Porsche chega, oficialmente, ao Brasil

Em 2013, quando a Porsche tomou a decisão de criar sua décima-oitava subsidiária global no Brasil, em São Paulo, o humor do setor automotivo estava diferente. Embora em pequeno declínio, o mercado apresentava perspectivas positivas e poucos – ou ninguém – imaginavam que dois anos depois conviveríamos com uma retração superior a 20% nas vendas.

Naquele ano Audi e Mercedes-Benz anunciaram seu retorno à condição de produtora de automóveis no Brasil. Foi também em 2013 que a Porsche alcançou o maior volume de vendas da história no mercado brasileiro: 1 mil 39 unidades.

Em agosto, cerca de dois anos após a decisão, a companhia importou seu primeiro modelo, um 911 GT3. Antes toda essa operação estava a cargo da Stuttgart Sportcar, empresa presidida por Marcel Visconde, também presidente da Abeifa, que, devido à sua parceria de anos, permanece com uma fatia da subsidiária brasileira, além das quatro concessionárias – em Curitiba, PR, Porto Alegre, RS, Rio de Janeiro, RJ, e São Paulo.

Para o novo diretor presidente da Porsche no Brasil, Matthias Brück, a decisão foi acertada:

“Há um grande potencial de crescimento do segmento premium no mercado nacional, além do poder de compra do consumidor. Apesar das dificuldades políticas e econômicas atuais enxergamos o Brasil como uma oportunidade”.

Neste ano a companhia projeta vender 750 unidades, cerca de 25% abaixo de seu recorde – e em linha com o volume do ano passado. De janeiro a outubro foram comercializados 597 Porsche no País, exata 1 unidade acima do volume de igual período de 2014.

“O segmento premium segue crescendo”, contou Brück, um alemão de 44 anos que trabalha há mais de treze na companhia e que, antes de desembarcar em São Paulo, dirigia a divisão latino-americana da Porsche, sediada em Miami, Florida, Estados Unidos. “Mas cresce em segmentos abaixo do nosso portfólio de produtos.”

Crescer em volume é um dos objetivos da subsidiária brasileira. Por isso a companhia quer diversificar seu portfólio local com mais versões e opções aos consumidores. Motores menores e versões menos completas de seus carros estão no radar dos executivos designados para a operação brasileira. De acordo com Brück “a mudança na legislação tributária permitirá que importemos modelos híbridos e elétricos no futuro”.

A expansão da rede, atualmente com sete concessionárias – além das quatro Stuttgart existem três Eurobike em Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, SP, e Brasília, DF –, também está nos planos. Em breve Recife, PE, ganhará uma revenda Porsche e outras localidades estão sendo mapeadas pelos executivos, que ainda não conseguem calcular o tamanho ideal para a rede de distribuição local.

Descartada, porém, está a possibilidade de produção local: “Eu gostaria, mas não está nos planos”, afirmou Brück. “Nós somos pequenos aqui. Não há planos atualmente e acredito que não haverá no futuro”.

Sindipeças: reposição e exportações em alta

O desempenho positivo no mercado de reposição e nas exportações está contribuindo para evitar queda maior no faturamento do setor de autopeças este ano. Enquanto a produção de veículos retraiu 21% no ano, as vendas líquidas nominais das autopeças caíram 13,3%, segundo balanço do Sindipeças relativo ao período de janeiro a setembro.

O mercado de reposição teve crescimento de 5% enquanto as exportações expandiram-se 19,5% em reais – se convertidas em dólar, informa a entidade, o decréscimo é de 13,4%. Os dados constam do relatório da pesquisa conjuntural elaborada com base nas informações das empresas associadas ao Sindipeças, que indica ainda queda de 25% nas vendas intrassetoriais.

Com esses desempenhos, a participação das montadoras no faturamento das autopeças caiu de 67,5% para 57,9% no período de um ano, enquanto a das exportações cresceu de 15% para 22% e a do mercado de reposição de 14,1% para 17,5%. A fatia dos negócios intrassetoriais baixou de 3,3% para 2,6%.

No comparativo de setembro deste ano com o mesmo mês de 2014 houve alta de 29,1% nas exportações em reais e de 3,7% para o mercado de reposição. Já os negócios com as montadoras retraíram 35,9% no mesmo comparativo, o que gerou queda no faturamento total de 20,7%.

