios administrativos, das atividades de engenharia e por aí vai.

E quanto ao setor automotivo? Sem dúvida a necessidade de mudar o modo de fazer as coisas com menos recurso é para ontem. A produção do setor em milhares de unidades, no período acumulado, janeiro/agosto, foi a que segue:

Com a queda substancial da produção e a perspectiva de recuperação lenta, e só no longo prazo, a necessidade de ajuste estrutural e duradouro, para assegurar produtividade no segmento, já não pode ficar restrito ao chão de fábrica. É preciso avançar consistentemente em outras iniciativas que promovam, de fato, diminuição significativa da força de trabalho utilizada em chão de escritório. A administração precisa ficar mais enxuta, bem mais enxuta.

Receio que o deslocamento da taxa de câmbio favorecendo as exportações inibam ajustes mais profundos nas empresas. Os gestores do segmento automotivo não podem, e não devem, deixar para depois mudanças profundas nas organizações. Cabe, por outro lado, realizar a cirurgia com método e assim evitar que ajustes a esmo possam comprometer o negócio no futuro.

Aqui seguem algumas reflexões e dicas sobre a administração enxuta:

 

  • elimine ou mitigue os cargos ou funções de diretoria. Junte áreas que têm certa afinidade: finanças – já agrupando todas as funções de controladoria a tesouraria – com TI, por exemplo, sob um único comando. E até recursos humanos;
  • elimine reuniões internas e treine as pessoas para que realizem os encontros de modo objetivo e estruturado diminuindo a carga horária em reuniões de valor discutível;
  • meça a produtividade das pessoas do escritório e discuta na profundidade aquelas tarefas que são necessárias e até obrigatórias, por lei, das que não adicionam valor ao negócio. A partir da medição elimine as desnecessárias ou repetitivas. No caso de empresas multinacionais talvez caiba comprar o serviço dos centros administrativos que estão fora do País;
  • desenhe os fluxos das atividades chave – do início ao fim – e envolva as diversas áreas/departamentos. É preciso buscar mais oportunidades com processos padronizados e bem aplicados;
  • invista em capacitação das pessoas que ficarem no negócio. O investimento não é necessariamente um curso externo. Pode ser aplicado um mecanismo de treinamento interno bem estruturado e negociado com o funcionário para avaliar o impacto no desempenho futuro, a produtividade;
  • avalie a possibilidade de migrar atividades das pessoas para TI, ou ainda melhor promova a produtividade do empregado administrativo oferecendo a ele aplicativos que facilitem a tarefa do dia a dia;
  • na engenharia fique com os melhores e a esses dê a oportunidade para aprender continuamente. Tente também aqui medir a eficácia do engenheiro: está entregando o trabalho com qualidade e sem retrabalho?

Entendo também que o atual ambiente do setor automotivo e a perspectiva futura dos negócios abrem grande oportunidade para aquisição e incorporação de empresas. Aqui é possível buscar sinergia, de modo organizado e consistente, elevando a produtividade geral do empreendimento.

Aos gestores do segmento automotivo cabe dar continuidade aos esforços de obter maior produtividade no chão de fábrica e buscarem, já, a reestruturação do restante da organização nas áreas administrativa, de apoio à produção, engenharia e alta administração.

BMW do Brasil estuda programa de exportações

 A BMW do Brasil estuda, com afinco, iniciar um consistente programa de exportações a partir da fábrica de Araquari, Santa Catarina. A iniciativa marca uma reviravolta nos planos iniciais da fabricante de origem bávara por aqui.

Há um ano, quando inaugurou a planta, a montadora falava em priorizar totalmente o mercado interno em detrimento do externo, por entender que não havia competitividade para tal. Alguns poucos embarques, no cronograma inicial, estavam previstos somente para 2020.

Mas a nova paridade cambial do real perante o dólar e o aprofundamento do cenário de retração econômica do País levaram a mudança na rota programada. Em entrevista exclusiva Arturo Piñeiro, presidente e CEO do BMW Group do Brasil, revelou que “produzir no Brasil é mais caro do que em outras fábricas do Grupo do mundo, mas a atual relação cambial pode compensar”.

Os possíveis destinos dos BMW Made in Brazil ainda estão em estudo, mas uma coisa é certa: ao contrário do que se poderia imaginar, os países vizinhos e parceiros do Mercosul estão fora da lista.

“Como nosso índice de nacionalização ainda é baixo, não conseguiríamos atender às exigências de conteúdo local do bloco e desta forma não seríamos competitivos para estes mercados.” O executivo complementa, ainda, observando que “além disso a Argentina também está enfrentando um cenário de redução de vendas e por isso o volume [para este país] seria muito pequeno”.

Ou seja: pode-se sonhar com embarques para mercados maduros como Estados Unidos e Europa e, até mesmo, China. “Ainda estamos estudando as opções possíveis.”

São três os principais cenários a favor do País, além da taxa do dólar.

O primeiro é a ampla capacidade disponível de Araquari: neste ano serão produzidas ali cerca de 11 mil unidades para 32 mil possíveis em dois turnos, sendo que, confirma Piñeiro, “podemos alcançar até 100 mil/ano sem maiores dificuldades”.

O segundo é a vasta gama produzida localmente, de cinco modelos: os BMW Série 3 e 1 e X1 e X3 ganharão nos próximos dias a companhia do Mini Countryman. Como comparação a fábrica do Grupo logisticamente mais próxima da brasileira, na África do Sul, faz apenas o Série 3.

E o terceiro é início de atividades em série da estamparia e da pintura, que farão da fábrica catarinense uma unidade completa – as duas áreas serão oficialmente inauguradas coincidindo com o aniversário de um ano da planta, na quarta-feia, 30.

 

O mercado externo seria também uma saída para enfrentar um cenário interno mais realista: para o executivo o crescimento de dois dígitos no mercado premium registrado no Brasil em 2015 não se repetirá no ano que vem: ele crê em estabilidade ou, até mesmo, pequena retração.