Nas próximas semanas grande movimentação ocorrerá em três das quatro principais associações que representam o setor automotivo brasileiro. Anfavea, que representa as montadoras, Sindipeças, as fabricantes de autopeças, e Abeifa, as importadoras e mais três fabricantes nacionais, elegerão novos presidentes.
Por uma coincidência de datas neste ano as três realizam eleições na mesma época, apesar de cada uma contar com seus próprios prazos para os mandatos na presidência.
A Agência AutoData, em reportagem exclusiva, revela os nomes das próximas lideranças para estas três importantes associações.
Apenas a Fenabrave, que reúne os distribuidores de veículos, segue sem alterações na liderança, uma vez que Alarico Assumpção Júnior assumiu em 1º. de janeiro de 2015 para mandato trienal. Ele prosseguirá no cargo, portanto, até o fim de 2017.
Anfavea – Antônio Megale, diretor de assuntos institucionais da Volkswagen, será o novo presidente da Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, para o triênio 2016-2019. A eleição ocorrerá nos próximos dias, com chapa única concorrendo, e a posse ocorrerá por volta de 20 de abril em São Paulo.
Essa não será a primeira experiência de Megale como presidente de uma associação de classe do setor automotivo. Ele já dirigiu a AEA, Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, por dois mandatos, de 2012 a 2014.
Megale, engenheiro mecânico pela UFRJ e pós-graduado em administração de empresas pela FGV, fez carreira na Ford, onde entrou em 1981. Passou pela fase Autolatina e também atuou na Chrysler e na Renault antes da Volkswagen, onde chegou em 2008. Nestas empresas ocupou postos nas áreas de engenharia, desenvolvimento, marketing e relações institucionais.
O primeiro vice-presidente para o próximo mandato será Rogelio Golfarb, vice-presidente de relações governamentais, comunicação e estratégia de negócios para a Ford na América do Sul. O executivo, assim, se credencia para assumir um segundo mandato como presidente da Anfavea quando da sucessão de Megale, no triênio 2019-2021. Caso confirmado Golfarb retomaria o posto quinze anos depois de sua primeira passagem pela presidência, que já ocupou no mandato 2004-2007.
A eleição na Anfavea, desta forma, ocorre sem maiores surpresas ou dissidências, respeitando o rodízio instituído há tempos: agora a GM dá lugar à VW, que por sua vez o dará à Ford na sequência. Não faltaram negociações e possibilidades de mudança neste quadro – chegou-se a falar em possível reeleição de Moan, bem como ao menos a indicação de uma chapa liderada por executivo de uma montadora newcomer para concorrer à presidência, rivalizando com o rodízio atual. Nada disso, entretanto, acabou por se confirmar.
Sindipeças – O Sindipeças, Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, terá um novo presidente após 22 anos: Dan Ioschpe sucederá Paulo Butori, que comanda a associação desde 1994.
Ioschpe, que comandará o Sindipeças para o mandato 2016-2019, é atualmente o presidente do conselho de administração da Iochpe-Maxion. Ele, que é torcedor do Grêmio, estudou jornalismo na UFRGS e fez MBA em administração em Boston, nos Estados Unidos, e fez carreira dentro de empresas do próprio Grupo.
As eleições, com chapa única, ocorrerão na quinta-feira, 18, na sede da associação, em São Paulo, e também nos Estados em que o Sindipeças tem diretorias regionais – Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Já Butori não se afastará totalmente da diretoria do Sindipeças: ele continuará no conselho, como um de seus membros. No conselho de administração Ioschpe terá a companhia de Adilson Sigarini, da ThyssenKrupp, Besaliel Botelho, da Bosch, Edison da Matta, da Mahle Metal Leve, George Rugitsky, da Freudenberg-NOK, Luis Pasquotto, da Cummins, e de Mario Milani, da Allevard Molas.
Abeifa – Por sua vez a Abeifa, Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores, terá eleições em 15 de março para escolha do sucessor de Marcel Visconde, da Stuttgart Sportcar, que comandou o mandato 2014-2016.
As negociações em torno do nome para comandar a associação no período 2016-2018 ainda estão acontecendo, mas já é certo que Visconde não pretende se candidatar à reeleição.
O nome que surge com maior força para sucedê-lo é o de José Luiz Gandini, da Kia Motors. Caso confirmada esta seria sua quinta passagem pela presidência da Abeifa, antes Abeiva – ele deixou o cargo em 2012, quando foi eleito Flávio Padovan, à época na Jaguar Land Rover e hoje na Subaru. Antes Gandini foi presidente tanto como cabeça de chapa em eleições quanto substituindo dirigente que deixou o posto, na condição de seu vice.
O outro nome na disputa é o de Sérgio Habib, presidente da Jac Motors e atual vice-presidente da associação, o que faria dele o candidato mais óbvio. Porém, segundo fontes ligadas à entidade ouvidas pela reportagem, seu nome não é unânime dentro do quadro de associadas, que argumentam que a empresa que o executivo dirige não atravessa o melhor momento – recentemente revelou a décima-terceira mudança de planos para construção de fábrica em Camaçari, BA, anunciada em 2011 e que até hoje não saiu do papel.
Esse cenário, argumentam os nomes contrários à indicação de Habib para encabeçar a chapa, poderia complicar eventuais negociações da Abeifa junto ao governo federal em Brasília, DF, uma vez que o próprio executivo tenta resolver complicada questão junto ao MDIC: A Jac Motors foi habilitada ao Inovar-Auto em 2013 como investidora, pelos planos da fábrica, mas nunca recebeu a renovação anual obrigatória. Quando habilitado Habib importou veículos sem IPI majorado e seu atual plano, de produzir em CKD, não se enquadra nas obrigações assumidas à época.
Já Gandini tem a seu favor o fato da Kia Motors ainda representar a maior associada Abeifa em termos de volume de vendas de importados e a própria experiência anterior à frente da entidade. Ele nunca escondeu interesse em retornar ao posto, inclusive nas negociações que resultaram na indicação de Visconde, em 2014. Mas Habib, segundo as fontes, também deseja assumir o cargo.