México – Para aproveitar o bom momento da indústria no que diz respeito aos negócios externos o Sindipeças tem intensificado ações de divulgação dos produtos brasileiros lá fora. A entidade anunciou na quinta-feira, 12, que um grupo de 21 fabricantes locais participarão da Expotransporte Anpact, feira que acontece em Guadalajara, México, de 18 a 20 de novembro.

A ação, segundo o Sindipeças, é coordenada pelo programa Brasil Auto Parts – Trusted Partners, parceria da entidade com a Apex-Brasil, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. As empresas que apresentarão seus produtos são Arca, Bins, Borflex, Chiptronic, Cinpal, Frum, G. Busch, HDS Mecpar, K Parts, KSPG, Luciflex, Masterpower, Max Gear, Nakata, Reserplastic, Rivertec, Schadek, Suporte Rei, Tecfil, Urba-Brosol, Vannucci.

De acordo com Antônio Carlos Bento de Souza, conselheiro do Sindipeças responsável pelo programa Brasil Auto Parts, a desvalorização cambial tem ajudado as autopeças brasileiras a ganhar espaço no mercado internacional. No ano passado as exportações brasileiras de autopeças, para 181 países, somaram aproximadamente US$ 8,3 bilhões, em valores FOB. O mercado mexicano ocupou o 3º lugar, com embarques de US$ 753 milhões.

Novo carro, novos (bons) números

Simbolicamente a PSA Peugeot Citroën iniciou na quarta-feira, 11, a produção da nova geração do Aircross no Polo Industrial de Porto Real, RJ. A renovação do SUV da Citroën, que será lançado oficialmente no fim deste mês e estará na rede de concessionárias no início de dezembro, exigiu investimento da ordem de R$ 150 milhões.

O aporte, contudo, já integrava o ciclo de investimento anunciado no fim de 2011 e que contemplava R$ 3,7 bilhões para o triênio 2012-2015.

O novo Aircross, assim, é o último lançamento PSA antes de um novo plano de investimentos a ser definido em breve por Carlos Tavares, CEO da empresa que participou da solenidade do início da produção ao lado do governador doestado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e de Carlos Gomes, presidente para o Brasil e América Latina da empresa.

Tavares não antecipou quando divulgará nem quanto de recursos envolverá o novo pacote. Mas foi enfático:

“Estou aqui nesses dois dias também para discutir com Carlos Gomes exatamente que ações desenvolvermos na região futuramente. A única política que não podemos alterar é a de ter lucro. Todas as outras podem ser mudadas. Não faz sentido, portanto, investir em uma região que não tem rentabilidade”.

Nesse sentido Tavares deu uma boa notícia: a operação latino-americana voltou à lucratividade no primeiro semestre de 2015, “pequena, é verdade, mas voltou”, enfatizou, sem explicitar os números. Mundialmente o Grupo PSA também já alcançou 5% de margem operacional na divisão automotiva, meta prevista para ser atingida somente a partir de 2018 pelo Plano Back in the Race, lançado por Tavares há dois anos.

Pelo plano global a lucratividade também deveria voltar à operação latino-americana somente em 2017, “mas não sabemos se fecharemos no azul, de fato, este ano. Conseguimos no primeiro semestre, isso é fato”. De qualquer forma ele não mudou a previsão de efetivamente ter lucro na região em 2017, “ainda que as condições macroeconômicas tenham se deteriorado bastante no Brasil nos últimos meses”.

O resultado positivo após três anos seguidos de prejuízos, reconhecem os executivos da PSA, deve-se em grande parte às medidas de redução de custos, racionamento da produção – inclusive com o fim de modelos e versões em linha – e aumento de eficiência e atualização tecnológica na fábrica de Porto Real e também na de El Palomar, na Argentina.

Até porque na ponta das vendas o desempenho das duas marcas da companhia não tem sido nada satisfatório, em especial no Brasil. Os cerca de 50 mil veículos negociados por Peugeot e Citroën no mercado interno nos primeiros dez meses representaram pouco mais de 2% de participação e 40% a menos do que conseguiram no mesmo período do ano passado – recuo duas vezes superior ao da média do mercado. O País hoje representa menos da metade das vendas da PSA na região.

