Se 2015 não deixará saudade para a maioria das empresas do setor automotivo, muito menos deixará para José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil. Em almoço com a imprensa, na terça-feira, 8, ainda com cerca de quinze dias úteis de vendas pela frente, o executivo já dava como certo que a empresa encerrará o ano com cerca de 16 mil veículos negociados, um fração diminuta para quem chegou a vendar 71, 2 mil unidades em 2011.
O mercado interno deprimido e, sobretudo, os 30 pontos porcentuais de IPI para veículos vendidos além da cota anual de 4,8 mil unidades – mais até do que a disparada o dólar ao longo do ano – são apontados por Gandini como os principais vilões para a acentuada queda dos 23,8 mil veículos Kia emplacados em 2014 no Brasil.
O presidente da Kia, contudo, está mais animado para 2016. “Tudo indica que teremos uma pequena recuperação. Projetamos para o próximo ano 21 mil unidades, crescimento de 31%, voltando a ter participação acima de 1%”, disse o empresário, que não vê recuperação para o mercado interno e estima vendas totais da ordem de 2 milhões de unidades, abaixo até da projeção da Fenabrave, que calcula vendas na casa de 2,3 milhões.
A recuperação das vendas da Kia se deverá, portanto, muito mais a fatores internos, em especial à chegada de produtos sem cargas adicionais de impostos. Dos quatro lançamentos previstos para 2016, dois deles – New Cerato, em junho, e o Rio, em novembro – virão do México sem os 35% de imposto de importação, dentro do acordo comercial com o Brasil. A empresa trará ainda antes deles os novos Sportage e Optima, importados da Coreia, ambos no final do primeiro trimestre.
A Kia, porém, tentará lançar o Rio antes, em julho, mas na versão coreana. A ideia é aproveitar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro como palco. Uma curiosidade: o evento esportivo tem como patrocinador oficial a Nissan.
A empresa investirá cerca de R$ 35 milhões em laboratório de certificação de emissões veiculares em Salto, SP, que deverá ser inaugurado no último fim de 2016, e segue em sua batalha para que o governo reveja as penalidades impostas para veículos importados, sejam alíquotas maiores ou as cotas diminutas. Gandini vislumbra ao menos boa vontade para o pleito e deixa um indicativo do que espera para o transcorrer de 2016:
“Já estivemos com o ministro Armando Monteiro, do MDIC, que está sensibilizado com a própria sobrevivência do setor. A proposição da retirada do teto máximo de 4, 8 mil veículos, utilizando a média dos três anos para as importações sem os 30 pontos porcentuais, poderá ser uma saída aos importados”.