Tavares, porém, diz não estar preocupado com índices de participação: “Aumentar a cota do mercado é fácil: é só doar carro para os consumidores ou oferecê-los a preços que não garantam rentabilidade. Mas seria uma participação tóxica e a nossa abordagem aqui não é oportunista, pois viemos para ficar”.

O Brasil pode voltar a ser rentável para a PSA, entende o CEO mundial, no posto desde 2013: “Estou aqui para discutir como estabeleceremos as condições para isso. Em 2012 a PSA chegou à beira da falência mundialmente e hoje se recupera. Acredito que há sempre uma maneira de fugir de um quadro adverso”.

Fábrica e produto – O início de produção do novo Aircross em Porto Real não implica mudanças significativas na planta, que nos últimos dois anos e meio vem sendo aprimorada em busca de maior eficiência e qualidade e teve sua capacidade ampliada de 150 mil para 220 mil veículos. Produziu no ano passado 90,5 mil e deve encerrar o ano com cerca de 70 mil.

A companhia destaca que, após as últimas intervenções, a unidade hoje já é quinta melhor no ranking interno de qualidade do grupo, que dispõe de dezoito fábricas de veículos em todo o mundo, além de quinze plantas dedicadas a motores. Há três anos a fábrica brasileira figurava no oitavo posto.

A unidade tem ainda outro importante objetivo a cumprir. A PSA persegue firmemente o objetivo de ampliar o conteúdo de peças locais e de reduzir sua exposição às variações cambiais. A ideia é chegar em 2018 com 85% de média contra os 70% atuais. Para isso encaminha programa de nacionalização de € 70 milhões para a operação latino-americana – € 50 milhões só no Brasil, “e para isso necessitamos de fornecedores com capacidade técnica e qualidade”, disse Gomes, sem disfarçar certo incômodo com o atual estágio das negociações e desenvolvimentos.

Porto Real trabalha em dois turnos para produzir cinco modelos sobre a mesma plataforma de carros compactos, além de motores 1.4, 1.5, 1.6 flex e gasolina para exportação. A quantidade de modelos, porém, será menor a partir de agora. Com o face-lift do Aircross, que terá uma versão sem o tradicional estepe na tampa traseira, a Citroën retirará do mercado o C3 Picasso.
Gomes garantiu que “o Aircross cumprirá o mesmo papel do C3 Picasso e dará algo a mais para o consumidor”. De acordo com ele a empresa pode voltar aos 5% de participação que já deteve no Brasil no início da década.

O novo Aircross não chega a ser rigorosamente novo. Plataforma e motores são os mesmos da geração anterior. Mudam, substancialmente, o conjunto de faróis e grade dianteiros e o acabamento interno. O painel de instrumentos tem novo desenho e dispositivos, como um inédita central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque.

As alterações estéticas são fruto do trabalho de dois anos do centro de estilo da montadora na América Latina que conta com engenheiros, técnicos e designers no Rio de Janeiro, RJ, São Paulo e Buenos Aires, Argentina.

Número 1 em urbanos New Flyer adquire MCI, número 1 em rodoviários

A maior fabricante de ônibus urbanos da América do Norte, a New Flyer, adquiriu a MCI, Motor Coach Industries, que é a maior fabricante de ônibus rodoviários da região. O negócio envolveu US$ 455 milhões e permitirá uma série de sinergias nas duas empresas que, embora compartilhem alguns clientes, não são concorrentes.

A brasileira Marcopolo, dona de metade do mercado brasileiro de carrocerias de ônibus, tem participação de cerca de 20% no controle acionário da New Flyer. Em comunicado informou que a união das duas companhias promoverá ganhos em custos, excelência operacional, tecnologia da informação e engenharia.

Segundo a nota a aquisição da MCI representa um passo importante para a diversificação e para o crescimento da New Flyer em áreas como fornecimento, fabricação, distribuição de peças e experiência em serviços. A MCI é representante exclusiva para vendas e serviços dos ônibus rodoviários Setra, que pertence à Daimler, nos Estados Unidos e no Canadá.

A companhia, fundada em Winnipeg, Manitoba, Canadá, em 1933, possui três fabricas e nove centros de serviços e distribuição de peças. De janeiro a setembro registrou receita total de US$ 443 milhões, com 576 ônibus novos comercializados.

Paul Soubry, CEO da New Flyer, comemorou o fechamento do negócio no comunicado: “Estamos empolgados para combinar a marca número 1 da América do Norte em ônibus urbanos com a marca número 1 da América do Norte em ônibus rodoviários”.

A New Flyer emprega mais de 3,3 mil pessoas no Canadá e nos Estados Unidos e tem mais de 40 mil ônibus urbanos das marcas New Flyer, Orion e Nabi em operação atualmente, incluindo modelos movidos a diesel limpo, gás natural, híbrido diesel-elétrico e elétricos.

BMW montará moto pequena no Brasil

O Grupo BMW anunciou na quarta-feira, 11, em Munique, Alemanha, agressivo plano de crescimento para sua divisão de motocicletas, a BMW Motorrad. A proposta ambiciosa é elevar com vigor o volume de vendas e de concessionárias, em termos globais, pelos próximos cinco anos – ou até o fim de 2020.

Em números isso significa saltar os índices de comercialização das atuais 135 mil unidades/ano para 200 mil/ano e a rede de concessionárias crescer das 1,1 mil casas de hoje para 1,5 mil.

Serão dois os pilares para alcançar tamanho salto, que representará algo como 50% de evolução de 2013 para 2020: novos mercados e novos produtos. E em ambos o Brasil representará papel de protagonista. No primeiro pilar a estratégia será atacar novas faixas de mercado, em particular aquela abaixo de 500 cm3 de cilindrada, na qual a fabricante não atua hoje. Ou não atuava, pois mostrou pela primeira vez a novíssima G 310 R, na faixa dos 300 cm3 de cilindrada.

Esta moto será produzida na Índia, em parceria com uma fabricante local, e de lá exportada em regime CKD para o Brasil para montagem na unidade de Manaus, AM, uma parceria com a Dafra. As primeiras unidades da G 310 R montadas no Brasil chegarão às ruas no segundo trimestre de 2016. Para 2017 está nos planos a adoção da tecnologia flex fuel para o modelo.

Esta iniciativa já antecipa a participação brasileira no segundo pilar da estratégia, assegurou em Munique Peter Schwarzenbauer, o responsável pela Motorrad dentro da estrutura do Grupo BMW: “Nosso avanço se dará em especial na Ásia e na América do Sul, e Índia e Brasil têm participação significativa nestes dois continentes. E a nova motocicleta foi desenvolvida com olhar especialmente dedicado a estes dois mercados”.

O executivo contou que partir para o segmento abaixo de 500 cm3 de cilindrada foi o caminho encontrado para fazer crescer globalmente os volumes: “O total do mercado mundial de motos gira em torno de 11 milhões de unidades ao ano, enquanto o segmento acima das 500 cm3 responde por somente 865 mil ao ano”.

O melhor período em vendas globais para a BMW Motorrad foi 2014, com 123,5 mil unidades. Em 2015, até outubro, o volume foi muito próximo, 121,6 mil, crescimento de 11,5% no comparativo anual. 2015, assim, será o melhor ano da história da divisão – e não custa nada lembrar que a história da fabricante de origem bávara passa primeiro por motores para aviões, depois por motos e só então pelos carros.

No Brasil os números também são positivos: até outubro, de acordo com números da Abraciclo, as vendas da BMW Motorrad alcançaram 7,4 mil unidades, alta de quase 60% ante o mesmo período de 2014. Sua relevância no mercado total no País, entretanto, ainda é mínima: 0,7% de participação no bolo total.

A G 310 R chegará para tentar mudar esse quadro enfrentando especialmente a Honda, dona de nada menos do que 83% do mercado brasileiro, e Yamaha, com 10%.

Indústria argentina recua 25,6% em outubro

Em outubro as fábricas argentinas produziram 45,2 mil veículos, volume 25,6% inferior ao de igual mês do ano passado e 14,6% abaixo do resultado de setembro. Os dados foram divulgados pela Adefa, a associação que representa as montadoras daquele país, que deu duas razões para a retração: um dia útil a menos no mês passado e pausas na produção em algumas plantas, para adequar as linhas à chegada de novos modelos.

No acumulado do ano saíram das linhas de montagem argentinas 462,8 mil veículos, uma queda de 11,4% com relação às 522,1 mil unidades produzidas nos primeiros dez meses de 2014.

As exportações somaram 18,8 mil unidades no mês passado, uma queda de 48,7% na comparação anual e 13,8% na mensal. De janeiro a outubro os embarques de veículos argentinos caíram 25,4%, para 216,2 mil unidades.

Em nota a presidente reeleita da Afeda, Isela Constantini, afirmou que a queda nas vendas do mercado brasileiro contribuiu para o impacto negativo nas exportações de veículos produzidos na Argentina. “Por outro lado existe uma forte demanda por veículos no mercado local, que hoje tem limitações por restrição de oferta de dólares”.

Foram vendidos aos concessionários argentinos 52,2 mil veículos em outubro, queda de 9,6% com relação ao mesmo mês de 2014 e retração de 15,1% na comparação com setembro. De janeiro a outubro foram vendidas 521,3 mil unidades, em linha com o resultado dos primeiros dez meses de 2014.

A restrição para compra de divisas impede que as montadoras faturem mais veículos à rede, que demanda mais carros para atender à procura do consumidor argentino. Os licenciamentos naquele país cresceram 7,9% com relação a outubro do ano passado, apesar de registrarem uma queda de 11,4% na comparação com setembro, para 54,5 mil unidades.

No acumulado do ano foram emplacados 560,6 mil veículos, queda de 9,1%, de acordo com a Acara, que representa o setor de distribuição.

Novo mandato – Em assembleia geral da Adefa a brasileira Isela Costantini, presidente da General Motors, foi reeleita por unanimidade presidente da associação, onde continuará no comando por mais um ano. Enrique Alemañy, da Ford, será o vice-presidente.

Fabricantes de implementos disfarçam caminhões de montadoras ausentes

Mesmo sem presença oficial na Fenatran 2015, certos produtos de algumas montadoras de caminhões ocupam espaço em estandes de fabricantes de implementos – coadjuvantes, é claro, dos reboques e semirreboques expostos. As empresas se preocuparam, porém, em disfarçar os emblemas das marcas ausentes, evitando publicidade gratuita àquelas que não colaboraram com a realização da 20ª edição da feira voltada ao setor de transporte de cargas.

Ao passear pelos corredores do Pavilhão de Exposição do Parque Anhembi, onde até a sexta-feira, 13, ocorre a Fenatran, nota-se o cuidado das implementadoras em esconder os logos da “concorrência” – no caso, de produtos que não sejam Daf ou Volvo, as únicas duas montadoras a participar desta edição.

No estande da Gascom, fabricante de Sertãozinho, SP, um caminhão Mercedes-Benz Axor e um Volkswagen Constellation ostentam em suas grades uma placa comemorativa dos 35 anos da companhia em cima dos emblemas das duas marcas. Em espaços próximos, outras duas empresas disfarçam unidades do Ford Cargo – adesivos escondem o oval azul.

A paulistana Truckvan também disfarçou veículos com placas de seu logotipo em cima do emblema de um Iveco Daily. Seu presidente Alcides Braga, que também é presidente da Anfir, associação que representa as fabricantes de implementos, disse que não houve nenhuma orientação da organização da feira para aplicar o procedimento, mas explicou que algumas empresas tomaram essa atitude para preservar o investimento de quem compareceu.

“É uma forma de valorizar [quem expôs]”, afirmou o presidente da Anfir, pouco depois de conceder uma entrevista coletiva a jornalistas no estande da associação. Nela, falou sobre a grande presença do setor – que ocupa 13 mil m² do pavilhão, com quarenta empresas brasileiras expondo produtos. “Recebemos benefícios do governo nos últimos cinco anos e muitas empresas tiveram lucros no período. Não podemos deixar de comparecer só por causa da crise”.

Braga ponderou que, além de uma feira de negócios, a Fenatran é vista pelos participantes como um evento de confraternização do setor. “Todos os estandes são abertos, com oferta de comes e bebes”.

O presidente da Anfir espera, inclusive, que a Reed Exhibitions Alcantara Machado valorize os esforços da indústria de implementos rodoviários ao definir os espaços de exposição da próxima edição da Fenatran, prevista para 2017 em um novo local – o SP Expo, antigo Espaço Imigrantes, na Zona Sul de São Paulo. “Queremos um espaço semelhante ou superior ao dessa edição”.

Sem PSI em 2016 – Na sexta-feira, 13, a Anfir assinará com a Caixa Econômica Federal um convênio que prevê a criação de linhas de crédito para financiamento de implementos rodoviários. Braga, sem dar pormenores do convênio, descartou a possibilidade de renovação do Finame PSI, do BNDES, para 2016 – a prorrogação do programa pelo governo, anunciada na abertura da feira na segunda-feira, 9, tem validade até 27 de novembro.

“É o prazo que precisa para que as operações sejam aprovadas. O Finame PSI sempre terminou nos últimos dias de novembro”.

O presidente da Anfir disse que o setor terá que voltar a se acostumar a trabalhar com os juros da TJLP, Taxa de Juros de Longo Prazo, que, pelas suas contas, chegarão a 12% ao ano, somados os ganhos das instituições financeiras. Mas não espera impacto muito grande no setor de implementos.

“Dificilmente teremos um ano com volumes inferiores ao deste ano. Acredito que com essas linhas da Caixa poderemos ter até um desempenho um pouco melhor”.

Audi mostra A3 Sedan e mural em homenagem a Ayrton Senna

Um carro novamente produzido no Brasil a ser lançado, o A3 Sedan, e uma homenagem a Ayrton Senna, que em 1993 trouxe a Audi para o País, são atitudes que podem ser tomadas ao mesmo tempo – e foi isto o que a empresa fez na terça-feira, 10, em São Paulo. Foi um lançamento simples, sem vaidades, que reflete os tempos vividos, realizado basicamente para firmar um feito, que é a volta à produção em São José dos Pinhais, PR, em planta que divide, e que já dividiu, com a Volkswagen.

A graça foi, então, a apresentação oficial do mural A Lenda do Brasil – baseado num olhar de Ayrton Senna – realizado pelo artista Eduardo Kobra e equipe, e que pelo menos durante cinco anos ficará exposto na rua da Consolação muito perto do seu cruzamento com a avenida Paulista, na parte traseira de um edifício residencial – quem subir a avenida Rebouças e trafegar pela avenida Doutor Arnaldo em direção ao Centro da cidade terá vista privilegiada da obra.

“Ficamos honrados em dar esse presente para a cidade de São Paulo. Além de ídolo do esporte internacional Senna foi muito importante para a história da Audi no Brasil e essa homenagem não poderia ter vindo em melhor hora”, afirmou Jörg Hofman, presidente e CEO da Audi no Brasil. “Acabamos de reiniciar a produção do A3 Sedan no País e por isto esse mural chega para relembrar a trajetória da marca e reafirmar nosso crescente sucesso.”

O mural tem 41 m de altura por 17,5 m de largura – quase 720 m2 de cores para enfatizar, ressaltar um dos olhares mais reconhecidos do mundo. Kobra e equipe também receberam liberdade poética para pintar o primeiro A3 brasileiro desta nova fase, saído em setembro da linha de produção, com homenagem a Ayrton. Será utilizado em eventos e, em seis meses, passará por leilão com arrecadação revertida para o Instituto Ayrton Senna.

Audi A3 Sedan – De acordo com a apresentação da Audi as atualizações do modelo obedecem ao tripé maior gama de equipamentos de série, mais opcionais e novas opções de motor, refletidos no espelho do conforto, da segurança e da economia.

O novo carro já estará disponível para os consumidores nas 43 concessionárias Audi já na segunda-feira, primeiro com as versões Attraction e Ambiente, dotadas de motor 1.4 Turbo FSI Flex também produzidos aqui, na fábrica do Grupo Volkswagen de São Carlos, com injeção direta e 150 cv.

Ambition, com motor 2.0 TFSI, será apresentada ainda neste mês, Mas seu motor é importado, movido a gasolina e com 220 cv.

Os preços serão divulgados na quinta-feira, 12 – mais uma graça da equipe Audi.

De acordo com técnicos da empresa o motor 1.4 das recém-lançadas versões Attraction e Ambiente dispõe de 28 cv a mais do que a versão então importada e de câmbio de seis marchas Tiptronic. Esse conjunto leva os carros a chegar de 0 km/h aos 100 km/h em 8,8 segundos – sua máxima é de 215 km/h.

Attraction é a versão de entrada, com câmbio automático, ar-condicionado, direção eletromecânica, faróis bi-xenônio e mais uma infinidade de facilidades e confortos, como sistema start-stop e freio de estacionamento eletromecânico. Cinza e preto são as cores dos acabamentos internos.

A versão intermediária, Ambiente, soma aos itens da Attraction sensores de luz e chuva e volante com acabamento em couro multifuncional com shift paddles. A Audi considera um diferencial, no vaso dessa versão, o opcional rádio MMI plus com sistema de navegação. No pacote Design estão incluídos bancos de couro sintético, porta-objetos e teto solar panorâmico, e no Assistence sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com câmara de ré e controle de velocidade de cruzeiro.

Mas o pacote Assistence Plus é ainda mais saboroso: traz o Active Lane Assist, que é um assistente para a mudança de faixa, um assistente para luz alta, o sistema Auto-Park de estacionamento automático com câmara de ré… e o sistema Keyless Go, com o qual se destrava o carro e se liga o motor sem a necessidade de uso físico da chave.

Umas das referências Audi, a tecnologia, está presente, mesmo que invisível na estrutura dos A3 que saem de Pinhais. No que diz respeito à tecnologia que faz reduzir o peso do carro um exemplo é a adoção de alumínio para capô, para a subestrutura do eixo dianteiro e da seção absorvedora de impactos atrás do para-choque dianteiro e da plataforma traseira – só aí foram 12 kg a menos.

E de mais 3 kg foi a redução de peso com a adoção de plástico de alta resistência na manufatura do suporte do eixo dianteiro.

Para os aficionados mais uma informação tecníssima: o coeficiente de arrasto dinâmico dos novos Audi A3 sedãs é de 0,30.

Com as calibrações adotadas para o motor flex o motor 1.4 ganhou cavalos a mais e seus valores de desempenho são iguais com a utilização de álcool e de gasolina. Seu consumo divulgado, em uso urbano, é de 11,7 km/h com gasolina e de 7,8 km/h com álcool, e no regime de cruzeiro em estrada faz 14,3 km/h e 9,9 km/h respectivamente.

Fras-le apresenta avanço de 20% na receita do terceiro trimestre

A Fras-le apresentou evolução de 20% na receita bruta do terceiro trimestre, somando R$ 321,3 milhões. O crescimento ajudou a melhorar o resultado acumulado do ano, que atingiu R$ 871,3 milhões, um avanço de 11,4% na comparação com os primeiros nove meses de 2014.

Os dados financeiros da companhia foram divulgados na terça-feira, 10. Em comunicado o diretor superintendente e de relações com investidores, Ricardo Reimer, destacou a evolução nas receitas mesmo diante do cenário de crise política e econômica. “Esse fato se deve, principalmente, à diversificação de mercados e segmentos em que a Fras-le atua”.

O perfil exportador da companhia também contribuiu para o bom desempenho financeiro da fabricante de componentes de frenagem. O faturamento em dólar no mercado externo – somadas as exportações a partir do Brasil e as vendas das unidades controladas no Exterior – absorveu alguns fatores pontuais do desempenho da companhia, que, em dólar, apresentou retração no faturamento – 9,5% de queda no terceiro trimestre, comparado com igual período de 2014.

Nos primeiros nove meses as vendas em dólar somaram US$ 101,6 milhões, declínio de 12,6% com relação ao período de janeiro a setembro do ano passado.

Apesar das incertezas na economia, a Fras-le projeta manutenção dos resultados obtidos até o momento no último trimestre do ano, apoiado por ações internas como melhor utilização do parque fabril.

“Com as unidades no exterior se consolidando nesta estratégia global, a triangulação fabril Brasil, Estados Unidos e China, e também as unidades de distribuição e escritórios regionais intensificando a aproximação com os clientes, aprimorando dessa forma os níveis de relacionamento por meio da presença global e atuação local, é possível acreditar em uma tendência de avanços contínuos no desempenho da companhia”.

ZF implanta programa de ajuda aos fornecedores

 Com o objetivo de fortalecer sua base, elevando a qualidade dos processos industriais na cadeia de autopeças, a ZF criou o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores da ZF, que abrangerá perto de 25 parceiros das categorias Tier 2, aqueles que entregam diretamente para a empresa, e Tier 3, que atendem os Tier 2. A ideia básica é alavancar a competitividade, com redução de custos e ganhos de qualidade. 

Para Wilson Bricio, presidente da ZF para a América do Sul, diante do atual momento econômico do País, altamente desafiador, só irá sobreviver quem for competitivo e flexível: “A ZF enxerga que precisa ser protagonista, liderando o programa de desenvolvimento para garantir o nível de excelência necessário para que tanto os fornecedores como nós continuemos sendo uma referência de qualidade em seus mercados de atuação.”

O primeiro passo do projeto foi dado em setembro, com o início da aplicação do módulo de gestão financeira em um primeiro grupo de cinco fornecedores. Também haverá o módulo de produção e os serviços de consultoria serão desenvolvidos ao longo de 2016 e 2017 por meio de parceria da ZF com o IEL, Instituto Euvaldo Lodi, da CNI, Confederação Nacional da Indústria.

A iniciativa da empresa veio após sua adesão ao Programa de Desenvolvimento de Fornecedores Automotivos, criado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no fim de 2014. O órgão federal, de acordo com nova da ZF, planejava injetar recursos financeiros no programa no início de 2015. Devido às crises econômica e política que ganharam força nos últimos meses, os recursos foram temporariamente suspensos.

Mesmo assim a ZF decidiu tocar o projeto e em 27 de abril deste ano convocou as empresas estratégicas que iriam participar dessa iniciativa para assistirem a uma palestra que definiria como seria realizado esse trabalho. O programa é dividido em dois módulos, sendo o Financeiro (realizado por profissionais da IEL) e o de Produção (realizado por colaboradores da ZF), ambos com recursos oriundos da própria ZF.

Funcionamento – No módulo de gestão financeira os fornecedores serão atendidos por profissionais do IEL em grupos de cinco empresas, com os consultores visitando cada uma das companhias para análise de suas áreas de planejamento, processos e governança corporativa. Uma das primeiras empresas contempladas foi a Indústria Mecânica Kondor, de Itaquaquecetuba, SP, fornecedora de serviços de usinagem de alta precisão.

Após completar a consultoria no módulo financeiro, o passo seguinte será o módulo de produção, aplicado pela própria ZF. A sistemática será a mesma, com uma análise personalizada de cada fornecedor.

“No módulo de produção iremos indicar as ferramentas necessárias para solucionar problemas que tenham sido verificados no módulo financeiro”, comenta Tarcisio Costa, diretor de gestão de materiais da ZF do Brasil. “Se um fornecedor, por exemplo, tiver problemas com relação à administração de estoque, iremos aplicar alguma solução já existente em nossos processos internos, como o Focus Supplier ou a ZF Supplier Academy, dentre outros.”

Participando pela primeira vez de um plano de investimento de fornecedores, a Kondor, segundo informações da ZF, enxerga boas perspectivas na iniciativa. Kazunari Okimasu, diretor geral da empresa, avalia que a ZF está buscando a melhoria da cadeia, e contribuindo para a sobrevivência dos fornecedores: “Isto é uma forma de demonstrar que não estão de braços cruzados, somente lamentando a crise. É uma ótima oportunidade para melhorarmos as práticas em todos os processos”.

A Kondor ainda está na fase inicial do projeto. “Recebemos duas visitas do consultor financeiro e ele está nos mostrando uma forma diferente de avaliar os relatórios financeiros”, informa o diretor geral. “Nossa maior expectativa é com relação aos processos. Acreditamos que será de grande valor receber os especialistas de uma grande empresa como a ZF para nos ajudar a identificar onde podemos melhorar.”